domingo, 31 de outubro de 2010

Voltando a velha forma


Desde agosto que Jorge Lorenzo não sabia o que era vencer na temporada que lhe consagrou como Campeão Mundial da MotoGP. Muito se especulou sobre o motivo do espanhol não conseguir a oitava vitória na temporada. Lorenzo estaria apenas administrando um campeonato praticamente ganho ou, agora como praticamente único piloto oficial da Yamaha, o espanhol estaria tendo problemas com o acerto fino de sua moto?

Pelo o que vimos no Estoril, circuito em que Lorenzo venceu todas as provas em que disputou pela MotoGP, a primeira opção é a que vale. Sem se preocupar em somar pontos para o campeonato e correndo no seu circuito favorito, Lorenzo venceu com folgas o Grande Prêmio de Portugal de hoje, superando com sobras Valentino Rossi, que teve que ultrapassar na metade da corrida. A dupla da Yamaha deu uma demonstração de ampla superioridade frente aos adversários hoje, ao colocar mais de 20s sobre o terceiro colocado. Onde houve a grande briga da corrida. Após a besta queda de Casey Stoner que, inclusive, tinha chances de brigar pela ponta, vários pilotos se engalfinharam pelo último degrau do pódio. Nicky Hayden, que chegou a liderar uma volta, Andrea Doviziozo e Marco Simoncelli protagonizaram os únicos momentos de briga na corrida, com a dupla italiana conseguindo se desgarrar do americano e decidirem entre si pelo 3º lugar. Enquanto Doviziozo tinha em mãos a moto oficial da Honda, Simoncelli estava lidando com a moto satélite e mesmo estreante, conseguiu uma bela ultrapassagem nas curvas finais da última volta, mas Dovi utilizou a potência de sua moto para superar o compatriota na linha de chegada.

Lorenzo se fantasiou de astronauta e vibrou muito após seu triunfo, enquanto Rossi e Doviziozo completavam o pódio. Para 2011, Lorenzo terá a imensa responsabilidade de guiar a equipe Yamaha e continuar a dominação do time nos últimos anos, algo que Rossi o fez com maestria. Tendo ao seu lado Ben Spies, que teve a proeza de cair e se machucar enquanto levava sua moto ao grid, o espanhol não terá mais Rossi para acertar a moto. Agora, é com ele! Isso poderá ser essencial para a próxima temporada, pois Rossi levará para a Ducati todo seu staff, enquanto a Honda terá três bons pilotos (Doviziozo, Stoner e Dani Pedrosa, que voltou hoje e fez uma prova discreta) para armazenar informações para acertar a Honda 2011. O futuro parece prodigioso, principalmente com pilotos que estão disputando agora a Moto2, categoria onde tem as melhores corridas da programação do Mundial de Motovelocidade.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bernie,80


Na comemoração dos 80 anos de Bernie Ecclestone, colocarei a foto de outra bela obra na vida de Bernard Charles Ecclestone, além da F1 moderna. Sua filha, Tamara!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sr. Perfeito


O Mundial de Motovelocidade viveu sua Era dourada na segunda metade da década de 80, quando a categoria 500cc foi tomada de assalto por pilotos que se tornariam lendas da modalidade. Eddie Lawson, Freddie Spencer, Randy Mamola, Wayne Gardner, Kevin Schwantz, Michael Doohan e, talvez, o melhor entre todas essas estrelas. Wayne Rainey era um piloto extremamente técnico e sua forma limpa de pilotar o fez ser conhecido por seu estilo cartesiano de enfrentar (e derrotar) cada uma dessas feras citadas acima. Sempre atrás do guidão de uma Yamaha e chefiado por Kenny Roberts, essa californiano conseguiu construir uma dinastia e estava a ponto de conquistar seu quarto título consecutivo quando, numa quente tarde de domingo na Itália, Rainey cometesse um raro erro e nunca mais pilotasse uma moto em sua vida. Mesmo numa cadeira de rodas, Wayne nunca abandonou a motovelocidade e o seu vício pelas corridas. Completando 50 anos nessa semana, vamos conhecer um pouco mais deste piloto histórico das 500cc.

