terça-feira, 30 de agosto de 2016

História: 40 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1976

A F1 chegava à Zandvoort com John Watson sem a sua famosa barba, fruto da aposta que fez com Roger Penske se vencesse uma corrida, além da volta da Ferrari ao paddock. Ainda se recuperando dos seus graves ferimentos, Niki Lauda convenceu Enzo Ferrari a não desistir do campeonato para ter uma chance de conquistar o seu segundo título. Porém, Enzo pensava que dificilmente venceria em 1976 e por isso contratou Carlos Reutemann para o resto da temporada, além da temporada de 1977, no lugar de Clay Regazzoni. Ainda com contrato com a Brabham, o argentino só estrearia em Monza, lugar onde Lauda estaria se preparando para fazer um retorno miraculoso. Apenas o dispensado Regazzoni representaria a Ferrari na Holanda. O principal rival de Lauda, James Hunt, utilizaria o antigo McLaren M23, enquanto Jochen Mass correria com o novo M26. Todo o cuidado era necessário para que Hunt conquistasse o máximo de pontos possível.

Hunt ficou com o melhor tempo na sexta-feira, mas o inglês teve problemas com seus pneus no sábado e não melhorou o seu tempo, perdendo, por muito pouco, a pole position para um surpreendente Peterson, que finalmente encontrava o acerto correto do seu March. O sueco não era pole havia dois anos e meio. A segunda fila tinha outra surpresa: ao volante do novo Shadow, Pryce ocupava a terceira posição, à frente de Watson, confirmando que a sua vitória austríaca não era fogo de palha. Com os pneus que ele escolheu, após polêmica entre Ferrari e Goodyear na sexta-feira, Regazzoni ficou em quinto lugar, seguido por Andretti e Brambilla. A Tyrrell estava decepcionante: oitavo e décimo quarto para Scheckter e Depailler, com o sul-africano reclamando do carro de seis rodas. Pace era nono, à frente de Laffite, Ickx, Reutemann e Nilsson. O grid estava muito apertado: os primeiros quatorze no grid estavam no mesmo segundo.

Grid:
1) Peterson (March) - 1:21.31
2) Hunt (McLaren) - 1:21.39
3) Pryce (Shadow) - 1:21.55
4) Watson (Penske) - 1:21.62
5) Regazzoni (Ferrari) - 1:21.85
6) Andretti (Lotus) - 1:21.88
7) Brambilla (March) - 1:21.88
8) Scheckter (Tyrrell) - 1:21.91
9) Pace (Brabham) - 1:22.03
10) Laffite (Ligier) - 1:22.06

O dia 29 de Agosto de 1976 amanheceu nublado no mar do norte, local onde ficava Zandvoort, mas se não havia chuva, havia muito vento que trazia muita areia das dunas para a pista, tornando a superfície bastante escorregadia. Insatisfeito com o seu carro, Jody Scheckter discutiu feio com Ken Tyrrell e o sul-africano confidencia a amigos que não ficaria na Tyrrell para 1977. Scheckter chegou a procurar Bernie Ecclestone para ficar com o lugar de Reutemann na Brabham, mas o negócio não saiu. Largando na pole após tanto tempo, Peterson mostrou que não tinha perdido a mão e sai muito bem na bandeirada, mantendo-se em primeiro, o mesmo não acontecendo com Hunt, que saiu muito mal e foi ultrapassado, por fora, por Watson na famosa curva Tarzan. Mais atrás, Laffite quebra seu Ligier numa tentativa de ultrapassar Scheckter, mas ambos permanecem na corrida.

