sábado, 12 de julho de 2025

F1, o filme - Crítica


 Gravar um filme baseado na F1 já foi realizado uma vez, no mítico 'Grand Prix', da década de 1960, quando havia mais glamour e menos frisson dos dias atuais. Três décadas mais tarde Sylvester Stallone era figurinha carimbada no paddock da F1, na tentativa de gravar um novo filme baseado na categoria, mas felizmente Bernie Ecclestone negou a empreitada, fazendo surgiu o horripilante 'Driven', traduzido como 'Alta Velocidade' no Brasil, baseado na Indy. Porém, a saída do próprio Ecclestone do comando da F1 deu uma lufada de ar jovial para a categoria, abrindo ações nas redes sociais, além do surgimento de 'Drive to Suvirve', série do Netflix de sucesso, alcançando um público mais jovem, algo que o velho Bernie vinha pecando. Então surgiu novamente a ideia de gravar um filme dentro da F1. Não teve Stallone fazendo lobby, mas a própria Liberty Media, detentora dos direitos da F1, em realizar a obra. Após muitos atrasos e um orçamento astronômico, o filme foi lançado no final de junho.

Confesso que fui assistir ao filme com uma expectativa baixa, mesmo com as primeiras críticas sendo muito boas. Dirigido pelo mesmo diretor de Top Gun Maverick, foi falado na divulgação que o filme seria uma espécie de Top Gun em quatro rodas. Logo de cara percebi algo que seria confirmado ao longo de duas horas e meia de filme: a película seria clichê do começo ao fim. Um roteiro previsível e com alguns buracos para quem entende da realidade das corridas se faz presente. Grande estrela do filme, Brad Pitt é carisma puro, mas faz um papel de canastrão, já visto em outros filmes do ator. Tendo como um dos produtores Lewis Hamilton, o papel de Damson Idris é uma cópia perfeita do que era o próprio Lewis no começo de carreira, ou seja, um piloto talentoso, mas sem nenhum conteúdo. Muito provavelmente Hamilton tenha se inspirado em si mesmo em 2007 para desenvolver o personagem Joshua Pearce. 

A imersão dentro do cockpit chama a atenção, junto à uma edição de som próxima da perfeição, além de uma trilha sonora de arrepiar. Para quem curte F1, as referências atuais e históricas são bem interessantes, com praticamente todo os pilotos e dirigentes marcando presença, inclusive em entrevistas e mensagens de rádio. A menção de Kevin Magnussen chegou a ser engraçada de tão real. Situações inverossímeis podem entrar na parte de 'licença poética'. Uma equipe sair do nada para vencer provas por causa de uma mudança sutil vinda de um piloto que estava trinta anos fora da F1 dói nos ouvidos dos mais puristas. Isso sem contar que uma equipe contratar um piloto de cinquenta anos já é dose de lascar, como Will Buxton fala numa das 'entrevistas'. O receio do filme ser uma continuação de 'Driven' não acontece, mas em alguns momentos esbarra no esquecível filme de 2001, como no acidente de Joshua Pearce em Monza. Também ao contrário do filme de Stallone, 'F1, the movie', conquistou uma bela bilheteria e já há quem fale que foi o filme de 2025, mesmo estando ainda no meio do ano.

Se fosse dar uma nota, daria nota 7. 'F1, the movie' passa de ano por não ser uma espécie de 'Driven 2, a missão', mas fica muito distante dos recentes 'Rush' e 'Ford vs Ferrari'. Se você quer um filme realista, melhor não ir, mesmo com muitas referências à F1 atual e até mesmo do passado, mas se você procurar um bom passatempo e curtir um verdadeiro 'Blockbuster', 'F1, the movie' é a aposta certa.    

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