segunda-feira, 27 de maio de 2024

Figura(MON): Charles Leclerc

 Numa das vitórias mais populares dos últimos tempos, Charles Leclerc finalmente se consagrou no quintal de sua casa. As circunstâncias da prova em Mônaco ajudou muito o piloto local, mas Charles fez um ótimo trabalho em todo o final de semana, liderando treinos livres, conseguindo a pole numa disputa acirrada com os pilotos da McLaren e Sainz. Na corrida, com ninguém realizando pit-stops, Leclerc foi inteligente para andar num ritmo mais lento para conservar sua borracha à pedido da Ferrari, administrando a corrida até o final com frieza, afastando todos os fantasmas que Leclerc havia enfrentado em Mônaco, mas no final Charles pôde comemorar uma vitória que emocionou desde o fiscal de pista até o príncipe regente Albert, que quebrou os protocolos e espirrou champanhe junto ao grande vencedor do dia, Charles Leclerc.

Figurão(MON): Esteban Ocon

 Ninguém duvida da velocidade e talento de Esteban Ocon. Concorrente direto de Max Verstappen na F3, o francês derrotou o neerlandês na ocasião, imediatamente entrando no radar na Mercedes, que o colocou como seu protegido até a F1, mesmo que Toto Wolff não o tenha colocado na equipe Mercedes. Porém, Ocon mostrou na mesma medida velocidade, como também confusões internas nas equipes em que atuou, particularmente com seus colegas de equipe. Na Alpine, quando recebeu Pierre Gasly, a beligerância já era antiga, com os dois franceses não se dando bem desde os tempos de kart, no entanto, pode-se afirmar que Gasly e Ocon se suportavam sem maiores problemas para a Alpine. No entanto, nesse final de semana em Monte Carlo, Ocon tentou uma manobra em cima de Gasly que passou de todos os limites aceitáveis da boa convivência entre companheiros de equipe. Numa Alpine em sérias dificuldades técnicas e gerenciais, pontuar é algo raro para o time gaulês e na classificação Gasly era décimo, com Ocon logo atrás. Num circuito de ultrapassagens beirando o impossível, marcar pontos era algo bastante plausível para a Alpine, mas Ocon quase pôs tudo a perder numa manobra desajeitada na apertada Portier ainda na primeira volta, onde os dois carros se tocaram e foram danificados. Por sorte, Gasly ainda pôde continuar, enquanto Ocon teve que abandonar por culpa unicamente sua, além de deixar Bruno Famin e toda a cúpula da Alpine em desespero. Menos mal que a corrida sem ação de Monte Carlo fez com que Gasly marcasse mais um pontinho para a Alpine, mas isso não diminuiu a fúria da Alpine, que fala até mesmo em suspender Ocon por uma corrida. Com um cartel interessante e velocidade reconhecida, Esteban Ocon corre o risco de sair da F1 pelas portas dos fundos por seu comportamento completamente errático dentro e fora das pistas.

domingo, 26 de maio de 2024

O bi de Josef

 


Até pouco tempo atrás, Josef Newgarden era um dos pilotos mais cobrados da Indy. Com boa aparência, pilotando pela Penske e sempre brigando pelo título, faltava ao americano uma vitória em Indianápolis para finalmente pode ser um dos rostos mais conhecidos do automobilismo americano. Nunca faltou talento à Josef, principalmente em ovais, mas a vitória custou a acontecer e veio a primeira ano passado. Chegando em 2024, Newgarden se viu em meio ao maior escândalo da história da Penske, sendo desclassificado da prova em St Petersburg e acusado de trapaça até mesmo pelos demais pilotos. Novamente sob pressão, Newgarden deu uma bela resposta numa das mais belas edições dos últimos tempos das 500 Milhas de Indianápolis, derrotando Pato O'Ward numa ultrapassagem antológica por fora na última volta, conquistando o bicampeonato, sendo o sexto piloto a fazê-lo.

A edição 2024 das 500 Milhas sofreu um gigantesco atraso de quatro horas que quase colocou a corrida numa segunda-feira, deixando o convidado Kyle Larson numa sinuca de bico. Tentando o 'Double Duty', o piloto da Nascar ficou impossibilitado de completar as 1.100 milhas e surpreendentemente escolheu a Indy. As primeiras voltas foram surpreendentemente acidentadas e com muitos problemas mecânicos. Logo na primeira volta o novato Tom Blomqvist cometeu um erro inacreditável e levou consigo Marcus Ericsson e Pietro Fittipaldi. Se haviam dúvidas quanto à durabilidade dos motores Chevrolet, que deu vários problemas nos treinos, mesmo mostrando superioridade frente a Honda, foram justamente os propulsores nipônicos que abriram o bico com Katherine Legge, Marcus Armstrong e Felix Rosenqvist. A corrida começou a pegar no breu pela volta trinta, com os pilotos sendo bem agressivos nas relargadas, sabendo das dificuldades de ultrapassagem.

O trio da Penske, que varreu a primeira fila, ficaram muito tempo na frente, liderado pelo pole Scott McLaughlin e seu mítico carro amarelo Pennzoil, mas não demorou para que a estratégia entrasse em cena. Um pouco como aconteceu em Mônaco pela manhã, os pilotos diminuíram drasticamente o ritmo, andando até dez milhas por hora a menos do que no primeiro stint. As bandeiras amarelas seguidas fizeram com que táticas diferentes surgissem, embaralhando a briga pela primeira posição. A McLaren de Alexander Rossi, o primeiro não-Penske no grid, apareceu forte junto com Colton Herta e Santino Ferrucci. Contudo, a velha maldição Andretti quando Colton rodou sozinho na saída da curva um, enquanto Helio Castroneves entrou no top-10 e por várias voltas era o segundo piloto com motor Honda, só atrás de Alex Palou na imensidão de pilotos da Chevrolet.

