Após três anos de ausência, o Grande Prêmio da França voltava a ser realizado em Dijon-Prenois e a francesa Renault tentava desesperadamente resolver o problema de consumo excessivo de combustível em seu motor para a sua corrida caseira, que causaram algumas panes secas nas primeiras corridas de 1984. Após uma tentativa política frustrada de se aumentar o tanque de combustível de 220 para 250 litros, a Renault teve a promessa de sua parceira Elf de um combustível que proporcionasse um consumo mais regular durante a corrida. Porém, nos bastidores, a Renault lutava também pela sua própria sobrevivência, com o conselho da montadora pressionando pelo fim do programa de F1 no final daquele ano.
Provando a evolução dos motores Renault, o piloto da equipe oficial Patrick Tambay ficou com o melhor tempo da sexta-feira e os testes em long-runs foram esperançosos não apenas para a equipe Renault, como também para suas clientes, Lotus e Ligier. Dominadora até então, a McLaren viu três motores Porsche explodirem e para piorar, Prost não pôde melhorar seu tempo no dia seguinte, pois choveu no sábado, significando que os tempos de sexta definiram o grid para domingo. Isso significava que era a primeira pole de Tambay pela Renault. Mais atrás, Andrea de Cesaris foi desclassificado na sexta-feira por um motivo simplório: numa inspeção de rotina, o extintor de incêndio do seu Ligier estava vazio. Guy Ligier ficou furioso e sua frustração aumentaria com a chuva no sábado e a 14º posição de François Hesnault, segundo piloto da equipe e normalmente bem mais lento do que De Cesaris.
Grid:
1) Tambay (Renault) - 1:02.200
2) De Angelis (Lotus) - 1:02.336
3) Piquet (Brabham) - 1:02.806
4) Rosberg (Williams) - 1:02.908
5) Prost (McLaren) - 1:02.982
6) Mansell (Lotus) - 1:03.200
7) Warwick (Renault) - 1:03.540
8) Winkelhock (ATS) - 1:03.865
9) Lauda (McLaren) - 1:04.419
10) Alboreto (Ferrari) - 1:04.459
O dia 20 de maio de 1984 estava bastante nublado na região de Dijon e com a chuva atrapalhando os treinos no sábado, havia o receio de mais chuva poder transformar o Grande Prêmio da França numa lotérica prova em piso molhado, mas a chuva ficou só na ameaça e a corrida se deu com pista seca. Nos tempos pré-sensor de largada, era bastante difícil o diretor de prova distinguir e punir pilotos por queimar a largada. Talvez sabendo disso, os três primeiros colocados do grid se movem bem antes do sinal verde, mas quem larga melhor é De Angelis, que chega na primeira curva na frente de Tambay, mas o francês da Renault mergulha por dentro e permanece em primeiro. Vindo da terceira fila, Mansell ultrapassa Piquet na freada da primeira curva e depois deixa Rosberg para trás nos rápidos esses atrás dos pits, assumindo a terceira posição.
As primeiras voltas em casa era de verdadeiro sonho para a Renault. Tambay liderava com a equipe oficial, à frente dos dois pilotos da Lotus, principal equipe cliente da montadora francesa. Para completar, Derek Warwick ultrapassa Piquet e Rosberg nas duas voltas seguinte e subia para quarto, formando uma quadra da Renault ainda na quarta volta. Porém, uma ameaça do mesmo país, mas com um carro inglês, crescia na prova: Alain Prost. Após deixarem Rosberg para trás, Piquet e Prost duelam brevemente pela quinta posição, com vantagem para Alain, que imediatamente se torna o piloto mais rápido da corrida e se aproxima de Warwick. Mais atrás, após uma largada não muito feliz, Lauda fazia suas famosas corridas de recuperação e na sexta volta já ameaçava Piquet para entrar na zona de pontuação. Sem tempo a perder, Prost ultrapassa Warwick no final da sexta volta e tira meio segundo de Mansell logo em seguida. Mais atrás, Piquet ainda sustentava sua sexta posição ante os ataques de Lauda, mas um conhecido problema causa mais uma abandono do então campeão mundial na 12º volta: a explosão do motor BMW. Em cinco corridas, Piquet abandonou em todas com problemas em seu motor BMW...
