domingo, 28 de abril de 2024

Bonança após a tempestade


 Foi uma semana de pesadelo para a Penske. Conhecida por sua excelência nas pistas, o time de Roger Penske viu sua credibilidade abalada com uma punição na prova em St Petersburg por uso indevido do push-to-pass, causando um tremendo rebuliço na Indy, lembrando que Roger é dono da Indy e do IMS. Porém, a Penske mostrou que não precisa de subterfúgios fora do regulamento para vencer uma corrida. Em Barber, Scott McLaughlin e Will Power escaparam das armadilhas estratégicas para conquistar uma dobradinha e fazer Roger esquecer um pouco a semana mais controversa da história de sua equipe.

Largando na pole, McLaughlin só não liderou a grande maioria das voltas por causa das inúmeras bandeiras amarelas na estranha corrida no Alabama. O auge da bizarrice ocorreu quando um manequim caiu ao lado da pista, vindo de uma ponte de acesso. Isso já entrou no folclore do automobilismo mundial. Christian Rasmussen se envolveu em inúmeros toques e protagonizou a última bandeira amarela, numa altura em que McLaughlin e Power já tinham uma boa vantagem sobre os demais. Com tantas interrupções, as equipes se dividiram na estratégia de duas ou três paradas, com suas variantes. A Penske escolheu não economizar com seus pilotos, enquanto a Ganassi com Alex Palou optou por ser manter na pista e economizar o que desse. Vantagem para a turma da Penske, que venceu com a sua dupla oceânica.

Após triunfar de forma categórica semana passada, Scott Dixon cometeu um incaracterístico erro ao tentar uma manobra otimista em cima de Graham Rahal, por sinal, manobra idêntica tentou Pato O'Ward, novo vencedor de St Pete por toda a polêmica da Penske, e o mexicano acabou por tirar Pietro Fittipaldi da pista logo depois. Os dois vencedores de corrida oficiais da Indy até ontem tiveram um domingo esquecível, fazendo com que Power, mesmo perdendo dez pontos por tudo o que aconteceu em St Pete, assumisse a liderança do campeonato. Foi uma semana terrível, onde a Penske teve que se entender com Indy, incluindo pilotos, equipes e fãs, mas dentro da pista, o time mostrou sua força.

Foi para isso que ele veio

 


Ao surgir como grande fenômeno das categorias de base, Marc Márquez foi quase que imediatamente 'adotado' pela Honda, que o colocou na equipe oficial e não se arrependeu com essa escolha, pois logo na estreia da MotoGP Marc conquistou seu primeiro título, que viraria seis em sete anos. Porém, nem tudo é um morango e não apenas Márquez, com seu acidente em 2020, como principalmente a Honda mudou. A outrora poderosa equipe nipônica ficou para trás, atropelada pelas motos europeias, deixando um convalescente Márquez sofrendo ainda mais, pois o espanhol não conseguia ser competitivo na mesma moto que lhe deu tanto e numa marca que o acolheu. Para 2024 Márquez fez a difícil escolha de sair da sua casa na Honda e enfrentar o desafio de ir para uma equipe satélite, mas que usava a melhor moto do pelotão, a Ducati. Uma escolha duvidosa, mas que já começa a se pagar.

Hoje Jerez viu mais uma corrida épica da MotoGP, tendo Marc Márquez como um dos protagonistas. Largando na pole, após uma classificação no molhado, Márquez foi imprensado pelo líder Jorge Martin e logo depois foi ultrapassado lindamente por Pecco Bagnaia, que fez uma manobra de levantar as sobrancelhas ao passar Bezzecchi e Márquez por fora na Dry Sack. Marc ainda foi ultrapassado por Bezzecchi, enquanto Martin e Bagnaia batalhavam pela ponta, com Pecco mostrando ter mais equipamento. Como é comum nesses casos, o piloto que está forçando para se manter no ritmo está mais suscetível à erros e Martin acabou errando sozinho na Dry Sack, entregando a liderança para Bagnaia, que cortou boa parte da diferença que Martin tinha no campeonato. No entanto, Márquez já havia ultrapassado Bezzecchi e ainda restavam onze voltas para o fim. Marc foi tirando a diferença, principalmente no terceiro setor, em curvas de alta, onde a coragem faz a diferença.

