sábado, 27 de agosto de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio da Turquia de 2006

Assim como acontece nesse final de semana, dez anos atrás a F1 voltava de férias para a segunda corrida da história na Turquia, de longe, o melhor circuito projetado por Hermann Tilke. Com um clima muito quente, o circuito de Kurtkoy mostrava uma Ferrari tentando ainda se aproximar da Renault, porém, na primeira corrida na pista turca, os italianos sofreram bastante com os pneus Bridgestone, mas o regulamento era outro. A Honda finalmente vencia como equipe oficial, mas as condições em que Button venceu na Hungria fora totalmente atípica e dificilmente os japoneses repetiriam o feito num final de semana de tempo claro, quente e ensolarado. Nos bastidores, a Renault tentou reverter a decisão de FIA de tornar o seu amortecedor de massa ilegal, mas os franceses liderados por Flavio Briatore não conseguiram reverter a decisão.

Mesmo perdendo seu grande trunfo, a Renault esteve na briga pela pole, junto com as Ferraris e Raikkonen, já que Pedro de la Rosa, vindo do seu primeiro pódio na carreira, ficou no Q2. Felipe Massa vinha executando um bom final de semana e quando Schumacher marcou um ótimo tempo no final do Q3, após o alemão errar em sua primeira tentativa, parecia que Michael ficaria com a pole, mas Massa conseguiu uma volta incrível, batendo seu companheiro de equipe por quase quatro décimos de segundo, assegurando sua primeira pole na F1. Bom para a Ferrari, mas as Renaults de Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella estavam ameaçadoramente na segunda fila, em terceiro e quarto.

Grid:
1) Massa (Ferrari) - 1:26.907
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:27.284
3) Alonso (Renault) - 1:27.321
4) Fisichella (Renault) - 1:27.564
5) R.Schumacher (Toyota) - 1:27.569
6) Heidfeld (BMW) - 1:27.785
7) Button (Honda) - 1:27.790
8) Raikkonen (McLaren) - 1:27.866
9) Kubica (BMW) - 1:28.167
10) Webber (Williams) - 1:29.436

O dia 27 de agosto de 2006 estava quente e ensolarado em Istambul, com o asfalto em Kurtkoy beirando os 50ºC, numa corrida muito quente de F1, o que poderia afetar a estratégia das equipes. Se em 2005 foi visto um imenso congestionamento para se chegar ao circuito, o público turco não se animou muito com a F1 na segunda corrida otomana da história e o público foi pequeno, algo que marcaria toda a história do Grande Prêmio da Turquia. Brigando pelo campeonato, Schumacher sabia que a Ferrari faria toda a estratégia para que ele vencesse e até mesmo no Brasil havia um conformismo de que Massa, em algum momento, cederia sua posição para Schumacher. Massa largou bem, enquanto Michael atravessou a pista, em outra largada vertical do alemão, para defender a sua posição de Alonso. O espanhol quase efetuou a ultrapassagem, mas, em seguida, ficou espremido entre as Ferraris na curva um e recuou. Atrás dele o companheiro de equipe Giancarlo Fisichella rodou ao frear para evitar acertar Alonso e tudo ficou um pouco confuso no meio do pelotão. Christian Klien, da Red Bull, que era 10º no grid, largou bem, mas foi trancado na curva um e saiu de frente, mas conseguiu permanecer na pista. Kimi Raikkonen tentou evitar problemas, mas a McLaren, em seguida, foi atingida por trás pela Toro Rosso de Scott Speed. Isso resultou em um furo no pneu traseiro esquerdo do finlandês e ele teve que se arrastar de volta aos boxes, para abandonar logo depois. Nick Heidfeld foi atingido por Fisichella e perdeu a asa dianteira. Ralf foi outro a ter que trocar a asa dianteira, assim como Sato, que acabaria abandonando no começo da prova ainda pelos problemas na primeira volta, assim como Tiago Monteiro.

Enquanto isso, a Williams de Mark Webber foi para quarto e Jenson Button, da Honda, para o quinto lugar. O segundo Williams de Nico Rosberg também levou vantagem e subiu para sexto, enquanto Vitantonio Liuzzi escapou não se sabe como da confusão da primeira volta e levou seu Toro Rosso até o sétimo lugar. Na frente Massa liderava na frente de Michael e Alonso, com Button tomando o quarto lugar de Webber, mas já distante dos líderes. Liuzzi rodou na curva um e deixou seu Toro Rosso parado na volta 12, trazendo o safety-car para a pista. Enquanto o safety car estava na pista, vários carros aproveitaram a oportunidade para fazer suas primeiras paradas, incluindo os quatro primeiros. O líder da corrida Massa foi o primeiro e Michael teve que parar no pit lane e esperar. Enquanto isso, Alonso tem uma parada limpa e voltou à frente de Michael, em segundo lugar. Na relargada Massa novamente se manteve na frente, seguido por Alonso, Michael e Button. Rosberg, Klien, De la Rosa e Trulli eram os próximos, mas nenhum deles tinha parado. A tática da Ferrari havia sofrido um imenso golpe, pois agora a esperada troca de posições entre seus dois pilotos, marcada para a primeira parada, não aconteceria se Schumacher não passasse Alonso. E o espanhol sabia disso e na briga pelo campeonato, faria de tudo para separar as duas Ferraris. Kubica começava a mostrar talento ao fazer uma bela ultrapassagem em cima de Webber, enquanto Fisichella vinha se recuperando de sua rodada na primeira curva e já se aproximava da zona de pontos.

