terça-feira, 15 de maio de 2018

História: 35 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1983

O Grande Prêmio de Mônaco de 1983 vivia o auge do glamour que o principado trazia à F1. Vários CEO's de grandes empresas estariam presentes à corrida e a ACM nunca havia faturado tanto dinheiro com publicidade. O reabastecimento era o grande barato da temporada de 1983, mas uma ordem ministerial datada de 1955 havia proibido grandes quantidades de combustível armazenada nos boxes nas corridas em Monte Carlo e por isso, excepcionalmente, não haveriam reabastecimentos durante a corrida monegasca de 35 anos atrás. Após a vitória de Patrick Tambay em Ímola com uma Ferrari número 27 que fora de Gilles Villeneuve, o francês se tornou o queridinho da sempre emotiva imprensa italiana, causando um certo ciúme de René Arnoux, que fora trazido da Renault como primeiro piloto da Ferrari, mas não estava fazendo um bom início de temporada. De temperamentos e estilos completamente distintos, Tambay e Arnoux não estavam na melhor das harmonias dentro da Ferrari. 

A classificação foi definida na sexta-feira, pois a chuva do sábado estragou as chances dos pilotos melhorarem seus tempos. Prost conquistou facilmente a pole, colocando quase um segundo e meio em cima do seu companheiro de equipe Cheever, que ficou em terceiro. Entre os dois carros da Renault vinha Arnoux, que acreditava que poderia ter ficado com a pole se não tivesse chovido no sábado. Tambay era quarto, mas um segundo mais lento do que seu companheiro de equipe. Graças ao seu estilo exuberante, Rosberg consegue um bom quinto lugar com o pequeno Williams-Cosworth, alguns centésimos atrás de Tambay. Piquet era sexto num bom trabalho com um Brabham-BMW que se provava ruim em circuitos de rua. A McLaren teve problemas com os pneus Michelin de classificação na sexta-feira e ficaram nas últimas posições. A borracheira francesa trouxe pneus novos exclusivos para a McLaren no dia seguinte, mas a chuva fez com que a McLaren, que fizera uma corrida incrível em Long Beach, ficasse de fora do GP de Mônaco, com Niki Lauda não se classificando para uma corrida de F1 pela primeira vez na carreira.

Grid:
1) Prost (Renault) - 1:24.840
2) Arnoux (Ferrari) - 1:25.182
3) Cheever (Renault) - 1:26.279
4) Tambay (Ferrari) - 1:26.298
5) Rosberg (Williams) - 1:26.307
6) Piquet (Brabham) - 1:27.273
7) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:27.680
8) Laffite (Williams) - 1:27.726
9) Jarier (Ligier) - 1:27.906
10) Warwick (Toleman) - 1:28.017

O dia 15 de maio de 1983 amanheceu chuvoso em Monte Carlo, seguindo o clima ruim de sábado, mas a chuva era bem mais amena do que no dia anterior e havia expectativa de instabilidade na hora da corrida. Os carros saíram para a volta de instalação com pista seca, mas uma chuva leve caiu novamente sobre o principado, deixando pilotos e engenheiros com um abacaxi na mão: com que pneus largar? Tendo nascido na região, Tambay indicou que a chuva seria passageira, mas a Ferrari decidiu largar com pneus de chuva, assim como Renault e Brabham. Keke Rosberg, no seu turno, insiste que a chuva seria rápida e convence Frank Williams a colocar pneus slicks em carro, o mesmo fazendo Laffite, Alboreto, Sullivan, Winkelhock, De Angelis e Warwick. Na luz verde, Prost larga bem, enquanto Arnoux patina bastante, mas o dono da melhor largada era Rosberg, que pulou da quinta para a segunda posição na freada da St. Devote como um raio! 