Bagnaia e Márquez já brigaram pela ponta outras vezes, como em Aragão em 2021. Os dois se conhecem muito bem e quando Marc tirou toda a diferença, começou uma luta histórica, com Bagnaia querendo se estabelecer como bicampeão e capitalizar o erro de Martin, enquanto Márquez tentaria um retorno rumo a uma vitória que não vê a quase mil dias. Como sempre, Márquez foi agressivo, principalmente na forte freada da curva 10, bem na frente do barranco onde estava boa parte da torcida espanhola. Houve um toque entre os dois, mas Bagnaia foi resiliente o suficiente para se manter na ponta e aproveitando o equipamento superior, soube se impor nas duas últimas voltas para voltar a vencer no campeonato e já se colocar, bem grande, no retrovisor de Martin no campeonato.

Contudo, a notícia do dia foi o retorno de Marc Márquez como um real contender às vitórias. Quando ele trocou a Honda pela Gresini, foi para exibições como a que vimos hoje e a vitória tende a acontecer em breve para o espanhol. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Punição retardada


 A quarta-feira foi bastante movimentada por um motivo ruim e ao mesmo tempo inusitado na Indy. Mais de quarenta dias após a corrida em St Petersburg, tendo realizado duas corridas nesse meio-tempo (só uma valendo pontos), a Indy anunciou que a Penske, que dominara a corrida na Flórida, teve dois carros dos seus carros desclassificados, juntamente quem subiu no pódio naquele dia, o vencedor Newgarden e o terceiro colocado McLaughlin, enquanto o quarto colocado Will Power subiu para segundo, mas perdeu dez pontos no campeonato.

Tudo isso por uma irregularidade no push-to-pass, que é previamente programado a não funcionar durante as relargadas, porém, num erro inacreditavelmente amador para um time como a Penske, a equipe simplesmente se esqueceu de tirar o dispositivo que havia sido testado durante os ensaios com os carros híbridos e estava sem restrição. Foi provado que Newgarden e McLaughlin se beneficiaram do dispositivo que não era para estar no carro, enquanto nada foi provado contra Power. A notícia caiu como uma bomba no universo da Indy, principalmente sabendo da excelência da equipe Penske, além de que Roger é simplesmente o dono da Indy.

As especulações já começaram a surgir, principalmente com uma punição tão dura, mas tão atrasada. No entanto, foi uma mancha significativa na equipe Penske.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Figura(CHN): Lando Norris

 A McLaren chegou à Xangai pessimista pelas características da pista chinesa. Andrea Stella falava em contenção de danos. No entanto, faltou 'combinar' com Lando Norris. O inglês da McLaren teve um final de semana sensacional, onde foi pole da Sprint Race com pista molhada, conseguiu ficar na segunda fila no grid para a corrida principal e na prova, fez um trabalho sólido para capitalizar os dois Safety-Cars e conseguir um surpreendente segundo lugar, separando os dois pilotos da Red Bull, no que parecia uma dobradinha certa, superando com relativa facilidade da dupla da Ferrari, que tem no momento o segundo melhor carro do pelotão. Lando Norris entregou mais do que o potencial do seu McLaren e sua vitória já é mais do que merecida. É questão de tempo.

Figurão(CHN): Lewis Hamilton

 Os números não negam que Lewis Hamilton está no olimpo dos grandes da história da F1. São mais de cem vitórias e poles, além de sete títulos mundiais. Por melhor que seja seu carro, ninguém faz isso em vão. Lewis é muito, muito bom. No entanto, na comparação com outras grandes lendas da F1, Hamilton peca num quesito que ficou explícito na corrida dessa domingo: a mentalidade. Senna, Schumacher e o próprio Max Verstappen já se viram em situações desfavoráveis durante a carreira e nem por isso ficaram chorando pelos cantos (ou pelo rádio) para se justificar suas corridas ruins. Eles trabalharam firme com suas equipes para conseguir evoluir e muitas vezes entregaram mais que o potencial que os carros que pilotavam. Mesmo não duvidando que Hamilton esteja trabalhando firme para melhorar seu carro, a forma como o inglês reclama de tudo via rádio irrita, dando a sensação de que bastava Lewis mostrar seu talento para que ele saía das enrascadas que se vê metido pelo terceiro carro errático consecutivo da Mercedes. Hamilton, contudo, canaliza tanto suas frustrações no carro, que ele poderia fazer um trabalho melhor, algo que seu companheiro de equipe vez fazendo. Corridas como a de domingo fazem com que muitos duvidem da qualidade de tudo que Lewis Hamilton conquistou. 

domingo, 21 de abril de 2024

Maquinista do trem


 Ver lendas dos esporte sempre é prazeroso e quem acompanha a Indy tem a sorte de assistir Scott Dixon na pista. O neozelandês da Ganassi já é um dos maiores pilotos da Indy, com inúmeros títulos e vitórias, algumas delas contando com a astúcia de Dixon. Hoje foi o caso. Scott Dixon largou apenas em oitavo, mas sabendo usar da estratégia, o veterano piloto soube se colocar na ponta e segurar um trem de pilotos bem mais rápidos do que ele para faturar a tradicional corrida em Long Beach, garantindo incríveis vinte temporadas consecutivas com pelo menos uma vitória na Indy.

