sábado, 14 de outubro de 2017

Rikky

Desde os anos 1970 que a F1 se acostumou com filhos de grandes pilotos emulando a carreira dos seus pais, com diferentes graus de sucesso. Porém, Ricky von Opel foi além. Ninguém em sua família fora piloto profissional, mas seu sobrenome não nega o envolvimento com o esporte a motor. Bisneto de Adam Opel, fundador da famosa montadora alemã que se tornaria subsidiária da GM na Europa, Ricky começou até bem no automobilismo, mas a F1 se provou grande demais para ele.

Frederick von Opel nasceu no dia 14 de outubro de 1947 na cosmopolita Nova York, mas o jovem herdeiro da fortuna da Opel preferiu a nacionalidade do pequeno principado de Liechtenstein, onde cresceu. Muita gente pensa que Von Opel teve todo o apoio de sua aristocrática família, mas a verdade é que ele correu com um pseudônimo no começo da carreira, para que sua família não soubesse com o que ele estava fazendo com a sua robusta mesada. Com o nome de Antonio Branco, Rikky fez um ótimo campeonato de F-Ford em 1970, fazendo-o graduar à F3 no ano seguinte. Já em 1971 ele passou a usar seu verdadeiro nome, fazendo boas corridas na F3, incluindo um título na Lombard North em 1972. Para quem não sabe, a F3 Inglesa chegava a ter três versões durante o ano, fazendo com que houvesse mais de um campeão por ano no início da década de 1970. Von Opel corria para a equipe de Morris Nunn na F3, que tinha interesse em se graduar como equipe para a F1. O objetivo de Rikki também era a F1 e mesmo com o título na F3, o paddock da F1 via o piloto de Liechtenstein como um playboy querendo apenas se divertir.

Sem muitas escolhas, Von Opel sacou um talão de cheque e praticamente encomendou um carro de F1 que poderia se chamar de seu à Nunn, estreando no Grande Prêmio da França. Era o início da equipe Ensign. Após largar em último na primeira corrida na F1, os resultados de Von Opel melhoraram e em Zandvoort, ele conseguiu um bom 14º lugar no grid. Bancando a equipe, Von Opel voltou com a Ensign em 1974, mas o piloto se decepcionou quando percebeu que o carro era idêntico ao do ano anterior. A classificação para a primeira corrida em Buenos Aires foi tão ruim que Von Opel decidiu nem correr. Então, veio um convite tentador, mas que se mostraria fatal para as pretensões de Rikki. Bernie Ecclestone tinha colocado o inexpressivo Richard Robarts como segundo piloto de Carlos Reutemann e quando o aporte financeiro do inglês acabou, Bernie percebeu que os dólares de Von Opel poderiam ser de boa valia para a sua equipe. O herdeiro logicamente se interessou por correr numa equipe com vitórias na F1, mas a experiência na Brabham seria um pá de cal em sua carreira.

A comparação com o rápido Reutemann deixava Von Opel em situações vexatórias. O piloto não largou nenhuma vez entre os vinte primeiros e ficou de fora do Grande Premio de Mônaco. Mesmo ficando próximo de pontuar em Anderstorp e Zeltweg, ele seria dispensado da Brabham após a corrida na França, cedendo seu lugar ao bem mais talentoso José Carlos Pace. Conta a lenda que Von Opel era tão lento, que alguns pilotos pediram à Bernie que o dispensasse, mas isso nunca foi comprovado, porém, a falta de aptidão do jovem herdeiro da marca Opel entrou para o folclore da F1. Após esse fracasso na Brabham, juntamente com a pressão da família, Rikki Von Opel desistiu da F1 após apenas 14 corridas e contando com 27 anos. Como era esperado, ele se voltou aos negócios da família.

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