quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O brasileiro que conquistou a América

Quando Ayrton Senna morreu em 1994, o Brasil ficou um pouco desorientado com relação ao seu futuro no automobilismo. De forma precipitada, Rubens Barrichello assumiu a condição de substituto do brasileiro e isso acabou sendo o seu grande carma, pois Rubinho sofreu todo tipo de pressão e esculacho por conta de alguns desempenhos ruins e declarações piores ainda. Mesmo fora da F1, outros pilotos brasileiros tentaram o estrelato na nova coqueluche da época, a Fórmula Indy, e foi exatamente aí que talvez o maior piloto a época pós-Senna se destacou. Gil de Ferran pode não ter chegado à F1 pela forma como queria, mas o enorme sucesso conquistado no lado de cá do Atlântico o transformou num dos mais premiados pilotos brasileiros na história do automobilismo tupiniquim. Se tornando quarentão nesta semana, vamos olhar um pouco da carreira do detentor do recorde velocidade em circuito fechado no mundo.

Gil de Ferran nasceu em Paris no dia 11 de Novembro de 1967. O pai de Gil, Luc de Ferran, era engenheiro mecânico da antigo fábrica Willys do Brasil e estava na França à serviço da empresa e quando Gil tinha apenas nove meses de idade, a família De Ferran voltou ao Brasil, mais especificamente em São Paulo. Os primeiros contatos de Gil com o automobilismo foi quando este tinha apenas cinco anos de idade. O pai de Gil construíra um mini kart para o filho, mas temendo que algum acidente mais sério acontecesse, seu Luc colocou um encosto de madeira no acelerador e assim o pequeno Gil não pudesse acelerar mais do que o necessário. Mesmo com tanta precocidade, Gil só passou a competir de verdade em 1983 no conceituado Campeonato Paulista de kart e um ano depois já se tornaria campeão e em 1985 foi vice campeão brasileiro de kart. Sua trajetória fulminante no kart o fez passar mais rapidamente ainda para os monopostos.

A família de Gil sempre o apoiou naas corridas, mas com 17 anos de idade ele entrou na facudade de engenharia mecânica no Instituto Mauá. Ao mesmo tempo, Gil estreava na F-Ford e em 1987 se tornou campeão brasileiro da modalidade. Com 21 anos de idade, Gil tomou uma decisão que mudaria os rumos de sua vida. Com o título de campeão brasileiro no bolso, De Ferran abandonou a faculdade de engenharia e se mandou para a Inglaterra para disputar o campeonato inglês de F-Ford. A adaptação não foi fácil, mas Gil conheceu um dos seus grandes amigos dentro do automobilismo: David Coulthard. Em 1989 De Ferran consegue suas primeiras vitórias na Inglaterra e termina o campeonato local em terceiro, chamando a atenção do tricampeão mundial de F1 Jackie Stewart. Era o início de outra ligação duradoura.

Jackie tentava levar seu filho Paul Stewart rumo à F1 e assim contruiu uma equipe com esse objetivo, a Paul Stewart Racing. Enquanto Paul subia de categoria, Stewart sempre levava sua equipe junto com o filho, mas ao mesmo tempo deixava parte da estrutura nas categorias anteriores, revelando vários grandes pilotos. Gil de Ferran foi contratado para dirigir pela equipe de Jackie Stewart nos campeonatos inglês e europeu de F-Opel e Gil não decepcionou, com um segundo lugar no inglês e um terceiro no europeu, atrás inclusive do campeão Rubens Barrichello. Em 1991 Gil foi chamado pela Reynard para desenvolver seu novo chassi de F3 no campeonato inglês da categoria e logo De Ferran deixou sua marca ao conquistar três vitórias ante pilotos equipados em sua maioria com os mais desenvolvidos chassis Ralt.