A corrida em Long Beach foi separada em duas, quando o novato Christian Rasmussen encostou no muro após o famoso Hairpin e acabou batendo mais forte algumas curvas depois. A bandeira amarela apareceu na volta 18, bem no meio do primeiro stint, fazendo com que pilotos e equipes tivessem que fazer uma escolha estratégica. Até aquele momento a corrida era dominada por Will Power, que ultrapassou o pole Felix Rosenqvist na primeira volta e liderava com facilidade. No entanto, o australiano da Penske e um punhado de pilotos foram aos pits nesse momento, enquanto praticamente outra metade ficou na pista, liderados por Josef Newgarden.

Mesmo sendo um circuito de rua, essa acabou sendo a única bandeira amarela do dia, o que atrapalhou a turma que parou mais cedo, que incluía Scott Dixon. O piloto da Ganassi era o segundo no grupo que pararam junto com Power e ultrapassou o piloto da Penske logo depois da relargada, passando a ser o primeiro dessa turma. A corrida transcorreu normalmente, o que fazia com que os pilotos que pararam mais cedo tivessem que fazer uma corrida de economia radical de combustível, enquanto a outra turma poderia queimar metal à vontade. Isso, claro, com todo mundo parando duas vezes. No último stint, Dixon emergiu na frente, mas tinha Newgarden sem nenhuma reserva para acelerar e rapidamente o americano, que completou duzentas corridas na Indy hoje, encostou em Scott. E ainda restavam mais de quinze voltas.

Numa das corrida mais tensas e emocionantes dos últimos tempos, Scott Dixon fez sua mágica ao economizar combustível, ao mesmo tempo que administrava muito bem os ataques de Newgarden, que preso atrás de Dixon, viu Herta e Palou encostaram. Logo os quatro primeiros andavam juntos, tendo que serpentear entre retardatários. Numa dessas, Herta bateu na traseira de Newgarden, fazendo o piloto da Penske perder muito tempo na saída do Hairpin e cair para quarto, tendo que enfrentar os ataques de Marcus Ericsson, que entrara na festa. A corrida foi chegando ao fim e somente a classe e o talento de Scott Dixon foi capaz de fazê-lo segurar a ponta até a bandeirada, liderando um trem de quatro carros próximo a ele. São vitórias assim que fazer de Scott Dixon numa lenda do automobilismo.


Passeio chinês


O resultado foi o mesmo de sempre. Vendo o que aconteceu na Sprint, era difícil de imaginar algo diferente do que foi visto no domingo. Max Verstappen massacrando os rivais. Se não fosse o Safety-car, a diferença de pouco mais de 13s para o segundo colocado Norris seria ainda maior. Max e o modelo RB20 simplesmente não tem rivais nesse momento, principalmente numa corrida ocorrida em condições normais.


Porém, não podemos afirmar que a corrida realizada no circuito de Xangai foi chata ou ruim. Provavelmente foi melhor que as demais nesse começo de temporada 2024, pelas alternativas trazidas pelos dois Safety-Cars no meio da corrida, sem contar o alto desgaste de pneus que sempre caracterizou a pista chinesa. Porém, isso não fez com que Verstappen tivesse um trabalho hercúleo para administrar a prova após apontar da curva 2 na frente, quando viu Fernando Alonso fazer magia na largada e chegar a colocar seu Aston Martin de lado na curva 1. Max simplesmente despachou os adversários e só os viu mais de perto durante os períodos de SC. Sua vitória de número 58 só confirma um domínio avassalador na F1 atual, onde o piloto da Red Bull segue impávido rumo ao tetracampeonato. 


