O Grande Prêmio da China desta domingo teve um enredo bem parecido com Melbourne. O pole não largou bem, o segundo colocado disparou na ponta e mais atrás, ocorria um 'Caso de Família' dentro da Ferrari. Assim pode ser resumido a milésima corrida da história da F1. Numa corrida em que permanecer acordado foi uma luta, Lewis Hamilton largou muito bem e praticamente não foi incomodado pelo pole Bottas, que por sua vez, não foi incomodado pela Ferrari, que mais uma vez mandou Leclerc ficar na sua, ajudando Vettel a conseguir seu primeiro pódio em 2019.
Mesmo Xangai sendo um circuito que permite ultrapassagens e que havia perspectiva de chuva na hora da corrida, o que se viu foi um anti-clímax numa corrida chocha, onde a vitória foi definida na largada e as brigas intermediárias não emocionaram ninguém. Claro que Lewis Hamilton não tem do que reclamar. O inglês largou muito bem e depois só faltou colocar o braço para fora, ligar o rádio do carro e cantar Low Rider pelo circuito de Xangai. Das mais de setenta vitórias na carreira de Hamilton, hoje foi uma das mais fáceis e o inglês já assumiu a ponta do campeonato. Com a Mercedes conseguindo sua terceira dobradinha no ano, não precisa dizer muita coisa. Valtteri Bottas ficou com a sensação que Hamilton teve em Melbourne. Após conquistar uma belíssima pole no sábado, o finlandês largou mal e não viu mais seu companheiro de equipe, sendo dominado por Hamilton. No único momento em que Bottas poderia engrossar o caldo para Hamilton, encontrou um combativo Leclerc, que o fez perder tempo valioso e praticamente entregar a vitória para Lewis. Agora em segundo no campeonato, Bottas começa a se ver numa situação bem familiar: ser apenas escudeiro de Hamilton, que já surge como favoritasso para ser campeão e ficar apenas um título atrás de Schumacher.
Após a dominância no Bahrein, era esperado que a Ferrari repetisse o mesmo desempenho na China, numa pista com característica parecidas com Sakhir, mas os italianos nunca tiveram chances contra a Mercedes. Para ter sucesso na F1 atual, uma boa gestão se faz cada vez mais necessária. Não basta apenas ter bons pilotos, mecânicos, técnicos e engenheiros. Se na cabeça de sua hierarquia não houver uma pessoa super capacitada, as peças da engrenagem não se juntam e os resultados esperados não aparecem. A Mercedes, liderada por Toto Wolff, deu um salto de qualidade entre a corrida da quinzena anterior e a de hoje. Isso em duas corridas longe da base da Mercedes. A Ferrari parece que ficou parada no tempo e foi batida de forma inapelável, enquanto seus engenheiros batiam cabeça sobre qual piloto dar vantagem nesse domingo. Leclerc largou melhor do que Vettel num final de semana em que o alemão esteve mais forte. Demoraram longas voltas e muita deliberação até mandarem Leclerc ceder sua posição, enquanto o monegasco chorava as pitangas pelo rádio. Sendo que a corrida mostrou que realmente Vettel tinha um ritmo melhor, mas essa confusão de 'vai-não vai' acabou fazendo com que Verstappen se metesse entre as Ferraris e quase ter ultrapassado Vettel no momento de maior emoção da corrida. Domínio perdido para a Mercedes em apenas quinze dias e pontos perdidos com Leclerc apenas em quinto quando a Ferrari tem claramente o segundo melhor carro. A mudança de liderança da Ferrari não começa da melhor forma.
Mesmo com o pelotão intermediário crescendo um pouco, a diferença para as equipe top-3 é tão grande ainda, que Pierre Gasly, que mais uma vez tomou um banho de Verstappen e ficou muito atrás do companheiro de equipe da Red Bull, entrou nos boxes nas voltas finais sem perder posição para colocar pneus macios novos e garantir o ponto da melhor volta. O meio do pelotão teve uma corrida sem muitos arroubos e poucos destaques. Nessa categoria de melhor do resto o vencedor foi Daniel Ricciardo, que não fez muito esforço para terminar em sétimo e marcar seus primeiros pontos com a Renault, que viu Hulkenberg abandonar mais uma vez. Atrás dele veio Sérgio Pérez e Kimi Raikkonen. Mais experientes que seus fracos companheiros de equipe, Pérez e Raikkonen vão levando Racing Point e Alfa Romeo nas costas. Porém, na Toro Rosso o jovem piloto é que vem batendo o mais experiente. Destaque da prova, Alexander Albon largou dos boxes depois de bater forte no terceiro treino livre e numa corrida de recuperação, subiu ao décimo posto e garantiu mais um pontinho para a Toro Rosso, ultrapassando Daniil Kvyat que, adivinhem, se envolveu numa acidente na primeira volta que destruiu não apenas sua corrida, mas também da dupla da McLaren. O que Kvyat está fazendo na F1, é uma pergunta que deve ser respondida por Helmut Marko, que nos últimos anos dispensou vários pilotos do programa de jovens pilotos da Red Bull e agora se encontra sem opções, tendo que trazer um piloto sem nenhuma perspectiva de futuro na F1. Se perspectiva nenhuma está a Williams. Mesmo com vários pilotos do pelotão intermediário tendo problemas, o time ainda ficou com as duas últimas posições.
Lewis Hamilton conseguiu outra marca na história da F1. Pela primeira vez a F1 viu um piloto vencer duas corridas centenárias (900 e 1.000). Muitos podem torcer um pouco o nariz para o estilo de Hamilton, mas o inglês já está na história e vencer corridas com cem GP's de diferença demonstra bem quem é o cara dessa geração.
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