Recentemente participei de um vídeo no canal 'História e Esportes' sobre qual seria a melhor temporada de um vice-campeão na história da F1. Senna em 1993, Schumacher em 1997, Alonso em 2012 e... Verstappen em 2025. Passadas apenas duas semanas do final do campeonato, já há a noção do que Max fez nessa temporada foi histórico e quem sabe, superior ao que os mitos citados fizeram em seus respectivos anos. Lando Norris foi o campeão e não se pode negar os méritos do inglês da McLaren, contudo, quando lembrarmos da temporada 2025 da F1, a primeira coisa a ser recordada foi o que Max Verstappen fez.
Após conquistar seu primeiro Mundial de Construtores em quase vinte anos, a McLaren entrava na temporada 2025 como favorita, ainda mais num ano que fecha um ciclo de regulamento e as equipes bem divididas em já desenvolver o carro para os novos regulamentos marcados para 2026. O crescimento da McLaren ocorreu já no meio da temporada 2024 e não foi possível alcançar um Max Verstappen até então dominante, porém, havia a sensação de que Lando Norris, o principal piloto da McLaren em 2024, não teve a verve suficiente de encarar alguém tão forte como Max Verstappen. Zak Brown esperava que a experiência anterior pudesse transformar Lando Norris num piloto mais sólido em 2025 e com o carro certo nas mãos, pudesse derrotar Max. O que se viu, no entanto, foi que Lando é um piloto rápido e talentoso como esperado, mas seu amadurecimento não veio como aguardava Brown. Sua aparência adolescente e declarações parecidas fez com que muita gente duvidasse de Norris. O inglês ainda cometeu pequenos erros que se mostravam decisivos no Q3 ou nas largadas, onde já entrou para o folclore da F1 os vacilos de Lando Norris, surgindo até mesmo o 'Dando Mollis'. Para completar, o segundo piloto Oscar Piastri parecia mais completo do que Lando, mesmo não tão rápido. O australiano começou o campeonato de forma não brilhante e exuberante, mas mostrando uma eficiência exemplar e Piastri liderou boa parte do campeonato. Quando Norris quebrou em Zandvoort, o título de Piastri parecia questão de tempo, mas num momento ainda mal explicado, a McLaren se meteu na briga entre seus pilotos, trazendo novamente à tona os famigerados 'Papaya Rules', fazendo com que Piastri e Norris trocassem de posição após uma parada ruim de Lando. Aquilo pareceu mexer na cabeça de Piastri, que a partir de então colecionou corridas opacas, claramente superado por Norris até o momento de levar uma virada já no final do campeonato.
Lando Norris melhorou no terço final do campeonato, sem sombra de dúvidas, mas a pergunta era: dá para confiar? Essa pergunta martelou a cabeça de Zak Brown e Andrea Stella nas últimas corridas, principalmente com a ascensão de Max Verstappen. Com a McLaren confirmando o favoritismo no começo do ano, Max Verstappen fez o que dele era possível: forçar ao máximo e incomodar a dupla da McLaren. Duas vitórias significativas em Suzuka e Ímola não pareciam suficientes para fazer com que Verstappen brigasse pelo título a ponto do neerlandês ter perdido a cabeça em Barcelona e jogado seu carro em cima de Russell, sendo punido e perdendo pontos que seriam cruciais no final do ano. Para completar as coisas para Verstappen, os bastidores da Red Bull era um verdadeiro vulcão em erupção. Christian Horner permanecia na frente da equipe mesmo com as denúncias contra ele e as acusações de estrelismo. A relação de Horner com a família Verstappen e o poderoso consultor Helmut Marko não era boa. Sem Newey para poder desenvolver o carro, a Red Bull sofria no meio da temporada e após Silverstone, Horner foi demitido depois de vinte anos na frente da equipe. Laurent Meckies veio da Racing Bulls. Engenheiro de muitos anos de F1, Meckies pensava unicamente na pista. Era tudo o que Max precisava. Com a equipe trabalhando forte para ele, Verstappen cresceu de forma arrebatadora no terço final do campeonato, empilhando vitórias e deixando a cúpula da McLaren com o cabelo em pé. Enquanto Max crescia nos retrovisores de Piastri e Norris, a McLaren vacilava seja dentro das pistas, não escolhendo de forma clara a quem apostar, seja fora delas, como a desclassificação em Las Vegas. Isso fez com que a decisão do campeonato fosse para a última etapa com os três pilotos com chances, mas com Lando Norris com a faca e o queijo nas mãos.
