quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

MP4/28

Há uma piada de fim de ano em que se fala que o Show do Roberto Carlos é sempre o mesmo há vinte anos, com uma outra música entrando no repertório do famoso cantor. Pois está parecendo que as apresentações da McLaren são inspiradas no Rei. Um carro que praticamente não muda desde 2009 e uma ou outra novidade fazem parte do repertório mclariano de se apresentar seus carros.

Na sua suntuosa sede em Woking, a McLaren mostrou seu novo MP4/28, que se dissesse que era o MP4/27 de 2012, ninguém duvidaria. A cara nova foi o mexicano Sérgio Pérez, que parecia ter tudo encaminhado para seguir carreira na Ferrari, mas as circunstâncias o fizeram aportar na McLaren. O tempo dirá se a McLaren cometeu um erro grotesco de avaliação ou se a Ferrari comeu mosca ao desperdiçar um talento nato. Pelas boas exibições do ano passado, fico com a segunda opção! Quando venceu em Interlagos, Button ouviu mais uma das brincadeiras de Nelson Piquet, mas que fazem muito sentido. Com a saída de Lewis Hamilton, Jenson exercerá o papel de líder dentro da McLaren, podendo fazer com que Button, agora o piloto mais experiente do grid em 2013, um forte favorito. Button já é campeão mundial e parece ter melhorado desde que surpreendeu o mundo em 2009. Olho nele!

Contudo, se há algo a temer na McLaren é o ritmo de classificação. Hamilton era um diferencial e tanto em uma volta lançada e tanto Button como Pérez se mostraram muito fortes em ritmo de corrida, mas nem tanto nos sábados. Outro fator interessante será como irá ser a vida da McLaren pós-Hamilton com seus pós e contras. Os cinquenta anos da McLaren serão bem sortidos em 2013, com cara nova e apresentação velha.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

E21

E a F1 começa sua temporada de apresentações com uma equipe que surpreendeu não apenas com seu desempenho, como também com seus dois pilotos. A Lotus, antiga Renault (antiga Benetton, antiga Toleman...), mostrou seu modelo novo praticamente sem nenhuma grande diferença aparente para o modelo de 2012 e mostrando que o continuísmo é tudo, o time comandado por Eric Boullier manteve sua dupla de pilotos.

Kimi Raikkonen foi uma grata surpresa em sua reestreia na F1 após dois anos acidentados no WRC. Quem viu o finlandês saindo pelas portas do fundo da  F1 via Ferrari em 2009, nunca imaginaria o piloto vibrante e sólido de 2012, que garantiu o terceiro lugar no Mundial com apenas uma vitória e vários pódios. Para 2013, a tendência é o finlandês continuar em seu estilo, digamos, exótico fora das pistas e forte dentro delas, o que será ajudado se a Lotus manter o nível de 2012 para 2013, objetivo declarado dos seus chefes, que almejam um terceiro lugar no Mundial de Construtores, ou seja, superando ou Ferrari, ou Red Bull, ou McLaren. Missão bastante difícil, principalmente com um piloto com Romain Grosjean como segundo piloto. O francês é rápido e numa corrida sem problemas (principalmente na primeira volta), Grosjean se mostrou capaz de conseguir alguns pódios e até superou com alguma constância Raikkonen em ritmo de classificação, porém, seus erros até infantis arranharam sua boa temporada com dois pódios, mas vários pontos perdidos e uma suspensão, algo que não ocorria há 18 anos. A ponto da confirmação de Grosjean para 2013 ter demorado mais tempo do que o esperado.

Se Raikkonen manter o foco e Grosjean passar a correr como nos bons momentos em 2012, não restam dúvidas que a Lotus virá muito forte em 2013, mas para superar o atual trio de ferro (Ferrari, Red Bull e McLaren), somente muita força de Kimi e erros adversários para conseguir esse objetivo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Palmeirinha

Por 153 votos a 102, o empresário Paulo Nobre elegeu-se presidente do Palmeiras para os próximos dois anos. O que um blog sobre corridas, que se diz não noticioso, tem haver com esta sentença tão futebolística? Simples. Nobre é além de palmeirense fanático, também um piloto de rali dos bons, disputando campeonatos do nível de WRC, Dakar e, com algum sucesso, mas também com falta de sorte por nunca ter conseguido um título mesmo sendo um dos mais rápidos, o Rally dos Sertões. Sempre juntando suas duas paixões, Paulo Nobre corria todo de verde e se auto-intitulava como 'Palmeirinha'. Agora presidente do Verdão, Nobre terá um desafio tão grande quanto encarar o todo-terreno em todo o mundo: tirar o Palmeiras do buraco que se encontra agora.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Lenda viva