Peterson não pôde escapar na frente e era pressionado por Watson e Hunt. Pryce vinha em quinto, mas logo é ultrapassado por Regazzoni, enquanto o quarto colocado Andretti rapidamente encosta no pelotão da frente. Watson tenta ultrapassar por dentro da Tarzan, mas Peterson joga dura e permanece na ponta. Quando o irlandês tenta uma tática diferente na volta 8, indo por fora, Watson acaba sendo ultrapassado por Hunt, enquanto Regazzoni encosta em Andretti, ultrapassando-o na volta seguinte. O suíço tinha apenas uma missão na Holanda: tirar pontos de Hunt para ajudar Lauda. Após ultrapassar Watson, imediatamente Hunt se aproxima de Peterson, enquanto também monitorava o terceiro colocado Watson. Na volta 12, Peterson derrapou em uma poça de óleo na curva Tarzan, abrindo a porta para Hunt assumir a liderança. Imediatamente, o sueco encontra-se sob a pressão de Watson, sendo ultrapassado na volta seguinte. Após se livrarem de Peterson, Hunt e Watson dispararam na frente, enquanto Regazzoni começava o ataque em cima de Peterson que, como havia feito nas primeiras voltas, se segurava como podia com um carro sem a mesmo velocidade dos seus rivais. Um tubo de refrigeração do freio quebrou no carro de Hunt, perturbando a função aerodinâmica da McLaren, enquanto Regazzoni conseguia ultrapassar Peterson na volta 19, com Andretti, Scheckter e Pryce logo atrás do sueco.

Com esse pequeno contratempo, Hunt não conseguia se livrar de Watson, que constantemente o atacava na Tarzan, mesmo que por fora, ajudando a defesa de Hunt. Perdendo muito tempo para ultrapassar Peterson, Regazzoni já vinha 6s atrás dessa briga, enquanto Peterson segurava Andretti, Scheckter e Pryce, 4s depois. Mesmo correndo sozinho, Regazzoni não conseguia se aproximar dos líderes, que se mantinha ocupados, brigando pela liderança da corrida. A corrida fica estável, até mesmo Peterson segurando sem maiores arroubos a Lotus de Andretti. Hunt se mantinha em primeiro, enquanto Watson já demonstrava sinais de impaciência, mas o irlandês não conseguia espaço para ultrapassar e tudo piorou a partir da volta 45, quando o câmbio da Penske de Watson começa a apresentar problemas nas marchas mais altas. A esperança de uma segunda vitória consecutiva para Watson acabariam na volta 48, com o seu câmbio definitivamente quebrado. Ao receber a placa que estava em segundo, Regazzoni aumenta o ritmo e marca a volta mais rápida da corrida, mas o suíço da Ferrari já estava 8s atrás de Hunt, com 25 voltas para o fim.

Após uma corrida bastante combativa, Peterson abandona na volta 52 com a pressão de óleo do seu March caindo a zero, elevando Andretti ao terceiro lugar, seguido por Pryce e Scheckter. Faltando quinze voltas para o fim, Hunt tinha apenas quatro segundos à frente de Regazzoni, com sua McLaren sofrendo com pequenos problemas. Cerca de oito segundos depois vinha Andretti, com um bom ritmo no final da corrida. Mesmo mais rápido do que Hunt, Regazzoni tirava apenas décimos de segundo, mas na volta 70 de 75, a diferença caía para perigosos 2s, enquanto Andretti era o piloto mais rápido da pista e se aproximava de ambos. Na penúltima volta, Regazzoni encosta de vez em Hunt, mas ambos se aproximam para colocar uma volta em Alan Jones. Hunt é mais esperto e deixa o australiano entre os dois na entrada da reta dos boxes, impedindo que Regazzoni pegasse o vácuo da McLaren. Rega reclama de Jones, mas aquele era seria seu único ataque sobre a liderança de Hunt. James Hunt ganhou o Grande Prêmio da Holanda nove décimos de segundo à frente de Regazzoni, com Andretti, em terceiro lugar, apenas dois segundos atrás do vencedor, no primeiro pódio do americano com a Lotus. Pryce terminou em quarto na sua primeira corrida ao volante do novo Shadow DN8, com Scheckter terminando num solitário quinto lugar e Brambilla finalmente marcando seu primeiro ponto na temporada. No dia do seu aniversário de 29 anos, James Hunt vencia pelo segundo ano consecutivo em Zandvoort, além de ficar apenas dois pontos atrás de Lauda no campeonato numa bela disputa que teve com Watson a corrida quase toda. Regazzoni fracassou em sua tentativa de tirar pontos de Hunt, que iria para Monza colado em Lauda no campeonato, pronto para tirá-lo da liderança. O que ninguém sabia era que o quase moribundo Lauda estava prestes a retornar a F1.

Chegada:
1) Hunt
2) Regazzoni
3) Andretti
4) Pryce
5) Scheckter
6) Brambilla 

Nenhum comentário:

Postar um comentário