Contudo, do segundo lugar para trás a corrida teve muita história para contar. Surpreendido pela largada impressionante de Alonso, Pérez respirou fundo e usando a força do seu carro, ultrapassou o espanhol poucas voltas depois, mas se encontrando 5s atrás de Max, porém, indicando uma corrida solitária do mexicano. Era a mostra de mais uma dobradinha da Red Bull, mas dois SCs estragou definitivamente a tática de Checo. Quando fez sua primeira parada, Pérez estava no meio do pelotão, já que Norris e Leclerc resolveram esticar o primeiro stint. O motor quebrado de Bottas ajudou sobremaneira Norris e Leclerc, que pararam durante a neutralização da corrida e como na relargada houve mais um incidente que trouxe Bernd Maylander de volta à pista, Lando e Charles teriam mais chances de conservar seus pneus nas voltas finais, complicando a vida de Pérez, que forçou seus pneus para ultrapassar Leclerc, mas acabou sem borracha para atacar Norris, que garantiu um excelente segundo lugar, numa pista onde a McLaren esperava reduzir os danos e acabou no pódio. Pérez vem fazendo uma temporada melhor do que a anterior e está confortavelmente na vice-liderança do campeonato, mas quando ele não completa uma dobradinha após uma corrida dominante de Verstappen, sem sombra de dúvidas isso chama a atenção e aumenta a pressão sobre Checo, que não teve seu contrato renovado e vê a Red Bull claramente conversando com outros pilotos.


Já com o contrato renovado com a Aston Martin, Fernando Alonso percebeu que a equipe verde não tem mais um carro tão forte como no ano passado e por isso resolveu se divertir. No sábado, Alonso não ligou para o desgaste de pneus e se defendeu como se não houvesse amanhã dos ataques de Sainz, Pérez e Leclerc, proporcionando uma das melhores corridas Sprint da curta história da experiência. No domingo Alonso efetuou uma largada extraordinária, tentou um ataque à Verstappen, mas sucumbiu à força da Red Bull. Parecia que Alonso teria uma corrida burocrática pela frente, mas um erro estratégico da Aston Martin durante os períodos de SCs fez com que Fernando fizesse uma terceira parada e se tornasse o piloto mais rápido das voltas finais, realizando várias ultrapassagens até ele retornar ao sétimo lugar. Mais pontos para a Aston Martin, que como se tornou usual, não pôde contar com Lance Stroll, que cometeu um erro estúpido na primeira relargada e acertou em cheio a traseira de Ricciardo, que na sequência bateu em Piastri, que teve seu carro danificado, mas permaneceu na pista, enquanto Daniel continuava sua dramática temporada com outro abandono. O mais incrível é que Lance não assume seus erros e a punição de 10s ficou até barata pelo estrago que o canadense fez. Lance vive numa bolha onde ele não erra, em qualquer setor da vida, incluindo a profissão que ele escolheu (ou lhe foi imposta pelo pai?) que é ser piloto de corridas. É cada vez mais flagrante que Lance Stroll não merece estar na F1.


A Ferrari fez uma corrida chinfrim para quem se autointitula como segunda força do campeonato. Logo de cara seus dois pilotos se atrapalharam na largada e com isso perderam duas posições. Leclerc se recuperou mais rapidamente e dessa vez andou na frente de Sainz a corrida inteira. Numa pista de alto desgaste de pneus, a Ferrari parar apenas uma vez demonstra a evolução da equipe nesse quesito, além de Charles ter tido sorte com o SC na hora certo, porém, isso não lhe deu um pódio, relegando-o ao quarto lugar, com Sainz mais de 10s atrás, tendo que enfrentar a pressão de Russell no final. Toto Wolff já revelou que a Mercedes, equipe que parecia infalível nos seus anos, errou mais uma vez no carro em 2024. Liderando a equipe no momento, Russell ainda salvou um sexto lugar, mas longe de brigar por algo melhor, enquanto Hamilton, que errou na classificação e largou na penúltima fila, fez uma corrida de recuperação com pitadas de lágrimas via rádio. Foi irritante a forma como Hamilton se lamentava do seu carro. Essa mentalidade chorosa de Lewis é bem distinta dos grandes pilotos da história. 


Com Stroll sendo Stroll, restou apenas uma vaga na zona de pontuação para as demais equipe e ela acabou ficando com Hulkenberg, que fez uma corrida sólida para ser décimo. Bottas era o favorito a ficar com esse lugar, mas o motor estourado acabou com os sonhos dele e da Sauber. As cenas pós-corrida de Zhou sendo ovacionado pela torcida, não importando sua posição final (14º) foi dos pontos altos do final de semana. A Alpine mostrou uma pequena melhoria e Ocon chegou a sonhar com os pontos, mas acabou atropelado por Alonso para terminar em 11º, logo à frente de Albon. Se Hulk marca pontos, Magnussen marca punições, com outro incidente que lhe fez ser punido, ao tocar em Tsunoda num incidente completamente evitável.


