domingo, 17 de novembro de 2024

Super Jorge

 


Ano passado Jorge Martin perdeu o título para Pecco Bagnaia, mesmo dando a impressão de ter sido o piloto mais rápido da MotoGP, porém, já contando com um título, Bagnaia se mostrou mais completo. Contando com a experiência de ter disputado um título, Martin evoluiu claramente. É muito mais fácil frear um piloto do que acelera-lo. Martin tem a velocidade e bastou a ele domestica-la. O espanhol da Pramac não teve uma temporada livre de erros e ainda teve o grande dissabor de ser novamente escanteado pela Ducati oficial, levando Jorge assinar com a Aprilia para 2025. Martin usou a consistência que tanto lhe faltou em 2023 para derrotar Bagnaia nessa temporada e quebrar vários recordes. Quinto espanhol a vencer na MotoGP, Jorge Martin foi o primeiro piloto desde Valentino Rossi a vencer com uma equipe independente e o primeiro na Era do MotoGP.

O título de Jorge Martin foi conquistado de forma tranquila numa corrida que pode ser adjetivada como monótona em Barcelona, que substituiu o circuito Ricardo Tormo, por causa da tragédia climática que atingiu Valencia poucas semanas atrás. Com o terceiro lugar na Sprint de sábado, Martin precisava apenas de um nono lugar para se sagrar campeão em 2024. Largando em quarto, Jorge saiu muito bem e rapidamente pulou para segundo, logo atrás do seu rival Bagnaia. Atacado por Marc Márquez ainda na primeira volta, Martin não se animou a brigar com o piloto que lhe tirou a vaga na equipe oficial da Ducati de fábrica e deixou Marc se entender lá na frente com seu futuro companheiro de equipe na Ducati. Sem ter muito o que fazer, Bagnaia atacou desde o início e sempre teve a incômoda presença de Márquez lhe fustigando, mas o espanhol talvez não quisesse uma briga mais forte com Bagnaia, onde somente a vitória lhe interessava, além de ajudar seu compatriota Martin, que ficou confortavelmente em terceiro a corrida inteira. Logicamente que há a tensão de uma decisão de título, onde um erro pode ser fatal, mas nada demais ocorreu na prova barcelonesa.

E Martin pôde comemorar seu título sem maiores arroubos nesse domingo. Foi uma conquista baseado, como dito acima, na consistência, mas principalmente, pelos pontos conquistados por Jorge nas Sprints. Invenção da Dorna, as Sprints se tornaram decisivas na medida em que, mesmo os pilotos marcando a metade dos pontos, Martin soube como ninguém aproveitar os constantes erros de Bagnaia nas mini-corridas durante o ano e foi amealhando pontos, enquanto venceu apenas três vezes no domingo. Bagnaia e Martin fizeram um campeonato à parte, onde estiveram sempre na briga pelas vitórias durante toda a temporada, mas os constantes erros e a falta de carisma de ambos deu a sensação de que o campeonato foi marcado pelo nível baixo, o que não é verdade. Martin foi metódico o campeonato inteiro, mostrando sua velocidade quando necessário, principalmente nos sábados, seja na classificação, seja nas Sprints. E Jorge ainda teve a decepção de ter sido dispensado pela Ducati de fábrica pela terceira vez, fazendo o espanhol se mudar para a Aprilia, no lugar do seu amigo e protetor Aleix Espargaró. Para desespero da Ducati, Martin levará o #1 para a Aprilia em 2025, num ano novamente amplamente dominado pela equipe de Borgo Panigale, que só perdeu uma única corrida e dominou tanto o Mundial de Construtores, como as quatro primeiras posições.

O título de Martin passa também pelos erros de Bagnaia. O italiano da Ducati era o grande favorito ao tricampeonato, mas pecou justamente no seu ponto forte: a consistência. No ano passado Bagnaia derrotou Martin com sua força mental e por estar sempre marcando pontos. Nesse ano, Bagnaia venceu onze vezes, se igualando à lendas como Rossi, Agostini, Doohan e Stoner, mas suas quedas e erros, principalmente nas Sprints, machucou demais o campeonato de Pecco, o deixando com o título fora de suas mãos ainda na perna asiática, quando Martin mais administrou o campeonato. Bagnaia terá que melhorar bastante e tratar de errar menos, para não ficar com a pecha de um multi-campeão menor na MotoGP, além de que em 2025, receberá Marc Márquez na equipe. O espanhol lhe deu uma chance arriscada ao deixar a Honda e ir para a menor equipe das satélites da Ducati. Logo Márquez mostrou seu incrível talento na melhor moto do pelotão, lhe rendendo três vitórias no campeonato e o terceiro lugar no campeonato. Tudo indicava que Marc iria para a Pramac e Martin subiria à equipe oficial, mas a recusa de Márquez em mudar-se para outra equipe satélite pegou a Ducati de surpresa e como resultado, causou todo um rebuliço no mercado de pilotos, fazendo com que Márquez ultrapassasse Martin na luta por uma vaga na Ducati Lenovo, numa manobra bem discutível.