A confiabilidade dos Chevrolet foi ótima, assim como Pato O'Ward, que deu uma salvada cinematográfica, enquanto Larson andou o tempo inteiro entre os dez, mas na primeira parada em bandeira verde, acabou excedendo o limite de velocidade nos pits, acabando sua bela estreia na Indy, mas pelo o que mostrou no mês de maio, tomara que Kyle retorne. Na marca da volta 140, a corrida entrou em seu momento decisivo e os pilotos soltaram a cavalaria, com Newgarden, McLaughlin e Rossi muito fortes na frente. O'Ward e Dixon faziam corridas discretas, inclusive com o neozelandês se envolvendo num acidente perigoso com Ryan Hunter-Reay, que saiu do carro pistola por ter sua corrida destruída e Dixon ter escapado ileso. Mas na estratégia, ambos entraram na briga pela vitória, enquanto Power batia forte após não acompanhar seus companheiros de equipe.

Após a última parada, Newgarden, O'Ward, Rossi e Dixon apareciam muito fortes, enquanto Palou e McLaughlin foram atrapalhados pela retardatário Agustin Canapino, que fora punido, mas tinha um carro rápido. Nas voltas finais, O'Ward aumentou o ritmo, passando a correr no fio da navalha, inclusive ultrapassando de forma arriscada Rossi, deixando o companheiro de equipe para trás. As últimas voltas se tornou uma luta direta entre Pato e Newgarden. Mesmo estrangeiro, parecia que Pato era o favorito do público, mas Newgarden fez as vezes da casa, mostrando a superioridade do conjunto da Penske. Na abertura da última volta, Rossi se colocou na frente, mas como visto nos últimos anos, abrir a última volta não é muito aconselhável e Newgarden deu um passão por fora na curva 3 daquelas que entrarão nos futuros clipes de Indianápolis.

Foi a redenção de Josef, que após 22 anos se tornou o primeiro bicampeão seguido em Indiana. Pato saiu do carro desolado, chorando bastante pela chance perdida. Não faltarão oportunidades ao jovem mexicano. Já Newgarden, com essa vitória impressionante, começa a fazer o que era esperado dele, se tornando um dos rostos conhecidos em Indianápolis. 

Quanto mais lento melhor


 Mônaco para sempre será uma corrida especial nesse dia especial com tantas corridas icônicas, no último final de semana de maio. Porém, se você esperar emoção, ultrapassagens e adrenalina na prova do principado, dificilmente você irá encontrar, ainda mais nas circunstâncias da corrida de hoje. No entanto, há outras situações que podem tornar uma corrida emocionante. Mesmo nascendo em Mônaco, Charles Leclerc não veio de uma família milionária, mas conviveu com alguns pilotos que lá moravam e com certeza várias vezes assistiu à corrida no meio da torcida. Logicamente Charles tinha como um dos objetivos quando se tornou piloto de vencer em Monte Carlo, mas o triunfo teimava a escapar, algumas vezes de forma cruel. Porém, com uma pilotagem segura e ajudado pela bandeira vermelha logo na primeira volta, Leclerc quebrou a maldição em casa e de ponta a ponta se tornou o segundo monegasco a vencer na frente do príncipe regente.


Como falado anteriormente, a corrida em Mônaco esteve léguas de distância de emocionar alguém ávido por ultrapassagens e emoção. Além da dificuldade natural de se ultrapassar no principado, um fator foi preponderante e aconteceu logo na primeira volta, no lance mais polêmico do domingo. Após uma classificação trágica, pelas próprias palavras de Sergio Pérez, o mexicano largava na rabeira do pelotão e estava próximo da dupla da Haas, desclassificada por irregularidades no DRS. Kevin Magnussen sempre foi um piloto que joga duro e não sem motivo está pendurado para receber um inédita suspensão por vários pontos na carteira. Pérez saiu cauteloso da St Devote, tendo Magnussen ao lado. Checo tracionou melhor e estava na frente de Magnussen, mas não tinha o carro inteiro à frente. Com carros bastante largos e a Subida do Cassino um dos pontos mais estreitos da pista, Magnussen não tirou o pé e na visão do dinamarquês, foi espremido por Sergio. Porém, temos que lembrar à Kevin que quando você vê o espaço à frente se extinguindo, tirar o pé pode evitar todo o destroço que veio em seguida. Pérez foi tocado por Magnussen, virou para a direita e atravessou com o seu carro destruído para a esquerda, atingindo Nico Hulkenberg, que não tinha nada a ver com a conversa. A pancada destruiu o carro de Pérez, além de acabar com a prova da Haas, enquanto Zhou praticamente estacionou seu Sauber para não ser atingido pelo melê. Um acidente grave, mas felizmente sem consequências físicas aos envolvidos, mas podendo ter desenlaces. Magnussen pode ser punido e ser suspenso para a próxima corrida, enquanto Pérez caiu para quinto no Mundial de Pilotos, deixando sua renovação de contrato com a Red Bull ainda mais complicada.


Como se tudo isso não bastasse, Carlos Sainz saiu da pista no Cassino devido a um pneu furado num toque com Piastri na St Devote, enquanto Esteban Ocon permanecia em sua constância de se envolver em acidentes com seus companheiros de equipe, ao tentar achar um espaço inexistente ao lado de Pierre Gasly na Portier e acabou voando, além de estragar o carro do companheiro de equipe. A bandeira vermelha salvou as corridas de Sainz e Gasly, o mesmo não acontecendo com Ocon, que foi o quarto e último abandono do dia, mas o francês não escapará de um carão da confusa cúpula da Alpine. A bandeira vermelha de quarenta minutos fez com que as equipes trocassem os pneus dos pilotos sem terem que fazer o pit-stop obrigatório por regulamento, deixando praticamente todo o grid livre para ir até o fim da corrida sem parar. Isso causou um dano enorme à qualquer chance de emoção da corrida, pois com os pilotos tendo que fazer os pneus funcionarem por 76 voltas, o ritmo foi bastante lento e quando alguém vislumbrava em fazer uma parada, bastava que o piloto da frente diminuísse ainda mais o ritmo para evitar que fossem abertos os 23s necessários para fazer o pit-stop e voltar à corrida. Sem pit-stops para os pilotos, o momento em que poderia ter mudança de posição terminou antes mesmo da segunda largada.