Na 14º volta Prost ultrapassa Mansell e imediatamente cola em Elio de Angelis na briga pela segunda posição. Duas voltas depois, Lauda deixa Mansell para trás, mostrando que em ritmo de corrida, a McLaren ainda está um degrau acima das demais. Tambay ainda tem 3s de vantagem sobre o segundo colocado e enfrentando um antigo fantasma seu: os retardatários. Era conhecida a dificuldade de Patrick Tambay em negociar ultrapassagens em carros mais lentos e para aumentar a pressão sobre o francês da Renault, na volta 21 quem o perseguia eram Prost e Lauda, voando com a McLaren-TAG Porsche. Para sorte de Tambay, quando Prost já o tinha colocado na alça de mira, uma pinça de freio solta na roda dianteira esquerda da McLaren de Prost fez o francês ir aos boxes de supetão. Os mecânicos da McLaren trocam os pneus, mas o pit-stop é mais lento do que o usual e Prost retorna à pista apenas em 11º. Contudo, agora a pressão era de Lauda, mas o austríaco não tem o mesmo ímpeto do francês e permanece atrás de Tambay, enquanto as paradas de box se sucedem.
Após ser atrapalhado por Jacques Laffite na volta 39, Niki Lauda coloca duas rodas na grama e começa a atacar Tambay de forma mais efetiva, mas Niki não teria tanto trabalho assim quando Tambay erra, coloca duas rodas em cima de uma zebra alta duas voltas depois, permitindo a Lauda assumir a ponta da prova. Quatro voltas depois Tambay vai aos boxes para trocar seus pneus desgastados e retorna em segundo, 37s atrás de Lauda. O austríaco pretendia percorrer a prova inteira em Dijon sem parar, mas a briga com Tambay desgastou em demasia os pneus Michelin de Lauda e ele faz uma parada não programada na volta 55. Provando que aquele não era um bom dia para os mecânicos da McLaren, a parada de Lauda dura longínquos 17.7s, fazendo com que Tambay reassumisse a ponta da prova. Porém, nem tudo são flores para a Renault, pois enquanto Mansell e Warwick brigavam pela terceira posição nessa mesma volta, o inglês acaba se envolvendo num toque com o retardatário Surer e os dois saem da pista, sendo que Warwick se deu pior, pois ele machucou sua perna direita e uma ambulância foi ao local do acidente para levar o inglês para o hospital.
Faltando menos de 25 voltas para o fim, Tambay e Lauda estavam separados por apenas 9s, mas era nesse momento nas corridas anteriores que os pilotos da Renault tinham que abrandar seu ritmo para chegarem até o fim da corrida. Contudo, desta vez a diferença foi os pneus e Lauda se aproximava a um ritmo impressionante de Tambay. Enquanto Prost ainda sofria com os problemas em seu pneu dianteiro esquerdo e voltava aos boxes pela segunda vez, Lauda era 2s mais rápido do que Tambay e a ultrapassagem era questão de tempo. Na volta 62, Tambay fica preso no trânsito e Lauda efetua a manobra no mesmo local em que o francês havia errado voltas antes e reassume a ponta da corrida. Mesmo sem preocupação com o combustível, Tambay não é páreo para o forte ritmo da McLaren de Lauda e quando a vantagem chegou aos 6s, Niki passou a administrar a corrida até receber a bandeirada em primeiro, conquistando sua segunda vitória em 1984. Tambay comemora sua segunda posição apenas 7s atrás de Lauda, enquanto Mansell completa o pódio e ainda marca seus primeiros pontos do ano. Prost não marca pontos e é a grande decepção do dia, mas o francês permanecia na ponta do campeonato, agora tendo o companheiro de equipe Lauda em segundo. Essa briga duraria toda a temporada.
Chegada:
1) Lauda
2) Tambay
3) Mansell
4) Arnoux
5) De Angelis
6) Rosberg
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