Ele já anunciou sua aposentadoria. Iria correr em Monte Carlo apenas para se divertir, mas as estradas ao redor do principado estavam cheias de gelo e neve por causa de uma forte nevasca que chegou a cancelar o último dia neste que foi considerado o Rally de Monte Carlo mais difícil dos últimos tempos. Ele poderia relaxar, ainda mais com um Sebastien Ogier voltando muito forte com o VW Polo. Tirar o pé no seu famoso Citroen, mas isso é basicamente impossível para Sebastien Loeb e seu eterno navegador Daniel Elena, vencedores com quase dois minutos de vantagem sobre os rivais neste sábado em Mônaco.

Marcas históricas

Automobilisticamente falando, janeiro se resume unicamente ao Dakar e neste final de semana chegou ao fim mais uma edição em Santiago (?) com várias marcas históricas ganhando forma durante os 18 dias que durou a travessia pela costa do Pacífico no último janeiro que, como infelizmente sempre acontece ao longo dos anos, teve algumas mortes para incrementar as estatísticas. Em 2013 foram mais três.

Stéphane Peterhansel chegou ao seu incrível 11º triunfo no rally, o quinto nos carros, superando o não menos lendário Ari Vatanen na história da categoria carros. Peterhansel usou toda a sua experiência para levar seu Mini rumo ao título na base da regularidade, pois os buggys de Nasser Al-Ittihad e Carlos Sainz eram protótipos mais rápidos, mas como foram pouco testados, acabaram ficando pelo caminho. Sendo o mais rápido em apenas dois dias, Peterhansel liderou o rally desde o segundo dia, mas sofria pressão de Ittihad, Sainz e também do maluquinho Robby Gordon e seu famoso Hummer. Contudo, seus adversários foram caindo um a um, enquanto o francês marcava seus adversários mais próximos, conseguindo outro triunfo em seu vasto plantel de vitórias.

Outro que se consagrou de forma definitiva foi o irascível Cyril Deprés. O francês da KTM se tornou favoritíssimo ao título antes mesmo da largada quando seu principal rival, Marc Coma, desistiu de participar graças a um problema no ombro, porém, Deprés não teve vida fácil com vários adversários aparecendo pela frente, como a revelação Olivier Pain e o veterano David Casteur, ambos da Yamaha. Os dois franceses lideraram o rally com consistência, mas acabaram vítimas das armadilhas do rally (no caso de Casteur, de uma vaca...) e Deprés aproveitou para conquistar seu quinto título, encostando em Peterhansel no quesito vitórias em motos e superando o italiano Edi Orioli. 

E nos caminhões, após Chaguine e Kabirov, em 2013 foi a vez do jovem Eduard Nikolaev fazer a Rússia vencer o rally com os míticos caminhões Kamaz. O Nikolaev pilotou como um veterano, já que ele não venceu nenhuma especial e viu seus adversários da Iveco, dominante ano passado, ficando pelo caminho após liderarem várias especiais.

O Dakar 2013 terminou com a consolidação de velhos nomes, assim como a chegada de algumas revelações que podem tomar forma nos próximos anos, mas o velho Dakar, atravessando o Saara e chegando na capital do Senegal, era o verdadeiro Dakar. Mesmo os organizadores tentando fazer um rally parecido na América do Sul, o charme e a tradição de uma prova na África nunca será igual, fora as polêmicas, como no caso da troca do motor de Deprés, onde a ASO foi acusada (novamente) de ajudar os franceses. Acho que a primeira ação a fazer era mudar o rally de nome. Dakar na América do Sul é o mesmo de usar Rally dos Sertões no Rio Grande do Sul!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Trailer

Ainda falando em velharia, só o começo desse vídeo já arrepia!

