Após três corridas excelentes, a F1 partiu para duas etapas onde normalmente não se tem corridas emocionantes: Barcelona e Monte Carlo. A expectativa para essas duas provas sempre são muito baixas, pois a dificuldade de ultrapassagem nesses circuitos são até famosas. Afora corridas anormais afetadas por chuva, como já aconteceu algumas vezes em Mônaco, pode haver emoção nessas provas. As corridas na Espanha e em Mônaco foram ao encontro do esperado. Foram duas corridas sonolentas, sem sal, mas ninguém esperava muito diferente disso. Até porque a próxima corrida aconteceria no circuito Gilles Villeneuve, local de provas antológicas por causa das características do autódromo localizado em Montreal. A pista estreita e rodeada por muros exibe também muita velocidade, fazendo com que erros sejam punidos por batidas, que nos trazem safety-car, o que significa corrida agitada e estratégias mudando a todo momento. Hoje, o safety-car apareceu. Mas a emoção não.
Sebastian Vettel não deve estar nem aí para a monotonia que foi o Grande Prêmio do Canadá desse ano. O alemão da Ferrari fez uma corrida planejada da primeira a última volta e como nada aconteceu durante a prova, tudo saiu como o esperado, com Vettel vencendo com imensa facilidade e alcançando a marca de 50 vitórias na carreira, ficando apenas uma atrás de Alain Prost no ranking dos maiores vencedores da história da F1. Para tornar a vida do alemão ainda mais saborosa ao final da corrida, seu rival pelo título Lewis Hamilton teve outra corrida abaixo da crítica. Dono de um belo cartel em Montreal, Lewis Hamilton teve uma corrida medíocre para quem está lutando pelo título numa disputa tão apertada contra um tetracampeão como ele. Hamilton largou em quarto, manteve a posição na largada, foi superado por Daniel Ricciardo na precoce rodada de paradas em que esteve envolvido e na quinta posição recebeu a bandeirada, apesar de algumas estocadas em cima do australiano. Uma corrida bem ruinzinha para os altos padrões de Hamilton, mas que animou de vez o campeonato, pois Vettel assumiu a liderança com apenas um ponto de vantagem sobre Hamilton, fazendo da corrida em Paul Ricard na próxima quinzena um real tira-teima no campeonato.
Bottas queria algo mais nessa corrida e a forma como se defendeu dos ataques de Verstappen na largada mostram que o finlandês não estava para brincadeiras, mas logo Bottas percebeu que nada poderia fazer contra Vettel e utilizando uma tática idêntica ao do alemão da Ferrari, Valtteri recebeu a bandeirada em segundo, representando a Mercedes no pódio, mostrando que Hamilton poderia fazer muito mais hoje no Canadá. A Red Bull tentou o pulo do gato ao largar com os pneus mais macios e seus pilotos utilizaram a vantagem inicial para fazer uma corrida agressiva, que rendeu uma vantagem de Ricciardo em cima de Raikkonen. Porém, o safety-car logo na primeira volta anulou a tática da Red Bull, que teve que trazer seus pilotos para os pits cedo, mas sem perder a posição, inclusive com Ricciardo emergindo na frente de Hamilton. Como ainda estava no começo da prova, era esperado que os pilotos da Red Bull e Hamilton parassem mais uma vez, mas de forma burocrática os três levaram seus carros até o fim, à frente de um apático Kimi Raikkonen. Assim como Daniel Pedrosa na MotoGP com a Honda, Raikkonen já está fazendo hora extra faz tempo na F1 e principalmente na Ferrari. Com pneus mais novos do que Hamilton, Kimi não fez absolutamente nada para tirar pontos do inglês, que seria muito importante no campeonato do seu companheiro de equipe. Simplesmente patético...
E não faltam candidatos para a vaga de Kimi. Além da opção óbvia de Ricciardo, Charles Leclerc segue fazendo um belo trabalho na Sauber, com corridas consistentes e longe dos erros. O monegasco conseguiu outro ponto e nesse final de semana ele já falou que tem como meta estar na Ferrari em 2019. E seria merecido. Hoje o abismo das três grandes equipes para o resto é tamanho que o sétimo colocado Nico Hulkenberg esteve para tomar uma volta... do sexto colocado Raikkonen! Carlos Sainz perseguiu seu companheiro de equipe e consolida a Renault cada vez mais como a quarta força da F1, mas ainda muito longe do top-3. Ocon largou melhor do que a dupla da Renault, segurou Hulkenberg e Sainz, mas foi superado na rodada de paradas e terminou num honroso nono lugar, enquanto Pérez foi tirado da pista por Sainz na curva um e ficou pelo pelotão intermediário, junto à Gasly, a dupla da Haas e Ericsson. Em sua corrida de número 300, Fernando Alonso abandonou quando lutava pelos pontos. Quando conquistou seus títulos na década passada, Alonso nunca imaginaria estar brigando por tão pouco em sua reta final de carreira. A Williams continuou seu calvário com Sirotkin terminando em último com larga desvantagem, enquanto Lance Stroll protagonizou o lance da corrida ao se envolver num perigoso acidente com Brendon Hartley na primeira volta. A corrida foi tão sem graça, que a repetição do acidente foi mostrada inúmeras vezes durante a prova. Mas como não poderia faltar um toque bizarro, a bandeirada foi mostrada antes da hora por uma modelo que com certeza estava vendo o celular e foi chamada para mostrar a bandeirada para quem aparecesse na frente.
Esse erro ridículo deu o tom de uma corrida que era muito esperada, mas que entregou muito pouco, mesmo com a rara situação de termos três equipes brigando por vitórias em 2018. Montreal viu, talvez, uma de suas piores corridas na história de 40 anos, mas o campeonato agradece a apatia de Hamilton, pois Vettel saiu de resultados ruins nas últimas corridas para uma vitória esmagadora no Canadá e reassumiu a liderança do campeonato. A expectativa para o resto do campeonato cresce com a uma luta mais próxima entre Vettel e Hamilton, mas o Grande Prêmio do Canadá ficou bem abaixo do esperado.
E já pensou se Vettel vence em Paul Ricard? Igualaria o recorde do Prost na casa dele em uma pista onde o Professor reinava absoluto com 4 vitórias.
ResponderExcluirCoisas e ironias que só o destino mesmo pra proporcionar...
Leclerc mostrando que é realmente do ramo. Com um carro que só é melhor hoje do que a outrora poderosa Williams, o monegasco vai fazendo um trabalho muito decente e competentíssimo, triturando com sobras o seu companheiro de equipe Marcus Ericsson(que muitos no Brasil diziam ser favorecido escandalosamente em 2016 em detrimento de Felipe Nasr) e colhendo pontos com regularidade espantosa.
ResponderExcluirLeclerc só não estará na Ferrari em 2019 se Vettel assim desejar...
E já que falei da Williams, o acidente que Stroll causou hoje me lembrou muito um que ele provocou em Monza na Fórmula 3 em 2015...
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=zD73cqvlog4