Num tempo em que era quase obrigatório se testar absurdamente, se quisesse ter sucesso na F1, a maioria das equipes foram à Barcelona uma semana antes do Grande Prêmio local do ano 2000 e quem se deu melhor foi Michael Schumacher, líder nos três dias de testes, mas sempre tendo uma McLaren em seu encalço. Várias equipes testaram novidades para o circuito de Montmeló, como foi o caso de Jordan, Jaguar e Williams. Na terça-feira antes da corrida, a F1 tomou um susto enorme quando o avião particular que levava Coulthard para a Espanha sofreu uma pane e teve que fazer um pouso de emergência na França. Os dois pilotos morreram no acidente, enquanto Coulthard sofreu uma fratura na costela, mas mesmo sentindo muitas dores, o escocês garantiu que estaria presente em Barcelona.
Os treinos livres confirmavam que Michael Schumacher vinha muito forte para o final de semana espanhol e o piloto da Ferrari confirmou seu favoritismo com a pole na classificação. Hakkinen e Coulthard ainda tentaram tirar Schumacher da pole em suas últimas tentativas, mas o máximo que conseguiram foi evitar uma dobradinha da Ferrari na primeira fila, com Hakkinen tirando Barrichello da segunda posição. Atrás dos quatro 'grandes', Ralf Schumacher liderava o resto do pelotão, mostrando a boa forma da Williams-BMW.
Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:20.974
2) Hakkinen (McLaren) - 1:21.052
3) Barrichello (Ferrari) - 1:21.416
4) Coulthard (McLaren) - 1:21.422
5) R.Schumacher (Williams) - 1:21.605
6) Villeneuve (BAR) - 1:21.963
7) Trulli (Jordan) - 1:22.006
8) Frentzen (Jordan) - 1:22.135
9) Irvine (Jaguar) - 1:22.370
10) Button (Williams) - 1:22.385
O dia 7 de maio de 2000 estava quente e ensolarado em Barcelona, o que indicava uma corrida sem maiores sobressaltos. Por sinal, isso era uma crítica comum ao Grande Prêmio da Espanha daqueles tempos. Por as equipes conhecerem muito bem o circuito de Montmeló, mais as características da pista de Barcelona, as corridas do GP espanhol vinham se caracterizando pela monotonia. E tudo indicava o mesmo para aquela edição de 2000. Ralf Schumacher teve que ir para o carro reserva de última hora, mas o alemão largaria na boa quinta posição que marcou no sábado. Assim como em Silverstone, as Ferraris não largam bem, onde Michael Schumacher larga em diagonal, bloqueando Hakkinen e só assim preservando a primeira posição. Seu irmão mais novo, ao contrário, larga bem e fica no centro da pista, ao lado de Barrichello e ultrapassa o piloto da Ferrari. No esse da primeira curva, Ralf fica ao lado de Coulthard e o ultrapassa também, com o piloto da Williams ainda tentando um ataque em cima de Hakkinen no decorrer da primeira volta, mas o finlandês rechaça o jovem alemão.
Com a ótima largada de Ralf Schumacher, o panorama da corrida mudava drasticamente. Lá na frente, disparado, Schumacher tentava aumentar sua vantagem sobre Hakkinen, enquanto Ralf Schumacher segurava Coulthard e Barrichello, nitidamente mais rápidos do que o Williams, mas o alemão se aproveitava da natureza do traçado de Montmeló para permanecer em terceiro, num ótimo trabalho de Ralf. Contudo, na décima volta Ralf já estava 7s atrás de Hakkinen, que não conseguia imprimir um ritmo parecido com o do líder Michael Schumacher, por estar com os pneus duros da Bridgestone, já estava 3.5s atrás do alemão. Na volta 23, Ralf Schumacher foi aos boxes, dando uma chance de ouro para que Coulthard e Barrichello o ultrapassasse, mas o drama da corrida aconteceria na volta seguinte. Nos anos 80, a Ferrari era considerava a equipe mais rápida em pit-stops e tudo isso se devia à muitos treinos, com liderança do chefe de mecânicos Nigel Stepney, que participava dos pit-stops manuseando a mangueira de combustível. Quando Michael foi aos boxes para o seu primeiro pit-stop, o homem da Ferrari que segura a placa levantou o instrumento na hora errada e Michael acelerou enquanto Stepney ainda estava retirando a mangueira da Ferrari. Como resultado Stepney acabou atropelado por Michael, quebrando o tornozelo e ficando de fora da corrida. Isso acabaria influenciando toda a corrida da Ferrari. Apesar de todo esse problema, Michael permanece na ponta, enquanto quem perdia tempo nos pits era Coulthard, que não apenas não conseguiu ultrapassar Ralf Schumacher, como acabou caindo para quinto, atrás de Rubens Barrichello.
