O último título da Ferrari completará nessa temporada dez anos, desde que Raikkonen se aproveitou do caos interno dentro da McLaren para superar o então novato Hamilton e o 'maldito' Alonso. Após o triunfo do finlandês, a Ferrari esteve na briga pelo título apenas outras três vezes, sempre fracassando na corrida final. Brigar pelo título na F1 nunca é fácil e muitas vezes ter experiência recente nisso faz muita diferença. O grupo atual da Ferrari não teve, até então, essa disputa de título e provavelmente isso esteja fazendo diferença nesse final de campeonato. Mais uma vez a Ferrari pisou na bola de forma vergonhosa, deixando Vettel na mão ainda nas primeiras voltas, em algo muito parecido com o que aconteceu com Raikkonen na semana passada, com a diferença que o alemão ainda conseguiu largar antes de ser engolido pelo pelotão. Já favorito à vitória, Hamilton teve mais trabalho do que o imaginado, mas administrou uma vitória decisiva que já faz o inglês começar uma contagem regressiva de quando irá comemorar o tetracampeonato.
Apesar de ser uma das pistas mais espetaculares do calendário, Suzuka nunca foi uma pista de corridas boas para se assistir. Estreita, com poucas áreas de escape e sem freadas muito fortes, o circuito japonês não favorece as ultrapassagens e por isso, a largada definiria muita coisa. Contudo, não foi o caso em 2017. Hamilton e Vettel largaram bem da primeira fila e pareciam que brigariam até o fim pela vitória, mesmo com Lewis tendo uma vantagem considerável em todos os treinos, a Ferrari já tinha mostrado um ritmo mais forte de corrida em outras oportunidades. Porém, tudo se mostrou diferente dos prognósticos quando Vettel foi ultrapassado por Verstappen no hairpin e antes de completar a primeira volta, o alemão perdera mais três posições. "No power". Frase dita tantas vezes por Alonso era agora mencionada por Vettel. O motor da Ferrari já tinha apresentado problemas antes da largada, como acontecera com Raikkonen, mas desta vez os mecânicos da Ferrari permitiram Vettel largar, mas não demorou muito para que o problema voltasse com força total. Vettel abandonaria algumas voltas mais tarde por um banal problema de vela. Uma vela Bosch é encontrada por até 50 reais no mercado. Ou seja, um problema relativamente simples destruiu os sonhos da Ferrari de voltar a ser campeã. A passagem asiática foi decisiva no campeonato, pois enquanto Vettel sofria, Hamilton conseguiu duas vitórias e um segundo lugar, aumentando para mais de 50 pontos a vantagem sobre Vettel no campeonato. Se nada de mais grave ocorrer, o título poderá ser conquistado no México, ou se ocorrer uma reação da Ferrari, em Interlagos. Porém, hoje Hamilton teve mais trabalho do que o imaginado e precisou da ajuda de outros pilotos, de forma involuntária ou não, para segurar Verstappen no segundo stint de corrida, quando os líderes colocaram pneus macios. Primeiro contou a valiosa ajuda de Bottas, que vinha numa estratégia diferente, para se colocar entre ele e Max no momento em que o holandês vinha claramente mais forte. Já nas voltas finais, uma vibração no carro de Lewis fez com que Verstappen colasse de vez, mas Hamilton usou sua experiência ao colocar os retardatários Massa e Alonso no meio da briga, para garantir uma vitória decisiva. Bottas fez muito bem seu papel de escudeiro, mas no geral, o finlandês teve outra corrida opaca, onde não foi capaz de atacar Ricciardo mesmo 1s mais rápido nas voltas finais, porém, o nórdico se aproveita da maré de azar ferrarista e encostou de vez no campeonato em Vettel. Contudo, pelo o que vem apresentando nesse momento, Bottas não mereceria superar Vettel no campeonato...
