domingo, 10 de maio de 2015

Tradição espanhola

Desde que eu me entendo por gente e acompanho F1, se há duas sedes de corridas chatas, elas estão localizadas Barcelona e Budapeste. Sempre, com uma ou outra exceção, essas duas pistas protagonizaram corridas extremamente monótonas, desde que entraram no calendário, no caso de Barcelona, em 1991. Hoje, seguido essa tradição espanhola, a corrida foi extremamente maçante, a ponto deu me levantar duas vezes da cama para despertar, pois a coisa não estava nada boa em Barcelona. Quem não tem nada com isso é Nico Rosberg, que disparou na ponta e se aproveitando de uma largada preguiçosa de Lewis Hamilton, venceu a corrida com uma tranquilidade que o alemão não deve ter experimentado ao longo de sua carreira na F1. Hamilton teve que mudar sua estratégia para deixar Vettel para trás e garantir mais uma dobradinha da Mercedes, enquanto o alemão da Ferrari garantiu o mesmo terceiro posto em que largou.

A corrida foi garantida para Nico Rosberg na largada. Saindo muito bem, o alemão não apenas se viu em primeiro, como observou pelos seus retrovisores Hamilton largando mal, ultrapassado ainda antes da primeira curva por Hamilton e ainda foi acossado por Bottas. Com a Mercedes dando um passo à frente nessas três semanas de folga, Nico fez uma corrida exemplar, onde mal apareceu na transmissão da TV, pois o alemão nunca teve sua vitória contestada. Hamilton encostou em Vettel, mas a ultrapassagem na pista era extremamente complicada. O que fazer? A Mercedes usou o plano B e Lewis visitou os boxes três vezes, imprimindo um ritmo muito forte, algumas vezes, mais de 2s mais rápido do que qualquer um na pista. O inglês teve pista livre após a segunda parada de Vettel e nem sequer teve o trabalho de ultrapassar o alemão quando retornou à pista já em segundo, quando parou nos boxes pela terceira vez. É a terceira dobradinha da Mercedes em cinco corridas em 2015, demonstrando que os prateados não dormiram no ponto enquanto a F1 dava uma pausa entre a primeira etapa asiática e a abertura da temporada europeia. Para Rosberg, o triunfo significou um ressurgimento, mesmo já estando vinte pontos atrás de Hamilton, que ainda esboçou um ataque no final, mas foi desencorajado pela própria equipe via rádio.

Se a Ferrari pensou em diminuir a vantagem para a Mercedes, a corrida de hoje foi um banho de água gelada nos pensamentos italianos. Vettel só se segurou à frente de Hamilton enquanto teve pneus e utilizando a notória dificuldade de se ultrapassar no circuito de Montmeló. O alemão forçava, mas no fundo sabia que se a Mercedes mudasse a estratégia e Hamilton ficasse à frente de Vettel, não teria o que fazer. Isso foi ensaiado na primeira parada de Hamilton, quando a Mercedes se atrapalhou e o inglês permaneceu em terceiro, mas quando os alemães mudaram a estratégia de Lewis, o inglês praticamente ignorou o ritmo de Vettel para completar a dobradinha da Mercedes, deixando a Ferrari claramente como a segunda força do campeonato, sem maiores contestações. Outra má classificação de Raikkonen não ajudou o finlandês, que acabou ficando em quinto, quebrando a ordem da F1 atual. Kimi largou bem, ultrapassou os dois Toro Rosso, mas parou em Bottas. O finlandês da Williams fez outra corrida sólida, sem maiores sustos e como no Bahrein, teve que segurar uma Ferrari mais veloz que seu Williams nas voltas finais, mas Bottas segurou bem as pontas. Com esse resultado, o finlandês, com uma corrida a menos, já supera na classificação de pilotos Felipe Massa, que fez uma corrida burocrática, mas dentro das possibilidades do que pode oferecer a Williams hoje.

Havia uma expectativa para uma grande evolução da Red Bull e sua nova asa dianteira, mas o que se viu foi Ricciardo praticamente repetir o mesmo ritmo das corridas anteriores, onde não tem carro para enfrentar o trio da frente (Mercedes, Ferrari e Williams), mas também não é incomodado pelos os que vem atrás. Por sinal, foram os quatro carros apoiados pela Red Bull que mais demonstraram ultrapassagens, principalmente no início da corrida, quando os dois carros da Toro Rosso, largando na quinta fila, demonstraram não ter o mesmo ritmo de corrida e foram engolidos pelo pelotão. Se serve de consolo, não houve nenhum motor Renault quebrado e Sainz, correndo pela primeira vez em casa, conseguiu ultrapassar um novamente apagado Kvyat na última volta. Resta saber se a passagem de Sainz para fora da pista não significará uma punição. Se metendo entre os carros da Red Bull, Romain Grosjean levou seu Lotus aos pontos novamente, mesmo o francês tendo um momento Maldonado ao errar seu lugar no pit e jogar o homem do macaco dianteiro. E falando em Maldonado...

O venezuelano tem problemas até mesmo quando não tem culpa. A aba da sua asa traseira entortou sem aviso enquanto ultrapassava Verstappen e a corrida de Pastor praticamente acabou ali. Tendo ganho cinco posições, Maldonado teve que arrancar a aba da asa no pit-stop e com o carro totalmente desequilibrado, foi um dos dois abandonos do dia. O rapaz simplesmente é um para-raio de problemas! Nasr fez o que pôde com o pobre (literalmente!) equipamento em mãos e ficou na boca de pontuar novamente e, mais importante, superou seu companheiro de equipe Ericsson. Outra equipe com problemas de orçamento e por isso sofrendo no momento, a Force India, fez uma corrida parecida e ficou de fora dos pontos, mas chama a atenção a forma como Pérez vem derrotando Hulkenberg nos últimos tempos. Com contrato com a Porsche e sem perspectivas de entrar numa equipe grande, Hulk parece cada vez mais desmotivado na F1. Já a McLaren não tem problemas de orçamento, mas a nova pintura não deu muita sorte. Alonso, correndo em casa e com um terçol no olho, foi o primeiro abandono do dia quando teve problemas nos freios. Fernando corria em sétimo e a possibilidade de pontos era real, mas no outro carro, Button fechou a raia dos carros de F1 de verdade, totalmente sem ritmo.

Foi uma corrida sonolenta, não restam muitas dúvidas disso. Porém, qual foi a última corrida realmente emocionante em Barcelona? No campeonato, essa vitória de Nico Rosberg pode fazer com que o alemão volte a incomodar Hamilton, que pareceu desconfortável tanto na corrida, como no pódio. Depois de um assédio da Ferrari, a Mercedes voltou a dar as cartas e mostrar quem manda na F1 atual. Já dá para cravar que o título não sairá da casa de Stuttgart. 

2 comentários:

  1. E muita zica pra Maldonado...

    Na hora que abre a asa pra passar,ela se rompe...

    Sem falar que na sexta a carenagem do Grosjean se soltou...


    E falando no Grosjean,aquela bizarrice no pit não foi um momento Maldonado mas sim uma recaída do Grosjean que tocou o terror em 2012...

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    1. Mesmo com essa recaída, Grosjean pelo menos mostra que está aprendendo a lição. Já o Maldonado...

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