domingo, 27 de janeiro de 2019

24 horas de um homem só

O fato de estar participando da tradicional 24 Horas de Daytona já fez de Fernando Alonso a grande estrela da corrida, mesmo a famosa prova ter tido vários destaques. Prova que abre o calendário automobilístico dos Estados Unidos, Daytona reuniu boa parte das estrelas americanas na sua corrida de Endurance e viu também Alessandro Zanardi dar outro exemplo que ele é uma lenda acima do esporte ao correr (e bem) com um BMW adaptado. Contudo, o espanhol sempre foi o centro das atenções. Correndo na equipe de Wayne Taylor, Alonso teria que enfrentar equipes muito fortes, enquanto seu Cadillac dava pinta de estar abaixo de Acura e Mazda, os dois carros rivais da icônica marca americana.

Acompanhado por Kamui Kobayashi, Jordan Taylor e Renger van der Zande, Alonso começou seu show particular quando assumiu o carro no segundo stint da prova. O espanhol iniciou uma corrida de recuperação impressionante, fazendo duas belas ultrapassagens sobre René Rast e Helio Castroneves para assumir a ponta da corrida. Não devendo nos esquecer que Rast e Helio tinham carros mais forte que o de Alonso nos treinos. Mostrando os degraus que estava acima dos rivais, Alonso despachou seus adversários e chegou a abrir mais de 20s. Porém, uma corrida de longa duração não é apenas velocidade pura. A sorte sempre entra na conta e bandeiras amarelas surgiram, além de uma chuva muito forte e um ex-piloto de F1 para fazer frente à Alonso. Quando a chuva apertou de vez, Alonso voltou para a pista e retornou a liderança, mas com a pista impraticável, foi a vez da bandeira vermelha dar as caras. Além de Felipe Nasr.

Atual campeão da IMSA, Nasr foi o único piloto capaz de rivalizar com Alonso em Daytona numa briga belíssima pela liderança na pista encharcada. Porém, Alonso soube usar seu maior talento para se sobressair à experiência que Nasr tinha com o carro para se manter na ponta quando a última bandeira vermelha apareceu e encerrou a corrida após duas horas de espera. Foram vários acidentes numa prova caótica e muita briga por posição nas quatro categorias (incluindo a vitória de Augusto Farfus na GTLM), mas a corrida teve como única estrela Fernando Alonso. Correndo num carro que não era o melhor do pelotão e contra pilotos com mais experiência do que ele nesse tipo de veículo e prova, Alonso deu um show no seco e no molhado, mostrando que ele é um piloto diferente. Ele teve a boa companhia de seus companheiros de carro, mas a impressão que ficou foi que Alonso ganhou sozinho em Daytona. Foi uma 24 Horas de um homem só. De um piloto excepcional chamado Fernando Alonso. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Schummy, 50

Atire a primeira pedra quem não tem a curiosidade de saber como está Michael Schumacher. Se está mesmo vegetando ou tem um mínimo de consciência. Se o alemão consegue interagir com as pessoas. A forma como a família de Schumacher o protege já ganhou ares de mistério, mas além da discrição que Michael sempre teve com sua vida pessoal, talvez a imagem que poderemos ver não seja a mais agradável. Completando 50 anos hoje, talvez a melhor lembrança que tenhamos de Michael Schumacher seja essa abaixo.


Ganhando e vitorioso como foi em sua incrível carreira.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Flash Gordon

Um dos pilotos mais carismáticos da Indy nos anos 1990 e dono de uma carreira das mais versáteis já vistos no esporte a motor, Robby Gordon competiu em praticamente todo tipo de veículo com quatro rodas nos Estados Unidos, seja dentro ou fora da estrada. Considerado uma promessa americana contra a invasão estrangeira na Indy, Gordon nunca cumpriu o que dele se esperava, mas o californiano sempre se caracterizou por sua pilotagem agressiva, vinda dos seus tempos em que competiu no off-road. Completando 50 anos nesse início de 2019, vamos ver um pouco da carreira desse piloto das antigas, um verdadeiro racer.

Robert W. Gordon nasceu no dia 2 de janeiro de 1969 em Los Angeles, nos Estados Unidos, dentro de uma família que respirava gasolina diariamente, com grandes pitadas de terra em corridas fora de estrada. O pai de Robby Gordon, que também se chamava Robert, era conhecido como 'Baja Bob' e foi um dos grandes pilotos das corridas de Baja, provas de longa duração em circuitos fora de estrada, normalmente disputadas com grandiosas picapes super-preparadas. São corridas muito populares na Califórnia e no México, culminando com a prova mais conhecida: o Baja 1000. Antes de completar 18 anos Robby Gordon começou a participar desse tipo de prova com sucesso, chegando a conquistar cinco títulos consecutivos. Mesmo muito popular em sua região, o Baja ainda era tratado com uma competição bastante local e sem maiores repercussões dentro dos Estados Unidos. Mostrando grande versatilidade, Gordon passa a fazer algumas corridas no asfalto. Robby Gordon era um piloto das antigas, onde estava correndo o maior tempo possível em qualquer tipo de carro. 

