A equipe Lotus foi uma das equipes mais tradicionais e inovadoras da F1. Graças ao gênio Colin Chapman, a Lotus sempre saía na frente das suas rivais e isso lhe garantiu vários títulos de pilotos, mas também algumas temporadas desastrosas. Do primeiro carro construído com monocoque ao carro-asa, a Lotus redefiniu várias vezes a F1, mas desde a morte de Chapman no final de 1982, a Lotus vinha passando por um período de transição. Mesmo com o tradicional apoio da John Player Special, a Lotus não brigava pelo título desde 1978 e nem mesmo a mão firma de Peter Warr não resolviu alguns problemas da equipe. A contratação de Ayrton Senna em 1985 era um alento, mas nem todo o talento do brasileiro fez com que a equipe brigasse seriamente pelo título. Porém, a veia inovadora da equipe veio à tona com a suspensão ativa, uma inovação colocada em prática em 1987. O potente motor Honda, o patrocínio da Camel e o talento de Senna era tudo que a Lotus precisava para alçar vôos maiores. Mesmo com a superioridade da Williams-Honda, Senna vinha de vitória em Monte Carlo quando a F1 chegou à Detroit.
A suspensão ativa seria uma vantagem para a Lotus no ondulado circuito de Detroit e Senna havia vencido no circuito em 86. Como o Grande Prêmio do Canadá tinha sido cancelado por não ter reformado seus boxes a tempo, Detroit seria a única parada na América do Norte. Tentando uma recuperação, a Williams de Mansell foi a mais rápida na sexta feira, à frente de Senna e Piquet. Prost reclamava bastante dos pneus, que segundo ele servia melhor nas Williams do que na sua McLaren. Choveu sexta-feira à noite, mas no sábado o clima ficou mais firme e na Classificação Senna chegou a liderar por muito tempo, mas Mansell fez uma volta espetacular e ficou com a pole com mais de 1s de vantagem sobre Senna. Era a quarta pole em cinco corridas para Mansell.
Grid:
1) Mansell(Williams) - 1:39.264
2) Senna(McLaren) - 1:40.607
3) Piquet(Williams) - 1:40.942
4) Boutsen(Benetton) - 1:42.050
5) Prost(McLaren) - 1:42.357
6) Cheever(Arrows) - 1:42.361
7) Alboreto(Ferrari) - 1:42.684
8) Fabi(Benetton) - 1:42.918
9) Patrese(Brabham) - 1:43.479
10) Warwick(Arrows) - 1:43.541
Choveu novamente no sábado à noite e no domingo de manhã, fazendo com que o warm-up fosse realizado com pista molhada, mas quando a largada se aproximou, a pista ficou completamente seca. Os três primeiros colocados mantiveram suas posições, enquanto Cheever pulava para quarto e Fabi saiu da oitava posição no grid para quinto, seguido por Michele Alboreto, Prost, Thierry Boutsen e Stefan Johansson. Na terceira volta Piquet saiu um pouco do traçado numa curva e acabou passando por cima de detritos que furaram seu pneu. Quando o brasileiro foi aos boxes Cheever assumiu o terceiro posto, mas três voltas depois Fabi bateu na traseira do americano numa tentativa de ultrapassagem totalmente atrapalhada. Fabi quebrou o nariz do seu Benetton e abandonou ali mesmo, enquanto Cheever foi se arrastando aos boxes para trocar um pneu furado, perdendo duas voltas e voltando em 19º.
Na décima volta Mansell estava 5s à frente de Senna e este tinha 23s de vatagem em cima do terceiro colocado Alboreto. De repente, Senna sentiu o pedal de freio muito macio e por muito pouco não bateu no muro. Foi então que o brasileiro decidiu diminuir o ritmo para esfriar seus freios, perdendo cerca de 3s por volta com relação ao seu ritmo anterior. Senna estava preocupado com a aproximação de Alboreto, mas o câmbio da Ferrari do italiano quebrou na volta 25 dando o terceiro lugar para Prost. Na volta 26 Mansell tinha 18.8s de vantagem em cima de Senna, mas o inglês começava a sentir câimbras na sua perna direita e Senna começou a se aproximar da Williams. Na volta 34 Mansell entrou nos boxes para trocar seus pneus, mas uma porca presa no pneu traseiro direito fez com que o inglês perdesse 18s nos boxes. Para piorar as coisas para Mansell, todo o tempo em que ficou parado nos boxes, o inglês teve que apertar o pedal de freio com a perna direita, aumentando ainda mais sua dor.
Agora em segundo, Prost estava com problemas de câmbio e de freios quando decidiu fazer sua parada na volta 36. Senna marcou a volta mais rápida da corrida na volta 39 com 1:40.464, mais rápido que seu tempo na Classificação! Percebendo que seu carro estava bem acertado com pneus velhos, ele decidiu terminar a corrida ser fazer um pit-stop. Toda volta a Lotus se preparava para uma parada de Senna, mas o brasileiro sempre passava direto e como até a volta 50 o brasileiro não havia parado, os adversários perceberam o pulo do gato de Senna. Ele já estava quase um minuto na frente do segundo colocado Mansell, mas o inglês estava exausto dentro do carro. Mansell declarou depois da corrida que toda vez que passava em frente aos boxes, pensava em desistir. Na volta 53, Piquet e Prost o passaram, e na volta 56, Berger também o fez. Mesmo com muitas dores, Mansell foi até o fim e conseguiu dois pontinhos. Após uma grande recuperação, Piquet ultrapassou Prost na volta 54 e terminou em segundo lugar, mesmo detestando o circuito de Detroit, enquanto o francês teve que se conformar com o lugar mais baixo do pódio. Faltando três voltas uma chuva fina caiu do circuito, mas Senna já tinha tirado o pé e venceu com extrema facilidade, assumindo a liderança do campeonato, à frente de Prost e Piquet.
Está foi a sexta vitória de Senna na F1, mas ele não sabia que essa seria a última do ano. Mesmo com o potencial da suspensão ativa e da potência do motor Honda a seu dispor, a Lotus não venceu mais durante o ano e no final da temporada sofreria um duro golpe: Senna havia assinado contrato com a McLaren para 1988. Mesmo com a contratação milionária de Nelson Piquet, a saída de Senna foi um marco para a Lotus. Mesmo contando com os serviços do tricampeão, a Lotus não foi nada bem em 1988 e a equipe começou a dengringolar. Primeiro perdeu a Honda no final de 88 e depois Piquet no final do ano seguinte. Nem mesmo um contrato com a Lamborghini e ter contado com o talento de Mika Hakkinen no começo da carreira fez com que a Lotus voltasse aos seus tempos de glória e no final de 1993 a equipe fechou às portas. Porém, a vitória na cinzenta Detroit se tornou histórica para a Lotus e para a F1.
Chegada
1) Senna
2) Piquet
3) Prost
4) Berger
5) Mansell
6) Cheever
Nenhum comentário:
Postar um comentário