domingo, 29 de outubro de 2017

Respirando por aparelhos

Andrea Doviziozo ainda respira, mesmo que com muita dificuldade nessa sua inglória luta pelo título de 2017. O italiano da Ducati conquistou sua sexta vitória em 2017, se igualando ao líder Marc Márquez, mas o 13º lugar em Phillip Island semana passada foi decisivo para deixar o espanhol da Honda com a faca e o queijo na mão. 

Como normalmente aconteceu em Sepang, a corrida aconteceu com pista molhada, mesmo que não chovesse durante a corrida. Numa prova que poderia definir o campeonato da MotoGP, o piso molhado tornava ainda mais tenso uma corrida já dramática por natureza. Largando em sétimo após uma queda na classificação, Márquez mostrou logo de cara que não liga muito para matemática pelo título com uma largada hiper agressiva, pulando para primeiro na curva um, mas sem tomada, acabou descendo para terceiro, o que não deixava de ser ótimo pela posição que largou. Mais cerebral, Doviziozo caiu de terceiro para quinto, mas o italiano mostrou que também pode lutar quando é preciso e deixou a múmia Daniel Pedrosa para trás ainda na primeira volta após luta encarniçada. Tendo como meta ficar, no mínimo, na frente de Márquez, Dovi abriu luta contra o espanhol, que não desistiu fácil, como esperado. Quando a corrida assentou-se era claro que a Ducati tinha um melhor desempenho no molhado e Doviziozo assumiu o terceiro lugar ao natural, enquanto Lorenzo alcançava Zarco na ponta.

Ambas as Ducatis assumiram as duas primeiras posições, mas o título estava sendo decidido em Sepang, se Doviziozo não assumisse a primeira posição, que era ocupada por Lorenzo. A metade final da corrida foi dominada pelo suspense se Lorenzo cederia ou não a vitória. Seria a primeira vitória do espanhol com a Ducati, mas o bom senso prevaleceu e Doviziozo assumiu a ponta da corrida faltando meras cinco voltas para o fim, num erro de Lorenzo na última curva do circuito malaio. Como Márquez não conseguiu ultrapassar Zarco, que ficou com o último lugar do pódio, a batalha pelo título ficou basicamente com Doviziozo necessitando unicamente da vitória para se manter com chances, enquanto para Márquez basta ser décimo primeiro. Pelo ritmo que o espanhol tem, sem falar no conhecimento da pista de Valencia, Doviziozo só garantirá o título se Márquez cair.

O título não foi definido em Sepang, mas Márquez está como o meu Vozão, com 95% (ou mais) de chance de conquistar o tetracampeonato na última etapa do Mundial, que conheceu o campeão da Moto2 ainda antes da corrida. Thomas Lüthi sofreu um sério acidente na classificação e com o tornozelo quebrado, o suíço foi proibido de correr, dando a Franco Morbidelli, que tem mãe brasileira, o título desse ano. Com Márquez e Doviziozo tendo o mesmo número de vitórias esse ano, quem se sagrar campeão em Valencia na próxima quinzena, será o digno campeão de 2017, mas Márquez não precisa fazer mais do que o arroz com feijão (além de não imitar Rossi em 2006) para ser tetracampeão em casa.

Um comentário:

  1. E Lorenzo deu aquele sorriso amarelo no parque fechado e no pódio...

    O espanhol certamente adoraria muito ter mandado o pessoal da Ducati e Dovizioso tomarem naquele lugar e desobedecer as ordens,mas viu que a italianada da Ducati não seria tão benevolente com a petulância e insubordinação do 99 em ceder a vitória ao 04 como o pessoal da Yamaha(do qual Lorenzo morre de saudades de sua bunda-molice e pamonhice reconhecidas...) certamente seria e o espanhol botou a viola no saco e recuou cedendo a vitória muitíssimo a contra-gosto(já que Lorenzo relutara muito em prestar qualquer ajuda a Dovi como ele próprio já deixou claro em muitas entrevistas).

    Agora,seria bacana um revival de 2006 em Valência,ô se seria(menos pro Marquez,claro...).

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