terça-feira, 30 de agosto de 2016

História: 35 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1981

A F1 chegava à Zandvoort em 1981 em meio às eleições da FISA, com Balestre tendo como adversário Basil Tye, presidente do RAC a apoiado pelas equipes inglesas. Um mês depois de sua demissão da Ligier, Gérard Ducarouge foi contratado como assessor técnico da equipe Alfa Romeo, indicado por Mario Andretti. A chegada de Ducarouge, no entanto, desagradava Carlo Chiti, que costumava reinar sozinho na Autodelta e as relações entre os dois homens imediatamente seria de desconfiança. Wilson Fittipaldi anunciou a assinatura iminente de um grande acordo de patrocínio com a transportadora Avia. Era um blefe, e a equipe brasileira voltava à Zandvoort pobre como sempre. O F8C estava em um estado deplorável, por falta de manutenção. Keke Rosberg tentava por todos os meios deixar a equipe dos irmãos Fittipaldi. Alain Prost, que acabara de se tornar pai (Nicolas, hoje piloto da F-E), anunciava a renovação de contrato com a Renault por dois anos. O francês chegou à negociar com a Williams, mas Gerard Larrousse tratou de renovar com o francês, considerado a maior revelação de 1981, mesmo que seu relacionamento com Arnoux não fosse dos melhores.

Como era de hábito, a Renault dominou a classificação, com Arnoux sendo o mais rápido na sexta-feira, mas superado por Prost no sábado, com direito a recorde da pista. Porém, a diferença para o resto do pelotão não era tão grande, com o terceiro colocado Nelson Piquet quatro décimos atrás. Equipado com os novos pneus Goodyear de 15'', a Williams colocou Jones e Reutemann logo em seguida. Laffite estava feliz com o seu sexto lugar, ao contrário de Tambay, sofrendo com vários problemas e ficando apenas em décimo primeiro. Andretti estava plenamente satisfeito com as alterações feitas em seu Alfa Romeo (já dedo de Ducarouge) e ocupava o sétimo lugar. Insatisfeito com a McLaren. Watson ainda conseguiu um oitavo lugar. De Cesaris foi vítima de um grande acidente na saída da curva Tarzan em que ele destruiu seu carro. Ileso, o jovem italiano disse que seus freios não funcionaram. O fato é que Ron Dennis se recusou a dar-lhe um carro reserva. Conta a lenda que os mecânicos da McLaren se recusaram a recuperar outro carro para De Cesaris e até ameaçaram uma greve. Fato era que o fim de semana do jovem italiano da McLaren havia terminado ainda antes da largada. 

Grid:
1) Prost (Renault) - 1:18.176
2) Arnoux (Renault) - 1:18.255
3) Piquet (Brabham) - 1:18.652
4) Jones (Williams) - 1:18.672
5) Reutemann (Williams) - 1:18.844
6) Laffite (Ligier) - 1:19.018
7) Andretti (Alfa Romeo) - 1:19.040
8) Watson (McLaren) - 1:19.312
9) De Angelis (Lotus) - 1:19.738
10) Patrese (Arrows) - 1:19.864

O dia 30 de Agosto de 1981 amanheceu com um clima agradável nas dunas próximas à Zandvoort, com um dia ensolarado. A questão dos pneus seria crucial e os dois pilotos da Renault escolheram tipos de pneus diferentes, com Prost escolhendo os pneus macios da Michelin, enquanto Arnoux iria com os duros. Piquet, Jones e Reutemann optaram pelos pneus mole da Goodyear. Melhorando cada vez mais o atraso dos motores turbo, Prost e Arnoux saíram muito bem e chegaram facilmente na frente na curva Tarzan. Jones e Piquet se aproximaram lado a lado na primeira curva e no fim, foi o australiano que teve vantagem. Mais atrás, Villeneuve larga como uma bala, mas acaba imprensado entre Giacomelli e Patrese. Seu carro decola, sai no chão e sai da pista em alta velocidade em direção ao cascalho. Felizmente todos evitam a Ferrari e Villeneuve só teve que caminhar de volta para os boxes. Reutemann ultrapassa Andretti na Gerlachtboch não sem antes bater na asa dianteira da Alfa Romeo. No mesmo local Pironi e Tambay batem e ambos tem que ir aos boxes com os carros danificados.

