segunda-feira, 4 de junho de 2018

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1978

A estreia do Lotus 79 durante o Grande Prêmio da Bélgica de 1978 levantou várias sobrancelhas no paddock da F1 40 anos atrás, pois a nova criação de Colin Chapman conseguia juntar beleza e competitividade no seu novo carro, além do modelo 79 elevar o efeito-solo a outro nível. A novidade em Jarama era que Peterson teria o novo modelo à sua disposição, mas ao recontratar o sueco no começo do ano, Chapman foi logo avisando que Mario Andretti era o primeiro piloto da Lotus, praticamente impedindo uma briga mais aberta entre Andretti e Peterson, mas ambos permaneciam muito amigos. Na semana anterior Andretti ainda arranjou tempo para conseguir um lugar no grid das 500 Milhas de Indianápolis, mesmo tendo prometido à Chapman que se dedicaria 100% à F1, Mario não resistiu participar da corrida que havia vencido dez anos antes. Tentando criar um carro capaz de rivalizar com o Lotus 79, a Brabham testou o modelo BT46B, com um enorme ventilador na traseira do carro, deixando Lauda bastaste animado com a estabilidade do novo carro, que só estrearia no Grande Prêmio da Suécia.

Enquanto o novo carro da Brabham não estreava, a Lotus voltava a dominar o grid em Jarama, com Andretti alcançando sua décima segunda pole position na carreira, superando Peterson em três décimos. O quarto colocado James Hunt sofreu um acidente envolvendo o espanhol Emilio de Villota e mesmo com a boa posição, o inglês da McLaren iria correr com o carro reserva. 

Grid:
1) Andretti (Lotus) - 1:16.39
2) Peterson (Lotus) - 1:16.68
3) Reutemann (Ferrari) - 1:17.40
4) Hunt (McLaren) - 1:17.66
5) Villeneuve (Ferrari) - 1:17.76
6) Lauda (Brabham) - 1:17.94
7) Watson (Brabham) - 1:17.98
8) Patrese (Arrows) - 1:18.14
9) Scheckter (Wolf) - 1:18.24
10) Laffite (Ligier) - 1:18.42

O dia 4 de junho de 1978 amanheceu quente e ensolarado nas proximidades de Madri, onde o circuito de Jarama recebeu o Grande Prêmio da Espanha de 1978 e como a capital estava próxima, o rei espanhol Juan Carlos foi ver a corrida do seu país tendo Jackie Stewart como cicerone. Temendo um novo domínio da Lotus alguns pilotos, como Hunt, Depailler e Pironi, arriscaram os pneus mais macios à disposição, enquanto Villeneuve e Reutemann misturaram pneus macios e duros. Quarenta anos atrás ainda não havia um procedimento claro de largada na F1 e isso causava problemas em algumas provas. Em Jarama, a bandeirada de largada foi baixada enquanto alguns carros ainda não estavam parados, causando uma certa confusão na largada. Hunt se aproveita do caos e surpreende Andretti, ficando por dentro da primeira curva para tomar a ponta da corrida. Peterson largou muito mal caiu para nono, enquanto os dois líderes eram seguidos por Reutemann, Watson e Villeneuve.

Mesmo com pneus mais macios, Hunt não conseguia abrir de Andretti, que estava colado no inglês, enquanto Reutemann perdia terreno para os líderes. A resistência de Hunt durou cinco voltas, quando Andretti ultrapassou o piloto da McLaren na reta dos boxes para imediatamente abris 2s para o rival. Mais atrás, Peterson iniciava a sua corrida de recuperação ao ultrapassar Scheckter, mas o sueco já aparecia 12s atrás do companheiro de equipe. Villeneuve passou a ter problemas com seus pneus e era ultrapassado seguidamente até sair da zona de pontuação. Na volta 22 Patrese abandona com o motor quebrado e quem assumia a sexta posição era Peterson, que imediatamente começou a atacar Laffite, trazendo consigo Lauda. Assim como o seu companheiro de equipe na Ferrari, Reutemann começava a ter problemas de desgaste de pneus e tinha seu terceiro lugar ameaçado por John Watson. A perca de ritmo de Reutemann, combinada com a falta de decisão de Watson agrupou todo o segundo pelotão, mas o argentino acabou indo aos boxes na volta 29 para um pouco usual pit-stop, algo que Villeneuve faria logo depois. Os pneus macios não duraram o necessário para completar a corrida e os pilotos da Ferrari teriam uma corrida de recuperação pela frente.

Watson tinha perdido a quarta marcha, mas ainda conseguia segurar o trio Laffite, Peterson e Lauda. Quando o problema de câmbio da Brabham de Watson piorou, ele cedeu o terceiro lugar para Laffite e logo depois era ultrapassado por Peterson e Lauda. Ronnie aproveitou o embalo e assumiu o terceiro lugar na volta 38, mas já 35s atrás do líder Andretti, que dominava mais uma vez, com Hunt aparecendo 18s atrás do líder. O piloto da McLaren começava a sofrer com o desgaste dos seus pneus macios e perdia rendimento. Com pista livre, Peterson se tornou o piloto mais rápido da pista e não demorou para encostar em Hunt. Na volta 53, Peterson pegou o vácuo da McLaren e conseguiu a ultrapassagem no final da reta dos boxes, consolidando a dobradinha da Lotus 79 e a dominância do novo carro sobre os demais. Hunt perdeu rendimento e foi ultrapassado por Laffite e Lauda, mas o motor Alfa Romeo do austríaco quebrou na volta 57. Na passagem seguinte, o grande susto do dia. Carlos Reutemann teve o semi-eixo quebrado e saiu da pista em alta velocidade, atravessando cercas de arame, que na época serviam para segurar os carros, até bater forte no guard-rail, que se deformou com o impacto. Por sorte, Reutemann saiu ileso do carro, mas não escapou de ir ao hospital, onde foi detectado uma leve concussão. Os pneus de Hunt não duraram a corrida inteira e o inglês teve que troca-los na volta 60, retornando à pista em sexto. A corrida fica estagnada nas voltas finais e Mario Andretti venceu sua terceira corrida na temporada 19s à frente de Peterson, marcando a segunda dobradinha consecutiva da Lotus, a primeira do novo modelo 79. Laffite conseguiu um bom terceiro lugar, subindo ao pódio pela primeira vez na temporada. Scheckter chegou em quarto, marcando os primeiros pontos do Wolf WR5, seguido de Watson e Hunt. Essa segunda demonstração do Lotus 79 dava bem a dimensão do enorme favoritismo da Lotus e de Andretti em 1978.

Chegada:
1) Andretti
2) Peterson
3) Laffite
4) Schecketr
5) Watson
6) Hunt

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