O resultado disso foi um procissão que nem se pode dizer que foi em alta velocidade, bastando dizer que dez primeiros do grid chegaram nas mesmíssimas posições na bandeirada. Houveram tentativas de fazer algo diferente, como os pit-stops de Verstappen (que pediu um travesseiro para dormir, tamanha chatice que estava a sua corrida) e Hamilton, mas nada mudou, pois por mais rápidos que estavam, bastava chegar no seu adversário mais próximo para ficar empacado na pista. Foi uma prova totalmente desprovida de emoção, mas claro que Charles Leclerc não tem do que reclamar. O monegasco fora dominante em todos o final de semana e espantando todos os seus demônios, venceu no quintal de sua casa de forma dominante, administrando bem os pneus e a diferença para Oscar Piastri, que fez o mesmo com Sainz, que voltou à corrida após o furo de pneus da primeira largada. Norris tentou fazer um pit-stop para tentar atacar o espanhol no final, mas o astuto Sainz percebeu a manobra e diminuiu seu ritmo, deixando seu amigo numa situação onde nada poderia fazer. Russell não parou, mas não se pode dizer que o inglês teve muito trabalho para segurar Verstappen e Hamilton, bem mais rápidos com pneus novos nas voltas finais. Tsunoda teve bem grande em seu retrovisor Albon, mas segurou o piloto da Williams para marcar mais pontos, enquanto Albon e o sobrevivente Gasly marcaram seus primeiros pontos em 2024. A Aston Martin teve mais um dia ruim, onde esteve longe marcar pontos e ainda viu Stroll errando, fazendo-o ir aos pits duas vezes, o único em todo o pelotão. Ricciardo foi o primeiro a perder posição e a imagem dele ao lado de Liam Lawson mostra bem o futuro e o passado na Racing Bulls lado a lado. A Sauber parou seus dois pilotos, Bottas chegou a andar 4s mais rápido do que os líderes, mas no fim, nada valeu, com Zhou ficando em último praticamente o tempo todo. 


Para o campeonato, não deixa de ser interessante ver essa oscilação da Red Bull e até o momento não se pode afirmar se foi algo pontual ou se o time austríaco chegou ao platô de desenvolvimento mais rápido do que o imaginado. Leclerc tirou bons pontos de Verstappen, num discretíssimo sexto lugar, mas ainda está longe do neerlandês no campeonato, mas a pergunta que fica é se esse momento da Red Bull irá perdurar. Sem contar que a Ferrari não chegou sozinha junto à Red Bull, pois a McLaren mostrou mais uma vez que está na briga por pódios e eventuais vitórias. Piastri fez uma corrida segura para conquistar seu primeiro pódio em Mônaco. A próxima corrida será em Montreal, outra pista de características peculiares. Mesmo com Verstappen e Red Bull bem à frente em ambos os campeonatos, está parecendo que a dominação esperada dos dois não está se confirmando.


Foi uma corrida sonolenta, onde praticamente nada aconteceu, principalmente na frente. Tudo foi decidido no momento em que Magnussen viu uma brecha em que Pérez fechou ao simplesmente seguir sua trajetória. Com os pilotos precisando conservar seus pneus, não teve mais corrida e quanto mais lentos andassem, melhor e assim foi para praticamente todo mundo até a bandeirada. Mas Leclerc emocionou a todos com sua genuína alegria pela vitória em casa, que contagiou até mesmo o Príncipe Albert.

Fazendo às pazes com Barcelona

 


Barcelona não estava guardada com muito carinho nas memórias de Francesco Bagnaia até este domingo. Não bastasse os resultados medianos na Catalunha até então, Bagnaia sofreu um sério acidente um ano atrás no circuito de Montmeló, que afetou o restante da temporada, sem contar que foi potencialmente perigoso, quando Pecco foi atropelado por Binder na primeira volta. Para completar, na Sprint de sábado o italiano caiu quando liderava na última volta, no que parecia uma espécie de maldição para o atual bicampeão em Barcelona. Contudo, com uma pilotagem cerebral, bem ao seu estilo, Bagnaia acabou com qualquer maldição que tinha na pista catalã para vencer pela terceira vez em 2024.

Depois de uma corrida na Moto2 recheada de punições por limites de pista e a Sprint ter visto muitas quedas, a corrida na Catalunha teve um ritmo bem cauteloso, com o pole Aleix Espargaró largando mal, ele que anunciou que irá se aposentar no final dessa temporada. Bagnaia pulou na frente, mas não disparou, tendo em seu encalço a sensação Pedro Acosta e o líder disparado do campeonato Jorge Martin. A dupla espanhola não demorou para ultrapassar Pecco, enquanto Aleix ultrapassava Binder e dava pinta que iria para cima de Bagnaia. No entanto, não aconteceu nada do esperado. Na realidade Bagnaia estava guardando seus pneus, vide o forte calor em Barcelona, que fez com que Acosta fosse ao chão, deixando Martin isolado. No último terço de corrida Bagnaia acelerou o ritmo e com um passo muito superior ao de Martin, ultrapassou o espanhol com facilidade rumo a uma vitória consagradora, um ano depois do maior susto da vida de Pecco.

Com a liderança folgada no campeonato, Martin não se incomodou muito em perder em casa, mantendo uma boa vantagem no certame desse ano. Porém, a briga pelo terceiro lugar foi animada e contou com um ensandecido Marc Márquez saindo de 14º rumo a uma bela corrida de recuperação até o terceiro lugar, segurando os ataques de Aleix nas últimas voltas. Depois da corrida, Marc fez uma festa incrível com a torcida, incluindo até mesmo uma dança para lá de esquisita, principalmente com Marc todo equipado com seu macacão.

Nessa semana sairá a decisão da Ducati para quem ocupará o segundo posto na equipe oficial em 2025 e pelo o que Bastianini fez hoje, dificilmente será ele, pois o italiano sofreu três punições durante a corrida, sendo que a terceira foi por não ter cumprido a segunda punição. A situação da Honda é tão periclitante que Acosta caiu, voltou à pista com a sua KTM toda torta e ainda chegou à frente de todas as motos Honda. Márquez fez bem em sair da Honda, mas será que ele irá correr ao lado de Bagnaia? Ou será o arrogante Martin? Bagnaia deverá ter muito mais trabalho em 2025, mas nesse momento ele fez as pazes com a vitória e também com o circuito de Barcelona, que tanto lhe fez mal no passado.

sábado, 25 de maio de 2024

Mais um tabu quebrado?