Nessa época a F3 inglesa era um domínio brasileiro, com Barrichello tendo vencido a edição de 1991 e além de Gil, também corria Pedro Diniz e André Ribeiro. Com sua boa exibição em sua temporada de estréia, Gil era um dos favoritos para ser campeão em 1992, ainda mais porque o brasileiro estava de volta à equipe de Jackie Stewart. Porém, Gil teve que enfrentar os ingleses, nem um pouco interessados em serem derrotados novamente em seu terreno, e por isso De Ferran teve algumas dificuldades no começo da temporada na sua luta com o inglês Kelvin Burt. Mas um campeonato cerebral e com sete vitórias garantiu o primeiro título internacional de Gil no automobilismo e a definitiva consolidação do seu nome no panteão de pilotos preparados a subir para a F1. Por sinal, como prêmio pelo título inglês de F3 de 1992, Gil ganhou um teste pela então equipe campeã do mundo Williams e com a pista molhada, De Ferran andou na frente do então tricampeão mundial Alain Prost, que se preparava para o campeonato de 1993.

Sem conseguir um lugar na F1, Gil permaneceu na equipe de Jackie Stewart na F3000, onde foi companheiro de equipe de Paul na então competitiva categoria. Logo em sua primeira corrida em Donington Park, Gil consegue ficar na primeira fila do grid, mas o brasileiro não consegue finalizar a corrida. Porém, na segunda etapa em Silvertone Gil marca a pole e consegue sua primeira vitória na categoria, chegando à frente do seu amigo David Coulthard. Mas como era comum naquela época na F3000, os pilotos oriundos das categoria nacionais de F3 andavam bem em pistas conhecidas e nem tanto nas pistas desconhecidas. Quando a categoria saiu da ilha e foi para o continente, Gil passou a ter maiores dificuldades, mas ainda assim conseguiu dois segundos lugares em Nürburgring e Spa, terminando o campeonato num promissor quinto lugar.

Mesmo ainda na F3000, Gil começava a negociar sua entrada na F1 e conseguiu alguns testes em 1994. Primeiro foi a McLaren, onde De Ferran faria apenas um comercial para a Marlboro. Depois, Gil faria um teste mais sério com a Footwork. Faria. Numa dessas coisas do destino, De Ferran sofreu um pequeno acidente com a porta do motorhome da equipe e levou alguns pontos na cabeça, o impedindo de participar destes testes. Ainda na equipe Stewart na F3000, Gil conseguia suas primeiras vitórias em Pau e Enna-Pergusa, mas após liderar o campeonato na sua metade, Gil perde rendimento no final do ano e termina a sua última temporada da F3000 em terceiro, bem longe da briga pelo título travada pelos franceses Jean-Christophe Boullion e Franck Lagorce. Nessa época a F1 atingia seu ponto mínimo em termos de popularidade no Brasil com a morte de Senna e o inverso acontecia com a CART, graças a invasão brasileira capitaneada por Emerson Fittipaldi. Era uma briga que envolvia até mesmo a televisão brasileira, já que a o SBT tinha comprado os direitos de transmissão da categoria americana e tentava incomodar a F1 (leia-se a Rede Globo) com uma super transmissão a partir de 1995. Havia uma possibilidade de Jackie Stewart levar sua equipe à F1 com Gil de Ferran como piloto, mas esse projeto ainda iria demorar e Gil não iria esperar tanto.

No final de 1994 Gil começa a negociar sua ida para os Estados Unidos para disputar a fortíssima Fórmula Indy no ano seguinte. Com seus contatos com a Reynard desde os tempos da F3, Gil consegue um teste com a equipe do veterano Jim Hall e logo de cara Gil impressiona o chefe de equipe quebrando o recorde da pista de Sebring e pelo conhecimento técnico do brasileiro. Hall contrata De Ferran no ato e o brasileiro já começava a sentir os efeitos do mercantilismo do automobilismo americano, quando Gil teve que mudar as cores do seu capacete por causa do patrocinador principal da equipe Hall, a mítica Pennzoil, e De Ferran trocou o branco pelo amarelo. Não restava dúvidas de que 1995 foi o auge da CART, com grandes pilotos disputando o campeonato e Gil seria um dos destaques do ano, fora que teria a honra de disputar as 500 Milhas de Indianápolis. Na primeira corrida nas ruas de Miami Gil consegue um excepcional quarto lugar no grid, mas abandona apenas na décima quarta volta com a transmissão quebrada. Nas 500 Milhas Gil se envolve no impressionante acidente de Stan Fox na primeira volta e fica de fora da festa. Mal sabia o brasileiro que ficaria tanto tempo fora da festa...