Wayne Rainey Wesley nasceu no dia 23 de outubro de 1960, na pequena cidade de Downey, nos subúrbios de Los Angeles, na Califórnia, filho mais velho de Sandy e Ila Rainey. Sandy Rainey era um conhecido piloto de kart na Califórnia no início dos anos 60 e uma das primeiras lembranças de Wayne é ver seu pai carregando um caminhão para ir correr. Em meados da década de 60, Sandy começa a se interessar na nova moda no sul da Califórnia: as corridas de moto na terra, o famoso dirt-track. Criado em meio às corridas, não foi surpresa ver o pequeno Wayne se interessar pelas motos e seu pai, longe de se opor, comprou uma minimoto Honda 50cc quando seu filho mais velho tinha cinco anos. Quando completou nove anos de idade, Rainey passou a competir com outras crianças nas várias pistas de terra que haviam no sul da Califórnia, principalmente na famosa pista de Ascot Park, e Wayne conheceu seu primeiro grande ídolo, o piloto local David Aldana, conhecido por sua pilotagem extremamente agressiva. Rainey começava a fazer seu nome nas corridas pelo sul da Califórnia com sua Yamaha 125cc e quando completou 15 anos, começou a participar de outras provas no seu estado natal, se tornando rapidamente Campeão Estadual. Quando atingiu a idade mínima para correr em campeonatos nacionais da AMA, Wayne Rainey traçou como meta atingir o prestigioso Campeonato AMA Grand National, com motos monstruosas de 750cc.

Após dois anos vitoriosos nas categorias de base da dirt-track, Wayne Rainey chegou ao AMA Grand National aos 18 anos, com um equipamento inferior aos adversários, mas em sua primeira corrida, em Houston, Rainey consegue um respeitável nono lugar. Durante sua primeira temporada, em 1979, Wayne conseguia evoluir a olhos vistos e em pouco tempo se tornou um dos principais pilotos de dirt-track dos Estados Unidos, mas ele sofreu um sério acidente em San Jose, que o deixou de fora de várias corridas. Era a primeira vez que Rainey se machucava enquanto corria de moto e isso lhe marcou profundamente. Após dois meses de convalescência, a antes inatingível confiança de Rainey estava arranhada e o californiano não conseguia os mesmos resultados que conquistara antes do acidente. Apesar de sempre andar no pelotão da frente, Wayne nunca venceria no AMA Grand National. Em 1980, Rainey tem suas primeiras experiências em corridas no asfalto, participando de provas menores com o apoio da Kawasaki. Seu velho amigo Eddie Lawson, que era apenas dois anos mais velho que Rainey e foi seu companheiro de equipe nas corridas amadoras na Califórnia, havia aconselhado Wayne a se dedicar às corridas no asfalto. Lawson já estava estabelecido na motovelocidade americana e mesmo tendo pouca diferença de idade para Rainey, já era considerado um tutor para Wayne. Quando completou 21 anos de idade, Rainey se frustrava com a falta de vitórias na terra e se dedicava cada vez mais às corridas no asfalto. Em 1981 Rainey venceu uma corrida em Loudon com uma Kawasaki 250cc e todos percebem que o californiano era um talento extremamente promissor ,fazendo com que Lawson sugerisse a Kawasaki contratar Wayne como seu companheiro de equipe no time oficial do time japonês no Campeonato AMA Superbike de 1982. A Kawasaki não pensa duas vezes e assina por três anos com Rainey.

