Hoje completa-se vinte e cinco anos da primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis. Como o próprio piloto contou em seu livro 'A arte de pilotar', Emerson falou que após seu triunfo na famosa pista de Indiana, o mundo inteiro passou a se interessar na Indy. Aqui no Brasil, principalmente após o tricampeonato de Senna e os tempos ruins com a Williams dominando a F1, houve um aumento do interesse pela Indy a ponto de rivalizar com a F1 em determinados momentos. Circuitos ovais e bandeira amarela eram novidades para todo mundo, além de ser inegável que as corridas da Indy eram mais emocionantes e próximas. Outro fator positivo foi que a Indy passava por uma ótima fase no final dos anos 80, com pilotos muitos bons e carismáticos, como Rick Mears, Mario Andretti, Bobby Rahal, Michael Andretti e Al Unser Jr.
E foi com Al Jr que Emerson disputou a vitória em Indianápolis e a narração emocionante por parte de Luciano do Valle (posteriormente dita pelo veterano e inesquecível narrador como seu momento inesquecível na carreira) foi extremamente marcante para os brasileiros que viram aquele triunfo vinte e cinco anos atrás. Emerson acabaria campeão naquele ano e voltaria a vencer as 500 Milhas em 1993, desta vez lutando com Nigel Mansell. Era o auge da Indy. A categoria estava tão forte que conseguiu atrair o atual campeão da F1. Raul Boesel chegou em terceiro nas 500 Milhas de 1989 e outros brasileiros invadiam as pistas americanas, além de pilotos como Alessandro Zanardi e Mark Blundell, oriundos da F1. Com Rubens Barrichello patinando na F1, havia uma corrente para que o brasileiro se mudasse para a Indy e conquistasse as vitórias que o seu talento merecia, mas que a F1 não deixava mostrar.
Isso incomodou Bernie Ecclestone. Dizem que na reforma de Interlagos, o fim do retão após a curva um do antigo circuito foi um pedido de Bernie, com medo que Interlagos sediasse uma prova da Indy usando o traçado externo, quase um oval. Ecclestone soube manipular muito bem Tony George, lhe oferecendo um Grande Prêmio em Indianápolis, em troca de uma crise na Indy. George cismou que a Indy correndo em circuito mistos e fora dos Estados Unidos feria as tradições das corridas americanas e criou a IRL no final de 1995, levando consigo as míticas 500 Milhas de Indianápolis. Houve a cisão da Indy e em 1996 e a CART parecia em vantagem, pois tinha as melhores equipes e pilotos, mas os patrocinadores ainda viam as 500 Milhas com melhores perspectivas e aos poucos as equipes da CART migraram para a IRL, capitaneadas pela Penske. Com duas categorias distintas para assistir, o público americano e até mesmo mundial ficou dividido entre a qualidade das corridas da CART (depois Champ Car) e a tradição da IRL. A crise bateu forte e a Indy nunca mais seria a mesma, com a Nascar hoje bem mais popular que a Indy e a F1 livre de qualquer rivalidade de uma categoria que se mostrava bastante promissora vinte anos atrás.
A vitória de Emerson Fittipaldi não foi apenas marcante para o Brasil, mas foi também para a própria Indy. Se antes era considerada uma categoria caipira e de pilotos semi-aposentados, a Indy ganhou uma popularidade inédita e se profissionalizou a tal ponto de incomodar a F1. Infelizmente, da mesma forma que a mítica imagem de Emerson Fittipaldi bebendo leite na Victory Lane marcava o início do auge da Indy no planeta, foi também a senha para o desmonte da categoria poucos anos depois.
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