Ao longo do ano Gil consegue grandes Classificações, mas raramente completava as corridas. Em Cleveland Gil consegue sua primeira pole position na Indy e liderava tranquilamente quando foi atropelado pelo retardatário Scott Pruett faltando cinco voltas acabando com o sonho do brasileiro, que saiu transtornado do carro. Nas corridas finais, Gil consegue colocar em prática tudo o que se esperava dele com um segundo lugar em Vancouver e a suada primeira vitória em Laguna Seca. Com esses resultados, Gil conquistava o conceituado prêmio de Rookie of the year e terminando o campeonato em décimo quarto.

Gil começa 1996 como um dos favoritos ao título e inicia seu longo relacionamente com a Honda. Logo de cara De Ferran consegue um segundo lugar em Homestead, porém esse ano seria o início de um período de dominação da equipe Chip Ganassi e o primeiro a se aproveitar disso é Jimmy Vasser, um piloto americano sem muita expressão até entrar na equipe do grande (literalmente) chefe de equipe. Na primeira corrida da Indy realizada no Brasil, no extinto Circuito oval Emerson Fittipaldi, De Ferran lidera a maior parte das voltas e tinha tudo para vencer na frente dos compatriotas que lotavam o autódromo, mas uma mangueira do turbo desconectada nas voltas finais frustrou os sonhos de Gil, que chorou após a prova. André Ribeiro acabou sendo coroado como o piloto vencedor naquele dia. Em Long Beach, Gil consegue a pole e liderava sem ser incomodado até ter problemas no seu carro faltando quatro voltas para o fim da corrida. Já corria a boca pequena que o problema de Gil não estava na sua pilotagem, mas sim no seu azar...

No meio do ano Gil consegue uma boa seqüência de pódios, culminando com a dramática vitória em Cleveland, quando De Ferran teve que segurar um para lá de animado Alessando Zanardi, na parte final da corrida, no segundo carro de Chip Ganassi. Era a reparação do injustiça acontecida um ano antes no mesmo circuito improvisado no aeroporto de Cleveland. No final do ano Gil fica em sexto no campeonato, mas de forma surpreendente a equipe Hall decide abandonar a CART, terminando também o ciclo dos belos carros amarelos da Pennzoil. Com nome no mercado, Gil não tem dificuldade em conseguir um lugar na emergente equipe Walker e com seu conhecimento técnico e a experiência de duas temporadas, Gil dá um upgrade na equipe. Gil voltaria a andar com seu tradicional capacete branco e teria por trás os fortíssimos motores Honda, considerados na época o melhor da categoria. Logo na primeira etapa em Homestead, Gil consegue liderar por algum tempo até se envolver num acidente com o retardatário Dennis Vitolo. Um mês depois Gil se envolve no fortíssimo acidente de Christian Fittipaldi, quando De Ferran toca o carro do compatriota e o sobrinho de Emerson acaba quebrando a perna. Na terceira temporada na CART, Gil aprende que não basta ser o mais rápido e sim o mais regular e mesmo batendo em Christian, De Ferran consegue valiosos pontos com um quinto lugar.