A aposta de Rosberg havia sido acertada. Muito mais rápido do que Prost, o finlandês assume a primeira posição ainda na primeira volta, enquanto Cheever já vinha longe em terceiro. Arnoux se recupera de sua má largada e ultrapassa De Cesaris e Tambay para ser terceiro, enquanto Alboreto e Mansell batem na Piscina. Apesar de algumas gotas ainda caírem em Monte Carlo, a pista estava claramente seca e Rosberg abre 5s em três voltas em cima de Prost, num ritmo bem superior ao do francês. Ainda na quarta volta Piquet tenta consertar o erro dele e da equipe e vai aos boxes colocar pneus slicks, enquanto Laffite usa seus pneus adequados para ultrapassar Tambay e Cheever, que havia sido ultrapassado na volta anterior por Arnoux. Rapidamente Laffite encosta em Arnoux e os dois se tocam na Portier. Arnoux acaba batendo no guard-rail, quebrando sua roda traseira esquerda, fazendo-o abandonar. Com a pista seca e sem chuva, os pilotos começam uma procissão rumo aos pits para colocar pneus slicks. Com isso, a Williams tinha uma tranquila dobradinha com Rosberg muito na frente de Laffite, enquanto Surer e Warwick vinham nas posições a seguir, mas quase um minuto atrás da Williams líder. Prost era o próximo e Piquet, sendo um dos primeiros a trocar de pneus, ganhou muito terreno com a troca dos demais pilotos e estava logo atrás de Prost. 

Após toda a ação inicial, a corrida se assenta. Enquanto a dupla da Williams dominava na frente por causa da aposta certeira de Rosberg, Prost tentava recuperar-se do prejuízo e encostava em Warwick na briga pela quarta posição, trazendo consigo Piquet. Mesmo com um carro superior à Toleman de Warwick, Prost sofria com o acerto de chuva e seu Renault estava claramente desequilibrado. Na volta 22 Piquet efetua uma audaciosa ultrapassagem em cima de Prost dentro do túnel e partia para cima do seu antigo rival na F3 Warwick, na mesma medida em que Cheever colava em Prost, que também tinha problemas no câmbio. O americano ultrapassa Prost na reta dos boxes na volta 28, mas a alegria de Cheever só duraria três voltas, tempo em que um problema elétrico desligou seu motor e o fez abandonar. Pressionado por Piquet, Warwick aumentava o ritmo e encostava no terceiro colocado Marc Surer, de Arrows. Mesmo com o carro cheio de problemas, Prost perseguia Piquet de perto. Não demorou e Surer via Warwick em seus retrovisores, que por sua vez via seus espelhos retrovisores recheados pela Brabham de Piquet, que era perseguido por Prost. Se Piquet e Prost brigavam constantemente por vitórias e pódios, Marc Surer e Derek Warwick apostaram certo e estavam em posições bem acima do potencial dos seus carros. Os dois eram bons pilotos e queriam agarrar aquela oportunidade com unhas e dentes. Porém, Warwick não teve a paciência necessária e o sonho da dupla terminaria na volta 50. Na freada da St. Devote, Warwick tentou achar uma brecha inexistente entre a Arrows de Surer e o guard-rail e os dois se tocam. Surer bate muito forte, mas sai do carro ileso, enquanto Warwick ainda voltou à pista, mas com a suspensão quebrada, abandonou logo em seguida.

Miraculosamente, Piquet e Prost não sofreram um único arranhão do acidente na frente deles. Laffite era ligeiramente mais rápido do que Keke Rosberg e já tinha diminuído sua desvantagem de 28 para 18s, mas na volta 55 ele entrou nos boxes em ritmo lento. Ele perdera a terceira marcha e logo em seguida o câmbio quebrou. Fim de linha para Laffite e o sonho de dobradinha da Williams. Rosberg ainda tinha um minuto de vantagem sobre Piquet, mas seu motor reteava em alguns momentos e suas mãos estavam cheias de bolhas. Tambay ultrapassa Patrese pela quarta posição, mas o italiano logo abandonaria com problemas de motor. Numa corrida com muitos abandonos, apenas sete pilotos percorriam o circuito nas voltas finais. Piquet marcou a volta mais rápida da corrida e chegou a ser 3s mais veloz do que Keke, mas o finlandês não tinha com o que se preocupar. De forma brilhante, Rosberg venceu pela segunda vez na F1 e mostrava que merecia a alcunha de campeão mundial. Piquet e Prost não adotaram a estratégia certa na corrida, mas ainda terminaram no pódio e Tambay termina com o quarto lugar. Sullivan terminou em quinto e marcou seus dois primeiros pontos na F1 e Baldi fechou a zona de pontuação com a Alfa. Para quem desconfiava do talento de Keke Rosberg e que seu título foi conquistado de forma fortuita no ano anterior, o finlandês deu uma bela resposta em Mônaco.

Chegada:
1) Rosberg
2) Piquet
3) Prost
4) Tambay
5) Sullivan
6) Baldi

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