Márquez mostrou que já entrará na Ducati como um dos favoritos. Seu talento ainda está lá, mesmo que após tantos machucados, não esteja como nos velhos tempos. Marc lutará com Bagnaia, com quem já bateu no começo do campeonato, o que pode envenenar o ambiente da Ducati de fábrica. Enea Bastianini não teve a desculpa das contusões para mais um campeonato irregular na equipe oficial da Ducati e sem espaço com os italianos, se mudou para a KTM, juntamente com Maverick Viñales, outro piloto que se mostrou on-off. O espanhol foi o único piloto não-Ducati a vencer em 2024, mas foi capaz também de atuações horrorosas, como a de hoje. Por esse motivo, a Aprilia não o quis como segundo piloto, preferindo trazer Marco Bezzecchi, ao lado de Martin em 2025. A KTM teve um ano decepcionante, mas pelo menos revelou Pedro Acosta, mais um piloto espanhol brilhante, que muitas vezes liderou a KTM, mas perdeu o posto de melhor piloto da equipe austríaca para Brad Binder na última corrida. A KTM se livrou de Jack Miller e terá uma equipe forte para o próximo ano, mas necessita melhorar a moto. O australiano conseguiu abrigo na Pramac, onde já correu. Porém, a Pramac não correrá mais com a Ducati, também decepcionada pela escolha por Márquez e assinou com a Yamaha, que assim como a Honda, tentará uma ressurreição após uma temporada tenebrosa das montadoras japonesas.

A MotoGP finalizou seu campeonato com um campeão digno das belas corridas que nos mostrou ao longo de 2024, porém, ficam algumas dúvidas para o futuro da categoria. A entrada da Liberty Media, que comprou a Dorna, pode dar uma guinada na categoria. A F1 viu sua popularidade crescer bastante com a Liberty, mesmo que desagradando muitos puristas. A MotoGP teve boas corridas, como sempre, mas seus dois protagonistas nem de longe tem o carisma de outros campeões que a categoria já teve. Mesmo em disputa renhida, Bagnaia e Martin trocavam elogios, frustrando quem esperava uma briga franca dentro e fora das pistas. A Liberty já deu o recado que não quererá a 'espanholização' trazida pela Dorna e por Carmelo Ezpeleta, que pode estar de saída. Faltou uma maior exploração das belas corridas e do campeonato apertado que tivemos. Isso é fato. Talvez a Liberty corrija isso, mas tomara também que não mexa em certos valores que a MotoGP tem e terão que ser mantidos. Para o bem de todos.

domingo, 10 de novembro de 2024

Logano é tri!


 Num dia de luto para a Nascar, a categoria principal realizou sua etapa decisiva em Phoenix, tradicional oval no Arizona. Desde a chegada dos famigerados play-offs, quatro pilotos chegam à última corrida com chances de ser campeão. Joey Logano, o atual campeão Ryan Blaney, William Byron e Tyler Reddick disputariam entre si quem seria o campeão de 2024. Reddick fez uma corrida opaca, onde em nenhum momento brigou pela vitória, numa prova marcada por uma mancada histórica, quando o piloto do safety-car bateu na entrada dos pits, num dos acidentes mais bizarros dos últimos tempos.

Byron contou com a ajuda do seu companheiro de Hendrick Kyle Larson, mas a dupla da Penske se mostrou fortíssima no final. Com a queda de rendimento de Christopher Bell, que mesmo não estando entre os quatro contendores liderou boa parte da prova, Logano emergiu na frente na última relargada e de lá não saiu mais. Blaney teve que superar Larson e Byron para uma tentativa desesperada de manter o título, mas Logano sua experiência para conter o companheiro de equipe nas voltas finais e conquistar seu terceiro título na Nascar Cup, se colocando entre os grandes da categoria. Considerado um prodígio nas categorias de baixo, Logano só desabrochou quando mudou da Gibbs para a Penske em 2013, quando muitos imaginavam que Joey seria uma eterna promessa.