O segundo stint da corrida mostrava um Hakkinen claramente mais rápido do que Schumacher, enquanto Ralf, Barrichello e Coulthard andavam muito juntos, mas 15s atrás dos líderes. A corrida fica estática. Mesmo com carros bem mais rápidos que os irmãos Schumacher, nem Hakkinen lá na frente, muito menos a dupla Barrichello/Coulthard conseguiam efetuar a ultrapassagem sobre Michael e Ralf, respectivamente. A corrida seria decidida nos boxes e aí começou os problemas da Ferrari. Sem o bem treinado Stepney, Andrea Vaccari assumiu a mangueira de reabastecimento e a disputa pelo terceiro lugar se definiu quando Vaccari hesitou na parada de Barrichello. Coulthard antecipou sua parada e com pista livre à sua frente, conseguiu 'ultrapassar' Ralf Schumacher e assumir o terceiro lugar. O pior viria seis voltas depois, quando Hakkinen reabasteceu seu McLaren em 7s, enquanto Schumacher ficou 17s parado, com problemas na mangueira de reabastecimento. A corrida mudava completamente para as mãos da McLaren. Porém, as coisas piorariam ainda mais para a Ferrari...
Schumacher retorna à pista muito lento, com suspeita de ter um pneu furado. Logo o alemão tinha Coulthard em seu encalço e mesmo mais lento, Schumacher bloqueou Coulthard por uma volta, mas sua situação estava tão feia, que o escocês passou o piloto da Ferrari por fora na curva um. Os próximos seriam seu irmão Ralf e Barrichello, colado na Williams. Michael estava claramente com problemas, mas seria melhor ajudar o amado irmão mais novo ou à equipe? A resposta foi dada quando Ralf Schumacher tentou a ultrapassagem no final da reta oposta, mas Michael não entregou os pontos e ambos fizeram a próxima curva lado a lado. No limite, ambos acabaram escorregando e quem se aproveitou bem foi Barrichello, ultrapassando os irmãos Schumacher numa bela manobra por dentro, mas com uma ajuda substancial de Michael, que no final dessa volta fez uma não-planejada terceira parada.
Michael Schumacher voltou à corrida em quinto, enquanto Hakkinen correu tranquilo até o fim para uma bem vinda e popular primeira vitória no ano 2000. Mesmo com uma semana sombria e cheio de dores, David Coulthard completava a dobradinha da McLaren, enquanto Barrichello coletava mais um pódio graças ao seu companheiro de equipe, enquanto Ralf Schumacher saía do seu Williams cuspindo maribondos pela manobra do irmão mais velho. Porém, não houve cenas de Caim e Abel... O Grande Prêmio da Espanha, conhecido por ser uma procissão nos anos anteriores, foi uma corrida cheia de dramas e surpresas em 2000, com Hakkinen conseguindo uma vitória que se mostraria crucial para o resto do campeonato.
Chegada:
1) Hakkinen
2) Coulthard
3) Barrichello
4) R.Schumacher
5) M.Schumacher
6) Frentzen
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