domingo, 17 de maio de 2015

Na fase

Não importando o número de rodas, seja duas ou quatro, a confiança de um piloto faz toda a diferença no resultado final de uma corrida. Ninguém deve questionar o talento do bicampeão da MotoGP Jorge Lorenzo, mas as consecutivas derrotas para Marc Márquez, somado a ascensão de Valentino Rossi no seio da Yamaha, mexeu com a cabeça do espanhol, que não esteve na melhor forma nos dois últimos anos. Para 2015, Lorenzo perdeu cinco quilos, treinando para recuperar a melhor forma, não apenas física, como mental. Porém, essa temporada não começou do jeito imaginado por Lorenzo e parecia que o espanhol teria outro ano para esquecer, mas ao chegar na sua casa, em Jerez, Lorenzo pareceu ter recebido uma transfusão e o piloto da Yamaha voltou aos bons tempo.

Após a sua vitória em Jerez, Jorge Lorenzo chegou à Le Mans ainda mais confiante e mesmo perdendo a pole ontem para Márquez, quando era o favorito a liderar o grid, Lorenzo fez outra de suas grandes largadas, subterfúgio aprendido para poder enfrentar Márquez nas duas últimas temporadas, e Jorge venceu hoje de ponta a ponta, praticamente sem ser muito ameaçado. A fase de Lorenzo já o coloca na vice-liderança do campeonato, apenas quinze pontos atrás de Rossi, que terminou em segundo. O Doutor, como sempre desde a criação da nova classificação na MotoGP, não estava bem colocado no grid, mas após uma boa largada, se posicionou em quarto, atrás das duas Ducatis de fábrica. Rossi não perdeu tempo e ultrapassou seus dois pupilos, Doviziozo e Iannone, com categoria, mas quando Lorenzo soube pelas placas que o segundo colocado era Rossi, o espanhol tratou de aumentar ligeiramente o ritmo e controlou qualquer ataque do companheiro de equipe. Rossi sabe que não tem a mesma velocidade de Márquez e Lorenzo, mas compensa isso com muita inteligência, fazendo táticas diferentes e sendo constante no campeonato. Em cinco corridas, foram cinco pódios para Rossi. Quem faz um campeonato assim é Andrea Doviziozo. A Ducati ainda não tem a constância de Yamaha e Honda nas corridas, mas o italiano segue marcando pontos importantes, com outro pódio, em terceiro lugar. Doviziozo, nos tempos de 250cc, que era conhecido como 'Calculadora', faz o mesmo agora, quase dez anos depois.

Se a Yamaha ficou com a dobradinha na França, a Honda tem muito com que se preocupar após a prova em Le Mans. Márquez fez uma manobra kamizake na primeira curva, que poderia lhe custar caro, mas o espanhol da Honda fechou a primeira volta em quarto, pressionado por Rossi, mas ao ser ultrapassado pelo italiano da Yamaha, Márquez não teve mais forças para brigar pela vitória. Após um erro, acabou ultrapassado pela Yamaha satélite de Bradley Smith, só dando o troco mais tarde. Quando Iannone perdeu rendimento devido aos problemas físicos que teve, quando deslocou o ombro num treino, o déficit de potência da Honda em relação à Ducati foi nítido, mas a briga entre Márquez e Iannone foi uma das melhores do esporte a motor em 2015. Márquez, com uma moto também nitidamente desequilibrada, terminou em quarto e começa a enxergar os pilotos da Yamaha de longe no campeonato, fazendo com que o tricampeonato fique cada vez mais longe. Hoje teve a volta de Daniel Pedrosa às corridas, após um mês e meio se recuperando de uma cirurgia no antebraço direito, mas para tristeza da Honda, que queria os pontos do espanhol, e de Dani, o espanhol errou ainda na primeira volta e não pontuou, mesmo terminando a corrida, todo ralado.

Após dois anos de dominação da Honda, a Yamaha hoje lidera o campeonato de pilotos com alguma folga, mas mesmo com Rossi na frente do campeonato, a fase é hoje de Jorge Lorenzo, que já está na segunda colocação e com duas vitórias consecutivas. Porém, a próxima corrida é na Itália. Terra de Valentino Rossi!

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