Vivendo do passado

A foto acima representa muito para o automobilismo brasileiro, mas vale também uma pequena reflexão. Ver os nomes Senna (Bruno), Piquet (Nelsinho) e Fittipaldi (Pietro) numa mesma pista chega a arrepiar todo fã de corridas, mesmo os três não chegando aos pés dos seus parentes famosos (ainda resta o neto Pietro para ter esperança...), só a presença do sobrenome do trio é para se animar qualquer brasileiro. Contudo, no final deste ano fará 22 anos do último títulos brasileiro na F1, chegando a conclusão que por mais carismáticos que sejam, a emoção causada pelo trio vencedor tem muito a ver também a carência de grandes nomes do automobilismo brasileiro. E vendo as categorias de base nacionais, a tendência não é nada boa...

domingo, 13 de janeiro de 2013

Fisico

A Itália tem uma relação peculiar com a F1. Para os tifosi, pouco importa que o último piloto italiano a vencer um campeonato mundial esteja completando 60 anos em 2013, desde que a Ferrari esteja triunfando, não importando a nacionalidade de quem está nos carros vermelhos. Foi com essa premissa que Giancarlo Fisichella teve que conviver ao longo de suas quatorze temporadas na F1. Kartista de sucesso, Fisichella chegou a F1 como uma potencial estrela da categoria, mas o italiano acabou ofuscado pelo sucesso da Ferrari e sua própria inconstância, andando muito forte em equipes medianas, mas vacilando na Hora H em equipes vencedoras, onde Giancarlo viu Fernando Alonso vencer duas vezes o campeonato mundial com o mesmo carro. Carismático e querido no paddock, Fisichella foi um piloto sempre forte na  F1 na primeira década do século 21 e completando quarenta anos nessa semana, vamos olhar sua carreira.

Giancarlo Fisichella nasceu no dia 14 de janeiro de 1973 em Roma, capital da Itália e desde cedo teve dois amores. O primeiro foram as corridas e aos oito anos o pequeno Giancarlo participou de suas primeiras corridas de kart no circuito de Guidonia. O outro era o AS Roma, time de futebol de sua cidade e onde  Fisichella chegou a atuar nas categorias de base da equipe de Francesco Totti, mas o sucesso estrondoso no kart fez com que Giancarlo se dedicasse as quatro rodas, mas não deixasse de amar o time da camisa vermelha da capital. Fisichella se tornou um dos principais pilotos do fortíssimo kartismo italiano na segunda metade da década de 80, conquistando vários títulos nacionais e fazendo campeonatos constantes em certames internacionais. Isso fez com que Fisichella desse o grande salto do kart para a F3 em 1992, onde participou de algumas corridas do campeonato italiano pela equipe Jolly, ainda conquistando uma vitória. Em 1993 Fisichella se muda para a forte equipe RC onde conquista duas vitórias e termina em terceiro lugar no campeonato, além de um importante segundo lugar na corrida de F3 em Mônaco. Permanecendo mais um ano na F3 e na equipe RC, Fisichella domina o certame italiano e com onze vitórias em vinte corridas, vence o campeonato com facilidade, além de conquistar a prova de F3 em Monte Carlo e ter sido pole em Macau.

A ótima atuação de Giancarlo Fisichella na F3 em 1994 chamou a atenção de todos, mas ao contrário de dar o passo usual rumo a F3000 em 1995, o piloto italiano foi contratado pela Alfa Romeo para correr em sua equipe júnior do DTM. O Campeonato Alemão de Turismo vivia seu auge, com carros utilizando vários artigos proibidos na F1, como a suspensão ativa e o turbo, com três montadoras investindo forte no campeonato. A transição de um carro leve e ágil como a F3 para um pesado, potente e high tech como o DTM foi difícil para Fisichella, que também amargou algumas quebras em seu belo Alfa Romeo 155. Porém, o objetivo de Giancarlo ainda era a F1 e no final de 1994 ele foi convidado pelo seu xará Giancarlo Minardi para ser piloto de testes do time italiano em 1995. Ainda este ano Fisichella realizou o sonho de toda criança italiana ao testar pela Ferrari como prêmio pelo título italiano da F3 em 1994. Giancarlo sempre reclamaria da falta de oportunidades que a Ferrari dava aos jovens pilotos italianos, mas o destino de Fisichella e a casa de Maranello se encontraria mais tarde. Mostrando todo seu talento, Fisichella se tornou o novo protegido de Minardi e mesmo lutando contra as dificuldades financeiras, emplacou o italiano na equipe em 1996. Paralelamente a F1, Fisichella participaria de uma segunda temporada na Alfa Romeo, desta vez participando do ITCC, campeonato chancelado pela FIA que substituiu o DTM em 1996 e o italiano fez um campeonato mais sólido, ficando em sexto lugar no campeonato com seis pódios, mas sem vitórias. Esta seria a última temporada do turismo de Fisichella em muitos anos. Como não deixava de ser, Fisichella teve enormes dificuldades com a Minardi em sua estréia na F1. O carro era lento e Giancarlo não levava os necessários patrocínios para se manter na pouco financiada equipe italiana. Após abandonar em sua estréia em Melbourne, Fisichella cedeu seu lugar ao brasileiro Tarso Marques nas duas corridas sul-americanas, retornando ao cockpit da Minardi quando a F1 retornou à Europa. Giancarlo faria mais sete corridas, com destaque para um oitavo lugar em Montreal, pista em que Fisichella sempre andaria bem, mas novamente a força do dinheiro foi mais forte e Giancarlo seria substituído pelo compatriota Giovanni Lavaggi para o resto da temporada.

