sexta-feira, 9 de outubro de 2015

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 2005

Com Fernando Alonso tendo garantido o seu primeiro título mundial em Interlagos dez anos atrás, a única coisa a definir nas duas provas que restavam de 2005 era o Mundial de Construtores, onde a McLaren havia conquistado a liderança após a dobradinha da equipe em São Paulo, mas Alonso estava disposto a não baixar as armas mesmo com o título, para dar a Renault também o Mundial de Construtores. 

Em 2004 a classificação em Suzuka foi adiada devido a passagem de um Tufão e em 2005 o clima foi novamente decisivo. A chuva novamente deu às caras, não em forma de tempestade, como no ano anterior, no sábado e o resultado foi uma classificação atípica. Em tempos onde o piloto tinha direito à apenas uma volta lançada, estar na pista na hora certa seria um grande diferencial e quem teve essa sorte foi Ralf Schumacher, que conseguiu a pole, com Jenson Button completando a primeira fila. Com o alemão correndo pela Toyota e o inglês defendendo a BAR-Honda, era uma primeira fila ao mesmo tempo surpreendente e consagradora para as duas gigantes nipônicas, ainda mais correndo em casa. Dos pilotos das equipes dominantes de 2005, apenas Fisichella conseguiu o terceiro tempo, com Schumacher em 14º, Alonso em 16º, Raikkonen em 17º e Montoya em 20º. Com os melhores pilotos de 2005 largando das últimas posições, a corrida prometia!

Grid:
1) R.Schumacher (Toyota) - 1:46.106
2) Button (BAR) - 1:46.141
3) Fisichella (Renault) - 1:46.276
4) Klien (Red Bull) - 1:46.464
5) Sato (BAR) - 1:46.841
6) Coulthard (Red Bull) - 1:46.892
7) Webber (Williams) - 1:47.233
8) Villeneuve (Sauber) - 1:47.440
9) Barrichello (Ferrari) - 1:48.248
10) Massa (Sauber) - 1:48.278

O dia 9 de outubro de 2005 amanheceu ensolarado, ao contrário dos dias anteriores em Suzuka, aumentando ainda mais a expectativa de uma corrida com um grid praticamente todo invertido. O que ninguém sabia antes da largada era que estava para acontecer uma das corridas mais emocionantes e sensacionais em todos os tempos, com pista seca. De forma esquisita, Ralf Schumacher conduziu a volta de apresentação de forma muito lenta, mas isso não atrapalhou o alemão a conseguiu se manter na ponta na largada, que teve apenas Barrichello e Sato saindo da pista ainda na primeira curva. O brasileiro da Ferrari, em sua penúltima corrida pela equipe de Maranello, teve que fazer um pit-stop após furar um pneu. Porém, o prejuízo de Rubens seria diminuído com a entrada do safety-car após um forte acidente de Montoya na primeira volta, após o colombiano tentar ultrapassar Villeneuve e ser fechado. Montoya ficou na bronca com o canadense.

As seis voltas atrás do safety-car mostrava uma incrível recuperação dos pilotos de ponta em 2005. Schumacher havia pulado de 14º para 6º e Alonso de 16º para 8º. Isso, numa única volta valendo! Raikkonen acabou atrapalhado com o incidente do seu companheiro de equipe e permanecia nas últimas posições. Por enquanto. Quando a relargada foi dada, Ralf permaneceu na frente, seguido por Fisichella, que havia tomado o segundo lugar de Button. A recuperação dos líderes do campeonato continuou quando a bandeira verde foi dada, com Alonso se livrando da Red Bull de Klien e partindo para cima de Schumacher. Raikkonen ultrapassava os brasileiros Felipe Massa e Antônio Pizzônia para ser 10º, enquanto Pizzônia rodava sozinho e de forma bisonha na volta seguinte na curva Degner, meio que mostrando o porquê da Williams o ver apenas como piloto de testes e nada mais do que isso. Alonso teve que ceder sua posição para Klien quando a FIA disse que a ultrapassagem do espanhol tinha acontecido sobre bandeiras amarelas. Alonso teve que passar o austríaco da Red Bull pela terceira vez no dia, deixando Klien na alça de mira de Raikkonen. Demonstrando que a pole de Ralf tinha sido meio ilusória, o alemão fez sua primeira parada ainda na volta 13, entregando a liderança da corrida para Fisichella. Ralf não apareceria mais na frente ao longo da corrida. Com Alonso e Raikkonen ainda se recuperando na corrida, mesmo que fazendo isso de forma espetacular, poucos duvidavam de uma possível vitória de Fisichella naquele momento.

