Ultimamente as notícias no esporte a motor no geral dificilmente nos pegam de surpresa e de hoje cai nessa vala comum. Basta lembrar o tamanho das críticas que a Red Bull já fez à Renault para perceber que o casamento duradouro entre as duas estava mesmo por um fio, apenas esperando a oportunidade para anunciar o esperado divórcio.
Foram anos de lua de mel entre Red Bull e Renault, com quatro títulos de pilotos e outros quatro de construtores na primeira metade dessa década, mas Red Bull e Renault começaram a dormir em quartos separados a partir de 2014, quando os novos motores híbridos foram lançados na F1 e os franceses nunca estiveram no topo do desenvolvimento na luta contra Mercedes e Ferrari. Nesse momento a Red Bull se mostrou uma esposa briguenta e escandalosa. Quando as coisas iam bem, a Red Bull era só simpatia, mas bastou uma crise para que os austríacos lavassem roupa suja com seu parceiro francês. Em tempos de Copa do Mundo, foi a velha história do eu ganho, nós empatamos e vocês perdem. Essa atitude da Red Bull pegou muito mal dentro do paddock da F1, mas haviam jogadas a serem feitas nos bastidores.
Cansada de ser enxovalhada em público, a Renault recomprou a Lotus e montou sua equipe própria e de fábrica, deixando a Red Bull como time cliente. E a Red Bull sabe muito bem que, se quiser manter como equipe vencedora, qualquer time da F1 tem que estar ligado a uma montadora. A McLaren pensou assim quando abandonou uma longa parceria com a Mercedes para ser o time oficial da Honda em 2015, pagando (ou sendo paga) todos os tipo de infortúnios que um motor com uma nova tecnologia pode oferecer. Fernando Alonso foi contratado com dinheiro da Honda e o espanhol voltou à McLaren depois de sair enxotado da equipe em 2007. Alonso trouxe talento e competitividade à McLaren-Honda, mas também uma pressão descomunal pelos péssimos resultados obtidos nas pistas. A parceria McLaren-Honda não deslanchava e terminou no final de 2017 com Alonso dando o velho ultimato: ou eu ou eles.
Sem querer sair da F1 com um vexame histórico, a Honda procurou outras equipes e a Red Bull era a escolha óbvia. Ainda querendo ser grande e buscar títulos, a associação da Red Bull com a Honda, primeiro equipando a filial Toro Rosso e a partir de 2019, como anunciado hoje, o time principal dá mostras que a Honda está levando muito a sério seu projeto na F1 e juntando à ambição da Red Bull, além do know-how da Honda em quatro temporadas de F1, há uma boa chance de dar certo e a Red Bull permanecer como um time de ponta na F1, equipado com um motor Honda que finalmente deu sinais de evolução esse ano.
As reclamações contra a Renault, algumas vezes parecida com que Alonso fazia contra a Honda, não devem ser esquecidos pelos japoneses, que sofreram humilhações públicas do espanhol, como o famoso caso 'GP2 Engine' em Suzuka. A Red Bull sabe que a Honda é a sua única esperança para se manter no rol das grandes equipes da F1 em curto/médio prazo, da mesma forma a Renault poderá focar unicamente no crescimento de sua equipe de fábrica, que hoje já é a quarta força da F1, mesmo que muito longe das três primeiras. No fim, quase todo mundo sai ganhando. Menos a McLaren, que como equipe cliente da Renault, tende a percorrer o perigoso caminho da Williams rumo ao fim do pelotão.
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