Contudo, Fisichella havia dado seu recado e rapidamente se tornou um alvo para outras equipes mais estruturadas. A Jordan havia feito um campeonato regular em 1996 com dois pilotos experientes (apesar de Barrichello ainda ser bastante jovem) e para tentar uma evolução, Eddie Jordan reformulou totalmente seus pilotos buscando sangue novo. A velocidade de Fisichella e seus 24 anos entrou no perfil do irlandês e o piloto italiano foi contratado pela Jordan ao lado de Ralf Schumacher, que faria sua estréia na F1 após conquistar um título na F-Nippon e um enorme lobby do seu irmão Michael. A Jordan tinha um bom carro em 1997, mas a relação entre os dois jovens pilotos se deteriorou rapidamente. Ainda na terceira corrida da temporada, Fisichella e Ralf se tocaram e o italiano acabou levando a pior, abandonando e para piorar, Ralf Schumacher se tornou o piloto mais jovem a ir ao pódio com apenas 21 anos de idade naquela corrida em Buenos Aires. Porém, aquilo foi um turning point na temporada da Jordan e de Giancarlo Fisichella. Com relações cortadas com o companheiro de equipe e querendo derrotá-lo, Giancarlo passou ter resultados melhores, começando com um quarto lugar e seus primeiros pontos em Ímola, na prova seguinte. Duas provas depois, Fisichella conquistaria seu primeiro pódio em Montreal. Ralf não mostrava a mesma a consistência de Fisichella e acabou fazendo um campeonato de altos e baixos, ao contrário de Fisichella, que evoluía e tomava as rédeas da Jordan. Em Hockenheim, Fisichella brigou pela primeira vez na carreira por uma vitória na F1, mas um inspirado Gerhard Berger e um pneu furado no fim da corrida acabou com o sonho de Fisichella, que tomou uma perigosa carona com Michael Schumacher na volta de desaceleração da prova alemã. Na chuvosa corrida em Spa, Fisichella conquistou um sólido segundo lugar, chamando a atenção da Benetton, enquanto a Jordan brigava por uma renovação de contrato com Fisichella. Antes que a batalha fosse aos tribunais, Giancarlo anunciou que iria para a Benetton em 1998, finalizando o campeonato de 1997 num bom oitavo lugar.