Alonso pressionava Schumacher pela quinta posição e o espanhol tinha pressa em deixar o alemão para trás, pois já via em seus retrovisores a presença ameaçadora de Raikkonen. O espanhol da Renault tentou várias vezes na curva um de Suzuka sem sucesso e então, Alonso tentou uma ultrapassagem quase impossível, mas que seu talento tornou possível, ainda mais em cima de Schumacher, que nunca cedia uma posição sem uma boa briga. Na perigosa e velocíssima curva 130R, Alonso ultrapassou Schumacher por fora, numa manobra antológica, que deixou o alemão de queixo caído. Assim como a todos que assistiam àquela corrida que já era histórica. Schumacher foi aos boxes, trazendo a reboque Raikkonen. Após todas as paradas dos líderes, a Ferrari trabalhou melhor e colocou Schumacher novamente na frente de Raikkonen e Alonso, agora nessa ordem. O alemão se defendia como podia, mas acabou ultrapassado pelas então dois prodígios na curva um, de forma apertada, arriscada e belíssima. Nos pits, um enorme susto aconteceu nos boxes da Minardi, quando um pequeno incêndio fez com que o carro de Albers ardesse, mas felizmente sem nenhuma consequência para os envolvidos. Enquanto Fisichella ainda liderava no início da segunda rodada de paradas, Button e Webber ainda se mantinham na frente de Raikkonen e Alonso, que foi o primeiro piloto dos que brigavam pela liderança a fazer a segunda parada. Andando muito rápido antes de sua paradas, Raikkonen pulou para segundo, enquanto Webber e Alonso deixavam Button para trás. Bem mais rápido do que a Williams, Alonso pressionava Webber pelo terceiro lugar, com o australiano se defendendo forte pelo lugar no pódio. Numa manobra arriscada, onde Webber deixou muito pouco espaço, Alonso consegue outra manobra estupenda na freada da curva um deixa o australiano para trás.

Faltando apenas alguns punhados de voltas, a corrida parecia definida, com Fisichella liderando desde a primeira rodada de paradas, com Raikkonen e Alonso completando o pódio após uma corrida furiosa dos dois. Porém, o tempo na liderança pôde ter deixado Fisichella tranquilo demais e o italiano fazia uma corrida deveras acomodado. Ao contrário de Raikkonen, que continuava forçando muito. Com o Mundial de Construtores ainda a ser decidido e tendo apenas um carro na pista, a McLaren precisava da vitória e Kimi sabia disso. Raikkonen fazia uma sucessão de voltas mais rápidas, enquanto Fisichella estava naquela de levar a criança para casa. Quando se deu conta, Fisico tinha Raikkonen fungando no seu cangote, com apenas três voltas para fim, num ritmo muito mais rápido do que o dele. Na abertura da última volta, Raikkonen colocou de lado na curva um e efetuou a ultrapassagem vencedora sobre Fisichella, que nem se defendeu muito, provavelmente atônito com tamanha exibição do finlandês. Após vencer a primeira corrida e dar pinta de que poderia brigar pelo título, Fisichella caiu muito durante 2005 e a forma humilhante como foi ultrapassado por Raikkonen mostrava claramente que o italiano entraria para a história da F1 com um piloto rápido, mas longe de ser uma estrela. O que era o caso de Kimi Raikkonen. As comparações com a mítica prova de John Watson em Long Beach/83 apareceram na hora, com o finlandês conseguindo a vitória largando tão de trás, o mesmo acontecendo com Alonso, que saiu do fim do grid para abocanhar um pódio. Essa corrida, considerada por muitos como a melhor da gloriosa história do Grande Prêmio do Japão, mostrou que haviam duas novas estrelas na F1 naquele tempo: Fernando Alonso e Kimi Raikkonen. E o tempo daria razão total para essa afirmação.

Chegada:
1) Raikkonen
2) Fisichella
3) Alonso
4) Webber
5) Button
6) Coulthard
7) M.Schumacher
8) R.Schumacher

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