Em Long Beach, Gil continuava uma espécie de maldição, após largar na pole, liderar de ponta a ponta e quebrar a suspensão do carro faltando pouquíssimas voltas para o fim. Quem se aproveitou disso foi Alex Zanardi, que conquistou a primeira vitória naquele ano. Seria a primeira de muitas. Enquanto Gil conseguia sete pódios, Zanardi ora ganhava, ora batia, mas quando ele conseguiu uma seqüência de vitórias na metade final do campeonato, o italiano garantiu o título e Gil teve que se conformar com o vice campeonato. Gil permanece na equipe Walker para 1998, mas nem o motor Honda pôde esconder as deficiências dos pneus Goodyear, claramente inferiores aos Firestone, que calçou o bicampeão Zanardi naquele ano. De Ferran era constantemente o melhor piloto da Goodyear, mas o máximo que conseguiu foi um terceiro lugar em Detroit, terminando o campeonato num obscuro décimo segundo lugar.

Com a saída de Zanardi para a F1, parecia que a Indy teria o equilíbrio perdido de volta, mas eis que a Ganassi trás como substituto do dominador Zanardi o espevitado Juan Pablo Montoya. O colombiano recém-campeão da F3000 era piloto de testes da Williams e foi uma espécia de moeda de troca da negociação entre Williams e Ganassi com relação a Zanardi. Montoya continua a dominação vista da época de Zanardi, mas comete mais erros. Gil continuava com o mesmo equipamento Reynard-Honda-Goodyear, mas o brasileiro conseguia melhores resultados. No Japão, Gil fica muito próximo de dar a Honda uma vitória em casa. Em Portland, Gil se aproveita de um dos vários erros de Montoya no ano e consegue sua primeira vitória em dois anos. Nessa mesma época, a vitoriosa equipe Penske vivia a pior crise de sua história. Fazia cinco anos que a equipe não construía um chassi decente, o motor Mercedes trazido para os Estados Unidos por Roger Penske deixava muito a desejar e os pneus Goodyear ainda eram inferiores aos Firestone. Cansado de perder, Roger Penske decide usar o mesmo pacote técnico da Chip Ganassi (Reynard-Honda-Firestone) e mudar os seus pilotos. Primeiro dispensou Al Unser Jr., a anos sem conseguir repetir os bons resultados que o fizeram ser bicampeão da CART. O segundo carro ficou em várias mãos, até a morte do uruguaio Gonzalo Rodriguez em Laguna Seca.

Após uma longa relação com a Honda, Gil foi indicado pela montadora japonesa para fazer parte da equipe de Roger Penske. O segundo piloto seria Greg Moore, que já tinha ligações com a equipe e era, sem dúvida alguma, o piloto mais promissor da CART naquela época, mas após a tragédia de Rodriguez, Roger Penske assistiu estarrecido a trágica morte de Moore, de apenas 25 anos, na última etapa do ano, no autódromo de Fontana, de propriedade de Penske. Com os grandes pilotos já contratados, Penske chamou o promissor Hélio Castro-Neves como companheiro de Gil a partir do ano 2000. Seria um dupla para entrar para a história.