Logano era perseguido por alguns pilotos mais durões por ser protegido, mas o americano não baixava sua guarda e aos poucos, conquistou o respeito dos demais sendo bastante agressivo nas pistas, tornando Logano um dos pilotos mais odiados da Nascar. Porém, após conquistar o título em 2018 e 2022, Logano bateu Blaney e com apenas 35 anos de idade, um menino para os padrões da Nascar, Joey poderá aumentar ainda mais sua estatística, mesmo que isso não lhe traga mais popularidade.

Que pena...


 A NASCAR está de luto com o falecimento de Bobby Allison, aos 86 anos de idade. Piloto histórico da categoria, Allison fez parte da chamada Alabama Gang, além de participado da mítica 'The Fight', após a Daytona 500 de 1979, onde cenas de pugilato colocaram a Nascar em evidência. Campeão da Cup em 1983 e vencedor da Daytona 500 três vezes, Bobby Allison foi um dos gigantes da Nascar. 


Você tem um sonho?

 


Sonhar faz parte da vida do homem, independentemente da idade ou do momento da vida. Sempre estamos sonhando. Muitas vezes temos sonhos que não são tangíveis, como ser feliz ou ser independente. Outras vezes temos sonhos materiais: comprar uma casa ou obter aquele carro de luxo. Vivemos, trabalhamos e lutamos para realizar alguns desses sonhos. Eu mesmo já realizei alguns desses sonhos, mas havia um, bem particular, que eu tinha: assistir uma corrida de F1 in loco.

Desde que me entendo por gente acompanho a F1 e me via em algum momento sentindo a emoção de ver tantos os carros como os pilotos de perto. Haviam alguns empecilhos, pois vivo no Ceará e o Grande Prêmio do Brasil se realiza bastante longe de onde moro. Outro era o preço, proibitivo enquanto você ainda somente estuda. Como falei, nós batalhamos para realizar alguns dos nossos sonhos. Nos últimos anos comecei a me programar para ver a F1 na pista, só não contava com a dificuldade que era conseguir um ingresso, mesmo tão caro. Quando ouvia falar do início da venda de ingressos para o GP Brasil do ano seguinte, rapidamente se esgotavam. Em certo momento já me conformava em ver, como sempre faço desde o final da década de 1980, as corridas em Interlagos da mesma forma como as demais etapas do calendário da F1: pela TV. No entanto, uma combinação de situações me pôs em contato com uma excursão de Pernambuco e em 2024 finalmente pude colocar meus pés no templo sagrado de Interlagos.

Já havia assistido corridas de forma presencial no surrado e resiliente circuito do Eusébio (outro autódromo correndo risco de desaparecer), tendo visto corridas de F3 e da Truck. Como me falou Márcio Madeira, para quem curte automobilismo, vale a pena ver uma corrida no autódromo pelo menos uma vez na vida para sentir toda a emoção do automobilismo. Porém, a F1 é muito diferente de tudo que já havia presenciado. O ronco do motor de um F1 está longe de arrebatar corações, mas quando me aproximava do portão do setor A de Interlagos e a primeira sessão de treinos livres já havia iniciado, escutei um carro passar. Senti o primeiro arrepio do final de semana. Quando finalmente entrei, quase quebrei uma regra, pois como criança, queria correr para ver a pista, não me importando muito se havia um procedimento para uma pessoa iria ingerir bebidas alcoólicas ou não. Então, vi uma Mercedes passando na minha frente. A sensação de velocidade era absurda, saindo do Café em direção a reta dos boxes. Parei e apenas curti. Como já havia experimentado em outros tipos de corridas, há uma mistura de sentidos quando um carro de competição passa na sua frente. Há a sensação de velocidade, há o som do carro e também o cheiro de gasolina de competição no ar. Mas com todo respeito aos F3 que havia assistido muitos anos atrás, não dá para comparar com um F1. Fiquei esperando passar cada carro de cada equipe, identificando um a um. Sim, tudo que havia visto pela TV estava passando na minha frente. O colorido dos carros e os capacetes, mesmo escondidos pelo Halo, eu também pude identificar. Para a minha sorte, as equipes não mudaram muito as cores dos carros, então vi o vermelho Ferrari, o preto/prata da Mercedes e por aí vai.