Para Max Verstappen era vencer ou vencer. E assim ele fez. A etapa de Abu Dhabi foi um exemplo claro de como Max executou 2025. Andando mais do que o potencial do carro, sempre no limite e sem erros. Max venceu pela oitava vez, se tornando o piloto com mais vitórias no ano, mas Lando Norris foi terceiro colocado numa corrida controlada. Houve choro, emoção e alegria para Lando Norris, mas era claro que o melhor piloto não venceu. Mesmo num grid cheio de estrelas, Max Verstappen se destacou como o melhor piloto do grid. E com sobras! Com um carro que foi terceiro colocado no Mundial de Construtores pelo segundo ano consecutivo, Max tirou 104 pontos de desvantagem para ficar apenas dois do piloto que tinha um carro que venceu o Mundial de Construtores com seis corridas de antecedência. A McLaren dominou o campeonato, mas seus pilotos não souberam usar isso. Já a Red Bull continuou seu sofrimento com o segundo piloto. Após dispensar Sergio Pérez, a equipe apostou em Liam Lawson, mas duas corridas constrangedores mandaram o neozelandês para a Racing Bulls, trazendo para o lugar dele Yuki Tsunoda. O pequeno nipônico chegou à equipe falando em pódio, mas a realidade foi que Tsunoda andou mal o ano todo, muitas vezes ficando no Q1 enquanto Max era pole. Tsunoda se tornou mais uma vítima do segundo cockpit da Red Bull, que em 2026 terá Isack Hadjar, que surpreendeu em seu primeiro ano na F1 com a Racing Bulls e teve a duvidosa honra de ser promovido, enquanto Lawson receberá o novo prospecto da Red Bull, o inglês Arvid Linblad.
Fora da briga pelo título, havia a expectativa do casamento entre Lewis Hamilton e Ferrari. Juntar o piloto com o maior cartel da F1 com a marca mais lembrada da categoria parecia o casamento perfeito, porém, o que se viu foi uma temporada frustrante de Hamilton, considerada pelo próprio como a pior de sua carreira. Vindo de um bom ano, a Ferrari parecia que vinha forte em 2025, mas a equipe não foi páreo para McLaren e Red Bull, terminando o desenvolvimento cedo do carro, só piorando a situação. Chegando na equipe agora e passando por uma inesperada e dolorosa adaptação, Hamilton sofreu bastante, sendo superado de forma até fácil por Leclerc. Brigas públicas com seu engenheiro via rádio e posturas derrotistas após as sessões reforçaram o quão ruim foi esse primeiro ano de Hamilton na Ferrari, enquanto Leclerc se mostrou rápido quando necessário, mas o monegasco se viu engolido pelos problemas da Ferrari e ficando com a sensação de que está ficando para trás com relação aos seus contemporâneos. A Mercedes teve em George Russell uma rocha, uma bola de segurança da equipe. O inglês não é nenhum gênio, mas não se pode dizer que ele entrega quando tem um bom carro. Russell foi um merecido quarto colocado no campeonato, conquistando as únicas vitórias que não foram dos três pilotos que brigaram pelo título, usando todo o potencial da Mercedes. Contudo, o 'teto' de Russell parece baixo e talvez não o suficiente para se tornar campeão mundial, o mesmo não de pode falar do novato Andrea Kimi Antonelli. O jovem italiano começou seu primeiro ano na F1 muito bem, mas teve grandes oscilações, principalmente após fazer um 'recreio' em Ímola. A queda de Antonelli foi tamanha que ele foi flagrado chorando e muitos questionavam se Toto Wolff não fora otimista demais em sua aposta em Kimi. Contudo, o italiano deu a volta por cima, conquistando um grande pódio em Interlagos, segurando um inspirado Verstappen, terminando o campeonato em alta, mostrando que ele tem muito a evoluir.
