domingo, 22 de outubro de 2017

Passo decisivo (II)

Assim como na MotoGP nessa madrugada, somente um cataclisma tirará o tetracampeonato de Lewis Hamilton, que venceu hoje com uma facilidade que somente seu talento pode lhe proporcionar, pois a Mercedes não tem hoje um carro tão dominante como nos outros anos, mas a diferença estão mesmo nas habilidosas mãos de Hamilton. Vettel ainda liderou algumas voltas após a boa largada do alemão, mas o ritmo de Lewis era simplesmente forte demais para Sebastian, que ainda teve que sofrer um pouco para ser segundo, por causa da precipitação da Ferrari na estratégia. Já o terceiro lugar foi a grande polêmica do dia, com a bela ultrapassagem de Max Verstappen sendo cassada pela FIA por causa da nítida infração do holandês. Porém...

Destaque todo especial para o pré-corrida do Grande Prêmio dos Estados Unidos. A Liberty aproveitou o fator casa para finalmente mostrar o que quer dos seus promotores no futuro. Os pilotos foram apresentados de forma apoteótica, com direito a clipe cheio de closes como acontece bastante nos grandes eventos esportivos americanos. Michael Buffer falava de cada piloto do grid como se apresentasse um boxeador no auge do esporte. Tudo isso com direito à alguns efeitos e as famosas cheerleaders dos Dallas Cowboys. Um evento muito legal que contou com várias personalidades de todas as vertentes, passando por políticos, atores e esportistas de alto nível. Um verdadeiro show, antes da largada de uma corrida que tendia a ser chata, mas acabou sendo bastante divertida. Vettel surpreendeu com uma largada estupenda e ainda na freada da primeira curva o alemão da Ferrari já liderava a prova, seguido por Hamilton. Com ar livre, a esperança era que Vettel pudesse fazer frente à Hamilton e sua Mercedes. Pelo rádio, Hamilton já deu o toque que estava tudo sob controle. Não priemos cânico, como diria Chapolin Colorado. Quando foi permitido o DRS, Hamilton colocou por dentro no final da reta oposta, para surpresa de Vettel e assumiu a ponta da corrida para não mais perdê-la. Foi uma vitória enfática, esperada desde os primeiros treinos livres e se não foi de ponta a ponta, foi por causa de uma largada perfeita de Vettel. Hamilton tirou tudo do seu Mercedes, que parece não ter o mesmo ritmo de antes e isso é identificável pelo pobre ritmo de Bottas, que teve outra corrida opaca e foi apenas quinto. O diferencial para o domínio de Hamilton é o próprio inglês. Seu talento e velocidade pura que faz Hamilton deixar Vettel e todo o resto do grid no chinelo e o fará tetracampeão, provavelmente, na próxima semana, enquanto a Mercedes já comemora seu tetracampeonato, muito pelos feitos de Lewis durante o ano.

Após sua bela largada, Vettel não demorou muito à frente de Hamilton, sendo ultrapassado de forma até fácil, o que indicou que o alemão da Ferrari foi pego totalmente de surpresa. Sebastian pareceu sofrer com pneus desgastados e chegou a ver Valtteri Bottas de perto no primeiro stint e quando Hamilton saiu dos pits, estava colado no inglês. Ao contrário do esperado, os pilotos partiram em sua maioria para um tática de uma parada, mas vendo Verstappen parar pela segunda vez e sofrendo com os pneus, Vettel parou novamente e partiu para uma corrida alucinante no final, atacando Bottas, já que Raikkonen lhe cederia a posição mais tarde. E a manobra que Vettel fez em Bottas valeu o ingresso, numa ultrapassagem humilhante por fora, tendo ainda um retardatário (Vandoorne) por fora. Foi uma ultrapassagem e tanto, que valeu a Vettel o segundo lugar, mas no campeonato não deverá fazer tanta diferença. O estrago feito pela Ferrari na Ásia já não tanta margem de recuperação. Raikkonen fez sua corrida de funcionário padrão, tirando a ultrapassagem em cima de Bottas. O finlandês da Mercedes está fazendo uma segunda metade de temporada medíocre, o que foi confirmado hoje com três ultrapassagens tomadas, algo inaceitável para quem tem uma Mercedes. Se Bottas ajudasse mais, talvez Hamilton já fosse campeão e por essas coisas que a Mercedes já pensa 2019 sem Valtteri.

