História: Grande Prêmio de Mônaco de 1962

A temporada de 1962 havia começado com uma resposta das equipes britânicas frente ao domínio da Ferrari no ano anterior. A Lotus apresentava seu novíssimo modelo 25, o primeiro carro com monocoque na história da F1. Colin Chapman confiou sua primeira obra-prima a Jim Clark, que iniciava sua terceira temporada na F1 e mesmo não tendo conseguido resultados impressivos até então, Clark era uma aposta de Chapman. Não demorou para Clark retribuir a confiança de Chapman com vitórias e títulos, sempre com a Lotus. A primeira corrida do ano foi em Zandvoort e a vitória ficou com Graham Hill em sua BRM. Era a primeira vitória de Hill na F1.

A segunda etapa seria no principado de Mônaco e a principal preocupação das equipes era com o clima instável. Mesmo no início do verão de 1962, a chuva foi protagonista e acompanhou todos os treinos. Corroborando com a expectativa, Clark mostrou todo o potencial do Lotus 25 e ficou com a pole, a sua primeira na F1. Graham Hill e Bruce McLaren completaram a primeira fila. Atrás deles vinha a primeira Ferrari de Willy Mairesse e a Porsche de Dan Gurney enquanto a Lotus privada de Jack Brabham estava ao lado de um carro semelhante, só que o dono do carro era Rob Walker, com Maurice Trintignant ao volante. Jack Brabham preparava a estréia de sua equipe e enquanto o carro que levava seu nome não chegava, ele usava um Lotus 24. O australiano não ficou nada satisfeito quando a Lotus estreiou o Lotus 25, pois quando ele comprou o modelo 24, ele tinha a certeza que teria o carro mais avançado da Lotus, mas não era o caso. A Ferrari teria a estréia de Lorenzo Bandini, porém a escuderia italiana começaava a sentir que o domínio exercido em 1961 estava longe acontecer.

Grid:

1) Clark(Lotus) - 1:35.4
2) G.Hill(BRM) - 1:35.8
3) McLaren(Cooper) - 1:36.4
4) Mairesse(Ferrari) - 1:36.4
5) Gurney(Porsche) - 1:36.4
6) Brabham(Lotus) - 1:36.5
7) Trintignant(Lotus) - 1:36.8
8) Ireland(Lotus) - 1:37.0
9) P.Hill(Ferrari) - 1:37.1
10) Bandini(Ferrari) - 1:37.2

No dia da corrida, a chuva tinha dado uma trégua, mas a pista ainda estava úmida e o tempo estava muito nublado. Na largada, Mairesse resolveu mostrar serviço para a Ferrari e partiu para cima dos pilotos da primeira fila, mas quando os carros se aproximaram da freada do Gasometro, Mairesse perdeu o controle do seu carro e causou um grande acidente. Foi um caos. Ritchie Ginther não parou o seu BRM a tempo (embora ele comentasse depois que o seu acelerador ficou preso) e ele bateu na Lotus de Trintignant e Ireland, enquanto o Porsche de Gurney e a Lotus de fábrica de Trevor Taylor também estavam envolvidos. Infelizmente, o pneu traseiro direto da BRM de Ginther saiu voando e atingiu o comissário Ange Baldoni, o matando.

Ireland e Taylor puderam voltar a corrida, mas ambos ficaram nas últimas posições. Não satisfeito em causar todo esse problema na primeira curva, Mairesse rodou no Hairpin da Estação e caiu para décimo primeiro. Quem se aproveitou de tudo isso foi Bruce McLaren, que conseguiu escapar incólume e tinha uma boa vantagem para o segundo colocado Graham Hill. O pole Jim Clark teve que ficar parado afim de não se envolver nas batidas. Atrás de Graham Hill, vinha Phil Hill, Jô Bonnier (Porsche), Bandini e Clark.

McLaren e G.Hill começaram a brigar pela primeira posição durante as primeiras 10 voltas, trocando várias vezes de posição, entretanto na volta 11 Hill obteve uma vantagem e começou a disparar. Na volta 7 Clark ultrapassou Bandini e logo encostou em Brabham. Na volta 12, Phil Hill foi ultrapassado por Brabham e Clark e o escocês se recuperava do atraso da primeira volta rapidamente e na volta 22 deixou Brabham para trás e já aparecia em terceiro. Seis voltas depois Clark ultrapassou McLaren para ser segundo. Ele se aproximou então do líder e quando estava colado atrás de Hill, a Lotus começou a ter problemas de câmbio e Hill pôde respirar novamente.

Mais atrás McLaren, Brabham e Phil Hill brigavam pela terceira colocação e o neo-zelandês chegou a ser ultrapassado pelos dois concorrentes na volta 30, mas já na volta seguinte McLaren assumiu novamente a terceira posição, mantendo Brabham e P.Hill sobre controle. Na volta 55 Clark abandonou com a embreagem quebrada e Graham Hill tinha agora uma vantagem de 48s em cima de McLaren com Brabham em terceiro, embora o australiano fosse pressionado por Phil Hill e na volta 76 o americano conseguiu a ultrapassagem. Na volta seguinte Brabham errou na Praça do Cassino e acabou danificando a suspensão de sua Lotus.

Quando tudo indicava para a segunda vitória consecutiva de Graham Hill, o motor BRM começou a fumar e a grande diferença para McLaren começou a ceder. A agonia de Hill durou até a volta 93, quando seu motor finalmente quebrou. Faltavam apenas sete voltas... Mesmo não tendo o melhor carro, McLaren soube aproveitar as chances que teve e estava na hora certo, no lugar certo. Foi apenas a terceira vitória de McLaren e a décima da equipe Cooper. A Ferrari conseguiu colocar dois pilotos seus no pódio e Phil Hill chegou apenas 1.3s atrás de McLaren, mas esse resultado foi mais um acaso do que por mérito próprio. No final, apenas cinco carros completaram a corrida e com esse resultado, os homônimos Graham e Phil lideravam o campeonato com 1o pontos, apenas um na frente do terceiro colocado Bruce McLaren. Mesmo sem marcar pontos ainda, Clark era o maior favorito ao título graças ao novo Lotus 25, enquanto Graham Hill lamentava a quebra de seu motor tão no final, mas ele ainda marcaria um ponto. Ponto esse que lhe será bem útil no final do ano.

Classificação:

1) McLaren

2) P.Hill

3) Bandini

4) Surtees

5) Bonnier

6) G.Hill