Na F1 atual existem alguns tabus e até mesmo já foram quebrados. A primeira vitória de Lando Norris demorou a sair e isso causou até um certo folclore antes do inglês triunfar em Miami. Um desses tabu se refere à Charles Leclerc. Assim como já ocorrera com Rubens Barrichello e Jacques Villeneuve em suas corridas caseiras, Leclerc tem sérios problemas em correr no quintal de sua casa no principado. Problemas indo para o grid, acidentes nos treinos e nas corridas. A lista é grande. Conta-se que conseguir a pole é mais de meio caminho andado para vencer em Monte Carlo e nesse sábado Leclerc o fez ao confirmar um final de semana onde Charles claramente foi superior até o momento.

A classificação em Mônaco é mais acirrada do que o normal justamente pela gigantesca dificuldade de se conseguir uma corrida de recuperação e por isso os pilotos fazem um esforço sobrenatural para conseguir o melhor lugar possível. As diferenças entre os pilotos no Q1 foram minúsculas e com os vinte pilotos na pista, o tráfego foi algo que fez muita diferença, inclusive com alguns sustos com carros até mesmo parando. Todos esses obstáculos acabaram por golpear os experientes Fernando Alonso e Sergio Pérez, ambos com vitórias em Mônaco e no caso do mexicano, tendo o melhor carro da F1. Ou não?

Após um início estonteante de temporada, a Red Bull começa a ver as demais equipes encostarem e a vitória na semana passada em Ímola foi muito mais por mérito de Verstappen do que pelo carro. Numa pista totalmente diferente, mais uma vez a Red Bull se vê numa situação incômoda, com McLaren e Ferrari claramente superiores, além de uma subida da Mercedes. Toda essa perda de vantagem acabou estourando nas mãos do pobre do Pérez, mas o mexicano vê a Red Bull praticamente sem ter quem colocar no lugar, pois Ricciardo faz uma temporada patética até aqui e Tsunoda, um dos nomes de 2024, é um piloto Honda e brevemente estará junto à Aston Martin. Enquanto isso, Liam Lawson observa nos boxes...

O Q3 foi bem apertado, numa briga apertada entre Leclerc e Piastri, que na classificação novamente desbancou Norris. Leclerc fez as vezes da casa para ser pole, com Piastri logo a seguir, com a segunda fila tendo a mesma formação Ferrari-McLaren, com Sainz e Norris. Verstappen estava nitidamente no limite, mas o neerlandês errou em sua volta final e acabou relegado ao sexto lugar, com Russell em quinto, novamente superando Hamilton. Albon e Gasly fizeram trabalhos soberbos ao colocarem Williams e Alpine no Q3. Para amanhã é esperado uma corrida morna, como foi na F2, onde simplesmente não se ultrapassa, mas muita coisa pode acontecer nas 78 voltas de Monte Carlo. 

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Figura(EMI): Max Verstappen

 As vitórias de Max Verstappen nos últimos dois anos parecem ter um script definido, onde o neerlandês emerge na frente após a primeira curva, abre uma boa diferença no primeiro stint e administrar a corrida até o final. Contudo, o novo Red Bull RB20 tem mais caprichos que o dominador RB19 e em Ímola, o carro nem de longe se mostrou dominador como em outras provas. No entanto, a Red Bull pôde contar com o talento de Max Verstappen, que conseguiu uma pole miraculosa ao superar por muito pouco a dupla da McLaren, que vinha se mostrando a mais forte no final de semana na Emilia-Romagna. Na corrida parecia que Max faria seu script de outrora, mas quando colocou pneus duros no segundo stint, o neerlandês sofreu com um desgaste de pneus inesperado e sua boa vantagem conseguida no primeiro stint praticamente evaporou-se nas últimas quinze voltas. Lando Norris, embalado pela primeira vitória, em Miami, foi para cima de Max e o piloto da Red Bull teve que mostrar novamente seu talento para segurar o empolgado Lando numa pilotagem forte e precisa, segurando a vitória até a bandeirada por meros sete décimos. Mesmo com a Red Bull se mostrando mais vulnerável nesse ano, Max Verstappen ainda pode fazer à diferença para os austríacos rumo a vitórias literalmente no braço.

Figurão(EMI): Sergio Pérez

 Num final de semana onde a Red Bull não esteve em sua melhor forma, quem mais sofreu foi o lado mais fraco da garagem e nesse caso sobrou para Sérgio Pérez executar um final de semana pobre e que foi praticamente definido no sábado. Assim como Verstappen, Checo reclamou bastante do equilíbrio do Red Bull RB20 em Ímola em todos os treinos, mas enquanto Max conseguiu uma pole espetacular, Pérez ficou de fora do Q3 e largou no domingo numa décima primeira posição decepcionante. Na primeira vez em que ficou no Q2, Sergio não poderia ter escolhido uma pista pior para se largar no meio do pelotão. Ímola é uma pista estreita e de ultrapassagem complicadíssima, condicionando a corrida do mexicano a uma mediocridade, potencializado por um erro estratégico da Red Bull, que esperava que as características de Ímola trouxesse um Safety-Car em algum momento, mas que não veio, deixando Pérez à mercê dos pilotos que pararam nas primeira voltas, que ultrapassaram o mexicano com facilidade. Quando foi fazer sua parada, já no terço final da corrida após esticar seu primeiro stint, Pérez se encontrava fora da zona de pontuação, mas com pneus novos Checo rapidamente voltou ao oitavo lugar onde estava, mas mais de 20s atrás da dupla da Mercedes. Um final de semana horroroso para Pérez e para piorar, Charles Leclerc subiu para a vice-liderança do campeonato, além do embalado Lando Norris estar logo atrás de Checo. Assim como no ano passado, Pérez vai se perdendo nesse momento do campeonato, só que o mexicano não tem contrato para o próximo ano. E se não se mexer logo, Pérez corre o risco de ser mais um a deixar a Red Bull, mas de forma não tão amistosa como outros.

domingo, 19 de maio de 2024

No braço!

