sábado, 6 de agosto de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio da Hungria de 2006

A corrida húngara completava vinte anos dentro do calendário da F1 considerada como a corrida menos esperada do ano, por causa da chatice que normalmente imperava durante as provas no estreito e sinuoso circuito de Hungaroring. Normalmente quem largava na frente na pista magiar, não era muito incomodado e o cartel nas vinte provas anteriores eram de corridas enfadonhas em sua maioria. Mesmo correndo no auge do verão europeu, ainda não havia acontecido corridas debaixo de chuva na Hungria, o que poderia movimentar um pouca a corrida magiar. No campeonato, a Renault começava a se preocupar com a recuperação da Ferrari, principalmente desde o banimento do amortecedor de massa, que tanto ajudava Alonso a vencer provas, por causa do baixo consumo de pneus que o dispositivo proporcionava. Desde que o artificio foi banido, a Renault entrou em queda, inclusive com McLaren e Toyota se aproximando dos carros azuis.

Porém, quem ficou com a pole foi Kimi Raikkonen, da McLaren, que conseguia sua segunda pole consecutiva na Hungria, superando em três décimos Felipe Massa, com a Honda de Rubens Barrichello ficando em terceiro. Mas onde estaria Michael Schumacher e Fernando Alonso?  Houve uma reviravolta inesperada pouco antes da classificação, quando Michael se juntou à Alonso numa penalidade de 2s em seus tempos. Alonso foi punido por condução perigosa e ultrapassagem sob bandeiras amarelas no treino livre de sexta-feira à tarde e Schumacher foi punido por ultrapassar sob bandeiras vermelhas, no treino livre de sábado pela manhã, que foi devido à quebra do motor Honda de Jenson Button, fazendo o inglês perder dez posições no grid. Por causa das punições, Schumacher largaria em 11º e Alonso em 15º, enquanto o polonês Robert Kubica estreava na F1 pela BMW já superando o seu experiente companheiro de equipe, Nick Heidfeld.

Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 1:19.599
2) Massa (Ferrari) - 1:19.886
3) Barrichello (Honda) - 1:20.085
4) De la Rosa (McLaren) - 1:20.117
5) Webber (Williams) - 1:20.266
6) R.Schumacher (Toyota) - 1:20.759
7) Fisichella (Renault) - 1:20.924
8) Trulli (Toyota) - 1:21.132
9) Kubica (BMW) - 1:22.049
10) Heidfeld (BMW) - 1:20.623

O dia 6 de agosto de 2006 amanheceu com muita chuva em Budapeste e finalmente a F1 teria uma corrida com pista molhada em Hungaroring, aumentando ainda mais as expectativas de uma prova que tinhas os dois principais pilotos de ano largando abaixo do décimo lugar. A chuva tinha parado momentos antes da largada e por isso, muitos pilotos resolveram largar com pneus intermediários, o que causou a rodada de Pedro de la Rosa ainda na volta de apresentação. Na largada, Raikkonen se manteve firme na ponta, enquanto Massa caiu várias posições, mas o Brasil continuava em segundo, desta vez com Barrichello. Em ritmo de abertura de Olimpíadas, onde algumas pessoas falaram que, se estivesse vivo, Senna deveria acender a pira olímpica, dez anos atrás dois gênios da história da F1 davam um show em primeira volta na chuva. Talvez superando Senna em Donington/93. Precisando ganhar as posições perdidas pelas punições recebidas, Schumacher e Alonso deram um verdadeiro show em pista molhada, infelizmente pouco lembrado pelos fãs da categoria. Schumacher pulou de 11º para 5º e Alonso de 15º para 7º. Em uma volta, amigos...

Schumacher e Alonso ainda receberam ajuda dos seus companheiros de equipe para pular para quarto e quinto, com Fisichella caindo para sexto e Massa, após péssima largada, descendo para o sétimo posto, enquanto o novato Kubica rodava e perdia várias posições. Com pista molhada, era uma situação bem complicada para o jovem polaco estrear, mas Kubica já tinha mostrado suas credenciais. Alonso estava atacando Michael e o espanhol passaria a Ferrari em uma manobra muito ousada, por fora, na curva quatro, enquanto De la Rosa ultrapassou Barrichello na curva dois para ser segundo, completando a dobradinha da McLaren. Só que a chuva voltou e num movimento estranho, já que a pista estava ficando mais molhada, Barrichello foi aos pits trocar os pneus de chuva para os intermediários. Outro piloto que crescia à olhos vistos era Jenson Button. O inglês tinha conseguido um bom tempo, mas como fora punido, largou em 16º. Button ainda era considerado uma esperança inglesa, mas não havia conquistado sequer uma vitória na F1 e ainda via o fenômeno Lewis Hamilton surgir com força nas categorias de base, provavelmente o tirando o título de queridinho da imprensa inglesa. Quando a chuva apertou de vez, Massa rodou e perdeu várias posições, demonstrando que o brasileiro não gostava muito de chuva, ao contrário de Alonso, que já partia para cima do segundo colocado De la Rosa, enquanto Schumacher via a aproximação de Fisichella, na briga pelo quarto lugar. Numa tentativa de ultrapassagem, os dois pilotos se tocaram e Schumacher teve que trocar a asa dianteira. Nesse momento, mesmo chovendo forte, os dois pilotos da McLaren lideravam a corrida usando pneus intermediários, enquanto Fisichella rodava e batia de traseira, significando o abandono do italiano. Quando a chuva parou, Michael era o único piloto da Bridgestone na zona de pontuação, apenas em oitavo. 

