sábado, 23 de junho de 2018

Maus sinais

A Mercedes deu uma verdadeira reviravolta na volta de Paul Ricard à F1, com Hamilton conseguindo a pole depois de dominar toda a classificação, mesmo com Valtteri Bottas chegando a ficar com o melhor tempo no final do Q3, no qual Hamilton garantiu sua 75º pole já com o cronômetro zerado. Vettel foi terceiro com um tempo relativamente próximo de Hamilton, mas foi um tempo bastante enganoso e a tendência é ver Hamilton disparando amanhã, numa corrida que pode ser parecida com Montreal, na quinzena anterior.

Porém, olhando a outra ponta do grid, percebe-se que o mundo da F1 mudou de forma dramática. Vinte anos atrás, Williams e McLaren eram sinônimos de potência e glória na F1, deixando a Ferrari a ver navios com um incômodo jejum de vinte anos. Organização e eficiência faziam dessas tradicionais equipes inglesas as mais fortes do grid na F1 nos anos 1980, 1990 e 2000. Das cinco vagas do Q1 de hoje, quatro foram ocupadas por McLaren e Williams, deixando-as como as rabeiras do grid de amanhã. Os problemas da Williams são crônicos e conhecidos, começando com uma equipe refém de um piloto fraquíssimo (Stroll), mas que praticamente sustenta a equipe. Frank Williams não viaja mais com o seu amado time e talvez seja melhor assim, poupando o lendário dirigente ver sua equipe na situação atual.

Já a McLaren vem se perdendo desde o rumoroso caso do Spygate em 2007. Após perder o título daquele ano quando o campeonato já estava praticamente em suas mãos, a McLaren ainda conseguiu um título usando bastante o talento do jovem Lewis Hamilton em 2008 e depois disso, a McLaren foi perdendo força. Viu sua tradicional parceira Mercedes construir uma equipe própria, a McLaren perdeu Hamilton para os alemães, seus principais dirigentes (Ron Dennis em especial) foram saindo da equipe e o time foi se perdendo em sua própria arrogância. Teve que engolir Fernando Alonso para poder desenvolver uma potencial boa parceria com a Honda, com quem teve sucesso absoluto na virada dos anos 1980 para 1990, mas tudo o que conseguiu foi humilhar os japoneses com críticas públicas, culpando unicamente a Honda pelos pífios resultados dos últimos anos. Mandando os japoneses embora, a McLaren tem agora o motor Renault e após a expectativa de brigar pelo menos com pódios com a Red Bull, que usa os motores franceses, a McLaren percebeu que o problema não era apenas dos motores. Longe de brigar por pódios, tudo o que Fernando Alonso pode utilizar seu enorme talento é marcar alguns pontos. Com a F1 sendo uma corrida de desenvolvimento, a McLaren, praticamente sem patrocinadores, vai perdendo terreno para as suas rivais no meio do pelotão e seus dois pilotos ficaram no Q1 hoje. Com Alonso cada vez mais pensando em outras categorias, ele deve sair da F1 no final desse ano, diminuindo ainda mais o poder de atração da McLaren para tentar voltar a brigar por coisas grandes na F1. Na verdade, a McLaren vai se aproximando cada vez mais da Williams.

Com Hamilton fazendo as rivais de gato e sapato, a tendência é de uma corrida não tão animada como as anteriores, o que não deixa der um mau sinal, da mesma forma como estamos vendo a derrocada de duas equipes icônicas. Se serve de consolo, o clima em Le Castellet foi dos mais instáveis e estamos vendo o novato Charles Leclerc brilhar cada vez mais, levando sua capenga Sauber ao Q3.

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