 


Chegando à sétima etapa da temporada 2024, Max Verstappen chegou à incríveis cinco vitórias no ano na corrida realizada em Ímola. No entanto, a vitória de Max na tradicional pista italiana foi ligeiramente diferente das demais. No início Verstappen parecia que cumpriria o script das demais vitórias em 2024, onde contornava a primeira curva na frente rumo ao triunfo sem maiores arroubos, porém, o neerlandês não contou com a supremacia do seu Red Bull RB20 e teve que usar toda a reserva técnica que tem para se manter na frente de um cada vez mais empolgado Lando Norris, que lamentou a corrida ter terminado na volta 63, pois se houvessem mais voltas, o inglês poderia estar comemorando a segunda vitória consecutiva.


Os três primeiros quartos da corrida em Ímola foi de dar sono. A realidade é que o circuito de Ímola parece ter ficado pequeno demais para os grandalhões carros da atual geração da F1. Numa pista desafiadora, mas estreita, ultrapassar se tornou um artigo de luxo no Grande Prêmio da Emília Romanha. Atacar na largada? Observando o strike na corrida Sprint da F2, arriscar na entrada da variante Tamburello não parecia uma boa ideia e por isso os pilotos foram bem cuidadosos na largada, iniciando o que parecia ser uma longa procissão na bela paisagem emiliana-romanhola. Verstappen rapidamente escapou do 1s que ativaria o DRS a favor de Lando Norris e aos poucos foi disparando, usando muito bem os pneus médios. Norris não tinha maiores problemas em segurar a dupla da Ferrari, enquanto Oscar Piastri, punido por ter atrapalhado Kevin Magnussen na classificação, tentava ataques em cima de Sainz. A dupla da Mercedes já vinha longe e Sergio Pérez iniciava seu calvário em Ímola. O desgaste de pneus seria um fator em Ímola e as primeiras paradas não tardaram a acontecer, inclusive mudando algumas posições para quem resolveu esticar o primeiro stint. Numa pista estreita e cercada de caixas de brita, era esperado entradas do Safety-Car, mas Bernd Maylander assistiu tranquilamente a prova em Ímola no visor do seu carro, não tendo nenhum trabalho na tarde italiana.


A Ferrari talvez esperasse por alguma intervenção que nunca veio e deixou Sainz mais tempo que o necessário na pista, fazendo o espanhol perder a posição para Piastri, que esboçou um ataque em cima de Leclerc. O monegasco aumentou seu ritmo e de atacado, passou a atacar Norris, chegando a ficar 1,5s atrás do piloto da McLaren, mas como normalmente acontece com Charles, um ligeiro erro fez com que Lando escapasse. E passasse a olhar para frente. Mais especificamente para Max. Com 7s de vantagem após a única rodada de paradas dos líderes, tudo parecia azul como o mar para Verstappen, mas os pneus duros não tiveram o desgaste esperado para Max e o neerlandês viu seu desempenho despencar nas voltas finais. Livre de Leclerc, Lando Norris aumentou o ritmo e cuidando melhor dos pneus, o inglês fatiou toda a diferença que tinha para Verstappen, iniciando dos mais tensos finais de corrida da F1 nos últimos meses. Verstappen rogava pela bandeirada, enquanto se segurava com os pneus no bagaço, a bateria no fim e retardatários lhe atrapalhando. No caso, por ironia do destino, quem mais lhe atrapalhou foi o apagado Daniel Ricciardo. Norris claramente tinha mais carro, mas Verstappen usou todo o seu gigantesco talento para resistir à pressão de Lando e garantir mais uma vitória para ele, a terceira em Ímola.


Apenas sete décimos atrás de Max, Lando Norris mostrou que a sua vitória em Miami não foi algo fora da curva. A realidade foi que a McLaren deu outro grande salto de desenvolvimento e não apenas atropelou a Ferrari, como se aproximou definitivamente de Verstappen, mas como dito anteriormente, o neerlandês ainda tem reservas técnicas para se segurar. Correndo em casa, a Ferrari decepcionou com suas esperadas atualizações a deixando praticamente no mesmo lugar. Menos mal para a turma de Maranello é que o ritmo de corrida da Ferrari não é tão inferior assim, com Leclerc chegando a dar um calor em Norris e no final, com todo mundo no limite, Charles estava num ritmo próximo dos líderes, mesmo que longe fisicamente. Contudo, não se pode ignorar que Leclerc vacilou na mesma Variante Alta que fez Charles perder para Verstappen em 2022, agora deixando Lando escapar. Sainz, atrapalhado pela tática da Ferrari, fez uma corrida opaca para ser quinto, superado por muito por Piastri. Relegado ao quinto lugar no grid após a punição, o australiano tinha um ótimo ritmo, mas sua posição em pista não permitiu a Piastri um resultado melhor do que a quarta posição.


Também com atualizações, a Mercedes chegou a andar bem nos primeiros treinos livres, mas na hora para valer, o time de Toto Wolff permaneceu como a clara quarta força do campeonato, longe da Ferrari e longe dos demais. Russell e Hamilton andaram sozinhos praticamente o tempo todo, mesmo que Hamilton cometesse um erro quando estava prestes a liderar uma corrida pela primeira vez em 2024, mas acabou tendo que ir aos boxes depois de sair da pista. Sergio Pérez fez uma corrida que lembrou seus piores momentos em 2023. Após uma classificação ruim, o mexicano se viu preso no tráfego em Ímola e ainda saiu da pista na Rivazza, complicando sua situação que já não era boa. A Red Bull esticou ao máximo o stint de Checo, rezando por um SC que nunca veio, enquanto Pérez era ultrapassado por quem chegava nele, perdendo um tempo que o deixou mais de 20s da dupla da Mercedes. O oitavo lugar de Pérez significou a perca da vice-liderança do campeonato para Leclerc e para piorar, Norris está colado nele e com a confiança em alta. Novamente, nesse estágio da temporada, a cabeça de Pérez começa a desandar e nunca devemos nos esquecer que seu contrato ainda não está renovado para 2025 em diante. Com o seu líder nas profundezas da classificação em um final de semana irreconhecível de Fernando Alonso, a Aston Martin ficou errante no pelotão, com Stroll emulando a estratégia de Pérez, acabando por terminar em nono, superando alguns carros no final por ter pneus em melhores condições.