No pelotão intermediário, quem se sobressaiu foi a Williams, quinta colocada no Mundial de Construtores, mas com uma temporada peculiar, onde seus dois pilotos não foram tão fortes juntos. Alex Albon foi o esteio da equipe enquanto Carlos Sainz se adaptava ao carro. O tailandês ganhou muitos pontos na primeira metade, mas perdeu muito rendimento na medida em que Sainz cresceu, conseguindo dois pódios para a equipe. Um bom ano para o time comandado por James Vowles. A Aston Martin começou 2025 já pensando em 2026, principalmente com a chegada de Adrian Newey, transformado em chefe de equipe para o próximo ano. Enquanto isso, a equipe teve um ano difícil e como sempre, o veteraníssimo Fernando Alonso foi a certeza de pontos e qualidade da equipe, enquanto Lance Stroll foi a certeza de que ele só está na F1 por seu filho do dono. A Haas teve um ano interessante, onde o novato Oliver Bearman se destacou frente à Esteban Ocon, que fez dele o que era esperado: bater no seu companheiro de equipe. A Alpine foi destaque negativo, se tornando a pior equipe do ano com sobras. O time começou o ano com Oliver Oakes como chefe de equipe, mas o inglês saiu de uma forma estranha, entrando em seu lugar Steve Nielsen, porém, todos sabem que quem manda é Flavio Briatore, que bem ao seu jeito, despachou Jack Doohan após algumas corridas e colocou em seu lugar Franco Colapinto, que fez a alegria dos funileiros franceses. Pierre Gasly fez o que era possível, mas com tanto mediocridade o gaulês nada pôde fazer, enquanto somente os patrocinadores portenhos garantiram Colapinto em 2026.
Após longos sete anos, a F1 teria um brasileiro em período integral. Gabriel Bortoleto vinha de dois títulos consecutivos nas categorias de base e cheio de expectativas em sua estreia na F1, porém, a Sauber passa por um longo período de reestruturação antes de virar Audi e foi última colocada em 2024. Gabriel teve como companheiro de equipe o veterano Nico Hulkenberg, cuja entrega é certa e finalmente conseguiu seu primeiro pódio, num dos momentos mais marcantes da F1 em 2025. Já Bortoleto fez uma temporada de estreia digna, marcando pontos quando lhe foi possível e se igualando à Hulkenberg na comparação do grid. O único senão foi Interlagos, onde Gabriel se empolgou com a torcida e teve de longe seu pior final de semana no ano.
Um novo regulamento técnico se avizinha e muitas equipes não esconderam que colocaram 2025 de lado pensando em 26. Um novo motor aparecerá ano que vem e lembrando o que aconteceu quando houve uma grande mudança, todos apontam que a Mercedes virá muito forte, mas sempre lembrando que a McLaren é cliente da montadora germânica e por isso, também terá o novo motor alemão. A Red Bull construirá seu primeiro motor com a benção da Ford e isso pode ser o motivo da Red Bull ter investido até o fim para fazer Max campeão, já antevendo um começo de regulamento complicado. Max Verstappen tem contrato até 2028, mas Toto Wolff não esconde a admiração que tem com o neerlandês e muitos apostam que Max não ficará com a Red Bull até o final do seu contrato. A Red Bull viu Helmut Marko se aposentar logo depois do fim da temporada, terminando a forte trinca (Horner/Marko/Newey) que fez tanto sucesso nos últimos vinte anos na Red Bull. Fred Vasseur conseguiu se segurar após todo um ano ruim da Ferrari, mas a paciência da cúpula da equipe está muito pequena, como demonstrada pelas declarações recentes do presidente da Ferrari. A Audi assumirá de vez o lugar da Sauber, construindo um novo motor, enquanto a Honda se mudará para a Aston Martin, que roga que Adrian Newey saiba usar todo o potencial da equipe, apesar de Lance Stroll. A Toyota aumenta sua participação dentro da Haas, aumentando a esperança da volta dos japoneses, enquanto Bearman espera ser o futuro inglês da Ferrari. Próximo ano teremos a entrada da décima primeira equipe, com a Cadillac finalmente conseguindo seu lugar na F1 após uma longa novela, tendo como pilotos os veteraníssimos Sergio Pérez e Valtteri Bottas, enquanto Colton Herta espera ver quem ficará no lugar de quem em 2027.
E terminamos mais um ano com Max Verstappen mostrando mais uma vez que já está entre os gigantes da história da F1. Seu desempenho em 2025, mesmo não lhe rendendo o esperado pentacampeonato, nos mostrou mais uma vez quem é o melhor do grid. A dupla da McLaren terá que se provar, com Lando Norris tendo que mostrar que não é um campeão eventual e Piastri mostrando que seu derretimento em 2025 não afete sua carreira. Há a curiosidade de como os novatos se comportarão em seu segundo ano na F1, normalmente decisivo para o resto de suas carreiras, enquanto nos perguntamos até quando as estrelas Lewis Hamilton e Fernando Alonso ficarão na F1, já estando na casa dos quarenta anos. Em 2025 o melhor piloto não venceu, mas Max Verstappen mostrou todo o seu potencial.

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