Fiz um cálculo de cabeça e provavelmente os carros passavam a mais de 300 km/h por ali. Fui explorar outros setores. Aproveitei minha altura e enxerguei outras partes da pista. A velocidade em que os carros fazem o Laranjinha é impressionante, com os bólidos no limite da aderência. Um fato que me chamou atenção foi a entrada dos boxes. Algo que pela TV é banal, ao vivo é algo que você respeita o que esses caras fazem. Os carros entram muito rápido e então freiam forte e vocês escuta as marchas baixando. Os estalos do motor. Então os carros fazem o Esse de alta antes de adentrar os pits. Acabou o treino. Adrenalina ainda a mil. Tirei algumas fotos, peguei algumas dicas de quem já havia vindo à Interlagos outras vezes. Uma delas falava do clima maluco que faz ali. Para quem vem do Ceará, frio não é algo comum, ainda mais com o sol forte que fazia no momento em que chegamos, mas já sabia que havia previsão de chuva para os três dias. Estava despreparado para o que viria. Na sexta à tarde, o tempo mudou radicalmente. Se não choveu, começou a ventar e esfriou repentinamente a ponto do cearense da gema aqui ficar com os braços cruzados. Fiquei mais próximo da pista, a velocidade dos carros é incrível.


No sábado pela manhã, o céu em São Paulo era tão limpo que até brinquei: Se o dia amanhece assim no Ceará, não chove de jeito nenhum. Mas estava a mais de 2.000 km da minha terrinha e a previsão de chuva era forte para mais tarde. Para a minha sorte, o hotel havia dado de brinde aos participantes da excursão uma capa de chuva. Levei por precaução. Não me arrependeria, pois a fama das quatro estações do ano aparecerem num mesmo dia em Interlagos é bastante real. Na largada da Sprint Race, com o sol ainda forte, fiz o que me disseram: fica perto do grid. Foram as melhores cenas que presenciei em muito tempo. Colado ao alambrado, nas últimas filas, vi as equipes esperarem os carros chegarem antes do grid e serem colocados em skates rumo ao seu respectivo colchete. Estava a pouco mais de dez metros de um carro de F1. Nesse momento também vi alguns personagens. Bottas e seus mullets chegando de patinete em alta velocidade. Ocon ficou bem próximo de mim, acenou para nós e me impressionei com a sua altura. O mesmo, só que inversamente, Tsunoda. Como é pequeno o japonês! Vi passar Ju Cerasoli e James Hinchcliffe através do grid, além de Jonathan Wheatley conversando animadamente com a turma da Racing Bulls, com Laurent Meckies ao lado. Quando os carros estavam para sair, Helmut Marko foi falar com Pérez e Tsunoda, nas últimas filas. Os carros saem para a volta de apresentação, mas o som está longe de ser ensurdecedor. Para quem ouviu os V10s, se dizia que o mundo parecia que iria acabar no momento da largada. E antes da largada da Sprint, outro momento especial. Os carros saem da curva do Café bem lentos e de repente, arrancam. O cheiro de gasolina de competição se misturava à borracha queimada.


Com dois telões, dá para ver a corrida muito bem, apesar de preferir ver o que se passava na pista. A torcida vaiava Verstappen, vibrava com Hamilton, mas a torcida argentina foi um capítulo à parte. Os vendedores ambulantes falavam em castelhano enquanto uma turba de argentinos passavam. A brincadeira que se fazia era que se Franco Colapinto for mesmo para a Red Bull em 2025, Interlagos teria mais argentino do que brasileiro. E como sabem torcer os argentinos! Vibravam quando Franco passava, mesmo o portenho tendo tido seu pior final de semana em sua curta carreira na F1. Será que os brasileiros farão o mesmo com Bortoleto ano que vem?

Depois da Sprint, o sol foi se escondendo aos poucos, mas nada dizia que uma tempestade de avizinhava. Na corrida da Porsche, que por sinal tem um ronco mais bonito que o da F1, o céu escureceu de uma vez e uma tromba d'água se abateu sobre Interlagos. Só depois soube que São Paulo havia parado. De longe dava para ver que a Curva do Lago fazia jus ao seu nome. Vai ter treino? Não vai? O chefe da excursão preferiu não arriscar e chamou todo mundo de volta. Sábia escolha. 