Com 31 anos de idade, Gil tinha a responsabilidade de tirar a Penske do limbo e garantir um título que já deveria ter sido seu. Andar com um carro da Marlboro, bem parecido com o carro que consagrou Ayrton Senna também era importante para Gil. Logo de cara, Gil consegue duas poles consecutivas, mas problemas não o deixaram na briga pela vitória. Mais uma vez, em Long Beach Gil liderou toda a corrida até abandonar no final. A Penske não vencia uma corrida desde 1997 e esta não seria uma vitória qualquer. Seria a centésima da equipe na CART. Após os treinos debaixo de sol, a etapa de Nazareth foi adiada por causa da neve durante o domingo. Gil fez uma corrida estratégica e teve a honra de ser o homem a dar a vitória de número cem para Roger Penske. Com mais uma vitória em Portland, Gil entrava na briga de um dos campeonatos mais acirrados da história do autonobilismo. Sete pilotos chegaram a antepenúltima etapa com chances de ser campeão, mas um terceiro lugar em Houston deu a Gil a oportunidade de definir o campeonato na etapa seguinte em Surfers Paradise. Num lance de raro erro durante o ano, Gil se envolveu num acidente besta com Montoya logo na largada e deu a chance para vários pilotos entrassem novamente na briga. Porém, seu maior adversário era o mexicano Adrian Fernandez, que vinha fazendo um campeonato bastante regular e sem arroubos de velocidade. A última etapa seria definida em Fontana, numa corrida de 500 Milhas. A corrida foi atrasada para a segunda-feira por causa de uma chuva, mas Gil tinha entrado para a história no sábado. Com o tempo de 30s255, Gil garantia a pole com a incrível média de 388,663 km/h. Era o recorde num circuito fechado. "Estava tão concentrado que a volta pasosu muito devagar. Vi até as pedrinhas no asfalto," falou Gil após a façanha. Mas ainda não tinha acabado. A Penske fez uma estratégia arriscada no início, com Gil e Hélio imprimindo um ritmo forte na tentativa de colocar uma volta em Fernandez, que não vinha bem. Durante a corrida, muitos acidentes foram acontecendo, inclusive com Helinho, e Gil chegou a deixar o motor morrer em um pit-stop, mas o terceiro lugar garantiu a ele o primeiro título na CART. Ao chegar aos boxes, Gil passou um bom tempo no carro, enquanto lágrimas podiam ser vistas caindo no macacão. Era a confirmação de um talento.

Com o título nas mãos, a Pesnke começava a pensar em novos rumos. A Marlboro não estava satisfeita com a CART e queria disputar as 500 Milhas de Indianápolis novamente. Roger Penske compra dois carros da IRL e numa corrida tumultuada pela chuva, Castro-Neves vence seguido de perto por Gil. Na CART, o campeonato estava tão acirrado como em 2000 e os principais favoritos após as primeiras corridas eram Helio Castroneves e Kenny Brack. Gil não começara o ano muito bem, apesar de ter sido terceiro no México, tendo que enfrentar o Mal de Montezuma. De Ferran sofreu um acidente forte em Nazareth e parecia que o bicampeonato estava perdido, mas nunca é bom subestimar as chances de um campeão. Após o choque de 11 de Setembro e do acidente de Zanardi, Gil venceu a corrida na Inglaterra, primeira visita da CART à Europa em vinte anos, e logo depois venceu também em Houston. Enquanto Brack e Castroneves brigavam entre si e perdiam pontos, De Ferran consegue vários pódios e fatura o campeonato com um quarto lugar em Surfers Paradise, penúltima etapa do ano. Gil era o melhor piloto de monopostos do Estados Unidos e ninguém duvidava disso, porém...

A Philip Morris, dona da Marlboro, decide mudar de foco seu patrocínio com a Penske e praticamente obriga Gil a se mudar para a IRL. O grande atrativo da categoria era sem dúvidas as 500 Milhas de Indianápolis e esse também era o objetivo da Penske e de Gil. O efeito colateral dessa troca foi o fim da era de ouro da CART, hoje transformada numa categoria menor dentro do automobilismo mundial. Gil se adapta rapidamente aos ovais da categoria e era um dos favoritos a vencer as 500 Milhas quando um pneu se desprendeu do seu carro no último pit-stop, acabando com os sonhos do brasileiro. A vitória acabou ficando novamente com Castroneves. Durante o ano, Gil sofre seu mais sério acidente na carreira no circuito de Chicago, uma etapa depois de conquistar sua primeira vitória na IRL em Gateway. Após o susto, Gil começa a pensar na aposentadoria.