A ida para a Benetton parecia uma evolução na carreira de Giancarlo Fisichella, já que a equipe havia conquistado os títulos de pilotos e construtores dois anos antes, mas a realidade era que a saída de Michael Schumacher no final de 1995 acabou sendo um marco para o time de Luciano Benetton, marco esse que significava que o time nunca mais recuperaria a aura de time forte o bastante para brigar pelo título, apesar de ainda considerada uma equipe top-4. Assim como a Jordan no ano anterior, a Benetton queria uma dupla de pilotos mais jovem, despachando os veteranos Berger e Jean Alesi, trazendo Fisichella e efetivando o piloto de testes Alexander Wurz para titular. Porém, além da saída de Flavio Briatore no final de 1997, a Benetton sofreria o golpe de não ter mais um motor de fábrica com a saída da Renault. A partir de 1998 a Benetton utilizaria o motor Mecachrome, renomeado Playlife, que nada mais era que o velho motor Renault atualizado, mas sem o mesmo financiamento e desenvolvimento de uma montadora. Isso significaria menos investimento e desenvolvimento, fazendo com que Fisichella, que sempre seria superior a Wurz nos anos em que estiveram juntos, tivesse campeonatos inconstantes, com bons inícios de campeonato, mas sem manter o mesmo ritmo na segunda metade do campeonato. Em 1998 isso seria claro com dois segundos lugares em Mônaco e Montreal, onde só não pressionou mais o vencedor Michael Schumacher por causa de um problema no câmbio, além de um quinto lugar em Silverstone, para pontuar apenas uma vez na segunda parte do campeonato. Nos treinos para o Grande Prêmio da Áustria, marcado pelo clima inconstante, Fisichella consegue sua primeira pole na F1 de forma surpreendente, mas no domingo, com pista seca e sol forte, o piloto pouco poderia fazer e acabaria se enroscando com Jean Alesi. Para 1999, Fisichella teria um ano parecido com o anterior. O Benetton B199 era bom e Fisico, como já era conhecido no paddock, consegue marcar bons pontos nas quatro primeiras corridas do campeonato, elevando-o ao quarto lugar no campeonato. Em Montreal, sua pista-fetiche, Fisichella chega em segundo lugar, mas a pouco desenvolvimento do seu carro fez com que o italiano não marcasse mais pontos até o final do campeonato, ficando com a mesma nona posição de 1998. Porém, havia uma luz no fim do túnel para Giancarlo quando a Renault anunciou no meio do ano 2000 que comprara a Benetton e retornaria como equipe oficial de fábrica em 2002, comandado por Flavio Briatore, voltando a estrutura no lugar do seu desafeto David Richards. 

Porém, os problemas dos anos anteriores continuaram para Fisichella. No ano 2000 ele teve um início forte novamente, conquistando o quarto pódio consecutivo em Montreal, mas sofrendo com a falta de desenvolvimento na segunda metade do campeonato. Fisico terminaria aquela temporada em sexto, sua melhor posição até aquele momento, mas 2001 se provaria péssimo para o que seria o último ano da Benetton. Mesmo tendo agora oficialmente os motores Renault, a montadora francesa não investiu no carro, já que só teria o nome na equipe somente em 2002 e o que se viu foi que o time azul-celeste brigaria pelas últimas posições nas corridas iniciais da temporada. Fisichella ainda salvaria um milagroso sexto lugar em Interlagos, mas o carro era muito ruim. Contudo, entrando cada vez mais forte na equipe, a Renault desenvolve o carro para iniciar bem em 2002 e Fisico vê uma reviravolta no campeonato, conquistando um pódio em Spa e fazendo um campeonato bem melhor na segunda metade, ao contrário dos anos anteriores. Porém, isso tudo se mostrou inútil para Fisichella em sua continuidade na Renault. Briatore tinha um leque de pilotos em suas mãos e mesmo Giancarlo tendo roído o osso naquele 2001, ele não comeria o filé em 2002 por não fazer parte do plantel de Briatore, mesmo tendo uma boa relação com o polêmico dirigente. Briatore trouxe Jarno Trulli, velho conhecido de Fisichella desde o kart, para a Renault e só não sacou Jenson Button da equipe por este ter amarrado muito bem seu contrato para uma segunda temporada. Briatore e Button viveriam às turras naquele ano, pois o italiano queria colocar a sua jovem promessa, Fernando Alonso no cockpit da Renault.