Mais uma vez Tsunoda liderou o pelotão intermediário, mesmo não largando bem. O nipônico fez uma corrida sólida, se consolidando com um dos melhores pilotos de 2024, além de colocar semanalmente Ricciardo em situações complicadas, pois o australiano simplesmente não consegue acompanhar Yuki, ficando fora da zona de pontuação. Nico Hulkenberg sonhou com os pontos, mas acabou atropelado pelos melhores pneus de Stroll e ficou em 11º, logo à frente de Magnussen, andando com enorme cuidado para não ser punido mais uma vez e por consequência acabar suspenso, algo inédito nessa regra da F1. A Alpine fez outra corrida medíocre, o mesmo acontecendo com Sauber e Williams, que viu o único abandono do dia com Alexander Albon, após o tailandês voltar do seu pit-stop com a roda solta. 


No que parecia ser uma corrida modorrenta acabou se transformando numa prova de alta tensão no final, mesmo que vencedor tenha sido praticamente o mesmo, mas não dá para negar que a Red Bull não tem o mesmo carro dominador do ano passado, com algumas vulnerabilidades que não se via em 2023, mas o braço de Max Verstappen supriu essa deficiência com uma vitória belíssima. Outro fato é que Lando Norris, tendo tirado o peso da primeira vitória, pode estar se tornando um rival real para Max. Muito provavelmente Max vença tranquilamente o título desse ano, mas em determinadas situações, Verstappen terá mais trabalho do que o imaginado para continuar vencendo. 

sábado, 18 de maio de 2024

Fazendo a diferença

 


Apesar do início de ano avassalador, aos poucos as equipes estão se aproximando da Red Bull na temporada 2024. Em Ímola a equipe austríaca não estava tendo um final de semana animador, com Max e Checo reclamando do carro, além de Ferrari e McLaren tendo dominado os treinos livres. Correndo em casa e com grandes atualizações, a Ferrari parecia ser o time a ser batido, mas a McLaren embalada pela vitória de Lando Norris na quinzena passada em Miami estava mais forte e próxima da liderança. Faltou combinar com Max Verstappen. A Red Bull melhorou, mas não a ponto de dominar e Pérez ficou fora do Q3, mas Verstappen foi lá e mostrou que é o melhor piloto da atualidade, batendo a dupla da McLaren por muito pouco.

A classificação teve como destaque inicial um final de semana até aqui irreconhecível de Fernando Alonso. Após bater no terceiro treino livre, Alonso continuou errando na classificação e só não largará em último amanhã por que o horroroso Logan Sargeant ter cometido o feito de errar em todas as suas voltas e todas foram deletadas. A Aston Martin ficou bem abaixo e está em declínio, com Stroll, sobrevivente no Q2, passando bem longe de passar ao Q3. Para piorar as coisas para os verdes, a Racing Bulls está em plena evolução, liderada por Tsunoda, que mais uma vez superou por muito Daniel Ricciardo, enquanto Liam Lawson voltava a ser mostrado. A Mercedes chegou a se animar na sexta-feira, mas na classificação a triste realidade do time liderado por Toto Wolff veio à tona com uma classificação opaca e Hamilton escapando por dois centésimos de ficar no Q1. Muito, muito longe de impressionar um futuro tetracampeão...

Enquanto Max Verstappen se destacava na briga pela pole, Sergio Pérez voltou a ter exibições que quase o tiraram da Red Bull, ao bater no TL3 e ficar de fora do Q3. A dupla da Ferrari não deixou de decepcionar em casa, enquanto a jovem dupla da McLaren fez Verstappen suar para conquistar sua oitava pole consecutiva, igualando ao recorde de Senna bem na pista onde o brasileiro perdeu a vida trinta anos atrás. Max estava mais feliz do que o normal, pois sabe que essa pole foi tirada à fórceps e o piloto da Red Bull terá que lutar para se manter na ponta no domingo. 

quinta-feira, 16 de maio de 2024

O que eu vou dizer lá em casa?

 


Hoje foi um dia estranho. Apesar de não ter morrido ninguém da família, parece que nossa infância ficou ainda mais distante. Sim, certas pessoas fazem parte de nossas vidas, mesmo sem conhece-las e esse foi o caso de Silvio Luiz. Meu pai sempre foi louco por futebol e muitas e muitas vezes o acompanhei na frente da TV vendo jogos quando criança, principalmente quando a TV Bandeirantes aportou em terras alencarinas, sem precisar de antena parabólica. Os jogos começavam cedo no meio da semana e dava para assistir sem problemas. Impreterivelmente narradas por Silvio Luiz e tendo comentários de Juarez Suárez. Era uma delícia. Eu achava Silvio muitíssimo engraçado, mas quem não gostava muito era minha mãe, incomodada com a voz rouca do narrador gritando bordões inesquecíveis. 'No pauuu!'. 'Pelo amor dos meus filhinhos!'. O que mais a irritava era o grito de gol, onde Silvio... não gritava gol! Era um 'éééééé' que parecia infinito. Meu pai ria demais e adorava assistir jogos com o Silvio. E os jogos do campeonato italiano? Junto com Silvio Lancelotti? Era tempos bons demais que parecem não mais voltar.

Nunca conheci Silvio Luiz, mas como não nos transportar para a infância lembrando dele? Por isso, que a morte dele foi aquelas pancadas que doem fundo. E o mesmo vale para Antero Greco e Washington Rodrigues. Desde 1995 tenho TV a cabo aqui em casa e acompanho o Antero em suas diversas participações nos programas da ESPN, onde está desde o começo. Antero sempre pareceu ser gente boníssima, daqueles que você conversa por horas a fio. Nos últimos anos ele fez uma parceria com Paulo Soares que nos fez sorrir com os 'Caraglios', 'Picamoles' e 'Rolão Preto' da vida. Com Washington Rodriguez não tive muito contato, me lembrando mais do momento em que ele treinou o Flamengo, mas sabendo de sua importância no rádio carioca.

