domingo, 1 de outubro de 2017

Domínio laranja

Quando Max Verstappen assombrou o mundo em sua estreia pela Red Bull vencendo em Barcelona no ano passado, tudo aconteceu devido ao toque entre as duas Mercedes. Claro que o jovem holandês teve seus méritos na ocasião, mas não deixa de ser verdade que a vitória caiu no colo naquele dia. Hoje não. Verstappen largou em segundo com a inacreditável quebra de Raikkonen antes da largada, ultrapassou sem perder muito tempo Hamilton ainda nas primeiras voltas e a partir de então, despachou o líder do campeonato sem deixar qualquer chance para o azar, que tanto perseguiu Verstappen esse ano. Foi uma vitória enfática, sem sombra de dúvidas, além de um presente de aniversário de 20 anos para Max, que parece ter mandado a uruca para longe. Hamilton, ciente da sua confortável situação no campeonato, se acomodou com a segunda colocação, mas sua margem poderia ser ainda maior, se não fosse a belíssima corrida de recuperação de Sebastian Vettel.

Nessa última corrida em Sepang, os malaios assistiram uma bela corrida de F1, no que pode ter sido também o começo de um diferencial nessas últimas corridas da temporada 2017. Se o campeonato estava bipolarizado entre Mercedes e Ferrari, com ambas flutuando suas atuações de acordo com as características das pistas do calendário, hoje a Red Bull mostrou que pode entrar na briga pelas vitórias, numa exibição forte dos seus dois pilotos, principalmente Max Verstappen. Bafejado com uma falta de sorte incrível em 2017, o holandês fez uma corrida de gente grande um dia depois de completar apenas 20 anos de idade. Max largou bem, perseguiu Hamilton apenas por duas voltas e mesmo com um motor não tão potente quanto o do oponente, ultrapassou com até facilidade o inglês, com certeza correndo hoje no modo de segurança. Apesar de uma tentativa de contra-ataque de Hamilton, Verstappen começou a abrir da Mercedes, chegou a confortáveis 9s e passou a administrar uma prova toda sua. A agressividade e até mesmo a marra de Verstappen já foi muito criticada, mas assim como pilotos que chegaram mostrando muito serviço na F1, Verstappen tem motivos para se achar que vitórias como a de hoje deveriam ser rotina, não exceção. Se a primeira vitória de Max chegou a ser fortuita, hoje o holandês dominou na melhor corrida da Red Bull desde a mudança de regulamento em 2014. Daniel Ricciardo chegou a esboçar um ataque à Hamilton, mas a partir do momento em que os ponteiros fizeram suas únicas paradas, o australiano passou a se concentrar nos ataques de Vettel. Daniel se defendeu bem para colocar a segunda Red Bull no pódio, além de Ricciardo amealhar outro pódio, o deixando ainda mais destacado na quarta posição do campeonato.

Hamilton não parecia exatamente feliz no pódio, talvez esperando uma vitória que o deixasse ainda mais isolado na ponta do campeonato, mas o inglês saiu da Malásia totalmente no lucro. Se a Ferrari não tivesse um final de semana horroroso e a Mercedes seria a terceira força em Sepang, talvez com vitória de Vettel e Hamilton amargando um quarto lugar. Porém, tudo começou dando errado para a Ferrari na classificação e continuou no domingo com um problema de Raikkonen antes da largada, o deixando de fora de uma corrida que tinha tudo para ser dele. Vettel foi escolhido o piloto do dia após uma corrida de recuperação que quase o colocou no pódio, mas os problemas não terminaram, quando ele foi atingido por Stroll depois da corrida, destruindo a traseira da Ferrari. Pelo menos foi depois da corrida... Hamilton saiu mais líder do que nunca da Malásia, mas da forma que está andando Bottas, o inglês terá que se virar sozinho nas últimas corridas. O finlandês da Mercedes fez outra corrida para esquecer, do nível de Raikkonen desmotivado. Depois do contrato renovado, Bottas passou a fazer corridas totalmente sem brilho e hoje terminou num distante quinto lugar.

No pelotão intermediário, total destaque para Stoffel Vandoorne. O belga chegou a andar em quinto, foi superado pela potência do motor Mercedes de Sergio Pérez e só. Vandoorne segurou as duas Williams atrás de si no último stint de corrida e conseguiu um heroico sétimo lugar, superando com sobras Fernando Alonso, que ficou de fora da zona de pontuação. Pela primeira vez desde que dividiu a equipe com Hamilton na mesma McLaren, Alonso não conseguiu até agora o melhor desempenho da equipe na temporada. Em vias de renovar o contrato, Alonso pode estar vendo o crescimento de um jovem talento ao seu lado, mas a vitória do motor Renault com a Red Bull é um alento para a McLaren. Pérez superou uma gripe para ser sexto, enquanto Ocon teve uma corrida cheia de toques e saídas de pista, mas o francês ainda foi capaz de ser décimo. Stroll estava fazendo uma corrida sólida após uma largada muito boa e mesmo não conseguindo alcançar um piloto (Vandoorne) com um motor bem menos potente do que o seu, ele acabou em oitavo, à frente de Massa, que foi tocado por Ocon na largada. Então, veio a presepada depois da corrida, onde Stroll acabou destruindo a Ferrari de Vettel e foi bastante criticado por isso. Se viu o seu motor vencer, a equipe Renault teve uma corrida complicada, onde seus dois pilotos ficaram longe da zona de pontos, brigando com a Haas. Carlos Sainz tinha tudo para pontuar, depois de uma briga muito forte com Ocon, mas acabou traído pelo equipamento, enquanto Gasly fez uma estreia digna, brigando no pelotão intermediário, lugar onde pertence sua equipe. A Sauber continua na agonia de pior equipe do campeonato.

Numa corrida sem safety-car, sol infernal ou chuva, a Malásia se despediu da F1 deixando a sensação que a temporada poderá ficar ainda mais empolgante, com a chegada da Red Bull com força para essa reta final do campeonato. Uma terceira equipe brigando por vitórias faz muito bem à F1, mas também a Hamilton, pois se Vettel quiser brigar pelo título terá que derrotar não apenas a Mercedes, mas também a forte dupla da Red Bull, ainda mais com Max Verstappen com a confiança lá em cima com a vitória de hoje.

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