Quando o reabastecimento foi reintroduzido na F1 em 1994, a categoria buscava algo que a Indy tinha e ainda tem até hoje: a dinâmica das estratégias. Aquela emoção se vai ou não ter combustível até o final, pilotos arriscando nas estratégias, mesmo que algumas vezes isso signifique ficar parado com pane seca nas voltas finais, mas também pode resultar na glória de um bom resultado inesperado. A F1 acabou com o reabastecimento, mas a Indy continua garantindo a emoção das voltas finais de suas corridas. Ontem em Indianápolis vimos isso novamente, com Simon Pagenaud e Ryan-Hunter-Reay, se arrastando para salvar combustível, superando Helio Castroneves, que voava por ter etanol para dar e vender. O francês ganhou pela primeira vez no ano coroando um ótimo final de semana no circuito misto de Indiana, onde liderou treinos livres e sempre se manteve nas primeiras posições.
A corrida no circuito misto de Indianápolis, talvez a maior novidade da temporada da Indy, começou tensa pelo assustador acidente na largada, quando o surpreendente pole Sebastian Saavedra ficou parado no grid e foi atingido, de raspão, pelo compatriota Carlos Múnoz, e em cheio pelo russo Mikhail Aleshin. Imediatamente veio a lembrança da morte de Riccardo Paletti no GP do Canadá em 1982, mas como a segurança dos carros de trinta e dois anos mudou bastante, Aleshin saiu do carro saudando o público e a corrida seguiu normalmente, com Hunter-Reay liderando nas primeiras voltas, mas ultrapassado pelo novato do ano, o inglês Jack Hawsworth, que ponteou a prova com enfase e não deu chance a pilotos em equipes melhores do que a sua. Porém, a diferença entre a pequena equipe de Hawsworth (Bryan Herta) e as demais apareceu no decorrer da prova, nos pit-stops e nos momentos das paradas e o inglês caiu para uma injusta sétima posição, mas Jack demonstra ser um piloto mais do que capaz de andar nas primeiras posições na Indy.
A corrida caminhava sem muitos sobressaltos, com o único destaque para um surto de Pastor Maldonado em Scott Dixon quando o neozelandês tentou uma ultrapassagem para lá de otimista em cima de Will Power e acabou fora da pista. No entanto, quando começou as bandeiras amarelas, aconteceu algo que é comum nas corridas americanas: bandeira amarela chama bandeira amarela. Inclusive com outro acidente assustador, quando Martin Plowman perdeu uma freada, bateu forte numa zebra e caiu em cima do carro de Franck Montagny. Por incrível que pareça, mesmo tirando as quatro rodas do chão, Plowman ainda continuou na prova. E foi nesse momento que as estratégias se misturaram e garantiu a emoção do final da corrida. O aniversariante Helio Castroneves fez um início de prova discreto, usando os pneus duros, mas quando passou a utilizar os pneus macios, o brasileiro da Penske passou a galgar posições e estava na ponta nas voltas finais, mas ainda com uma parada a fazer. Pagenaud e Hunter-Reay, mais atrás, não parariam mais, mas teriam que economizar até a última gota de combustível para conseguir seus objetivos.
Quando Helio fez sua parada, juntamente com Sebastien Bourdais, ele estava entre um e dois segundos mais rápido do que Pagenaud e Hunter-Reay. O brasileiro ainda se aproximou no final, mas Pagenaud conseguiu uma vitória no último momento e com bastante emoção para a sua equipe, considerada média na Indy, mas o francês vem evoluindo a olhos vistos, enquanto Hunter-Reay aproveitou uma corrida conturbada de Power para ficar apenas um ponto do australiano na briga pelo campeonato, com Pagenaud logo atrás. Com a Andretti recebendo todas as atenções da Honda, Hunter-Reay vem se aproveitando para se tornar um dos destaques nesta temporada, com a Penske tentando se defender dos ataques do americano. Com o erro bisonho de Dixon, a Chip Ganassi ainda se encontra um pouco atrás, mas nunca é aconselhável descartar a equipe do velho Chip e a raposa felpuda Dixon, mas chama a atenção como Tony Kanaan vem andando mal até agora com a Ganassi.
Esse foi apenas um ensaio geral para este mês de maio em Indianápolis. Um dia depois da boa corrida no misto, as equipes já se prepararam para mudar o acerto dos carros e focarem no grande prêmio da temporada: as 500 Milhas de Indianápolis.
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