Com o tênis encharcado, meias idem e com o preço da capa de chuva pulado de dez para setenta reais, me preparei para a corrida. Mas será que vai ter corrida? O domingo amanheceu chuvoso, mas bem longe do toró de sábado. Por sinal, não parou mais de chover em São Paulo até a minha viagem de volta. E então tive a sorte de ver uma das melhores exibições individuais da história da F1. A classificação, no domingo muito cedo, foi tão atribulada que ainda assisti o final, com Norris na pole e Verstappen, ainda punido, saindo em 17º. Parecia que o campeonato iria ficar ainda mais aberto. Como escreveu muito bem Lucas Giavoni, vimos que mesmo a F1 sendo uma competição onde muitas vezes o resultado ainda depende do equipamento, o piloto ainda faz muita diferença e Max Verstappen fez um recital. Para quem estava no autódromo, era impressionante a facilidade com que o piloto da Red Bull deslizava nas condições traiçoeiras de Interlagos, enquanto Norris literalmente naufragava. A dupla da Alpine se destacou demais, mesmo que no momento de maior chuva, Ocon deu uma destracionada na minha frente que pensei que ele iria aquaplanar ali mesmo! Verstappen parecia de outra categoria, com ultrapassagens incríveis na freada para o Esse do Senna. E falando nele, outro arrepio que tive no final de semana foi quando Hamilton deu uma acelerada no miolo com o McLaren MP/5B depois da classificação. Muita gente chorando enquanto Lewis passava e passava rápido com a McLaren de Senna, muito presente em Interlagos. Pena, que nada se falou sobre os 50 anos do bicampeonato de Emerson Fittipaldi...

Quando Max tomou a liderança, ele começou a marcar volta mais rápida em cima de volta mais rápida. No começo, ninguém se impressionou muito, mas na medida em que ele passava e o telão mostrava outra volta mais rápida, começaram a surgir os 'oh'. Eu mesmo exclamei: ele agora tá só brincando! Os apupos se transformaram em aplausos de respeito quando Max Verstappen cruzou na nossa frente pela última vez. Fora uma exibição de gala. E eu estava lá!


Ao falar para o pessoal da excursão que era a minha primeira vez na F1, muita gente falou que eu iria me viciar que voltaria sempre. A organização da excursão foi espetacular e a turma de Caruaru foi muito receptiva, porém, a organização do Grande Prêmio... Por estar no autódromo, tive pouco acesso às redes sociais e por isso não vi as reclamações, mas era flagrante as falhas. Uma fila quilométrica fez que muita gente no sábado não visse nenhum carro de F1. Apenas um portão no Setor A funcionava, mas o que mais me preocupava era a saída. Um efeito funil e um portão estreito me causava calafrios caso precisasse uma evacuação de emergência. Dentro de Interlagos, o desconforto era totalmente desproporcional ao preço que você paga para estar lá. As arquibancadas não tem assento e por isso, você fica a maior parte do tempo em pé. Tudo extremamente caro. Uma camisa oficial de uma equipe custava 'módicos' 800 reais. Um boné? 500 pilas. Para comer e beber, além de caro, faltava opção e por isso, fiquei sem almoçar os três dias de evento. Não sei se foi algo específico desse ano, mas soube depois que as reclamações foram gigantescas e no domingo, pelo menos abriram um portão a mais e a fila foi menos traumática...

No entanto, o último arrepio que senti e esse foi o mais forte, foi quando saía de Interlagos depois da corrida (Não arrisquei invadir a pista...). Eu tinha conseguido realizar meu sonho. Aqueles carros e pilotos que via apenas pela TV, tinha visto com meus próprios olhos. Senti o que era a velocidade de um carro de F1 e até senti seu cheiro. Pelo investimento feito, talvez o perrengue era grande demais, mas isso não importava muito. Indico demais para todo fã de F1 que, se puder, vá pelo menos uma vez à Interlagos. 

Vale a pena!

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Teremos Brasil


 Após um hiato de sete anos, o Brasil voltará a ter um representante full-time na F1. Foram semanas de muita especulação e mesmo com a Sauber sendo a pior equipe da F1 atual, sua vaga era a única que Gabriel Bortoleto poderia sonhar em correr na F1 em 2025. Foi uma disputa que envolveu vários pilotos, mas a lógica prevaleceu e Gabriel será o 33º piloto brasileiro a correr de F1.

