Quando completou-se a primeira volta do Grande Prêmio da República Tcheca, com pista molhada pela primeira vez desde 1987 no circuito de Brno, a corrida parecia da Ducati, com Márquez conseguindo abrir diferença para os seus rivais do campeonato, com Lorenzo (mais uma vez) e Rossi sofrendo na chuva. O problema para Ducati foi que a chuva forte que caiu durante as provas de Moto2 e Moto3 parou e a pista foi secando, mesmo que bem lentamente. Isso proporcionou que toda a lógica das primeiras voltas fosse subvertida e vários pilotos vindo de trás conseguiram uma espetacular corrida de recuperação, fazendo com que Cal Cruthlow conseguisse sua improvável primeira vitória na MotoGP, com Rossi em segundo e Márquez, grande beneficiado do dia em termos de campeonato, em terceiro.
A chuva havia parado quando os pilotos estacionaram suas motos no grid para a corrida de MotoGP, fazendo com que a direção de prova considerasse a corrida molhada, mas com a regra do 'flag to flag', onde os pilotos poderiam trocar de motos. Porém, o asfalto velho e ondulado de Brno fazia com que a pista permanecesse bem molhada nas voltas inicias, secando bem devagar. Quem se aproveitou dessas condições foram os pilotos da Ducati, com Iannone ficando na ponta, Doviziozo fazendo uma primeira volta espetacular, saindo da terceira fila para segundo, e com Scott Redding, piloto mais rápido na pista molhada, em terceiro. Os três andavam juntos e se destacando de Marc Márquez, pensando no campeonato e tentando amealhar o máximo de pontos possível, sofrendo pressão das duas Suzukis. E os pilotos da Yamaha? Se com Lorenzo já não é surpresa sua aversão ao piso molhado, desta vez até Rossi estava mal, abaixo do décimo lugar, juntamente com o abençoado Daniel Pedrosa. Ainda consigo me espantar ver Pedrosa ter uma vaga tão preciosa na MotoGP andar tão mal e a Honda renovar seu contrato até 2018...
Porém, a pista secava aos poucos e quem apostou nos pneus de chuva mais duros crescia na prova. Em especial, Cal Cruthlow. O inglês era o piloto mais rápido da pista e após chegar a andar em 15º, o piloto da LCR, equipe satélite da Honda que nunca havia ganho uma corrida, começou a escalar o pelotão de forma impressionante, sendo o piloto mais rápido da pista, muitas vezes superando em mais de 1s os pilotos da Ducati, que escolheram os pneus macios de chuva. E pagaram por isso. Doviziozo teve um problema técnico em sua moto, trocou de máquina, mas o italiano acabou abandonando. Iannone viu seus pneus acabarem e passou a ser atacado pelas Ducatis satélite de Redding e Barberá, enquanto Márquez fazia uma corrida de espera. Quem não esperava era Cruthlow que, na corrida de sua vida, na metade da prova já vinha num improvável quarto lugar. Não no mesmo ritmo de Cruthlow, mas igualmente escalando o pelotão, Rossi saía das posições intermediárias e ia ultrapassando quem via pela frente, fazendo com que a corrida tivesse contornos épicos. Mesmo completamente sem pneus, Iannone segurava Barberá e Cruthlow com sua raça e agressividade habitual, porém, os melhores pneus da ocasião fez com que Cruthlow conseguisse a ultrapassagem e disparasse na ponta.
Ontem, na classificação, Márquez fez uma audaciosa ultrapassagem sobre Rossi em sua volta mais rápida, mas o italiano deu o troco na corrida, assumindo o segundo lugar, já que Barberá, no final da prova, perdeu rendimento. Mesmo Rossi sendo um rival de Márquez no campeonato, o espanhol da Honda não teve do que reclamar do terceiro lugar, pois perdeu poucos pontos para Rossi e ainda viu Jorge Lorenzo ter outra corrida horrorosa, onde trocou de moto duas vezes, acabando em último, uma volta atrás dos líderes. Lorenzo tem muita velocidade em piso seco, mas essa sua aversão à água impressiona, principalmente com Rossi, na mesma moto, ter exibições infinitamente melhores. Tirando os ovais, as corrida podem ter corridas nas mais diversas condições de tempo e um piloto completo, mesmo sendo um tricampeão, precisa correr bem em todos os modos de pista.
E Cal Cruthlow o fez. Piloto já em fase decadente, o inglês foi para a equipe LCR como se fosse uma última chance na carreira e ano passado quase não renovou, tamanho foi a quantidade de quedas e decepções, mas Cruthlow ficou mais um ano e nas três últimas corridas, com duas com tempo maluco, conseguiu dois pódios, sendo que em Brno, Cal foi ao alto do pódio pela primeira vez, superando duas lendas como Rossi e Márquez, além de ser o primeiro britânico a vencer na classe principal do Mundial de Motovelocidade desde a lenda Barry Sheene. Numa corrida com resultados surpreendentes (Loris Baz ultrapassou Barberá para ser quarto, enquanto Eugene Laverty já vinha próximo, em sexto), venceu quem apostou certo e saiu de trás para vencer de forma improvável. Foram vários pilotos que se destacaram hoje, mas todos os méritos para Cal Cruthlow.
Lorenzo só corre quando as condições do asfalto além de secas,também precisam estar rigorosamente frias,pra que assim os pneus dele não se desgastem rapidinho,pois o espanhol só sabe uma receita que é a largada perfeitinha pra chegar em primeiro na primeira curva e assim forçar bastante o ritmo pra abrir vantagem pra depois só administrar.
ResponderExcluirQuando essas condições não acontecem,Lorenzo sempre acaba sucumbindo.
E não deixa de ser curioso que no ano passado Lorenzo meteu o pau na HJC,a fabricante de capacetes que Lorenzo usou em 2013 a 2015 e que por uma dessas obras do destino foi a patrocinadora da corrida de hoje...
Os executivos da marca devem estar chorando de tanto rir até agora com a corrida tenebrosa de seu ex-cliente.
E depois dessa aqui,as risadas lá na HJC certamente triplicaram,os caras vão ficar roxos de tanta risada...
Lorenzo sempre tem algo ou alguém pra botar a culpa de algo...
http://br.motorsport.com/motogp/news/lorenzo-critica-michelin-apos-sofrer-com-pneu-despedacado-808793/