Os três nos deixaram em questão de horas, nos deixando uma enorme sensação de vazio.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Figura(MIA): Lando Norris

 Não poderia ser outro! Após uma espera de cento e dez corridas, Lando Norris finalmente sentiu o gosto da vitória e mesmo ajudado pelo Safety-Car, Lando tinha o ritmo mais forte no domingo, merecendo completamente a vitória desse domingo em Miami. O final de semana não começara de forma auspiciosa para o inglês, mesmo com as altas expectativas das melhorias trazidas pela McLaren. Na Sprint, Lando foi atingido na primeira curva e com apenas um treino livre, ele não pôde avaliar a fundo as novidades do seu carro, além de se conformar com a terceira fila na classificação. Ficando em sexto após uma largada confusa, Lando começou a corrida pressionando a Red Bull de Sergio Pérez, demonstrando ter um grande ritmo na prova, só não ultrapassando o apagado mexicano porque ele foi chamado pelos boxes da Red Bull. Com pista livre, Lando se tornou o piloto mais rápido da pista, com voltas mais rápidas seguidas. Além de rápida, a McLaren também se mostrou cuidar bem dos pneus e foram os últimos a parar. Isso acabou sendo decisivo para a vitória de Lando Norris. Quando liderava e estava prestes a parar, um incidente entre Magnussen e Sargeant trouxe o Safety Car para a pista, neutralizando a corrida e ajudando Norris a fazer a parada sem perder a liderança. Porém, Lando teria que encarar uma relargada com Max Verstappen lhe fustigando e o piloto da McLaren se comportou muito bem, segurando o rojão e logo abrindo uma diferença essencial para garantir a vitória. Foi uma vitória bem popular, com o público que lotou as arquibancadas de Miami festejando bastante, além de todo o paddock da F1. Que essa vitória dê a confiança necessária para Lando Norris continuar evoluindo.

Figurão(MIA): Sérgio Pérez

 Um ano atrás Sérgio Pérez chegava à Miami com moral após uma vitória em Baku e se consolidando como um piloto muito forte em circuitos de rua, o que poderia ser confirmado com uma boa corrida na pista urbana da Flórida. O que se viu, no entanto, foi Checo levar uma ultrapassagem desmoralizante de Verstappen e se perder completamente até o final da temporada. Retornando para 2024, Pérez teve outro final de semana esquecível em Miami. Ficar atrás de um inspirado Verstappen está longe de ser algo ruim, mas Checo não precisava de um erro crasso na largada e quase tirar da corrida... Max! Por muito pouco Checo não provocou um acidente sórdido onde os dois carros da Red Bull poderiam ter saída da prova, mas isso só seria o início de uma corrida medíocre do mexicano. Após sair da pista na primeira curva, Pérez caiu para quinto, mas ao invés de atacar as Ferraris à sua frente, Checo foi atacado por um iluminado Lando Norris, que imprimia uma ritmo avassalador e só não ultrapassou Pérez por que Sergio foi chamado aos boxes. Porém, Pérez continuou a corrida mais olhando para o retrovisor do que para frente, sendo atacado pela raquítica Mercedes de Lewis Hamilton nas voltas finais, terminando a prova em quinto, beneficiado pela punição de Carlos Sainz, mas já vê Charles Leclerc apena cinco pontos atrás no Mundial de Pilotos. Com o contrato com a Red Bull a terminar, o vice-campeonato é o mínimo que se pode esperar do segundo piloto da equipe dominante, mas até nisso Pérez está pecando e que essa corrida ruim em Miami não signifique, como ano passado, o início de um calvário que durou a temporada toda.

domingo, 5 de maio de 2024

E chegou a vez de Lando


A reação do público em Miami, nas últimas voltas da corrida desse domingo, demonstraram bem o tamanho da popularidade de Lando Norris atualmente e as cenas depois da bandeirada viram uma F1 genuinamente feliz pela primeira vitória do inglês da McLaren. Foram cento e dez corridas antes de Lando Norris finalmente conseguir sentir o gosto da vitória, numa corrida onde Lando soube aproveitar muito bem o Safety-Car que estragou a corrida de Max Verstappen, mas com um ótimo carro, Norris colocou mais de 7s em cima do neerlandês, derrotando Max na pista.


As últimas corridas em Miami tinham deixado bastante a desejar, mas haviam indícios de que algo poderia tornar a prova de hoje bastante interessante. Mesmo tendo dominado a Sprint Race e ter feito as duas poles no final de semana, Max Verstappen não cansava de reclamar do seu carro, até mesmo se assustando quando marcou a pole da Sprint, surpreso por ter sido o mais rápido após uma volta tão ruim. A Red Bull não tinha o carro dominante visto em outras provas, enquanto a McLaren chegou à Flórida cheia de esperanças com updates no carro, lembrando que ano passado o time chefiado por Zak Brown deu um baita passo à frente quando colocou melhorias no carro. Porém, o final de semana de Lando Norris até esse domingo não tinha sido dos mais fáceis. Tocado na primeira curva da Sprint, Norris não pôde testar adequadamente as melhorias do seu carro e na classificação para a prova de domingo, teve que se contentar com a terceira fila. Na largada, Leclerc largou muito mal, deixando um espaço livre por dentro, que foi visto por Sérgio Pérez como uma oportunidade de ouro, mas que quase se transformou num sórdido acidente, quando por muito pouco o mexicano não acertou o carro de Max em cheio. Depois da corrida, Verstappen ficou estupefato com a manobra do companheiro de equipe e de quão perto sua corrida não terminou ali. Com Pérez passando reto, quem se aproveitou disso foi Piastri, que pulou para terceiro, ensanduichado pela dupla da Ferrari, com Pérez em quinto e Norris em sexto. Verstappen contornou a primeira curva na ponta, mas mostrando que não tinha o mesmo domínio de outras oportunidades, Max só abriu 3s para Piastri, que tinha ultrapassado Leclerc na quinta volta, num cochilo do monegasco. Piastri naquele momento liderava a McLaren contra os ataques da Ferrari, sendo que Sainz insinuou uma troca de pilotos. De saída da equipe, foi completamente ignorado.


