domingo, 24 de junho de 2018

Blasé

A F1 sempre teve corridas boas e ruins ao longo de toda a sua história e quando o circo chegava à certos circuitos, a expectativa já baixava por uma corrida empolgante. Nunca ninguém espera muita coisa de Mônaco e Barcelona, por exemplo. Montreal decepcionou porque sempre há boas corridas no Canadá, com a prova desse ano sendo uma exceção. Dez anos após o último Grande Prêmio da França, haviam duas expectativas. A volta da F1 à França, um dos lares espirituais da categoria. E se as corridas francesas seriam melhores. Seja Paul Ricard ou Magny-Cours, a lista de corridas chatas na França é extensa e hoje caiu mais uma na conta. Mesmo não precisando de ajuda, Hamilton conseguiu uma vitória tranquila muito pela eliminação dos seus dois mais rivais pela vitória logo na primeira curva da corrida.

O acidente provocado por Sebastian Vettel condicionou todo o resto da corrida. O alemão da Ferrari largou melhor do que os dois carros da Mercedes, mas ficou encaixotado na primeira curva. Sem espaço e colado na traseira de Hamilton, Vettel perdeu a frente do carro e acertou a roda traseira esquerda de Bottas, quebrando a asa do alemão e furando o pneu de Bottas. O safety-car resultante do acidente entre Ocon e Gasly mais adiante diminuiu o prejuízo de ambos, que ainda viu Vettel tomar uma merecida punição pelo erro. Hamilton estava dominando todo o final de semana, mesmo com Bottas muito próximo e Vettel à espreita. Com os dois relargando nas últimas posições, a corrida na França se tornou um passeio pela Côte d'azur e o inglês voltou a liderança do campeonato com uma boa vantagem sobre Vettel, que ainda salvou um quinto lugar após uma recuperação fulminante nas primeiras voltas. A corrida de recuperação de Vettel mostrou bem o abismo entre as equipe top-3 e o resto. O alemão rapidamente escalou o pelotão e chegou ao quinto lugar em poucas voltas, ultrapassando os demais como faca quente na manteiga. Bottas teve que percorrer toda a primeira volta com três rodas e isso pode ter afetado sua corrida de recuperação não ser tão forte, provavelmente com o assoalho de Bottas quebrado. Valtteri chegou em sétimo, não conseguindo passar Magnussen nas voltas finais, atrapalhado pelo safety-car virtual provocado por Stroll.

Elevado ao segundo lugar pela presepada de Vettel, Max Verstappen se estabeleceu na posição e mesmo não deixando Hamilton escapar muito na frente, o holandês nunca teve ritmo para alcançar Lewis. O segundo lugar foram importantes para a confiança de Max, que sofreu abalos pelos seguidos erros no começo do ano. Ricciardo estava logo atrás do companheiro de equipe, mas perdeu contato após a única parada deles e ainda foi ultrapassado por Raikkonen, que fez sua melhor corrida do ano e colocou a Ferrari no pódio. Kimi foi atrapalhado no melê da primeira volta, perdendo várias posições e foi ultrapassando os pilotos mais lentos. Raikkonen foi o último a parar e ao colocar os pneus supermacios, encostou e superou facilmente Ricciardo, porém, sua situação na Ferrari vai ficando complicada na medida que Charles Leclerc vai mostrando uma corrida impressionante em cima da outra. O jovem monegasco pontuou mais uma vez com a Sauber, chegando a correr em quinto na relargada, mas andando de igual para igual com os pilotos de Renault e Haas, só perdendo rendimento por culpa da Sauber, que postergou sua parada esperando uma chuva que não veio. Pela primeira vez se falou em Leclerc na Ferrari em 2019 em substituição à Raikkonen, nessa semana, deixando Ricciardo numa situação desconfortável na dança das cadeiras no ano que vem, pois após fazer tanto alarde que poderia sair da Red Bull, o melhor cockpit para o australiano ano que vem seja mesmo a Red Bull.

A Renault vai se consolidando como a quarta força da F1, mesmo Carlos Sainz tendo perdido a sexta posição para Magnussen nas voltas finais por problemas de motor. Hulkemberg chegou nos pontos, fazendo a Renault abrir bons pontos para as rivais, principalmente a Haas, mesmo os americanos só marcando ponto com Magnussen, já que Grosjean ficou em 11º. A Force India vem caindo pelas tabelas enquanto enfrenta sérios problemas financeiros e foi a única equipe que não terminou a corrida. Ocon e Gasly bateram na primeira volta, provocando a eliminação dos dois pilotos da casa ainda na primeira volta. Totalmente eclipsado por Leclerc, Ericsson se arrasta no final do pelotão, junto com Hartley, McLaren e Williams. Os dois times mais tradicionais ficaram com as últimas posições, justamente num dos palcos mais tradicionais da F1, onde se viu várias vitórias de Williams e McLaren. Alonso voltou a dar piti no rádio, exatamente uma semana depois de conseguir a glória mais ao norte, em Le Mans. O desabafo do espanhol é outro indício que a gloriosa carreira de Fernando Alonso terminará de forma totalmente inglória, buscando um ou dois pontos na decadente McLaren.

Hamilton venceu em Paul Ricard e suas estranhas faixas azuis e vermelhas que parece mais confundir os pilotos e expectadores do que ajudar a segurança, além da herética chicane no meio da reta Mistral. A volta da França à F1 nos brindou com um bom público, algumas ultrapassagens no meio do pelotão e um passeio de Lewis Hamilton rumo a volta da liderança do campeonato, que vai mudando de mãos de acordo como as equipes chegam e se adaptam aos circuitos. Monte Carlo favoreceu a Red Bull. Montreal foi a vez da Ferrari. Paul Ricard foi favorável à Mercedes. Quem se adaptará à próxima corrida? Domingo que vem saberemos!

Um comentário:

  1. Verstappen mostrando que pelo visto amadurecimento é algo que ele nunca irá ter.

    https://t.co/kId6tAl6kv

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