Prost abre uma pequena vantagem sobre Arnoux, que era ameaçado por Jones e Piquet. Jones assume a segunda posição na terceira volta, mas já estava 3s atrás de Prost. Sofrendo com a pouca aderência dos seus pneus duros, Arnoux é ultrapassado por Piquet na volta 5, com o brasileiro aproximadamente 2s trás de Jones. O australiano vinha num ótimo ritmo e se aproxima paulatinamente de Prost, com Piquet mais atrás, seguido por Laffite e Reutemann, que brigavam pelo quarto lugar. Prost e Jones eram os mais rápidos na pista e a cada passagem, faziam a melhor volta da corrida, com Jones menos de 2s atrás do francês. Na volta 19, Jones ataca Prost por fora na Tarzan, mas o francês resiste e os carros contornam a Tarzan roda a roda. Finalmente Prost mantém a posição. Mais atrás, no mesmo local, uma manobra teria reflexos decisivos no campeonato. Na entrada da Tarzan, Reutemann tenta uma manobra para lá de otimista em cima Laffite por dentro, batendo com força no lado direito da Ligier. O carro de Laffite voa antes de sair pelo cascalho. Um furioso Laffite sai do carro pela pista e dá um chute em um pedaço de carroçaria. Reutemann também estava fora da corrida, com sua roda dianteira esquerda quebrada. Líder do campeonato e no começo de uma corrida decisiva, essa precipitação de Reutemann lhe debitou pontos importantes que lhe fariam muita falta no final do ano!

O toque com Villeneuve na largada não sairia barato para Giacomelli e Patrese, com os dois italianos tendo a suspensão quebrada, sendo que Giacomelli teve muita sorte em sair ileso, pois sua suspensão quebrou a alta velocidade e o italiano saiu da pista muito rápido. Na volta 22, a triste corrida de Arnoux acabaria com o francês rodando, após perder várias posições por causa de sua escolha errada de pneus. Prost e Jones estavam para colocar uma volta em cima de Alboreto na saída da chicane de alta velocidade Panorama e o australiano aproveitou a oportunidade para passar por Prost. Jones imediatamente cola em Alboreto para se beneficiar do vácuo do italiano e segurar um ataque de Prost, mas o francês usa a potência do seu motor turbo para dar o troco no final da reta dos boxes, ainda se utilizando de Alboreto. O ritmo de Prost e Jones era tão forte, que com menos da metade da corrida, apenas os cinco primeiros permaneciam na volta do líder, mas Jones tinha forçado demais seus pneus e começava a perder terreno para o francês. Prost ganhava cerca de meio segundo por volta em Jones, enquanto Piquet vinha num solitário terceiro lugar, mais de 15s atrás de Jones. Watson vinha fazendo sua corrida sólida de sempre e já vinha em quarto, com Hector Rebaque sendo o último na mesma volta do líder, numa boa corrida do mexicano da Brabham.

Nas voltas finais, Piquet tenta um ataque em cima de Jones, mas é atrapalhado pelos retardatários. Faltando vinte voltas para o fim, Watson abandona com problemas eletrônicos em sua McLaren. Surer entra nos pontos com o abandono de Watson, mas era ameaçado pela Ensign de Eliseo Salazar. O chileno entraria na zona de pontuação nas voltas seguintes. Na curva Scheilvak, o pneu dianteiro esquerdo de Andretti explode, na volta 67. A Alfa Romeo saiu da pista e bateu contra a proteção de pneus com violência, antes de parar na grama, de cabeça para baixo. Embora consciente, Andretti estava preso em seu cockpit e os comissários correram em seu auxílio. Tirando algumas escoriações, o americano estava bem. Quem não estava muito bem era Jones, cujos pneus não suportaram o esforço que o australiano proporcionou a eles no começo da corrida e Piquet tirava 1s por volta. Faltando três voltas para o fim, Piquet aproveita o retardatário Salazar para ultrapassar um lento Jones e assumir o segundo lugar, lhe garantindo importantes pontos no campeonato. Alain Prost ganhou o GP da Holanda com autoridade, mas Piquet era o mais feliz depois da corrida, registrando seis importantes pontos no campeonato, num dia em que Reutemann zerou. Jones terminou em terceiro lugar e subia ao seu primeiro pódio desde Mônaco. Rebaque terminou em quarto lugar pela terceira vez em 1981, De Angelis terminou na quinta posição, enquanto o chileno Salazar marcou seu primeiro ponto na F1 e o último da Ensign. Prost saboreou plenamente esta vitória e desta vez não haveria quem dissesse que ele teve sorte nessa vitória, como havia acontecido depois  do GP da França. Melhor ainda, esta segunda vitória permitia ainda a Prost ter esperança de ganhar o título mundial. Um mês antes, Reutemann tinha dezessete pontos de vantagem na liderança, mas com o seu decisivo erro, ele estava empatado com Piquet, sendo que ainda haviam Jones, Laffite e o ascendente Prost no encalço do argentino. A temporada 1981 ainda estava muito aberta.

Chegada:
1) Prost
2) Piquet
3) Jones
4) Rebaque
5) De Angelis
6) Salazar

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