Fisichella também negociou com a McLaren para ocupar o lugar vago de Mika Hakkinen, mas conta a lenda que mesmo reconhecendo o talento de Fisichella, Ron Dennis ficou traumatizado com Andrea de Cesaris vinte anos antes e havia prometido nunca mais contratar um piloto italiano para sua equipe, trazendo assim, por indicação de Hakkinen, Kimi Raikkonen para a McLaren em 2002. Sem espaço na equipe Renault ou outro time grande, Fisichella voltou às origens e retornou a Jordan, mas mesmo permanecendo com a cor amarela tradicional, aquela não era a mesma Jordan que Fisico deixou em 1997. O time irlandês havia vivido seu auge no final da década de 90, mas a saída de patrocinadores fez com que o time decaísse e 2002 seria o começo do fim para o time comandado por Eddie Jordan. Um exemplo disso foi a vinda de Takuma Sato para o lugar que seria de Heinz-Harald Frentzen, protagonista dos melhores momentos da Jordan, por imposição da Honda. Contudo, mesmo tendo em mãos o reconhecidamente bom motor Honda, Fisichella não tinha em mãos um bom carro e mesmo superando com folga Sato, aquele não seria um bom ano para Giancarlo, que conquistaria apenas três 5º lugares como melhor resultado. Para piorar, a Honda decide transformar a BAR como sua equipe oficial e deixa a Jordan na mão, tendo apenas os raquíticos motores Ford-Cosworth na mão. Isso fez com que a Jordan se transformasse de possível equipe grande a provável time pequeno em 2003. Porém, numa das maiores surpresas da história da F1, Giancarlo Fisichella conquistaria sua primeira vitória na F1 numa corrida das mais caóticas de que se teve notícia na categoria. São Paulo vivia um típico dia de verão naquele março de 2003 com tempestades de verão causando inundações, inclusive na pista de Interlagos, mais especificamente na curva do sol, onde oito carros bateram em diferentes momentos da corrida. Com o piso molhado, Fisichella utilizou sua vasta experiência e talento para se manter entre os primeiros entre os poucos carros que ainda se mantinham na pista. Na volta 54, Fisichella ultrapassou a McLaren de Kimi Raikkonen e assumiu a ponta da corrida, mas Mark Webber e Fernando Alonso bateram forte na curva do Café, fazendo com que a bandeira vermelha fosse mostrada. Fisichella chegou ao parque fechado saltitando, jogando seu capacete ao alto, enquanto seu carro pegava fogo. Porém, a cara de Eddie Jordan mostrava preocupação. Havia dúvida de que a volta 56 havia se iniciado. Se a bandeira vermelha foi mostrada na volta 55, isso significava que a corrida cairia nas mãos de Raikkonen, que liderava na volta 53, que por regulamento, seria a volta válida para definir o vencedor da corrida. Fisichella, que comemorava com seus mecânicos, recebeu a triste notícia de que caíra para segundo, para enorme frustração sua e de sua equipe. Mesmo em segundo lugar, um resultado altamente improvável para a equipe Jordan naquele momento, se mostrou amargo para Fisichella, que subiu ao pódio ao lado apenas de Raikkonen, já que Alonso estava no hospital. A Jordan recorreu e após mais de uma semana, a Globo mostrou uma imagem em que Fisichella iniciou a volta 56 segundos antes da bandeira vermelha aparecer. Foi tão caótico como havia sido a corrida, mas Giancarlo Fisichella, após 111 Grandes Prêmios, vencia pela primeira vez na F1. Ele receberia o pódio em Ímola, duas semanas após seu triunfo em Interlagos naquele que seria o último grande momento da Jordan. O péssimo carro da Jordan permitiu Fisichella marcar apenas mais uma vez já no final do ano e Giancarlo se transfere para a Sauber em 2004.

Fisichella tinha esperanças de um dia correr pela Ferrari e como a Sauber corria com os motores italianos, Giancarlo achava que um bom desempenho com pelo time suíço poderia aumentar suas chances para realizar seu sonho de guiar o carro vermelho e que cobrava algumas vezes via imprensa. Fisichella fez uma temporada fortíssima, superando com larga vantagem o badalado Felipe Massa, protegido de Jean Todt. Fisichella foi punido algumas vezes pela regra de perder dez posições no grid a cada motor trocado, mas o italiano fazia ótimas corridas de recuperação e marcou pontos de forma constante em 2004, num ano amplamente dominado por Michael Schumacher e a Ferrari. Com Briatore brigado com Trulli, o dirigente viu no bom desempenho de Fisichella naquele ano uma chance de trazer o italiano de volta a estrutura que tanto conhecia e Giancarlo retornava a uma equipe de fábrica e considerada forte. E 2005 seria ainda mais especial, com a mudança da regra dos pneus e a borracha tendo que durar a corrida inteira. Esse fator seria primordial naquela temporada, com a Michelin se adaptando melhor a essa regra do que a Bridgestone, causando uma reviravolta no status quo da categoria. Vindo de uma temporada forte em 2004, as expectativas sobre Fisichella eram grandes e sua estréia pela Renault não podia ser melhor com uma vitória dominante em Melbourne, a segunda em sua carreira. A Renault mostrara uma boa forma e parecia ter um carro capaz de conquistar o título e isso era novidade para Fisichella. Mais experiente do que seu companheiro de equipe Fernando Alonso, Fisico poderia tomar as rédeas da equipe, mas uma série de três abandonos seguidos frustrou Giancarlo, enquanto Alonso partia rumo ao seu primeiro título. Giancarlo teria uma temporada apagada em comparação com a anterior pela mediana Sauber. Fisichella conquistaria apenas mais dois pódios e seria quinto colocado no campeonato, mas frente as sete vitórias de Alonso, o feito do italiano parecia minúsculo. Aos 32 anos de idade, Fisichella parecia atropelado pelas jovens estrelas naquele momento e o exemplo prático disso aconteceu em Suzuka, quando o italiano liderou a prova inteira, mas foi ultrapassado de forma humilhante por Kimi Raikkonen na abertura da última volta.

