Quando Max Mosley substituiu Jean Marie Balestre em 1991 no comando da FISA, muitas pessoas ligadas às corridas e a F1 ficaram aliviadas em se ver livre do francês, que comandava a FISA de forma bastante pessoal, polêmica e com pulso bastante firme. Porém, os que ficaram aliviados devem ter esquecido de dar uma ligeira olhada na biografia de Mosley.
Para começo de conversa, Max era filho de Oswald Mosley, político inglês nos anos 1930 e que era líder do partido fascista inglês. Era público e notório que, se Hitler invadisse a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, Oswald Mosley seria o chanceler da Inglaterra. Preso e escorraçado da vida pública, Oswald teve dificuldades até mesmo de educar o pequeno Max, já que nenhuma escolha queria-o estudando em suas instituições. A muito custo Max Mosley se tornou advogado, mas sua paixão eram mesmo as corridas. Dono de uma carreira decente como piloto, Mosley sofreu um sério acidente na F2 e percebendo que não seria mais do que um piloto de pelotão intermediário na F1, encerrou sua carreira de piloto. Porém, Mosley continuou nas corridas e ajudou a fundar a March em 1969, logo no ano seguinte partindo para a F1.
Os anos de Mosley como chefe de equipe na F1 foram, no mínimo, controversos. Sempre pensando em ganhar dinheiro e deixando a ética de lado, Mosley conquistava contatos importantes na medida em que enterrava carreiras promissoras, como foi o caso de Alex Dias Ribeiro. Um dos contatos que Mosley conquistou foi o de Bernie Ecclestone. Dono da equipe Brabham, Bernie se apoiou nos conhecimentos de advogado de Mosley e juntos tornaram a FOCA uma gigante a ponto de incomodar a FISA, que na época já tinha como presidente o polêmico Jean Marie Balestre. A guerra FISAxFOCA quase destruiu a F1, mas Ecclestone tornou-a ainda mais forte após a confusão, mas ainda restava ao inglês se livrar de Balestre. Desgastado com todos ao redor com suas tomadas de decisões autoritárias, Balestre perdeu de vez o apoio da opinião pública quando entrou numa guerra particular com Ayrton Senna a partir de 1989, não apenas o melhor piloto da época, mas o mais popular.
Sem poder assumir a FISA, Ecclestone colocou seu fiel escudeiro Max Mosley como candidato à eleição da FISA, ganha por Max. Haviam boas expectativas com a chegada de Mosley ao poder, mas não demorou muito para todos perceberem que Mosley dançaria a música que Ecclestone quisesse. Mosley praticamente entregou a F1 nas mãos de Ecclestone e fazia de tudo para manter o interesse da F1 o mais alto possível. Quando a Ferrari começou a dominar a F1 como poucas vezes se viu, Mosley resolveu meter seu bedelho nos regulamentos da F1 e foram criadas novas regras para trazer 'emoção' às corridas. Eram os 'Pacotes de Max'. Como bom político que era, Mosley jogava balões de ensaio com algumas ideias estapafúrdias, como equipes trocando de piloto a cada corrida, para serem imediatamente vetadas pelas equipes de F1. Contudo, se algumas ideias eram vetadas, por outro lado Mosley fazia-se aceitar as ideias que ele queria implementar de verdade.
Desgastado com as equipes de F1 por seus sucessivos pacotes e imposições, Mosley tinha um popularidade similar ao de Balestre no final do mandato do francês. Além da F1, as montadoras do WRC estavam iradas com as ideias de Mosley e muitas abandonaram a categoria quando vivia um ótimo momento na primeira metade dos anos 2000. Porém, foi um escândalo sexual em 2008 que derrubou Max Mosley do seu pedestal como presidente da FIA. Um vídeo de sadomasoquismo com cunho nazista envolvendo Mosley arruinou sua reputação e muitos pediram sua saída da FIA, o que acabou acontecendo em 2009. Mosley ganhou o processo contra o 'News of the World, que publicou o vídeo, mas com tantos inimigos ganhos ao longo dos anos, já beirando os 70 anos e com a morte traumática do seu filho, Max Mosley resolveu ficar mais reservado nos últimos anos. Para alegria de muita gente, diga-se.
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