A chegada de jovens pilotos impressionando em suas corridas iniciais na F1 certamente ajudou a causa de Bortoleto. Bearman, Lawson e Colapinto impressionaram em suas estreias na F1, indicando que a categoria passa por uma benvinda renovação e que mesmos pilotos que não foram multi-campeões nas categorias de base podem fazer a diferença. Já Bortoleto é um piloto consagrado nas categorias de baixo. Campeão em sua estreia na F3, Gabriel começou sua carreira na F2 impressionando a todos, incluindo uma vitória histórica em Monza, largando de último rumo à primeira posição. Contratado pela McLaren, Gabriel sabia que dificilmente encontraria lugar na equipe de Zak Brown, mesmo tendo uma carreira que lembra bastante Oscar Piastri, dito e havido como o próximo talento geracional da F1.

Mesmo apadrinhado por Alonso, Bortoleto sabia que a vaga de Aston Martin nunca seria sua, por causa do encosto chamado Lance Stroll. Restou ao brasileiro olhar para as demais equipes e rapidamente surgiu o cockpit da Sauber. Pelo terceiro ano contando com os insossos Valtteri Bottas e Guanyu Zhou, o time que foi comprado pela Audi passa por um momento complicado, apenas um ano antes da equipe mudar de nome definitivamente para a montadora alemã. Já tendo contratado o experiente Nico Hulkenberg, era evidente que o outro piloto dos alemães seria um jovem, mas o surgimento de Colapinto, além da eterna (e será assim, pelo jeito) Mick Schumacher colocavam dúvidas para quem acompanhava a negociação entre Sauber e Bortoleto, sem contar o vínculo com a McLaren.

Sem querer atrapalhar o pupilo, a McLaren liberou Bortoleto para assinar com a Sauber, algo anunciado nessa manhã. Certamente uma vitória para o automobilismo brasileiro e para Gabriel, que felizmente não passará pelo suplício de Felipe Drugovich, campeão de F2 e sem chances na F1. Porém, a torcida brasileira terá que ter bastante paciência com o primeiro ano de Bortoleto. A Sauber não dará um pulo de uma hora para outra e provavelmente ficará no pelotão intermediário em 25. Não poderá faltar apoio para Bortoleto, mesmo com resultados tímidos no início, mas também Gabriel precisará de resultados acima do normal, como fizeram os jovens que estrearam mais cedo, para impressionar e solidificar sua chegada à F1. E que sua estadia seja bem longa na F1!  


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Figura(BRA): Max Verstappen

 O que dizer de um piloto que largou em 17º e venceu com 20s para o segundo colocado? Ah, Max teve sorte com a bandeira vermelha. Sim, a sorte dos campeões! Verstappen quebrou uma seca de dez corridas para vencer numa exibição histórica em Interlagos, onde não colocou a roda fora do lugar em nenhum momento das 69 voltas da corrida, imprimindo um ritmo inacreditável, colocando o neerlandês não apenas no caminho do tetracampeonato, como colocando Max Emilian Verstappen em outro patamar dentre os gigantes da história da F1.

Figurão(BRA): Lance Stroll

 Mesmo Lando Norris merecesse estar por aqui por causa da rateada na corrida, que lhe custou o campeonato e muito provavelmente sua grande chance de ser campeão, Lance Stroll conseguiu ser ainda mais presepeiro em Interlagos. O canadense destruir carros para que seu pai conserte já é algo normal na F1 atual, mas em Interlagos Lance se superou numa pane mental histórica, que já lhe jogou no folclore do Grande Prêmio do Brasil. Depois de ter batido seu Aston Martin na caótica classificação realizada no domingo, Stroll saiu com seu carro consertado para a volta de apresentação e na freada para a curva do Lago, perdeu o controle do seu carro. Isso por si, já seria mais do que suficiente para deixar Stroll aqui, mas o que veio a seguir foi o motivo dele estar por aqui. Tentando colocar seu carro na pista, Lance resolveu passar por cima de uma caixa de brita. Mesmo molhada, uma caixa de brita é mais do que suficiente para atolar o carro. Algo óbvio e banal. Não para Stroll, que atolou seu carro de forma ridícula na frente da torcida, que não perdoou a presepada e gritou 'Drugo', enquanto Lance olhava todo o trabalho dos seus mecânicos ir embora por um erro inacreditável. Por mais que sejam bem pagos, os mecânicos da Aston Martin tem a certeza de algo que muitos já sabem: Lance Stroll não pertence à F1.