Aqueles que não tinham parado durante o período de safety-car começaram a fazer suas primeiras paradas, Trulli, Coulthard e Barrichello em primeiro lugar. Fisichella subiu para oitavo, seguido por Kubica. Michael errou na curva oito, saiu da pista e conseguiu voltar no caminho certo, mas perdeu alguns segundos para Alonso. Massa tinha uma corrida bastante solitária, correndo serenamente na frente. A diferença entre ele e Alonso era cerca de sete segundos e a mesma diferença separava Alonso e Michael. Apesar da velocidade aparentemente superior da Ferrari, a Renault estava segurando as pontas, devido ao talento do espanhol.  Massa, Alonso e Michael estavam trocando voltas mais rápidas na medida em que se aproximavam de suas segundas paradas. Barrichello conseguiu um belo vácuo de Webber na reta oposta e ultrapassou a Williams para ser sexto. Massa fez sua segunda parada e Alonso o fez também - o que foi um pouco surpreendente, uma vez que parecia que Alonso e Michael ficariam mais tempo na pista do que o brasileiro. Schumacher ficou na pista, tentando tirar a diferença para Alonso. Este seria o momento decisivo da corrida. Se Michael conseguisse ficar à frente de Alonso, a vitória seria dele, com Massa não tendo pudor em abdicar de sua primeira vitória para ajudar o companheiro de equipe e a Ferrari. Quatro voltas depois de Alonso parar, Schumacher fez sua parada e o mundo prendeu a respiração, mas o alemão voltou logo atrás da Renault, iniciando uma luta fratricida na última dúzia de voltas. A Ferrari era melhor nas freadas, mas Alonso era mais rápido nas curvas rápidas. Ele voava na curva oito, mas a Ferrari se aproximava novamente no final da volta.

Por via das dúvidas, Massa tirou o pé, se mantendo próximo da briga pelo segundo lugar, caso Schumacher conseguisse a ultrapassagem. Pelo segundo ano consecutivo, o Grande Prêmio da Turquia tinha emoção até o final em seu belo circuito. Alonso cometeu um pequeno erro e Michael quase aproveita, com o espanhol sofrendo com a deterioração dos seus pneus traseiros. Dez voltas, oito voltas para o fim, Michael e Fernando permaneciam implacavelmente colados, bem parecido com Imola em 2005, com o diferencial de que em Kurtkoy, havia pontos de ultrapassagem, mas como daquela vez, Alonso pilotou de forma sublime. Michael voltou a errar na curva 8, enquanto Button se aproximava da briga dos dois. Na penúltima volta Michael estava colado na traseira de Alonso, atacando nas curvas quatro e cinco, mas Alonso manteve-se na frente. Grande amigo do seu filho Popó Bueno, Galvão se emocionava na transmissão da Globo com a possível primeira vitória de Felipe Massa, que recebeu a bandeirada apenas 5s na frente de Alonso, com Schumacher colado. Foi outra excelente e emocionante corrida da temporada 2006! A batalha entre Alonso e Michael foi empolgante e Alonso manteve o sangue frio de uma forma notável. Com a Ferrari superior à Renault, Alonso nunca vacilou, lembrando-nos por que ele era o atual campeão. Era improvável que Button pudesse repetir a vitória na Hungria, mas ele chegou num respeitável quarto lugar para a Honda e Barrichello marcou o último ponto, em oitavo. De la Rosa teve outra corrida sólida para ser quinto, ainda mais com ele largando apenas em 11º. Depois de sua rodada no início da prova Fisichella, fez boa corrida de recuperação para ser sexto. Mesmo feliz pela vitória de Massa, Schumacher viu Alonso abrir doze pontos no campeonato, mas a corrida seguinte seria na casa da Ferrari, em Monza.

Chegada:
1) Massa
2) Alonso
3) M.Schumacher
4) Button
5) De la Rosa
6) Fisichella
7) R.Schumacher
8) Barrichello

Nenhum comentário:

Postar um comentário