Ficou notório que a Red Bull não estava como sempre em 2024 quando Verstappen errou na apertada chicane e trouxe um cone para o meio da pista, provocando o SC virtual. Nesse momento, Norris atacava Pérez e quando o mexicano foi aos boxes, Lando aumentou o ritmo e começou uma sucessão de voltas mais rápidas. O ritmo da McLaren não magoou os pneus a ponto de Piastri e depois Norris assumirem a ponta da corrida quando Max e as Ferraris pararam, mas o momento em que Lando liderava foi essencial. Kevin Magnussen e Logan Sargeant brigavam pela penúltima posição, numa batalha de alto risco, observando o cartel dos dois desastrados. Como não poderia deixar de ser, os dois se tocaram e acabaram fora da pista, com Sargeant no muro e terminando mais uma corrida dando prejuízo à Williams. Com Norris tendo que parar, era óbvio que o inglês teria vantagem, principalmente com Lando mantendo o mesmo ritmo de Max, mesmo o piloto da Red Bull estando com pneus novos. Porém, a direção de prova vacilou e ajudou ainda mais Norris. O SC ficou na frente de Max, atrasando ainda mais o neerlandês, deixando Norris livre para fazer sua única parada tranquilamente e manter a liderança. Porém, havia uma relargada pela frente e Lando não estava acostumado com essa situação, sendo atacado por Verstappen de forma imediata, mas logo Norris se impôs com um ritmo superior da McLaren. Quando escapou da temida linha do DRS (1s), Norris foi embora e surpreendentemente enfiou 7,6s na goela de Max Verstappen para vencer pela primeira vez na F1. E emocionar o paddock. Conhecido por sua extroversão, Lando Norris foi aplaudido efusivamente ainda nas últimas voltas e foi cumprimentado praticamente por todo o grid depois da corrida. Sua comemoração com a McLaren também foi tocante, assim como a lembrança por Gil de Ferran.


Num final de semana onde não tinha um carro tão dominador, Max Verstappen conseguiu controlar bem os danos e se conformou com a segunda posição, perseguido de perto pela dupla da Ferrari, mas se Leclerc fez uma corrida solitária para terminar em terceiro, Carlos Sainz teve que suar sangue para ultrapassar Oscar Piastri na marra, após pedir punição ao australiano várias vezes, mas não sendo atendido. Ao contrário do companheiro de equipe, Piastri não teve uma corrida para lembrar, pois com o toque com o Sainz, teve a asa dianteira quebrada e caiu para as profundezas do pelotão, só se recuperando até a 13º posição, além de ter tirado o pontinho de Norris pela melhor volta. Porém, a McLaren não tem do que reclamar. Com a vitória de Norris, encostou um pouco mais na Ferrari e já soma praticamente o dobro de pontos da Mercedes, que tem o mesmo motor. Hamilton fez uma corrida decente e chegou próximo de uma apagado Pérez para ser sexto, enquanto George Russell ficou num decepcionante oitavo lugar, tendo Tsunoda o separando de Hamilton. O japonês conseguiu mais pontos no campeonato e já aparece em décimo no Mundial de Pilotos, num bom esforço de Yuki, o que só aumenta a decepção com a temporada de Ricciardo, muito longe dos pontos hoje. A Aston Martin sofreu o final de semana inteiro e somente a magia de Alonso para vê-lo chegar em nono, após o espanhol se esforçar bastante para tirar o nono lugar de Esteban Ocon, mas ao menos a Alpine marcou seu primeiro ponto do ano, deixando as decepcionantes Sauber e Williams como as únicas zeradas do campeonato.


Foi uma corrida interessante, com um vencedor diferente do que estamos vendo nos últimos anos, mas a vitória de Lando Norris tem um significado especial por não ter sido um triunfo circunstancial. Por mais que tenha se aproveitado do SC, Norris derrotou Max na pista e teve um grande ritmo durante a prova. A Red Bull mostrou mais uma vez algumas vulnerabilidades e mesmo Max tendo liderado várias voltas, pode-se colocar mais no braço do neerlandês do que no carro. Além do que, uma vitória sempre é um ganho de confiança que pode fazer que Norris e a McLaren melhorem ainda mais durante o ano.

sábado, 4 de maio de 2024

Melhor na imperfeição




 O circuito de rua de Miami vem trazendo algumas sensações estranhas aos pilotos da F1 nesse final de semana. Com curvas das mais variadas, o muro sempre à espreita e muita sujeira no asfalto, praticamente nenhum piloto executou uma volta limpa nesse final de semana, gerando até um comentário curioso de Max Verstappen quando ele ficou com a melhor volta da Sprint: Cadê os outros? Minha volta foi horrível. E novamente na classificação o neerlandês conseguiu uma boa volta, mesmo reclamando do carro, para ficar com a pole para a corrida desse domingo.

Após uma Sprint que teve como um dos destaques o bom desempenho de Ricciardo, o australiano voltou à normalidade do que vem sendo seu ano de 2024, quando Daniel ficou no Q1 mais uma vez, junto aos pilotos da Sauber, já que a Alpine conseguiu uma ligeira evolução e agora pelo menos não fica mais na primeira parte da classificação. Alonso já vinha reclamando do seu carro antes mesmo da Sprint e a classificação foi um indicativo de que a Aston Martin não se encontrou em Miami, com seus dois carros ficando pelo caminho no Q2, com o porém de Stroll ter enfiado dois décimos na goela de Alonso.

O Q3 viu Verstappen marcando uma volta matadora logo de cara, que foi o que lhe deu a pole. A dupla da Ferrari veio logo atrás e na segunda volta do trio, ninguém melhorou, com Leclerc mais uma vez na frente de Sainz. Pérez foi um dos poucos que melhoraram no Q3, mas completará a segunda fila amanhã, seguido pelas duplas de McLaren e Mercedes. Mesmo com o carro não estando no seu gosto, Verstappen vai lá e mata a concorrência com a sétima pole consecutiva.