Um ano após a morte de Gilles Villeneuve, o público em Montreal ainda idolatrava o seu espetacular piloto e bancaram a tentativa do seu irmão Jacques em correr o Grande Prêmio local com um March, porém Jacques Villeneuve Sr não conseguiria tempo para largar. No outro lado do Atlântico John Watson se tornava 'sir', quando a rainha Elizabeth II o nomeou membro da Ordem do Império Britânico. Na Ferrari, a silly-season começava a preocupar seus dois pilotos. René Arnoux saiu de Detroit arrasado por ter perdido uma corrida ganha por causa de um fio quebrado e via sua situação no campeonato se deteriorar, pois tinha apenas oito pontos ante os vinte e três de Tambay, que também começava a ser questionado em Maranello. Para piorar a situação dos dois franceses, Michele Alboreto, o novo 'darling' da imprensa italiana, venceu em Detroit de forma surpreendente e não era segredo que Enzo Ferrari queria Alboreto para 1984. Enquanto tirava uns dias de descanso, Alain Prost entregou à um empresário a sua renovação de contrato com a Renault a partir de 1984.
Mais uma vez Arnoux dominou a classificação e o pressionado francês da Ferrari conseguia sua segunda pole consecutiva, enquanto Tambay teve um turbo quebrado e se conformou com um quarto lugar. Prost e Piquet separariam os dois carros da Ferrari com pouca diferença entre eles. Brabham e Renault também compartilhariam a terceira fila, enquanto Manfred Winkelhock surpreendia ao ficar em sétimo com seu renovado ATS-BMW. Após a vitória no circuito de rua de Detroit, as equipes clientes dos motores aspirados voltavam à dura realidade de apenas assistir os motores turbo brigarem pelas vitórias, com Keke Rosberg sendo o melhor equipado com motor Ford-Cosworth em nono, quase 3s atrás de Arnoux.
Grid:
1) Arnoux (Ferrari) - 1:28.729
2) Prost (Renault) - 1:28.830
3) Piquet (Brabham) - 1:28.887
4) Tambay (Ferrari) - 1:28.992
5) Patrese (Brabham) - 1:29.549
6) Cheever (Renault) - 1:29.863
7) Winkelhock (ATS) - 1:30.966
8) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:31.173
9) Rosberg (Williams) - 1:31.480
10) Giacomelli (Toleman) - 1:31.586
O dia 12 de junho de 1983 amanheceu com um belo dia de sol em Montreal, condições perfeitas para uma corrida, mas havia um porém. Logo após o warm-up, um apagão se abateu em Montreal e a corrida teve de ser atrasada em quarenta minutos. A Ferrari trocou o motor de Arnoux e decidiu equipar seus pilotos com os pneus mais aderentes, para que Arnoux e Tambay não escorregassem tanto na pista de Montreal. A largada aconteceu sem problemas com Arnoux mantendo a ponta, seguido por Prost. Patrese conseguiu uma largada fabulosa e pulou à frente de Piquet e Tambay, que perdeu duas posições. Numa situação bem parecida com 2018, três equipes (Ferrari, Renault e Brabham) lutariam apenas entre elas pela vitória.
Arnoux faria de tudo para apagar a decepção da corrida anterior e se mantinha na frente, enquanto Patrese, vindo de uma temporada incrivelmente azarada, ultrapassava Prost ainda na primeira volta para ser segundo. Mesmo conseguindo a posição, Patrese claramente segurava Prost e Piquet, deixando o caminho livre para Arnoux. Na quinta volta, Piquet surpreende Prost para ser terceiro, enquanto Tambay estava 1s de Prost, trazendo Cheever colado. A diferença entre o segundo e o sexto não passava de 3,5s. Na briga pelo melhor do resto, Andrea de Cesaris era atacado por Keke Rosberg, que mesmo tendo um melhor carro, não tinha velocidade na reta para enfrentar o motor turbo do italiano. Na nona volta, Keke tentou a ultrapassagem no hairpin, mas bem ao seu estilo De Cesaris fechou-lhe a porta e Rosberg quase rodou para não bater. Rosberg depois conseguiria a ultrapassagem sobre o italiano, mas a equipe Williams criticaria De Cesaris pela manobra depois da corrida. Prost começava a enfrentar problemas de desgaste de pneus e na volta 12 foi ultrapassado por Tambay na saída do hairpin, sendo que duas voltas mais tarde, Prost deixaria Cheever assumir sua posição. Como em Detroit, Prost fazia uma corrida pouco combativa, mas na briga pelo campeonato, as coisas melhorariam bastante para o francês na volta 16, quando Piquet entrou nos boxes lentamente para abandonar com o cabo do acelerador quebrado.
Com 12s de vantagem sobre Patrese, Arnoux administrava sua liderança e ainda lidava com bolhas que apareceram nos seus pneus macios. Tambay se aproximava de Patrese e os dois começam a batalhar pela segunda posição, mas Tambay sofria com problemas no motor e por isso, não tinha potência o suficiente para completar a ultrapassagem sobre Patrese. Isso permitiu a aproximação de Cheever, que na volta 29 ultrapassa Tambay, que perdia claramente rendimento. Na volta 33 começou a única rodada de paradas e situação era a mesma entre os líderes, com Tambay tendo feito ajustes dentro do seu carro para fazer o motor voltar a funcionar a contento. Contudo, quem sofria com problemas era Patrese, que tinha problemas de transmissão e foi logo alcançado por Cheever e um recuperado Tambay, que marcou a melhor volta da corrida em seu retorno à briga. Na volta 50 Cheever ultrapassou um lento Patrese e na volta seguinte foi a vez de Tambay fazê-lo. A terrível temporada de Patrese continuava e na volta 56 ele abandonou com o câmbio quebrado. Uma volta antes Prost voltou aos boxes para trocar um pneu furado, retornando à pista em sexto, atrás de Rosberg. A corrida fica estática até o fim, com Arnoux controlando sua enorme vantagem sobre Cheever, que não era ameaçado por Tambay, pois nas voltas finais o piloto francês passou a ter problemas de desgaste de pneus e não pôde completar a dobradinha da Ferrari no Canadá. Arnoux venceu pela quinta vez na F1 e a primeira com a Ferrari, diminuindo um pouco a pressão que tinha sobre ele. Cheever, ainda tentando convencer a Renault renovar seu contrato para 1984, conseguia seu melhor resultado no ano, com Tambay completando o pódio. Com motor aspirado, Rosberg conseguiu um excelente quarto lugar, ficando na frente de Prost, em outra corrida problemática, e sir Watson completando a zona de pontuação. Arnoux estava claramente aliviado com a vitória. "Eu realmente precisava disso. Na Ferrari, só pensamos em ganhar. Um piloto que não vence torna-se objeto de crítica pela imprensa italiana. E em Maranello não gostamos desse tipo de situação... "
Chegada:
1) Arnoux
2) Cheever
3) Tambay
4) Rosberg
5) Prost
6) Watson
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