Porém, Giancarlo Fisichella havia ajudado a Renault a conquistar seu primeiro título de construtores, além de não ter reclamado muito de ser segundo piloto de Alonso, com quem mantinha uma relação cordial. Fisichella inicia a temporada de forma forte, conquistando sua terceira e última vitória na F1 na Malásia, onde largou na pole e dominou a prova. Porém, a força de Alonso sobrepujou Giancarlo mais uma vez e o italiano voltou a ser coadjuvante dentro da Renault em 2006. Porém, Fisico acabou fazendo um campeonato mais regular, conquistando cinco pódios e ajudando Alonso na parte final do campeonato na briga com a Ferrari de Schumacher, mas o italiano acabou perdendo o terceiro lugar do campeonato para Felipe Massa na última corrida do ano com a vitória do brasileiro em Interlagos. O quarto lugar em 2006 seria o melhor campeonato na carreira de Giancarlo Fisichella. Com a saída de Alonso para a McLaren, Fisichella se tornava o primeiro piloto da Renault em 2007, já que Heikki Kovalainen, outro protegido de Briatore, não se mostraria maduro o suficiente para superar Fisichella. Com o carro campeão do mundo e primeiro piloto, esta seria a grande chance de Giancarlo, mas fatores acabariam fazendo desta outra temporada decepcionante para o italiano. A FIA decidira banir a guerra dos pneus e isso significava a saída da Michelin, parceira da Renault havia muitos anos. Ter brigado com a Ferrari até a última corrida fez com que a Renault, com uma estrutura menor, atrasasse o desenvolvimento do carro de 2007, além de ter sido descoberto um problema no túnel de vento em Enstone. O fato foi que a Renault nem de longe repetiu o desempenho dos dois últimos anos e como primeiro piloto, Fisichella acabaria pagando o pato, sendo dispensado no final de 2007 sem nenhum pódio e apenas em oitavo lugar no campeonato.