Em 2003, Gil sofre outro forte acidente em Nazareth após um toque com Michael Andretti e o brasileiro vai correr as 500 Milhas machucado. Machucado, mas não mais lento. Gil faz uma corrida estratégica e ultrapassa Hélio Castroneves na volta 171, finalmente conseguindo o sonho de triunfar em Indianápolis e no meio do ano decide abandonar as pistas no final de 2003. Após uma vitória em Nashville, Gil chega à sua última corrida com chances de vencer o campeonato. Foi uma corrida nervosa no perigoso autódromo de Texas e após um toque entre Castroneves e Kanaan, Gil assumiu a liderança da corrida, mas sem chances de ser campeão, pois Scott Dixon precisava abandonar para perder o campeonato. Após uma bandeira vermelha por causa do violentíssimo acidente de Kenny Brack, Gil recebeu a bandeirada de chegada e se aposentou da forma como merecia: com uma vitória.

Durante 21 anos como piloto, Gil participou de 25 campeonatos, conquistando seis deles, quatro vice-campeonato, 52 vitórias em 345 largadas. No final de 2003, surgiu um boato de que Roger Penske estaria comprando a Jordan e levaria Gil de Ferran como piloto. Finalmente seria o sonho de criança em participar de um campeonato de F1, mas a morte do jovem americano Tonny Renna durantes testes da IRL fez com que a família de Gil o demovesse da idéia. A participação de Gil na F1 seria de outra maneira. Após oito anos sendo piloto da Honda nos Estados Unidos, De Ferran foi convidado para dirigir a equipe de F1 a partir de 2005. Gil seria o diretor-esportivo da equipe e mesmo tendo estreado num momento turbulento da equipe (a então equipe BAR foi acusada de estar usando um tanque de combustível irregular e foi desclassificada de três corridas), a Honda conseguiu sua primeira vitória em muitos anos com Jenson Button na Hungria ano passado. 2007 foi cercado de muitas expectativas, mas o carro era tão ruim que mal Button e Barrichello (trazido por De Ferran) conseguiam passar para a Q3. Desgostoso com a sua função, Gil decidiu sair da equipe no meio do ano.

Gil de Ferran é casado com a inglesa Angela, que conheceu em seus tempos na equipe Paul Stewart, e com ela tem dois filhos: Anna Elizabeth, 12, e Luke, 10. Com seu estilo agressivo, De Ferran se destacou pelas categorias de base, mas quando chegou a maturidade, Gil passou a ser um piloto mais cerebral e frio, conseguindo muitas corridas pela calma que tinha, mas De Ferran nunca perdeu a tocada. Graças ao seu conhecimento técnico, Gil foi um grande acertador de carros e a Honda sempre o requisitava para testes na época da CART. Mesmo fora das pistas (e claramente fora de forma) seu amor pela velocidade permanece e Gil irá participar do Desafio das estrelas de kart, onde disputará com grandes pilotos que ele deveria ter enfrentado na F1, mas que por vários motivos não teve oportunidade de fâze-lo. Azar da F1...

Parabéns!
Gil de Ferran

4 comentários:

  1. Ola Joao Carlos é a primeira vez que comento mas sempre leio seus os textos,parabéns porque eles sao ótimos! Tenho uma pergunta:
    - Castroneves e Kanaan tiveram alguma oportunidade de chegar na F1? Sei que Kanaan testou acho que para a Honda mas castroneves nao sei.
    Obrigado e parabéns!!

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  2. Obrigado Arthur

    Ambos tiveram oportunidades de testar na F1. Castroneves andou com a Toyota no final de 2002, mas Cristiano da Matta já estava confirmado como piloto da equipe japonesa. Em 2002, o nome do Helio foi ventilado na McLaren, mas Ron Dennis foi sarcástico com a possibilidade: Não irei contratar um piloto que não sei soletrar o nome...
    Já Kanaan andou na Honda no final de 2004, como prêmio pelo seu título da IRL no mesmo ano. Porém, em nenhum momento os dois brazucas estiveram próximos o bastante de andar na F1.

    Escreva sempre!
    J.C.

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  3. Como sempre, um optimo trabalho! Tenho que escrever mais biografias de pessoas que não andaram na Formula 1...

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  4. Valeu, otimo texto...

    sou fãzaço de GIL.

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