sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

O tetra de Nasser

 


Nos últimos anos o Rally Dakar (que não passa em... Dacar!) vem sendo dominado por um trio de ouro na história do Raid. Stephane Peterhansel, Carlos Sainz e Nasser Al-Attiyah venceram nada mais, nada menos do que quinze Dakar's nos últimos dezoito anos, lembrando que 2008 houve a ruptura definitiva com o Saara e a África, levando a caravana do Dakar para a América do Sul e agora estando na Arábia Saudita. O trio já venceu com vários veículos diferentes e sempre se mantiveram na ponta, brigando pelo título, normalmente entre si. Para 2022, Peterhansel e Sainz entraram de cabeça no projeto da Audi de um modelo totalmente elétrico, debutando exatamente esse ano. As dificuldades de noviciado do novo carro acabaram com qualquer chance de título para os dois europeus, mesmo o Audi ter mostrado muita velocidade nos doze dias de deserto saudita e tanto Sainz como Peterhansel, além do terceiro piloto Mattias Ekstrom, mais conhecido pelos vários anos no DTM, venceram pelo menos uma especial nesse ano.

Com isso, o caminho ficou praticamente livre para Al-Attiyah. O veterano catari de 51 anos usou a robustez e a confiabilidade da Toyota para vencer com até bastante facilidade seu quarto Dakar (2011, 15, 19 e 22), tendo como principal adversário a lenda do WRC Sebastien Loeb. Usando um BRX da famosa Prodrive, Loeb venceu várias especiais, mas o francês ainda aprende as manhas do Dakar e sua primeira vitória não demorará a acontecer. 

As motos viu uma emocionante disputa que muitas vezes envolveram cinco pilotos separados por minutos, que numa disputa que soma mais de quarenta horas, é o mesmo que andarem colados! No fim o britânico Sam Sunderland conquistou o bicampeonato, superando a força da Honda de Pablo Quintanilla e a KTM de Mathias Walkner com sua Gas Gas, marca espanhola que foi comprada recentemente pela KTM e usa a tecnologia dos austríacos. Nos caminhões a Kamaz dominou inteiramente a disputa e no fim foi o russo Dmitry Sotnikov a conquistar o bicampeonato, enquanto seus três companheiros de equipe completaram a quadra da Kamaz. O Brasil teve um vencedor nos UTVs, protótipos leves que estrearam a pouco no Dakar e Gustavo Gugelmin, navegador do americano Austin Jones, derrotaram o espanhol Gerard Farrés no último dia de disputa.

No primeiro grande evento do esporte a motor no ano, não houveram exatamente surpresas. Até mesmo a morte, que sempre persegue o Dakar, surgiu no último dia com o falecimento de um chefe de mecânicos, que se acidentou numa etapa de deslocamento. Desde a saída do continente africano em 2008 o Rally Dakar perdeu em muito seu charme e até mesmo sua atratividade. Mesmo Argentina e Arábia Saudita mostrando os mesmos desafios de antes, nem todo o dinheiro dos árabes pode pagar uma largada aos pés da Torre Eiffel, a passagem pelas dunas do deserto do Saara e o fim ao lado do lago rosa em Dacar. 

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