O campeonato de 1995 chegava à Monte Carlo sem nenhum favorito aparente. Damon Hill vinha de duas vitórias consecutivas, mas o triunfo de Michael Schumacher em Barcelona, o elevando a liderança do campeonato, deixava o certame aberto. Após uma conturbada relação com Ron Dennis na McLaren, Nigel Mansell se aposentou definitivamente da F1 e foi substituído por Mark Blundell, que já havia corrido no lugar do Leão em duas corridas em 1995. Outra mudança era um pouco mais dramática. Um ano antes, Karl Wendlinger era um potencial piloto de ponta quando bateu forte na chicane do porto, o deixando alguns dias em coma. O austríaco só retornou ao cockpit da Sauber em 1995, mas Wendlinger não era nem uma pálida sombra do forte piloto de 1994 e para preserva-lo, a Sauber resolveu substituí-lo pelo então campeão da F3000, além de piloto de testes da Williams, Jean Christophe Boullion. Para quem pensa que as equipes pequenas só sofrem hoje, há vinte anos atrás a Simtek anunciava que estava numa séria crise financeira. A equipe faria sua última corrida na F1 em Monte Carlo...
A classificação da quinta-feira foi dominada pela Ferrari, com Alesi sendo o pole provisório, com Berger em terceiro. Separando os carros italianos, Schumacher reclamou da chuva que apareceu no final do dia, pois o alemão acreditava que poderia ter feito o melhor tempo do dia. Contudo, Damon Hill voltou com tudo no sábado e com um tempo bem mais rápido do que Alesi na quinta, ficou com a pole. Quem também se recuperava era a outra Williams de David Coulthard, que pulou de sexto para terceiro. Schumacher foi atrapalhado por incidente com Frentzen na subida do Cassino nos treinos livres e acabou completando poucas voltas no sábado, mas ainda sendo capaz de ficar em segundo, mesmo que quase 1s mais lento. As dominadoras Ferraris da quinta desabaram no sábado, ficando longe da pole. Porém, o maior evento do sábado foi o bizarro incidente com Taki Inoue. O desastrado japonês tinha rodado e batido seu Footwork no complexo das Piscinas e Inoue estava dentro do carro, para ser rebocado, quando foi atingido pelo Renault Clio da organização, pilotado pelo ex-piloto de rali Jean Ragnotti. Inoue, que estava com os cintos desatados, sofreu um pequena concussão, mas pôde participar da corrida. Com o carro destruído, o chefe da Footwork, Jackie Oliver, não ficou nada satisfeito...
Grid:
1) Hill (Williams) - 1:21.952
2) Schumacher (Benetton) - 1:22.742
3) Coulthard (Williams) - 1:23.109
4) Berger (Ferrari) - 1:23.220
5) Alesi (Ferrari) - 1:23.754
6) Hakkinen (McLaren) - 1:23.857
7) Herbert (Benetton) - 1:23.885
8) Brundle (Ligier) - 1:24.447
9) Irvine (Jordan) - 1:24.857
10) Blundell (McLaren) - 1:24.933
O dia 28 de maio de 1995 estava quente e ensolarado em Monte Carlo, condições perfeitas para o Grande Prêmio de Mônaco. A largada sempre foi um momento tenso em Mônaco, pois se a reta dos boxes já não é muito larga, a primeira curva, a St. Devote é ainda mais estreita. Na luz verde, Hill e Schumacher saíram sem problemas, mas Coulthard saiu mais lento, e acabou espremido pelas duas Ferraris. Coulthard chegou a sair do chão. Os três carros ficaram pelo caminho, mas se alguns pilotos conseguiram desviar, a maioria acabou se envolvendo no incidente e a bandeira vermelha foi mostrada. Havia uma tradição da Ferrari levar dois carros reservas para Monte Carlo e por causa disso, Berger e Alesi estavam prontos para a relargada. Com os pilotos mais cautelosos, a segunda largada foi mais tranquila, com os três primeiros passando pela St. Devote tranquilamente, enquanto Alesi ultrapassava Berger.
Para essa corrida em Monte Carlo, a novidade do novo sensor no grid para flagrar pilotos queimando a largada fez com que seis (!) pilotos (Barrichello, Brundle, Montermini, Frentzen, Morbidelli e Panis) fossem punidos por queima de largada. Vinte anos atrás, a punição dada pelos comissários era bem mais severa do que atualmente: 10s parados nos pits. E nada de tocar no carro logo depois. Drive-Though? No way! Cinco pilotos acabaram tomando uma volta ainda no início prova! Andrea Montermini demorou mais de três voltas para cumprir sua punição e acabou desclassificado. Lá na frente, Hill conseguia abrir uma ligeira vantagem sobre Schumacher, chegando aos 2s na volta 10. Coulthard, por outro lado, estava tendo problemas com o seu carro reserva e tinha pedido contato com a Benetton de Schumacher, mas para sorte do escocês, Alesi e Berger também sofriam com problemas em seus carros reservas. Porém, o sofrimento de Coulthard duraria apenas dezesseis voltas, quando o escocês encostou seu Williams com a caixa de câmbio quebrada.
Com Hill na frente, seguido de perto por Schumacher, ficou a sensação de que as duas estrelas de 1995 estavam com estratégias parecidas. Ledo engano. Hill fez sua parada na volta 23, indicando claramente que o inglês da Williams pararia duas vezes. Hill voltou à pista em quarto, logo atrás das Ferraris, mas com Berger parando na volta seguinte, tudo o que Damon Hill precisava fazer era esperar que Schumacher e Alesi, que vinham à sua frente, parassem. Contudo, as voltas foram passando e nada de Schumacher ou Alesi pararem. O alemão fez sua parada na volta 35, ficando muito tempo nos pits reabastecendo seu Benetton, mostrando sua tática: Schummy pararia apenas uma vez. Sem querer, Alesi tinha feito todo o serviço para Schumacher. Com um carro mais equilibrado e mais leve, rapidamente Hill encostou na Ferrari de Alesi, mas sem conseguir ultrapassar, Hill ficou preso atrás do francês e quando Schumacher voltou à pista, ainda estava em primeiro. A corrida de Hill foi destruída naquele momento, pois só um milagre tiraria a vitória de Schumacher naquele momento.
Alesi tinha tudo para conseguir um pódio, mas tudo foi por água abaixo quando o retardatário Martin Brundle rodou na frente da Ferrari do francês e o choque foi inevitável. Fazendo uma corrida discreta, pois seu carro reserva estava com um motor desatualizado, Berger assumiu o terceiro lugar. Hill fez sua segunda parada, mas o seu segundo lugar não foi colocado em dúvida. A corrida fica estática até a bandeirada para Michael Schumacher, que vencia pela segunda vez consecutiva em 1995, aumentando sua vantagem para Hill no campeonato. Berger terminou a prova mais de um minuto atrás de Schumacher, enquanto o companheiro de equipe do alemão da Benetton, Johnny Herbert, completou já uma volta atrasado com relação ao seu vizinho de box. Blundell e Frentzen, esse se recuperando da punição na largada, completaram a zona de pontuação. Schumacher fez uma grande exibição em Monte Carlo, pois neutralizou a desvantagem de quase 1s que tinha para Hill na classificação e com uma tocada forte, surpreendeu o inglês ao andar próximo da Williams mesmo estando com o seu carro mais pesado. Havia na época a certeza de que, se Hill tinha o melhor carro, Schumacher era o melhor piloto!
Chegada:
1) Schumacher
2) Hill
3) Berger
4) Herbert
5) Blundell
6) Frentzen
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