Juan Pablo Montoya voltou ano passado à Indy sem espaço para brincadeira. O colombiano foi trazido pela Penske de volta à Indy e após um período difícil de readaptação, Montoya venceu uma corrida ano passado e começou 2015 de forma incrível, chegando ao famoso mês de maio na liderança do campeonato. Contudo, JP não teve uma classificação de sonho para as 500 Milhas, garantindo apenas o 15º lugar no extenso grid de Indianapolis e ainda na primeira relargada, Montoya foi atingido por Simona de Silvestro e teve que fazer uma parada não programada para consertar a proteção do seu pneu traseiro direito. As 500 Milhas não começaram nada bem para Montoya, mas há uma frase em Indianapolis que é quase um axioma: a corrida só se decide nas cinquenta voltas finais.
A 99º edição das 500 Milhas de Indianapolis, principalmente em seu início, foi como nos velhos tempos. Com os novos kits aerodinâmicos não facilitando as ultrapassagens, os pilotos resolveram jogar a economia de combustível para o alto e andaram tudo o que podiam, acabando com aquele chato pelotão compacto, que mais parecia com a Nascar em Daytona ou Talladega. Se na Nascar funciona, por causa das características dos carros, na Indy é muito perigoso, ainda mais com um mês de maio tão acidentado. Logo cinco pilotos se destacaram, sem surpresa nenhuma, todos representantes das duas potências da categoria: o pole Scott Dixon e Tony Kanaan da Ganassi, Will Power, Simon Pagenaud e Helio Castroneves da Penske.
Quando foi dada a relargada, os dois pilotos da Ganassi pareciam melhor, com apenas Pagenaud acompanhando. Power e Castroneves ficavam um pouco mais para trás, se segurando um pouco para dar o bote no final. A corrida teve um momento tenso quando dois mecânicos da Dale Coyne foram atropelados por James Davison, da equipe de Coyne e um deles parecia estar em estado grave. Montoya escalou rapidamente o pelotão e se juntou à briga, trazendo consigo uma surpresa, o americano Charlie Kimball. Surpresa pelas poucas qualidades do piloto, mas Kimball é da equipe Ganassi, garantia de um bom carro. Tony Kanaan foi o primeiro dos favoritos a abandonar quando bateu sozinho na curva 3, sem maiores consequências para o baiano. No final da prova, Helio Castroneves perdeu muito rendimento, chegando a cair para 13º. A verdade foi que o piloto três vencedor em Indianapolis nunca esteve em condições de brigar pela vitória. Ao contrário dos seus companheiros de equipe.
Sem se preocupar em poupar combustível, Dixon enfrentava o pelotão de três carros da Penske, quando Pagenaud, numa cena não mostrada pela TV, teve problemas em seu carro, sendo engolido pelo pelotão. Com tantos carros juntos, no final de uma prova de 500 Milhas, o resultado foi um acidente múltiplo entre Jack Hawsworth, Sebastian Saavedra (que pareceu ter machucado o pé...) e Stefano Coletti, faltando vinte voltas para o fim. A última relargada mostrou uma briga acirrada entre Montoya, Power e Dixon. Os três trocaram de posições várias vezes, com disputas lado a lado e muito próximas de tirar o fôlego. Isso permitiu a Kimball encostar nos três e entrar na briga pela vitória. Power, conhecido por não se dar bem em circuitos ovais, fazia sua melhor 500 Milhas na carreira e quando Montoya ultrapassou Dixon na antepenúltima volta, a disputa ficou entre os dois carros da Penske.
Montoya assumiu a ponta no início da penúltima volta, mas todos sabiam que Power, sem se preocupar com Dixon, que na manobra com Montoya perdeu velocidade e foi ultrapassado por Kimball, iria para cima do companheiro de equipe. Porém, a sorte estava mesmo ao lado de Juan Pablo Montoya. Numa estratégia diferente, Justin Wilson, que largou na segunda fila, teve que fazer um splash-and-go na penúltima volta e chegou na reta oposta na última volta com os líderes logo atrás. Montoya aproveitou o vácuo de Wilson e mergulhou na curva 3 mais rápido do que Power, que ainda tentou uma ultrapassagem na linha de chegada, mas já era tarde demais.
Montoya venceu sua segunda 500 Milhas quinze anos após sua primeira vitória, que foi histórica por ter sido a primeira corrida do colombiano no solo sagrado de Indiana. Juan Pablo tem um histórico sensacional de duas vitórias em três 500 Milhas. A Penske mostra com essa dobradinha que está numa fase esplendorosa, ao vencer em Indiana pela primeira vez desde 2009. Os brasileiros ficaram bem abaixo do esperado, apesar de que Kanaan tinha carro para brigar lá na frente no final da prova, se lá estivesse, mas chamou a atenção a forçada de barra do Teo José para colocar um problemático Helio Castroneves na briga pela vitória no final da corrida. Na medida em que Helio caía pelotão abaixo, Teo José anunciava 'tem cinco carros na briga', depois 'tem oito carros na briga' e por aí vai...
Foi uma edição de 500 Milhas bem melhor do que as anteriores dos últimos anos, bem mais parecida com as edições dos anos anteriores, com carros mais espalhados, mas com os pilotos andando o que podem. Porém, em 2015 tivemos um tempero latino colocado por Juan Pablo Montoya.
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