No retorno chinês ao calendário da F1, Max Verstappen venceu pela primeira vez na pista xangaiense e da mesma forma como fez nos últimos dois anos. Dominando, parecendo que estava passeando a 300 km/h. O que Max vez fazendo na F1 atual é algo ao mesmo tempo impressionante e assustador. No suprassumo do automobilismo, Verstappen brinca de vencer. Depois da corrida a Red Bull falou: "Max não é humano". A falta de erros e a vontade de continuar dominando faz parecer que Max Verstappen comprou o game F1 2024 antecipado e está jogando no modo fácil. Realmente parece algo sobre-humano. 

sábado, 20 de abril de 2024

Sábado daqueles

 


Esse sábado será lembrado com algum carinho por Max Verstappen, além de um momento de reflexão. A F1 tem no seu grid os melhores pilotos do mundo, onde muitos deles se sacrificaram bastante, além de suas famílias, para chegar na principal categoria do automobilismo. Não tem bobo na F1, mesmo com Strolls e Sargeants por ali. E você conseguir exercer um grande domínio na F1 é algo muito grande. Max Verstappen conseguiu a pole para a corrida principal e a vitória na Sprint Race com tamanha facilidade que faz o neerlandês num dos grandes, mesmo tendo em mãos mais uma obra-prima de Adrian Newey. Na corrida curta, Max ainda enfrentou um ligeiro problema na bateria antes de atacar quem vinha pela frente e meter mais de 10s no segundo colocado Hamilton, que horas mais tarde amargaria uma decepcionante eliminação no Q1. E vendo a Sprint não se pode dizer que a F1 está excessivamente chata. A disputa pela terceira posição envolvendo Alonso, Sainz, Pérez e Leclerc foi a melhor disputa do ano, mesmo que grande protagonista da contenda, Alonso, tenha sido o principal prejudicado. Todos esses pilotos citados já venceram corridas e alguns campeonatos, mas nada parece parar Verstappen, que teve um sábado daqueles.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Vinte anos da consagração de Rossi


Valentino Rossi confirmava tudo que se esperava dele e conquistara três títulos seguidos na MotoGP, mas havia quem dissesse que o fator que estava fazendo diferença à favor do italiano era a força da Honda, algo que os japoneses não escondiam que concordavam. Isso causava alguns atritos entre Honda e Rossi, que pensou que era ele e não a moto, que estava fazendo a diferença. Por isso que todos ficaram estupefatos quando Valentino anunciou que estava abandonando a Honda para se transferir para a Yamaha, que passara o ano de 2003 em branco e estava em crise técnica. A Honda teve seus brios feridos e contratou Alexandre Barros e Max Biaggi, um dos que mais instigavam que o motivo do domínio de Rossi era pela enorme diferença que a Honda tinha para as demais.

No dia 18 de abril de 2004, no circuito sul-africano de Welkom, um tira-teima de tirar o fôlego aconteceu na abertura da temporada da MotoGP. De um lado Rossi queria provar que ele poderia vencer em qualquer moto. Do outro, a Honda queria provar que qualquer que tivesse uma de suas motos venceria na MotoGP. E se fosse com o inimigo declarado Biaggi, ainda melhor!

A corrida em Welkom foi amplamente dominada por Rossi e Biaggi, que disputaram palmo a palmo a vitória. Nas últimas voltas, Vale fez uma ultrapassagem ousada em cima de Biaggi, que mesmo tentando de tudo, não impediu a vitória de Rossi. Era a primeira vitória da Yamaha desde 2002. Com Biaggi...

Valentino Rossi vibrou como nunca, chegando a sair da moto e beija-la, antes de sentar ao lado do guard-rail, em claro momento de júbilo. Aquela vitória, considerada impossível para muitos, foi apenas o início da belíssima e premiada parceria entre Valentino Rossi e a Yamaha.

domingo, 14 de abril de 2024

Top Gun

 


Numa corrida de tirar o fôlego, Maverick Viñales deu uma volta por cima emocionante nessa tarde em Austin. Após sair da Yamaha pelas portas dos fundos em 2021 e acusado de ter tentado quebrar sua moto de propósito, Viñales achou abrigo na Aprilia, muito influenciado pela sua amizade com Aleix Espargaró. A moto italiana foi das melhores em 2023 e iniciava essa temporada em franca evolução, fazendo com que Maverick crescesse junto, culminando num final de semana próximo da perfeição em Austin, onde foi pole, venceu a Sprint e com a vitória na categoria principal, Maverick Viñales se tornou o primeiro piloto a vencer por três marcas diferentes na era da MotoGP (Suzuki, Yamaha e Aprilia).

