A F1 parecia cansada quando chegou em Suzuka 25 anos atrás para a tradicional prova no Japão. Talvez por isso as atenções estavam todas sobre o que iria acontecer no ano seguinte. Vinculado à McLaren, Mika Hakkinen sabia que Michael Andretti viria para a equipe em 1993, mas a insatisfação de Senna com o equipamento que tinha da McLaren fazia que o finlandês tivesse esperanças de estar no grid com a McLaren no ano seguinte. Hakkinen era um dos destaques da temporada e suas boas exibições eram um último suspiro da Lotus, que decaía cada vez mais. Com apenas Prost definido em 1993, a Williams também estava de olha em Mika. Assim como ocorrera no ano anterior, a Ferrari não terminou a temporada com a mesma dupla de pilotos da primeira corrida, só que ao contrário da escandalosa demissão de Prost em 1991, a saída de Ivan Capelli nem chegou a surpreender pela péssima temporada que o italiano vinha fazendo até então em 1992. Após ótimas exibições pela March, Capelli decepcionou na Ferrari e foi substituído pelo compatriota Nicola Larini, piloto de testes da Ferrari e mais acostumado com o carro. Capelli nunca se recuperou na carreira. E falando em March, a equipe surpreendeu ao trazer de volta à F1 Jan Lammers, após mais de dez anos em que o holandês esteve na F1 pela última vez. O experiente piloto trouxe uma boa grana para a quase falida March e se quando estreou na F1 em 1979 era um imberbe calouro, agora ele era um dos pilotos mais velhos do grid.
Se despedindo da Williams, Nigel Mansell ficou com outro recorde ao igualar o número de poles (13) numa mesma temporada de Senna em 1988 e 1989. Sem surpresa alguma, Patrese ficou com a segunda posição e a dupla da McLaren, com Senna à frente, ocupava a segunda fila. Larini surpreendeu ao ficar na frente de Alesi, mas isso não significava muito quando o italiano era apenas 11º e o francês estava quatro posições atrás. Lammers retornava bem e superava seu companheiro de equipe Emanuele Naspetti.
Grid:
1) Mansell (Williams) - 1:37.360
2) Patrese (Williams) - 1:38.219
3) Senna (McLaren) - 1:38.375
4) Berger (McLaren) - 1:40.296
5) Schumacher (Benetton) - 1:40.922
6) Herbert (Lotus) - 1:41.030
7) Hakkinen (Lotus) - 1:41.415
8) Comas (Ligier) - 1:42.187
9) De Cesaris (Tyrrell) - 1:42.361
10) Boutsen (Ligier) - 1:42.428
O dia 25 de outubro de 1992 amanheceu com clima ameno que sempre caracteriza Suzuka nessa época do ano e, portanto, perfeito para uma corrida de F1. Pela primeira vez desde que debutou na F1, Suzuka não era palco de uma corrida decisiva e já tinha o campeão conhecido, no caso, Mansell, que largou muito bem na luz verde e se manteve na ponta, com Patrese colado no inglês, mas ficando num comportado segundo lugar. A largada ocorreu sem maiores problemas, com Larini sendo o protagonista do único drama ao ficar parado no grid, mas sem ser atingido por ninguém, o italiano seguiu na prova com ajuda dos comissários. Como sempre, os comissários japoneses são solícitos até demais...
Como sempre também, os dois carros da Williams desapareciam no horizonte, enquanto Senna enfrentava o seu pior final de semana no Japão, lugar onde era muito popular. Depois de quebrar o motor no warm-up, o brasileiro viu o segundo motor Honda quebrar ainda na quarta volta da corrida, abandonando prematuramente e sem poder fazer muito para tornar a despedida da montadora nipônica da F1 um pouco mais digna. O ritmo da Williams era tão superior, que ainda na décima volta Mansell já tinha 23s de vantagem em cima do terceiro colocado Berger, que era pressionado por Schumacher. O austríaco faria sua primeira parada na volta 11 e chamou atenção a forma acintosa com que Berger avisou Schumacher que estava indo aos boxes, ainda se lembrando do perigoso acidente de Estoril com Patrese. Schumacher assumia o terceiro lugar, mas o alemão mal sentiu o gosto da posição quando abandona com o câmbio quebrado na volta 13. Era o primeiro abandono por problema técnico do alemão na temporada. Incrivelmente, duas voltas depois de subir para terceiro Herbert abandona com o câmbio quebrado e quem assumia a posição 'maldita' era Mika Hakkinen.
Quem estava na tática de uma volta começa a fazer suas paradas, incluindo a dupla da Williams, com Mansell permanecendo em primeiro, com 10s de vantagem sobre Patrese. Berger reassume o terceiro lugar e quando o austríaco faz sua segunda e definitiva parada na volta 29, ele retorna à pista bem na frente de Hakkinen e fica com a sua terceira posição. Faltando vinte voltas para o fim e com 20s de vantagem para Patrese, Mansell tira o pé completamente e em três voltas é alcançado por Patrese, que assume a ponta sem nenhuma objeção de Mansell, que persegue o companheiro de equipe de perto, sugerindo que Mansell dava à Patrese uma vitória de presente após dois anos de total submissão do italiano dentro da Williams. Na volta 40, a equipe Larrousse teve sua corrida estragada por culpa dos seus pilotos. Gachot tentou passar Katayama na freada da chicane Casio e acabou batendo no japonês, abandonando no local, enquanto Katayama seguia na prova, mas após perder várias posições. Essa chicane sempre viu companheiros de equipe batendo de qualquer forma...
Com menos de dez voltas para o fim, com a dupla da Williams andando em formação, uma rara falha do motor Renault fez Mansell abandonar. O inglês tentou ir aos boxes, mas como apareceu fogo, Mansell desistiu. Nigel nunca teve muita sorte em Suzuka e a Williams perdia a chance de marcar uma dobradinha na casa da Honda, numa espécie de vingança pelo o que japoneses fizeram cinco anos antes ao deixar a Williams na mão e sem motor após ser campeões juntos. Enquanto isso Hakkinen perdia um pódio ao abandonar no fim da prova e quem assumia o lugar no pódio já nas voltas finais era Martin Brundle. Patrese tinha 40s de vantagem e para evitar qualquer problemas, aliviou bastante o seu ritmo para receber a bandeirada em primeiro para o que seria última vitória na F1. Num pódio recheado de segundos pilotos, com os abandonos de Mansell, Senna e Schumacher, quem completava os três primeiros eram Berger e Brundle. De Cesaris obtém um ótimo quarto lugar na frente de um persistente Alesi, em corrida bem discreta da Ferrari. Christian Fittipaldi marcou seu primeiro ponto na carreira na F1 e o primeiro do ano para a Minardi. Essa vitória garantiu à Patrese o vice-campeonato, num ano perfeito para a Williams-Renault.
Chegada:
1) Patrese
2) Berger
3) Brundle
4) De Cesaris
5) Alesi
6) Fittipaldi
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