segunda-feira, 8 de junho de 2020

História: 45 anos do Grande Prêmio da Suécia de 1975

A temporada de 1975 se aproximava de sua metade e Niki Lauda, com duas vitórias consecutivas dominantes, se tornara o grande favorito ao título. A Ferrari era o melhor carro e Clay Regazzoni, ainda sem conseguir subir ao pódio, não parecia capaz de segurar Niki. Nas outras equipes, a McLaren começava a sofrer com o datado M23 e Emerson Fittipaldi estava incomodado com falta de competitividade do carro, além dos constantes problemas de freios. A Tyrrell andava muito bem em Anderstorp e poderia ser um fator na Suécia, que nas duas últimas edições lotaram o circuito para torcer por Ronnie Peterson, mas o sueco não tinha chances com o já antiquado Lotus 72E.

Para surpresa geral, a Ferrari não parecia tão forte na Suécia e nos treinos livres, nem Lauda ou Regazzoni lideraram. Confirmando a boa corrida na etapa anterior em Zolder, Vittorio Brambilla conseguia uma comemorada primeira pole na F1, com a March terminando um jejum de cinco anos. Uma das histórias folclóricas da F1 nos anos 1970 era que a equipe March teria colocado uma placa no sensor eletrônico de marcação de tempo, 'ganhando' alguns décimos na malandragem. O pole de 1974 Depailler completava a primeira fila, seguido pelo Shadow de Jarier e o Brabham de Reutemann. Lauda era apenas quinto. Correndo em casa Peterson arrancava um milagroso nono lugar, enquanto Regazzoni, Emerson Fittipaldi e James Hunt decepcionavam ao ficar fora do top-10.

Grid:
1) Brambilla (March) - 1:24.630
2) Depailler (Tyrrell) - 1:25.010
3) Jarier (Shadow) - 1:25.060
4) Reutemann (Brabham) - 1:25.180
5) Lauda (Ferrari) - 1:25.457
6) Pace (Brabham) - 1:25.802
7) Pryce (Shadow) - 1:25.866
8) Scheckter (Tyrrell) - 1:25.900
9) Peterson (Lotus) - 1:26.012
10) Watson (Surtees) - 1:26.085

O dia 8 de junho de 1975 amanheceu com um belo sol sob o bucólico circuito de Anderstorp, num dia perfeito para uma corrida de F1. A primeira fila tinha dois pilotos que nunca venceram uma corrida na F1, ou seja, Brambilla e Depailler estariam bem ansiosos para acabar com seus jejuns pessoais, enquanto Lauda esperava fazer uma corrida de espera, já que a prova teria oitenta voltas e terminaria com quase duas horas. Brambilla mantém sua primeira posição e o único problema na largada foi Pryce ter ficado parado, com um problema no cabo de acelerador, mas felizmente ninguém acertou o galês, que largaria com uma volta de atraso.

As primeiras posições eram basicamente as mesmas entre os quatro primeiros, com Pace ultrapassando Lauda sendo a única mudança com relação aos grid. Brambilla rapidamente abre 1s sobre Depailler e Jarier, administrando bem sua ligeira vantagem. Os líderes andavam bem próximos e Reutemann tomava o terceiro lugar  de Jarier na volta sete. A corrida era estática e somente na volta 14 haveria uma mudança quando Depailler entrou nos boxes com problemas de vazamento no sistema de freio, fazendo Reutemann subir para segundo e pressionar Brambilla. Conhecido como Gorila de Monza pelo seu estilo de pilotagem rústico, Brambilla vinha se comportando muito bem enquanto liderava sua primeira corrida de F1, mas seu pneu desenvolveria um furo, forçando a Brambilla ir aos boxes. O italiano abandonaria tristemente com problemas na transmissão do seu March voltas depois. Quando se viu na ponta, Reutemann tratou de abrir vantagem para Jarier, que segurava atrás de si Pace e Lauda. Quando o austríaco já partia para cima de Pace, Jarier abandonou a corrida bem na metade da corrida, com o motor quebrado. Pace fazia de tudo para manter a dobradinha da Brabham, mas com os pneus gastos, o paulista acabou saindo da pista e batendo, entregando a segunda posição para Lauda.

Ao assumir a segunda posição, Lauda tinha 10s de desvantagem, porém, tinha uma boa frente sobre seu companheiro de equipe Regazzoni, que era pressionado por Mario Andretti, que retornava à F1 após sua participação nas 500 Milhas de Indianápolis daquele ano. Lauda tirava a diferença gradualmente, enquanto os pneus de Reutemann perdiam rendimento, repetindo o que acontecera com Pace. Enquanto Emerson começava a sofrer problemas de freio, um jovem inglês chamava atenção Tony Brise, com um Hill, ultrapassava o então campeão para ser quinto colocado. Faltando quinze voltas Lauda colava de vez em Reutemann, mas o austríaco não se arriscava. Parecia que a ultrapassagem viria de forma natural. Após algumas tentativas, Lauda pegou o vácuo de Reutemann na reta dos boxes e efetuou a ultrapassagem no final da reta. Com problemas nos pneus, Reutemann não resistiu e apenas tentava sobreviver, enquanto Lauda abria vantagem. Niki Lauda conquistava sua terceira vitória consecutiva depois de uma corrida de espera. Reutemann terminou em segundo e com o terceiro lugar, Regazzoni finalmente subia ao pódio em 1975. Atrás do suíço, três pilotos marcavam pontos pela primeira vez na temporada e também davam os primeiros para as suas respectivas equipes, com Andretti (Parnelli) em quarto, Mark Donohue (Penske) em quinto e o surpreendente Tony Brise (Hill) em sexto. Com a segunda corrida seguida fora dos pontos, Emerson Fittipaldi perdia a segunda posição no campeonato para Reutemann, enquanto Lauda disparava na ponta do certame de 1975. Num circuito em que a Ferrari não se adaptou, Niki Lauda levou o carro nas costas para uma vitória onde mostrou suas grandes qualidades, que era a inteligência e a eficiência.

Chegada:
1) Lauda
2) Reutemann
3) Regazzoni
4) Andretti
5) Donohue
6) Brise

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