Em 1990 Gordon se transferiu para a IMSA, vencendo em sua classe as 24 Horas de Daytona e também as 12 Horas de Sebring. Ainda nessa temporada o americano participou de suas primeiras corridas na Nascar, logo na categoria principal e em 1991 estreou na famosa Daytona 500. Ainda conciliando as corridas dentro e fora da estrada, Gordon rapidamente percebe que era mais reconhecido em circuito fechados, mesmo se sentindo mais à vontade nas corridas de Bajas. Em 1992 ele entraria num mundo totalmente diferente do que estava acostumado, ao estrear na F-Indy bem no auge da categoria. Com um carreira totalmente distinta dos demais pilotos do grid, Gordon rapidamente se destaca com seu estilo agressivo e de ter um controle fora do normal do carro, muito graças a tocada nas corridas fora de estrada. Gordon faz sete corridas em circuitos mistos pela Chip Ganassi e em Cleveland o americano chegou a liderar uma volta e terminou a prova num honesto oitavo lugar. Já chamando atenção pela velocidade, Gordon é contratado pela equipe de A.J. Foyt em 1993. Longe dos tempos áureos, Foyt procurava ajudar jovens pilotos americanos e naquele momento Robby Gordon parecia ser uma aposta certeira. E o veterano acertou em cheio. Correndo com carro preto com o tradicional número 14, Gordon fez uma excelente primeira temporada completa na Indy, subindo ao pódio em Milwakee e Laguna Seca. O americano só não ganhou o tradicional troféu de novato do ano porque Nigel Mansell estava numa fase sensacional e venceu o campeonato pela Newman-Hass, mas Gordon mostrava que poderia ser uma boa aposta para o futuro americano da Indy. Seu capacete com a pintura da bandeira dos Estados Unidos reforçava essa sensação de que ele poderia enfrentar os gringos que invadiam a Indy.

Mesmo tendo a tradição do nome Foyt, Gordon sabia que precisava de uma equipe mais forte para brigar pelo título e se muda para a Walker em 1994, onde ostentaria o mítico carro da Valvoline. Com um bom conjunto e uma equipe praticamente trabalhando somente para ele, Robby Gordon entra definitivamente no rol dos pilotos de ponta da Indy. Sua velocidade e carisma logo o tornam um piloto bastante popular na Indy, lhe rendendo o apelido de Flash Gordon. Porém, 1994 seria um ano dominado pela Penske e Gordon teria que se contentar com a quinta posição no campeonato, sem nenhuma vitória, mas com duas poles. A primeira vitória de Gordon na Indy viria apenas em 1995, com um triunfo em Phoenix. Robby venceria também em Detroit, terminando o campeonato na mesma quinta posição do ano anterior. Com a Indy crescendo cada vez mais, Gordon se impacientava com a demora em explodir no campeonato. Sua velocidade permanecia intacta, mas seus erros aumentaram consideravelmente em 1996 e após vários abandonos, Gordon terminou apenas em 18º no campeonato. Desapontado, Gordon fez uma mudança radical na carreira e se mudou para a Nascar, onde fazia algumas corridas junto com a Indy. Porém, o principal motivo da saída de Gordon da Indy em tempo integral era que ele não poderia correr em provas de fora da estrada, sua antiga paixão. Outro fator foi que Gordon sempre fora dono de sua própria equipe, algo que não tinha sido possível na Indy. Se sentindo podado por contratos, Gordon resolveu sair da Indy, fazer boa parte das corridas da Nascar e ainda correr nos Bajas. 

Em 1998 retornaria à Indy pela equipe Arciero, não repetindo seus melhores resultados. No ano seguinte Gordon criou sua própria equipe, mas o americano nunca saiu das últimas posições, mas em compensação Robby participou das 500 Milhas de Indianápolis e conseguiu seu melhor resultado na famosa corrida, com uma quarta colocação. Na virada do milênio, Gordon passou a se dedicar mais à Nascar, utilizando a estrutura de sua equipe na Indy. As participações de Robby em monopostos ficaram restritas às 500 Milhas de Indianápolis, onde correu até 2004. O melhor ano de Robby na Nascar seria em 2003, onde conseguiu duas vitórias e foi 16º na classificação geral. Na verdade, Robby Gordon nunca foi um piloto de ponta na Nascar e encerrou sua carreira na categoria em 2013, onde também ficou conhecido como um piloto bem encrenqueiro. Na verdade, Gordon estava se dedicando a outros projetos, principalmente no fora de estrada, além de lançar uma marca de energéticos (Speed). Gordon participava ativamente de corridas fora de estrada, vencendo o Baja 1000 em 2006 e o Baja 500 em 2005 e 2013. Robby percebe que havia um tipo de corrida bem parecido com o que sempre amou e em 2005 o americano estreia no Rally Dakar pela equipe oficial da VW, vencendo duas especiais, se tornando o primeiro americano a fazê-lo. Rapidamente Gordon se apaixona pelo evento e por muitos anos participaria do Dakar, seja na África ou na América do Sul. Em 2006 Gordon passou a fazer as coisas do seu jeito e com uma equipe própria, passa a correr com um jipe Hummer, onde consegue o até agora único pódio em 2009. Robby Gordon passou por um momento muito triste em 2016, quando seus pais foram encontrados mortos e depois foi provado que seu pai matou sua mãe e depois se suicidou. Gordon estava participando de uma corrida e mesmo sabendo da tragédia, ele participou do evento. E venceu. Em compensação, seu filho Max já está acelerando como o pai, participando de corridas em fora de estrada. Se irá fazer mais do que o rapidíssimo Robby Gordon ou terá uma carreira tão rica e diversificada, só o tempo dirá!

Parabéns!
Robby Gordon