sexta-feira, 7 de junho de 2013

História: 15 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1998

O circo da F1 chegou à Montreal com a McLaren tendo cinco vitórias contra apenas uma da Ferrari, mas teimosamente Michael Schumacher ficava à espreita de qualquer erro dos carros prateados, particularmente seu antigo rival da F3 Mika Hakkinen, líder inconteste do campeonato e da McLaren. Porém, haviam mudanças nos demais carros, como uma modificação no motor Ferrari, uma tentativa de melhora no Williams FW20, uma sombra caricata dos modelos vencedores anteriores, além de uma atualização no pneu traseiro da Goodyear.

Porém, no sábado, as duas McLarens ficaram em primeiro e segundo, mas com David Coulthard superando Mika Hakkinen, invertendo a tendência do time comandado por Ron Dennis naquele ano. Como sempre, Schumacher ficou logo atrás das flechas prateadas, enquanto Fisichella, que sempre anda bem no circuito Gilles Villeneuve, completou a segunda fila, colocando um binóculo em Alexander Wurz. Corroborando com o desenvolvimento do carro, a Williams colocou seus dois pilotos entre o top-10, algo que não foi possível em Barcelona, corrida anterior, algo que não ocorria havia nove anos. A última fila tinha os dois pilotos mais ameaçados no momento na F1. Jan Magnussen tomava 1.5s de Rubens Barrichello e abria a última fila, enquanto Ricardo Rosset finalmente conseguia classificar seu Tyrrell para a corrida, passando pela regra dos 107%. Foram dois pilotos com ótimos desempenhos nas categorias de base, mas decepcionaram deveras na F1.

Grid:
1) Coulthard(McLaren) - 1:18.213
2) Hakkinen(McLaren) - 1:18.232
3) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.497
4) Fisichella(Benetton) - 1:18.826
5) R.Schumacher(Jordan) - 1:19.242
6) Villeneuve(Williams) - 1:19.588
7) Frentzen(Williams) - 1:19.614
8) Irvine(Ferrari) - 1:19.616
9) Alesi(Sauber) - 1:19.693
10) Hill(Jordan) - 1:19.717

O dia 7 de junho de 1998 estava frio e nublado em Montreal, palco tradicional de corridas com chuva na F1, mas desta vez a pista estaria seca para a disputa deste Grande Prêmio do Canadá. No apagar das luzes vermelhas, Hakkinen sai mal e é ultrapassado por Schumacher, porém mais atrás um acidente dramático se desenrolava. Em nenhum momento no final de semana Wurz, 11º no grid, conseguiu andar no ritmo de Fisichella e isso parece ter mexido nos nervos do austríaco, que tentou uma largada banzai em Montreal e acabou se chocando com Jean Alesi, levando de lambuja Jarno Trulli e Johnny Herbert. Wurz saiu capotando de forma espetacular, lembrando bastante o acidente de Maurício Gugelmin em Paul Ricard/89, mas assim como aconteceu com o brasileiro, Wurz saiu ileso e estava pronto para a segunda largada.

Porém a segunda largada foi muito complicada e não menos triste para Wurz, Trulli e Alesi. Primeiro, o líder do campeonato andou poucos metros quando o câmbio de Hakkinen ficou preso na segunda marcha logo após a largada e ele teve que abandonar precocemente. Atrás do primeiro grupo, Ralf Schumacher tentou emular a manobra desastrada de Wurz e acabou rodando, fazendo com que atingisse... Wurz, Trulli e Alesi! Com seus carros reservas, Trulli e Alesi estavam de fora novamente na primeira curva, com enormes prejuízos para Prost e Sauber, enquanto Wurz continuava correndo. O safety-car foi à pista e somente na quinta volta a corrida começou de verdade, com Coulthard e Schumacher rapidamente abrindo vantagem sobre o terceiro colocado Fisichella. Barrichello fazia a melhor corrida da Stewart em 1998 e após ultrapassar Frentzen na oitava volta, assumia o quarto lugar. Porém, a calmaria logo acabaria quando Pedro Paulo Diniz sai da pista bisonhamente após seu pit-stop e espalha muita sujeira na pista: o safety-car entrava na pista novamente. Contudo, a relargada propiciou outro forte acidente quando Mika Salo bateu no muro, enquanto Herbert terminava o péssimo final de semana da Sauber na brita. Era a terceira intervenção do safety-car.

