terça-feira, 3 de março de 2009

História: 30 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1979


Após o choque sul-americano protagonizado pela Ligier, a F1 chegava a Kyalami esperando por uma F1 mais equilibrada e as equipes se mexeram para que isso acontecesse. Enquanto a Lotus permanecia com o bom e velho modelo 79, a Ferrari trazia para a corrida caseira de seu piloto Jody Scheckter o novo modelo 312T4. Era um carro longe de agradar aos olhos, mas ao menos era muito veloz. Na outra ponta do pelotão, a equipe Fittipaldi trazia como novidade o novíssimo modelo F6, projetado pelo badalado Ralph Bellamy, considerado o pai do Lotus 79 que tantas alegrias tinha dado a Colin Chapman, mas mostrando que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, Bellamy erra no projeto brasileiro e já nos primeiros testes conduzidos por Emerson Fittipaldi ficou claro que o carro era muito ruim. Contudo, um enorme investimento tinha sido feito pela família Fittipaldi e o carro viajou para a sua estréia na África do Sul de qualquer maneira. Ainda falando em política, foi nessa época em que Jean-Marie Balestre, presidente da FISA, começou sua luta pelo poder com Bernie Ecclestone, presidente da FOCA. Essa batalha duraria quase uma década e mudou a cara da F1, tornando-a como a conhecemos hoje.

Dentro da pista, outra surpresa francesa chocou o mundo da F1. Desde 1977 sofrendo na F1, a Renault finalmente colheu frutos do seu projeto ousado do motor turbo. Aliando uma reta de mais de mil metros e a grande altitude da pista ao lado de Johanesburgo, a Renault consegue sua primeira pole na F1, mesmo feito conseguido por Jean-Pierre Jabouille. Mostrando a velocidade do novo carro, a Ferrari fica logo a seguir, com Niki Lauda colocando seu complicado Brabham à frente das até então dominantes Ligiers. A Tyrrell mostrava força ao colocar seus dois pilotos entre os dez, enquanto a Lotus ainda estava devendo um resultado ao menos compatível o de 1978.

Grid:
1) Jabouille (Renault) - 1:11.80
2) Scheckter (Ferrari) - 1:12.04
3) Villeneuve (Ferrari) - 1:12.07
4) Lauda (Brabham) - 1:12.12
5) Depailler (Ligier) - 1:12.15
6) Laffite (Ligier) - 1:12.26
7) Pironi (Tyrrell) - 1:12.33
8) Andretti (Lotus) - 1:12.36
9) Jarier (Tyrrell) - 1:12.55
10) Arnoux (Renault) - 1:12.69

O dia 3 de março de 1979 estava nublado em Kyalami e a previsão era de uma chuva a qualquer momento. No entanto, a pista estava seca e todos os pilotos estavam largando com pneus slicks. O motor turbo da Renault ainda sofria com um retardo em baixas rotações e as largadas não eram o pontos forte da equipe francesa. Largando na fila dianteira pela primeira vez na F1, isso ficou mais evidente. Jabouille foi engolida pelas duas Ferraris e Lauda só não pôde atacar por que o turbo entrou em ação e o francês pôde emparelhar com as Ferraris e contornar a primeira curva por fora, lado a lado com Scheckter, numa disputa que foi ganha pelo francês duas curvas depois. O trio já se destacava dos demais, numa animada briga em que os três pilotos trocavam de posição a todo o momento. Porém, as nuvens ficaram ainda mais negras e a chuva não tardou a aparecer, molhando completamente a pista ainda na segunda volta. A bandeira vermelha foi mostrada logo em seguida.

Mostrando seu notável ritmo em pista molhada, Villeneuve pulou para primeira antes da interrupção, seguido por Scheckter, Jabouille, Laffite, Pironi e Lauda. Os carros foram aos boxes para colocar pneus para chuva, mas para embaralhar ainda mais a cabeça dos pilotos, a chuva passou e sol não tardou a dar as caras. Qual pneu usar? Essa era a pergunta mais feita por todos quando os boxes foram reabertos novamente. A dúvida estava clara na Ferrari, com Villeneuve, que seria o pole na relargada, sairia com pneus de chuva, enquanto ao seu lado na primeira fila, Scheckter preferia os slicks. Mesma escolha feita por Patrick Depailler, Patrick Tambay e Nelson Piquet. Na relargada, Scheckter surpreende ao conseguir acompanhar Villeneuve, mas no final da terceira volta, o sul-africano já era pressionado por Jabouille, enquanto Gilles disparava.

Scheckter chegou a ser ultrapassado pelo piloto da Renault na quinta volta, mas a pista secava a olhos vistos e não demorou para que os pilotos que usavam pneus slicks começassem a se destacar. Sem alternativas, os pilotos que relargaram com pneus para chuva foram em procissão para os boxes trocar os pneus, mas Villeneuve usou sua magia para se segurar na ponta da prova até volta 14 e retornar dos boxes logo atrás de Scheckter, que voltava a liderança. Mostrando o benefícios dos pilotos que haviam relargado com slicks, em terceiro lugar vinha Tambay, seguido de perto por Piquet. Villeneuve tentava se aproximar de Scheckter, mas o sul-africano também estava correndo num ritmo forte e ambas as Ferraris disparavam frente as demais.

A corrida fica estática na frente, mas Tambay e Piquet começam a ser alcançados por pelotão formado por Jean-Pierre Jarier, Mario Andretti e Carlos Reutemann. O brasileiro começa a ter problemas no motor Alfa Romeo do seu Brabham e é facilmente ultrapassado por Jarier e Andretti na vola 30. Quatro voltas depois, os experientes pilotos partem para cima da McLaren de Tambay e conseguem a ultrapassagem na volta 34. Apesar de Jarier e Andretti andarem juntos, o francês da Tyrrell controlava com certa tranqüilidade o ímpeto do então campeão. O interessante desta história era que a Tyrrell tinha copiado fielmente o Lotus 79, que era dirigido por Andretti na ocasião. Um raro caso da cópia ser melhor do que o original...

Num ritmo fortíssimo, Scheckter tentava se manter na liderança, mas isso acabaria lhe custando caro. Seus pneus Michelin estavam no limite desde o início da prova, com a pouca aderência quando a pista ainda estava secando, e depois com o ritmo alucinante do sul-africano. Apesar de Villeneuve também estar usando tudo da sua borracha francesa, o canadense colocou seus pneus mais tarde e não estava com os pneus tão desgastados. Na volta 52, Scheckter teve que ir aos boxes trocar seus pneus e voltou à pista em segundo, disposto a tudo para recuperar a posição que ele achava que era sua por direito. Villeneuve começava a ter problemas de desgaste nos pneus, mas a corrida já estava no final e o canadense pôde vencer pela segunda vez na carreira. Apesar do esforço, Scheckter teve que se conformar com a segunda posição, apenas 4s atrás do seu companheiro de equipe. Jarier era um surpreendente nome no pódio, sendo seguido pelas Lotus e Brabhams. A Ligier esteve longe de mostrar o domínio que teve nas primeira corridas, enquanto a Ferrari mostrava que seu carro era um vencedor.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Scheckter
3) Jarier
4) Andretti
5) Reutemann
6) Lauda

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