Contudo, a ótima corrida de Raikkonen terminou na volta 25, quando o finlandês ia dar uma volta em Vitantonio Liuzzi e os dois bateram forte, inclusive com Kimi quase capotando. Com vários detritos na pista, o safety-car entrou e vários pilotos aproveitaram a oportunidade para irem aos boxes e Alonso emergiu na frente, seguido por De la Rosa e... Button! Quando a pista foi liberada, Button ultrapassou De la Rosa para emergir em segundo e os dois primeiros colocados, Alonso e Button, eram os pilotos mais rápidos na pista, enquanto os irmãos Schumacher rodaram, mas retornaram à corrida, com Michael só perdendo uma posição para Massa. Já havia um pouco de sol e as equipes entraram no dilema: quando trocar os pneus intermediários pelos slicks? Scott Speed foi o boi de piranha, mas o atrapalhado americano, que chegou a gritar no rádio, saiu da pista várias vezes quando arriscou o pneu slick. Havia uma linha seca definitiva aparecendo, mas ainda não era o suficiente para pneus slicks. Enquanto isso, Button estava se aproximando de Alonso e Michael começava a pressionar Heidfeld. A Ferrari quase conseguiu passar a BMW na curva um, mas Heidfeld bravamente segurou-se por fora, mas Michael repetiu o movimento na volta seguinte e finalmente ganhou a posição. A diferença entre Alonso e Button foi reduzido para menos de 1s e ambos estavam procurando os lugares úmidos da pista para esfriar os pneus intermediários. Button fez sua parada e apenas reabasteceu, não trocando os pneus, e Michael fez o mesmo logo depois. Quando foi a vez de Alonso...

Quando o espanhol saiu dos pits, seu Renault balança de um lado para o outro, com a roda claramente solta. Alonso escapou da pista na curva dois e dava adeus as chances de uma vitória histórica. Porém, quem assumiu a liderança era um piloto que largou ainda mais atrás e, mais impressionante ainda, não tinha vencida na F1: Jenson Button! O inglês fazia a corrida de sua vida, mas nem tudo eram flores, já que em segundo vinha, ameaçador, Schumacher, com De la Rosa em terceiro e Heidfeld em quarto. Todos com pneus intermediários. Com sol e a pista quase seca. As emoções não tinham terminado ainda! Os pneus de Schumacher logo acusaram o desgaste e o alemão passou a ser atacado por De la Rosa e então as dificuldades de ultrapassar em Hungaroring vieram à tona, mesmo o espanhol da McLaren bem mais rápido. Numa das tentativas, Schumacher cortou uma chicane claramente, ganhando vantagem, o que faria com que o alemão tivesse que ceder a posição para De la Rosa, mas o piloto da Ferrari permanecia na frente. Na volta seguinte, De la Rosa conseguiu a ultrapassagem e com toda essa briga, Heidfeld chegou na briga e os dois alemães brigaram forte, assim como Schumacher fez de tudo para segurar De la Rosa. Com os pneus em frangalhos e alguns toques com seus adversários, Schumacher diminuiu o ritmo na penúltima volta e foi aos boxes, com problema na direção de sua Ferrari. Lá na frente, Button recebia a bandeirada em primeiro, se tornando o piloto que mais demorou a vencer, em termos de corridas disputadas, na história da F1 naquele momento. Todo o paddock vibrou com o inglês, que comemorou muito com o seu pai e a Honda. Num pódio pouco usual, De la Rosa e Heidfeld completavam o rol dos três primeiros, com o espanhol comemorando sua primeira subida ao pódio. Se a Hungria era uma corrida considerada chata até então, a chuva transformou a edição de 2006 em uma corrida histórica, onde vários pilotos deram um show de pilotagem.

Chegada:
1) Button
2) De la Rosa
3) Heidfeld
4) Barrichello
5) Coulthard
6) R.Schumacher
7) Massa
8) M.Schumacher

Nenhum comentário:

Postar um comentário