A corrida em Austin nem parecia tão boa para Maverick em seu início. O espanhol da Aprilia largou mal e ao ser espremido por Bagnaia na curva um, acabou desabando para nono lugar. Lá na frente a sensação Pedro Acosta liderava pela primeira vez na MotoGP, mas o jovem espanhol e nem ninguém no primeiro pelotão teria sossego numa corrida eletrizante. Acosta tinha a companhia de Jorge Martin e Marc Márquez, com os três trocando de posição de forma insana nas primeiras voltas, enquanto Bagnaia se aproximava da briga. Márquez chegou a encostar em Martin numa tentativa para lá de otimista na última curva, mostrando que em Austin, uma das pistas que mais favorece Marc, ele estava muito forte. Márquez assumiu a ponta, mas sabia que nas freadas Acosta estava muito forte e na entrada da curva 11, acabou perdendo a frente e caindo, para desgosto de todos que acompanhavam a prova, além de sua equipe, que na volta anterior tinha perdido o outro Márquez.

Isso deixava Acosta na ponta, mas a ascensão de Maverick era simplesmente imparável. O espanhol da Aprilia atropelou quem vinha pela frente, começando por Jack Miller e logo depois a dupla da Ducati oficial, com Bastianini já na frente de Bagnaia, que uma corrida bastante apagada na sua metade final. Martin também mostrava dificuldades e praticamente não colocou muita objeção aos ataques de Viñales. Restava Acosta. O piloto da KTM tinha a primeira vitória ao seu alcance, mas Maverick se mostrou forte demais e Viñales assumiu a ponta para não mais perdê-la até a bandeirada, ficando claramente emocionado quando garantiu mais uma vitória, com a terceira moto diferente. Acosta mostrou mais uma vez que poderá se tornar um fenômeno tão incrível como Márquez, terminando em segundo e se garantindo como a melhor KTM do pelotão, mas o mais importante foi a capacidade de Acosta de enfrentar as grandes estrelas da MotoGP de igual para igual. Bastianini ainda teve tempo de tirar Martin do pódio e se garantir na vice-liderança do Mundial, apenas 21 pontos atrás de Martin, que faz campanha descarada para tirar o lugar do próprio Enea na equipe oficial da Ducati. Bela resposta de Bastianini.

Foi uma corrida daquelas na MotoGP, dando um prospecto de uma campeonato sensacional pela frente, com o crescimento da Aprilia, que quebrou uma sequência de onze vitórias consecutivas da Ducati, fazendo aumentar a confiança de Maverick. Quando parar de cair e se acostumar mais à nova moto, Márquez sempre brigará por vitórias, enquanto Acosta já é uma realidade. Uma realidade assustadora para os seus rivais, enquanto a Ducati, que se gaba de ter tantos pilotos na ponta, pode se perder em não apostar as fichas em apenas um deles. Isso, sem contar mais um vexame das motos japonesas, com Quartararo decepcionando em sua primeira corrida após renovar seu contrato com a Yamaha, deixando para lá um convite da Aprilia. Com a demonstração de hoje, Fabio poderá se arrepender amargamente de sua escolha, algo que Maverick Viñales simplesmente não o faz. 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Figura(JAP): Honda

 Alguns anos atrás, a Honda sofreu a humilhação pública de Fernando Alonso quando o espanhol chamou o motor Honda de 'GP2 Engine', num rádio que entrou para a história. Porém, a Honda deu a volta por cima e correndo em casa, se aproveitou da excepcional fase da Red Bull e seu modelo RB20 para conquistar uma fácil dobradinha na edição 2024 do Grande Prêmio do Japão. Para completar, seu piloto protegido, Yuki Tsunoda, fez uma bela corrida para marcar um ponto com a décima posição, derrotando a Aston Martin de Lance Stroll, numa das melhores corridas do japonês, na frente de sua torcida, que vibrou como nunca em cada ultrapassagem de Yuki. Na pista de sua propriedade, a Honda teve um dia inesquecível, bem longe do 'GP2 Engine'.

Figurão(JAP): Alpine

 Oh mon Dieu! A Alpine continua o calvário que está sendo a temporada 2024 da F1, com outra corrida horrorosa do time bancado pela tradicional Renault. Em Suzuka, a Alpine viu seus dois pilotos baterem na largada, um toque de leve, mas que segundo Ocon e Gasly, fizeram com que perdessem downforce e a corrida dos dois gauleses tiveram uma corrida onde foram ultrapassados por quem quer que se aproximasse deles, mostrando também o quão pouco potente é o motor Renault híbrido, que dez anos atrás tantas críticas a Red Bull fez. Passado tanto tempo, aparentemente os motores franceses continuam atrás das concorrentes e com uma equipe à deriva, com seus dois pilotos tomando 30s de Bottas e só não ficaram em último pelo erro do onipresente Sargeant, o grande nome da Renault vai indo para a vala das marcas derrotadas.

