No já distante ano 2000, o New England Patriots, fincado em Boston e sem nenhum Super Bowl até então, escolheu um jovem Quarterback da Universidade de Michigan chamado Tom Brady. Número 199 do Draft e bem longe de ser atlético, Tom Brady chegou nos Patriots para ser reserva de Drew Bledsoe e comandado por Bill Belichik, considerado um gênio como coordenador defensivo, mas ainda dando os primeiros passos como treinador principal. Bledsoe se machucou gravemente num jogo contra o New York Jets e Brady assume a titularidade para se iniciar uma longa história de 22 anos que reescreveram a história da NFL.
Apesar de sua grandiosidade dentro dos Estados Unidos e ser indubitavelmente o esporte mais popular do país, o futebol americano ainda não tinha a penetração mundial da NBA por exemplo, onde Michael Jordan ajudou a tornar a liga de basquete americana numa coqueluche. Porém, dizer que Tom Brady é o Michael Jordan na NFL seria muito simplista, assim como chama-lo de 'marido da Gisele Bündchen' aqui no Brasil. Tom Brady fez mais. Além de popularizar a NFL em todos os cantos do mundo, Brady quebrou recordes muito difíceis de serem superados. Para começo de conversa, as franquias com mais Super Bowls na NFL com seis triunfos são os Patriots (todos liderados por Brady) e o Pittsburgh Steelers. Tom Brady tem sete Super Bowls. Somente por aí se tem a dimensão da grandiosidade dos números e feitos de Thomas Edward Patrick Brady Jr.
Se os americanos se interessaram pelo futebol por causa de Pelé nos anos 1970, o mundo passou a se interessar pelo futebol americano por causa de Tom Brady. Essa troca fez com que a NFL entrasse numa era de ouro capitaneada por Brady. Após vinte anos nos Patriots e já contando com 42 anos, Brady se mudou para o Tamba Bay Buccaneers, uma espécie de patinho feio da liga, mesmo tendo vencido o Super Bowl uma vez. Todos pensavam que Brady relaxaria na Flórida. Brady deu a resposta com o seu sétimo Super Bowl logo no primeiro ano no novo time. No último domingo, no Divisional contra o Los Angeles Rams, Brady quase protagonizou uma virada histórica, mas um Field Goal salvador dos Rams no finalzinho fez com que a partida no Raymond James Stadium se tornasse histórica.
Seis dias depois da derrota dos Buccaneers, o mundo soube da decisão de Tom Brady de se aposentar aos 44 anos de idade. Não faltarão homenagens para o GOAT (Maior de Todos os Tempos) do futebol americano. Para a NFL está sendo o fim de uma era. A Era dos grandes Quaterbacks. Brady foi indiscutivelmente o maior de todos, mas ele teve ótima companhia. Nos anos 2000 e 2010, manteve uma rivalidade de altíssimo nível com Payton Manning. Além de Payton, haviam Ben Rothisberger, Aaron Rogers e Eli Manning (irmão mais novo de Payton), que venceu Brady em dois Super Bowls. Eli se aposentou ano passado, Big Ben anunciou sua aposentadoria nessa semana e o destino de Rogers é uma incógnita e muito se fala em aposentadoria para a lenda de Green Bay. Todos eles ajudaram a Brady a elevar seu nível, assim como inesquecível Joe Montana foi ídolo de Brady, junto à Dan Marino, John Elway e Jim Kelly, os QB's de elite dos anos 1980/1990. Com saída de de cena de Brady, Big Ben, os irmãos Manning e Rogers (ainda não se tem certeza), a NFL viu sair de cena uma geração inesquecível de Quaterbacks, mas o futuro do esporte é próspero com Patrick Mahomes, Josh Allen, Joe Burrow e Justin Herbert.
Mesmo que esses jovens QB's se tornem o futuro da NFL, o que Tom Brady fez nesse início de século 21 já o coloca no panteão dos maiores atletas da história de qualquer esporte, onde Brady elevou todo um esporte para outro nível com sua grandiosidade. Se não vi Pelé, posso dizer que vi Tom Brady em seu esplendor.
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