Após ter desperdiçado sua grande chance, Fisichella se tornou um piloto quase aposentado pelas características cruéis da F1, mas o italiano teria uma nova chance quando foi contratado pela nova Force India. Porém, quando se apresentou à nova equipe, Fisichella se sentia em casa, pois a Force India nada mais era que a sucessora da Jordan, que havia sido comprada sucessivamente até cair nas mãos de Vijay Mallya em 2008. Ao lado do jovem Adrian Sutil, Fisichella teria a penosa tarefa de desenvolver um carro que normalmente fechava o grid nos últimos anos. E continuaria assim em 2008. Um décimo lugar em Barcelona, o que na época não garantia pontos, foi a melhor posição de Fisichella naquele ano, mas querendo utilizar a experiência do italiano, Mallya fica com Giancarlo mais um ano. Sutil havia se desenvolvido e normalmente batia Fisichella, mostrando uma certa decadência do piloto italiano em 2009. Aos 36 anos de idade e com 14 anos de F1, todos apostavam em um final de carreira melancólico para Giancarlo Fisichella. Então veio Spa. O circuito belga tinha como característica o traçado veloz pela floresta das Ardennes e por isso, pouco downforce era utilizado e a falta de downforce era justamente o calcanhar-de-Aquiles da Force India. Sem nenhum pacote miraculoso sendo implantado em Spa, do nada a Force India saiu das últimas posições nos treinos livres para ser protagonista e pela primeira vez em sua história, o time hindu conseguiu passar ao Q3 com Fisichella. Na parte decisiva do treino, Giancarlo marcou uma impressionante pole. Todos ficaram estupefatos com o desempenho da Force India e de Fisichella. Como na época havia a regra estúpida dos pilotos treinarem com o mesmo combustível que largariam, todos pensavam que Fisichella estaria bem mais leve do que Raikkonen, que lhe faria companhia na primeira fila. Porém, a realidade não era bem assim. Usando a novidade do ano, o Kers, Raikkonen ultrapassou Fisichella na reta Kemel numa relargada, mas o italiano nunca ficou a mais de 1s do finlandês, acompanhando a Ferrari e parando nas mesmas voltas do time italiano. O conto de fadas não se concretizou por completo, mas a Force India conquistava seu primeiro pódio na história e Fisichella seu último na F1. Aquele desempenho assombroso valeu um convite para Fisico realizar seu sonho. Algumas semanas antes Felipe Massa escapou milagrosamente de morrer em Hungaroring e a Ferrari o substituiria por Luca Badoer, eterno piloto de teste do time. Porém, vários anos sem competir, fez com que Badoer pagasse um dos maiores micos da história da F1, ficando em último em várias situações, além de cometer erros de principiante para um piloto com quase 40 anos como ele. Após três provas, a Ferrari disse obrigado ao italiano e o dispensou. Pensou em trazer Schumacher, mas o alemão sentiu que a Ferrari F60 era complicada demais e desistiu do seu retorno, fazendo-o pela Mercedes no ano seguinte. Com Fisichella fazendo uma corrida sensacional em Spa e usando sua magia como arma, a Ferrari trouxe o italiano para a equipe para as provas finais de 2009. Giancarlo Fisichella estava radiante com a oportunidade que tinha nas mãos, ainda mais pelo fato de estrear em Monza, lar espiritual dos tifosi, mas a rápida passagem pela Ferrari acabou se tornando outra decepção, com Fisichella, se não repetindo o mico de Luca Badoer, não marcou pontos e não andou próximo do desmotivado Kimi Raikkonen. Fisichella ainda negociou com Force India e Sauber para 2010, mas precisando levar dinheiro para correr, Giancarlo Fisichella encerrou sua longa passagem na F1 no final de 2009 com 229 Grandes Prêmios, 3 vitórias, 4 poles, 2 melhores voltas, 19 pódios e 275 pontos somados.

Contudo, a passagem pela Ferrari rendeu dividendos para Fisichella, que permaneceu mais um ano como piloto de testes da Ferrari, mas como não há mais testes na F1 e essa função se tornou meramente decorativa, Fisico abandonou essa função no final de 2010 e se tornou piloto oficial da Ferrari no campeonato da Le Mans Series, pilotando a Ferrari 458 Italia em várias provas de Endurance, atingindo o auge em 2012, quando venceu as 24 Horas de Le Mans na classe GTE-Pro ao lado de Toni Vilander e Gianmaria Bruni. Casado e pai de três filhos, hoje Giancarlo Fisichella mora em sua cidade natal, onde pode acompanhar de perto a sua Roma do coração. Mesmo não conquistando os resultados dele esperado, principalmente quando estava na Renault, Fisichella atravessou mais de uma década na F1 como um piloto de ponta, onde poderia fazer corridas memoráveis, como em Interlagos em 2003, se tornando um dos melhores do seu tempo.

Parabéns!
Giancarlo Fisichella

sábado, 12 de janeiro de 2013

Que pena!

Para quem acompanhava a F1 na metade da década de 90, sinônimo de carro ruim era da Forti Corse. A pequena equipe italiana estreou na F1 em 1995 com o claro intuito de levar Pedro Paulo Diniz para a F1, mesmo o brasileiro não tendo condições técnicas para tal. À frente da empreitada estava Guido Forti, italiano chefe de equipe em várias categorias de base nos anos 80 e que abrigou muitos pilotos italianos que chegariam à F1 nos anos posteriores. Com um piloto nitidamente sem condições (Diniz) e outro azarado (Roberto Moreno), além de ser iniciante, a Forti Corse se arrastou em 1995, recebendo apelidos de 'tartaruga amarela', por exemplo, graças ao marcante carro amarelo que caracterizou a equipe. Quando Diniz, graças aos seus patrocinadores, se mudou para a Ligier na temporada seguinte, a Forti Corse teve seu destino selado, mesmo ainda fazendo parte de algumas corridas em 1996. Guido Forti tentou voltar ao automobilismo correndo novamente em categorias de base na Itália, mas sem o mesmo sucesso.

Ontem, infelizmente, Guido Forti faleceu aos 72 anos na sua Itália natal. Um dos últimos garagistas da F1.