Motivado pela vitória na Malásia, Verstappen fez outra ótima corrida e poderia ter saído com uma dobradinha na Ásia, mas o holandês foi atrapalhado por Bottas, numa ordem de equipe, e depois por retardatários. Max largou muito bem, ultrapassou Ricciardo limpamente na primeira curva e ainda na volta inicial deixou Vettel para trás numa manobra onde mostrava que não queria perder tempo, além de sua fome pela vitória. Um ponto positivo é o crescimento da Red Bull nessa reta final de campeonato, com Ricciardo conseguindo o nono pódio nas últimas doze corridas, mas o australiano pode-se colocar em breve na situação de Nico Rosberg dentro da equipe Red Bull. Claramente menos talentoso do que Verstappen, o australiano terá que extrair ao máximo seus pontos fortes para conseguir superar o menino prodígio, que conseguiu dois resultados espetaculares e esteve sempre na briga pela vitória na prova de hoje. Punido por uma troca de câmbio, Raikkonen fez sua obrigação ao ultrapassar os carros do pelotão intermediário para chegar na quinta posição e por lá ficar até a bandeirada. Kimi é o típico funcionário padrão, onde cumpre suas obrigações e não faz nada além do necessário para se manter onde está. Como esperado a Force India foi a melhor do resto, mas Esteban Ocon conseguiu uma ótima largada, chegando a ocupar o terceiro lugar, porém, não demorou para o francês sucumbir ao ritmo das equipes de ponta. Contudo, uma corrida boa da Force India sem uma polêmica envolvendo seus dois pilotos não teria o mesmo gosto. Num ritmo inferior com pneus macios, Ocon se viu atacado por Pérez, que pediu passagem. Com medo de novos incidentes, a equipe negou o ataque. Sabendo que o rádio poderia ser mostrado, o mexicano tascou: Então manda ele andar mais, pois está muito lento!
A Haas saiu das últimas posições para os pontos com seus dois pilotos, com Magnussen efetuando a manobra do dia, ao ultrapassar Massa na curva dois, de forma que o brasileiro ainda permitiu a Grosjean seguir o companheiro de equipe, na melhor corrida da escuderia americana nos últimos tempos. Massa até começou bem, mas seu ritmo caiu muito com os pneus macios e após ser ultrapassado pela dupla da Haas, ainda influenciou a briga pela vitória ao segurar Verstappen por várias curvas, no momento em que era atacado por Alonso, mas o brasileiro ainda garantiu um pontinho. Alonso fez outra corrida muito boa com o equipamento que tem em mãos e por muito pouco não conseguiu um ponto em Suzuka, na última corrida no Japão pela Honda. Vandoorne vinha embalado pelos últimos resultados e após conseguir uma boa posição de grid, o belga poderia usar o conhecimento que tem da pista nos seus anos no Japão a seu favor, mas uma má largada jogou o jovem para as últimas posições e por lá ele ficou. Stroll ficou brigando com Vandoorne boa parte da corrida, mas acabou tendo a suspensão quebrada no final da corrida, trazendo o safety-car virtual que quase deu a vitória para Verstappen. A Renault continuou seu inferno astral com outro problema no carro de Hulkenberg, quando o alemão tinha tudo para marcar bons pontos. Com pneus supermacios, o alemão já partia para cima dos carros da Haas e de Massa quando o DRS apresentou defeito e Hulk precisou abandonar. Palmer fez uma corrida correta em sua despedida da F1, chegando próximo de Alonso e dos pontos. Gasly não soube usar o conhecimento do circuito de Suzuka a ser favor e ficou longe dos pontos, enquanto Sainz se despediu da Toro Rosso numa batida na primeira volta, após um final de semana terrível para o espanhol. Marcus Ericsson causou a segunda intervenção do safety-car (contanto o real e o virtual) ao sair da pista sozinho. A cara do engenheiro da Sauber ao ver o acidente mostra bem o tamanho da enrascada que a equipe suíça está metida. Sem os milhões de Ericsson, o time não consegue sobreviver, mas ter que aguentar a ruindade do sueco também faz o nível da equipe cair muito. E não devemos esquecer que foi Ericsson que Nasr não conseguiu derrotar...
A F1 sai da Ásia com o título bastante encaminhado para Lewis Hamilton. Claro que da mesma forma que tudo deu errado para Vettel nas três últimas corridas, pode acontecer o mesmo com Hamilton nas três próximas provas, mas a experiência da Mercedes dificilmente deixaria Lewis ficar praticamente zerado em tão poucas corridas. Outro fator complicador para Vettel é o crescimento da Red Bull, fazendo com que o time austríaco não seja mais uma isolada terceira força, mas que brigue por vitórias e pódios daqui para frente, o que poderá significar mais pontos perdidos para o alemão. Hamilton já pode administrar o campeonato e fazer contas. Ao contrário de todos os prognósticos, o título deverá vir de forma antecipada.
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