Então, a polêmica. Verstappen vinha fazendo outra corrida daquelas de tirar o chapéu, fazendo várias ultrapassagens e mesmo largando nas últimas posições, logo se juntou ao pelotão da frente numa corrida limpa e sem safety-cars. Max mudou sua estratégia e partiu para um último stint forte, seguindo de perto Vettel, que se resguardou de qualquer ataque do holandês. Nas últimas voltas, Vettel e Verstappen chegaram nos finlandeses. Vettel se livrou dois dois, enquanto Verstappen teve mais trabalho. Faltando duas voltas, Max partiu para um ataque banzai em cima de Raikkonen e após algumas fechadas, o piloto da Red Bull achou espaço aonde não havia e assumiu a terceira posição de forma emocionante nas últimas curvas da corrida. Todos vibraram. Mas a cortada de caminho feita por Max foi clara. E um ano depois de ser tirado do pódio no México, o holandês foi convidado a se retirar do pódio em Austin. Regras são regras, mas o direito fala muito do contexto. Na última volta, quem não tentaria uma manobra mais forte? Verstappen o fez, mas os comissários resolveram agir e tiraram um merecido pódio do holandês. Vale destacar o ótima ritmo da Red Bull nessas últimas corridas. Ricciardo travou uma bela briga com Bottas nas primeiras voltas antes de abandonar e Verstappen chegou nas Ferraris e em Bottas sem ajuda de safety-car. Mantendo essa toada, deve-se olhar com carinho para a Red Bull e suas perspectivas para 2018.

Do pelotão intermediário, o grande destaque foi Carlos Sainz. Estreando na Renault, o espanhol ainda se adaptava ao carro enquanto fazia uma corrida forte, andando no mesmo ritmo de Hulkenberg (que abandonou nas primeiras voltas) faria. Ele superou uma Force India e marcou bons pontos, que a Renault tanto sentiu quando Palmer estava naquele carro. E falando em Force India, novamente Sergio Pérez reclamou do ritmo de Ocon à sua frente, mas a FI mandou o mexicano se aquietar e ele ainda foi ultrapassado pelo ascendente Sainz. Massa foi o último a parar e mesmo com pneus ultramacios ele fez apenas um pit-stop e teve ritmo para chegar na zona de pontuação, marcando pontos para a Williams, que com o passar do tempo, fica cada vez mais claro que não quer Massa em 2018, ao contrário do que disse Reginaldo Leme, que declarou que a renovação de contrato do brasileiro dependia unicamente de Felipe. Stroll fez uma corrida que lembrou suas primeiras provas na F1, onde fazia papelão em cima de papelão. Em sua volta à F1, Kvyat marcou um pontinho, fazendo nada de diferente do que fez enquanto esteve na F1 pela mesmo Toro Rosso, enquanto Hartley andou sempre nas últimas posições num carro que mal conhecia. Correndo em casa a Haas esteve longe dos pontos e ainda viu Magnussen se envolveu em incidentes com os dois carros da Sauber, fazendo com que a imagem do dinamarquês ficasse ainda mais arranhada. Alonso corria para marcar pontos quando o motor Honda lhe aprontou mais uma. O espanhol lamentou bastante, enquanto Vandoorne fez uma corrida apagada e foi o único a não aparecer na bela festa de apresentação dos pilotos antes da corrida.

Bem que Hamilton queria garantir o título nos Estados Unidos, país que adora, mas o campeonato já é praticamente seu e somente um abandono no México na semana que vem o fará perder a chance de garantir o tetracampeonato no circuito Hermanos Rodríguez. Esse ano Lewis teve um desafiante à altura e somente pela falta de confiabilidade da Ferrari que atrapalhou Vettel para deixar a disputa ainda em aberto. Uma pena. Pela forma que está guiando, provavelmente Hamilton queria brigar até o final, mas a disputa deverá terminar na próxima semana.

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