E também o abandono de David Coulthard. O escocês teve problemas com seu acelerador drive-by-wire e a McLaren tem o seu primeiro duplo abandono do ano. Com a corrida tanto tempo neutralizada, vários carros foram aos boxes fazer suas paradas, incluindo aí o líder Schumacher. Porém, voltando a mostrar sua faceta agressiva ao extremo, quando o alemão da Ferrari saía dos boxes, encontrou a Williams do compatriota Frentzen em alta velocidade. Inimigos desde a F3 e procurando seu melhor resultado em 1998, obviamente Frentzen não aliviou, verbo que não existe no dicionário schumaquiano. Michael foi para a linha de corrida e forçou Frentzen a uma manobra repentina, colocando o alemão na brita e fazendo-o abandonar.

Fisichella, que não parou, liderava na relargada seguido pelo piloto local Jacques Villeneuve. Correndo no circuito que leva o nome do seu pai e devendo uma boa exibição para a torcida canadense, Jacques tentou ultrapassar Fisichella na curva 1 por fora, mas o canadense errou a freada e acabou fora da pista, perdendo várias posições. Schumacher era agora o segundo colocado e se aproximando de Fisichella. A profusão de safety-car fez com que as estratégias se misturassem e enquanto a Benetton pararia apena uma vez para Fisico, Schummy pararia duas. Porém, as coisas para o alemão se complicariam bastante quando ele foi punido para ficar 10s parado no box. Schumacher cumpriu a penalidade e retornou à pista em terceiro, logo atrás de outro ferrenho rival seu: Damon Hill. Como esperado, Schumacher partiu para cima do piloto da Jordan. E como também era esperado, o inglês não deu mole. O resultado foi uma briga encarniçada, onde Schumacher definiu a ultrapassagem na chicane dos campeões e o alemão reclamaria bastante das manobras de Hill após a corrida. Porém, Schumacher não tinha tempo para reclamações, pois estava 22s atrás de Fisichella e se ele quisesse a vitória, teria muito o que remar. Com menos combustível, Michael começou a tirar a diferença para Giancarlo, cuja parada se aproximava. Se o italiano voltasse à frente do alemão, a corrida estaria definida em favor a Fisichella. Porém, Schumacher imprimia um ritmo alucinante e a diferença havia caído para 17s quando Giancarlo fez sua parada.

Como era sua única parada até o fim da corrida, o pit-stop de Fisichella foi um pouco mais longo para que sua equipe colocasse mais combustível e ao final da volta 45, o italiano estava 7.4s atrás de Schumacher e, pior, com problemas no câmbio. O ritmo do alemão era tão forte que em apenas cinco voltas ele tinha aberto uma diferença capaz de, após sua terceira parada, voltar à frente de Fisichella e praticamente selar sua vitória. Schumacher recebeu a bandeirada com 16s de vantagem sobre Fisichella e com Irvine completando o pódio, a Ferrari estava bastante feliz, pois tirava uma diferença considerável para a McLaren no Mundial de Construtores, zerada neste fim de semana. Apesar de todos os percalços, Wurz completaria a prova em quarto, tornando o final de semana canadense ótimo para a Benetton, o mesmo acontecendo com a Stewart, com seus dois carros pontuando, sendo que Magnussen estava na zona de pontos pela primeira vez na carreira. E última. Dias depois o dinamarquês, que foi comparado a Senna por Jackie Stewart por sua performance na F3 Inglesa, estava demitido e nunca mais correria na F1. Schumacher parecia um pouco contrariado no pódio. Ainda com o polêmico episódio de Jerez na cabeça de todos, claramente todos criticariam o alemão pela manobra perpetrada contra Frentzen. Aquela corrida no início de junho de 1998 mostrou um Michael Schumacher em toda sua essência. Polêmico, agressivo e genial!

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Fisichella
3) Irvine
4) Wurz
5) Barrichello
6) Magnussen

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