domingo, 7 de abril de 2024

Sono, pneus e domínio

 


O circuito de Suzuka está entre os grandes palcos da F1, tanto pelas grandes histórias que a pista nipônica já viu e a grande tradição de decidir títulos, como a pista espetacular, de alta velocidade e extremamente desafiadora. Contudo, Suzuka parece ter envelhecido mal e não podemos simplesmente culpar a atual geração de carros da F1, de dimensões exageradas e 'gordo'. Em pista seca, quantas corridas foram realmente boas em Suzuka nos últimos vinte e cinco anos? Sim, tivemos a épica corrida de 2005, muito afetada pela chuva no sábado em tempos de uma classificação diferente, mas de resto, Suzuka nos trouxe corridas soníferas como a de hoje. Claro, Max Verstappen e a Red Bull não têm nada com isso. O fato de Max estar atuando num nível altíssimo e a Red Bull estar com outro carro dominante na sua história não impede de ter corridas boas. Porém, a corrida nipônica teve como característica o alto desgaste de pneus, mas não impediu outra dobradinha da Red Bull e Carlos Sainz novamente como o melhor do resto.


Como dito anteriormente, a corrida em Suzuka não foi das mais emocionantes e quem passou a madrugada vendo a corrida deve ter dado bons cochilos, ainda mais com uma longa bandeira vermelha logo na primeira volta. Daniel Ricciardo deu mais um bom motivo para ser ejetado da Racing Bulls e da própria F1 com um erro bobo para um piloto tão experiente como ele, ao tocar em Albon e os dois baterem forte, destruindo a barreira de pneus. Mais um enorme prejuízo para a Williams, que vem sofrendo com os acidentes nesse começo de temporada, levando James Vowles a puxar os cabelos com tantas peças sobressalentes destruídas. E Sargeant é outro que pode seguir Ricciardo e não ver 2025 empregado na F1, ao sair sozinho da curva Degner e terminar a corrida num distante último lugar. A estreiteza de Suzuka fez com que a segunda largada fosse ainda mais tranquila do que a primeira e o velho script se repetiu: Max Verstappen sustentando a primeira posição para administrar a corrida até o final. Sim, isso foi bem o resumo da corrida do neerlandês, que mais apareceu na transmissão fazendo propaganda do que propriamente na pista. Sergio Pérez teve ligeiramente mais trabalho quando Lando Norris parou cedo e como os pneus se mostraram um fator nesse domingo, o mexicano acabou retornando do primeiro pit-stop atrás do inglês. Sem maiores problemas para Checo, que depois teve que ultrapassar um Leclerc com estratégia diferente para completar mais uma dobradinha para a Red Bull e consolidar a vice-liderança do campeonato.


No começo da semana se falava em chuva no domingo, mas a precipitação só veio na sexta-feira, deixando as equipes sem maiores testes, principalmente em ritmo de corrida, mas com pneus novos de sobra para uma corrida com muitas alternâncias de estratégia. Ao invés de chuva, o domingo amanheceu com sol e o dia mais quente do final de semana, fazendo com que o desgaste de pneus realmente fizesse a diferença. Norris manteve a terceira posição na largada, seguido de perto por Sainz, enquanto Alonso, um dos poucos que largou com pneus macios, se virava para se manter em sexto sem destruir os pneus e se manter competitivo. E mais uma vez Fernando mostrou que é mesmo um piloto diferenciado para manter a posição, mesmo com Piastri e Leclerc lhe fustigando. Norris foi dos primeiros que pararam e mostrou uma clara diferença entre pneus novos e velhos, com Lando conseguindo fazer um tranquilo undercut em cima de Pérez e até mesmo ficando próximo de Verstappen, mas logo a dupla da Red Bull colocou ordem na casa. Largando apenas em oitavo depois de uma classificação miserável, Leclerc tentou fazer uma tática diferente que acabou se pagando. Charles arriscou parar apenas uma vez e mostrando a evolução da Ferrari no quesito desgaste de pneus, Leclerc fez funcionar essa estratégia, só perdendo o lugar no pódio para Sainz no final da prova, com a Ferrari praticamente pedindo para os dois trocarem de posição. Largando atrás de Norris, era nítido que Sainz tinha mais ritmo e que a Ferrari desgastava menos pneus do que a McLaren. Hoje a Ferrari tem o segundo melhor carro do pelotão e em Suzuka isso ficou claro com os dois carros vindo logo atrás da Red Bull, mas o que a cúpula da Ferrari não esperava era que Sainz estivesse constantemente superando Leclerc, piloto do time até 2028, enquanto Sainz cumpre aviso prévio e sem lugar definido para 2025.


Norris terminou em quinto e ao contrário do ano anterior, Piastri não brilhou. O australiano errou bastante, principalmente na chicane. Mesmo com um carro superior, Piastri não fez nenhum ataque mais forte em cima de Alonso, que segurou a sexta posição sem maiores arroubos, enquanto Piastri, atrapalhado por mais um erro na chicane, ainda perdeu a sétima posição para Russell. A Mercedes teve um final de semana bem safado, onde foi coadjuvante o tempo inteiro, com um carro claramente num ritmo abaixo de Red Bull, Ferrari, McLaren e Alonso. Sim, Alonso. Numa pista onde o piloto faz a diferença, o espanhol deu um verdadeiro banho em cima de Stroll, que terminou em 12º e quase um minuto atrás do companheiro de equipe da Aston Martin. Nada acontecerá com Stroll com esse resultado ruim, afinal, o 'Vojvoda da F1' sabe que nada lhe acontece na equipe do papai, de tão acomodado que está. Ao contrário do companheiro de equipe, Tsunoda fez uma corrida boa na frente de sua torcida e apareceu na transmissão o tempo inteiro. A décima posição lhe valeu mais um ponto, que foi comemorado pela equipe e na casa da Honda, Tsunoda vai se consolidando como o piloto principal da montadora japonesa. Com tanta diferença entre pneus novos e usados, as brigas através do pelotão intermediário teve muito mais a ver com o pneu usado, valendo algumas ultrapassagens bonitas no desafiador primeiro setor, mas ainda assim não foi o suficiente para fazer nos acordar. Haas e Sauber fizeram seus papeis, principalmente com a Sauber não errando nenhum pit-stop. A Alpine viu seus dois pilotos se tocarem na largada, mas isso não fez com que a equipe francesa tivesse outro final de semana horroroso, só não ficando nas duas últimas posições pelo erro de Sargeant. Pior do que a atuação da Alpine, somente da transmissão da Band. Talvez o sono tenha atrapalhado o trio, que não estava no seu melhor dia.


Duas semanas depois de uma corrida atípica, a Red Bull colocou as coisas no lugar, assim como ocorrera em 2023, quando um derrota dolorida foi aplacada com uma vitória dominante em Suzuka. Verstappen colocou 20s em cima de Sainz, mostrando que mesmo crescendo, a Ferrari ainda está bem atrás da Red Bull, que correndo na casa da Honda, conseguiu mais uma vitória dominante. Mesmo com os pneus fazendo a diferença, os austríacos continuaram dominando e o sono imperou no domingo.

sábado, 6 de abril de 2024

Primeira resposta


Para quem vem dominando a F1, a derrota pode ser ainda mais dolorida, ainda mais por um problema aleatório. Max Verstappen está com sangue nos olhos em Suzuka, mesmo palco onde a Red Bull vinha de derrota ano passado. E Max prometeu colocar 20s no segundo colocado e cumpriu. Na classificação a Red Bull nem sofreu ataques da Ferrari, que segundo consta, ficou mais preocupada com o ritmo de corrida e em volta lançada viu Sainz ficar em quarto e Leclerc num opaco oitavo lugar. A dupla da Red Bull dominou a primeira fila, com Verstappen superando Pérez por pouco, enquanto Norris ficava em terceiro já lamentando que pouco possa fazer na corrida. Nas demais posições, destaque para Tsunoda no Q3 em casa e Ricciardo logo atrás, mas a cada tropicão do australiano, as câmeras logo procuram Liam Lawson nos boxes, enquanto Stroll é mesmo o Vojvoda da F1. Ficando apenas no Q1, o canadense sabe que nada lhe acontecerá, acomodado que está na equipe do pai, enquanto Alonso carrega o time nas costas e foi quinto no grid.  

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Mais poder

 


A informação pipocava aqui e ali, principalmente com o conhecimento de que a Dorna estaria à venda. Valendo bilhões de dólares, a Dorna teve alguns interessados, mas quem levou a categoria dona da MotoGP foi a Liberty Media, a mesma empresa que comanda a F1.

Por exatos quatro bilhões de dólares, a Liberty agora tem no seu portifólio a F1 e a MotoGP, simplesmente os dois maiores e melhores campeonatos mundiais do esporte a motor. Não restam dúvidas que a F1 cresceu bastante nos últimos tempos e há a expectativa de que a MotoGP trilhe o mesmo caminho de sua, agora mais do que nunca, sua irmã. Quem sabe uma dobradinha F1/MotoGP não aconteça num futuro próximo?