O desafio seria imenso para o jovem Wayne, pois se estava acostumado com motos de 250cc, agora teria que enfrentar as monstruosas 1000cc, mas Rainey se mostrou competitivo desde o início e logo em sua primeira corrida, em Daytona, chegou em 5º lugar. Após três pódios consecutivos, a vitória de Rainey amadurecia e ela veio em Loudon, no dia 19 de junho de 1982. Nessa corrida, Wayne lutou contra seu companheiro de equipe Lawson e com a Honda de Steve Wise. Rainey ficou muito feliz com sua primeira vitória e finalizaria o campeonato em terceiro, atrás do campeão e companheiro de equipe Lawson e do piloto oficial da Honda, Mike Baldwin. Outro que faria sucesso no Mundial das 500cc mais tarde. Com o título, Lawson chamou a atenção dos dirigentes do Mundial das 500cc e com a intervenção de Kenny Roberts, Eddie se mudou para a Europa para a equipe oficial da Yamaha em 1983. Rainey agora era o principal piloto da Kawasaki no Campeonato AMA Superbike, que agora utilizaria motos de 750cc. Mesmo tendo o experiente Mike Cooley como companheiro de equipe, Rainey o superou com facilidade e após seis vitórias durante o ano, conquistou seu primeiro campeonato importante na carreira. O feito de Rainey era impressionante, pois a Honda investia forte na sua moto e em Mike Baldwin, mas para surpresa geral, mesmo com o bicampeonato, a Kawasaki anunciou no final de 1983 o fim de sua equipe oficial na Superbike, por causa da recessão da economia americana no início da década de 80. Com isso, Wayne Rainey se juntava aos vários americanos desempregados naqueles tempos difíceis. Porém, a salvação do californiano viria do outro lado do Atlântico. Kenny Roberts havia acabado de perder o título do Mundial das 500cc para a Honda de Freddie Spencer e cumpre a promessa de se aposentar no final de 1983, deixando Lawson como seu sucessor e iniciando uma equipe própria. Inicialmente pequena, mesmo com o apoio da Yamaha e da Marlboro, o Team Roberts estreava no Mundial das 250cc e já enxergando o talento de Rainey, Kenny Roberts contrata o californiano para a temporada de 1984. Ao lado do inglês Alan Carter, Rainey sofria com a falta de competitividade da sua moto e ainda tinha que aprender todas as pistas, mas o talentoso piloto ainda conseguia resultados surpreendentes, como o terceiro lugar em Misano, pista que lhe marcaria para sempre. Mesmo com o respeitável oitavo lugar no Mundial das 250cc, Rainey não foi feliz nesse seu primeiro contato com o Mundial de Motociclismo e o próprio Kenny Roberts sabia que não tinha um equipamento competitivo em mãos, liberando Rainey do seu contrato amigavelmente.

De volta aos Estados Unidos, Wayne Rainey foi contratado pela equipe oficial da Honda para o Campeonato de Formula Um da AMA, novo nome do Campeonato Americano de Superbike, e também correria pela equipe MacLean Racing, que competia com motos Honda na categoria Formula Dois, com máquinas de 250cc. Rainey começou a temporada como favorito em ambas as categorias, mas seu ano foi arruinado com várias quebras mecânicas e mesmo com duas vitórias na Formula Um, obteve apenas o oitavo lugar, enquanto na Formula Dois a temporada foi ainda mais frustrante, pois conseguiu cinco vitórias, mas terminou o campeonato apenas em terceiro. Apesar da frustração, Rainey permaneceu na Honda em 1986 e consegue a proeza de vencer seis das nove corridas do ano, mas ainda perder o campeonato para o seu companheiro de equipe Fred Merkel. Todos sabiam do excepcional talento de Rainey, mas faltava o americano ser um pouco mais constante, assim como seu mestre, Eddie Lawson, conhecido pela frieza debaixo de pressão. Wayne estava desesperado em conquistar seu segundo título no Americano de Superbike e após dois anos frustrantes, sabia que 1987 seria um ano decisivo. Mas um homem queria estragar os planos de Wayne Rainey.

Desde 1985 Kevin Schwantz corria no Campeonato Americano de Superbike e mostrava um estilo de pilotagem selvagem em que isso lhe garantia boas classificações misturados com muitas quedas e acidentes. Porém, o jovem texano, quatro anos mais jovem do que Rainey, evoluía com o passar dos anos e em 1987 teria o apoio oficial da Suzuki. Num torneio amistoso na Inglaterra, no início de 1987, onde os melhores pilotos de Superbike ingleses enfrentariam os americanos, Rainey e Schwantz eram ‘companheiros de equipe’, mas o que se viu foi uma briga encardida entre os dois americanos e mesmo com a vitória da equipe ianque, todos ficaram ansiosos para ver a briga entre Rainey e Schwantz no Campeonato Americano de Superbike. E não se arrependeram. Rainey começou o ano vencendo em Daytona, Atlanta e Brainard, mas Schwantz venceu as cinco últimas corridas, porém Rainey conquistou o título. Essa temporada mostrou muito bem o temperamento dos dois talentosos pilotos. Enquanto Wayne Rainey era mais regular e pragmático, Kevin Schwantz tinha um talento mais puro e selvagem. Mesmo amigos fora das pistas, Rainey e Schwantz protagonizaram, para muitos, a maior rivalidade da história do Americano de Superbike. Os dois americanos chamaram a atenção dos chefes de equipe do Mundial das 500cc e a dupla pode mostrar a rivalidade a um nível global.

Do outro lado do Atlântico, Kenny Roberts agora tinha uma das melhores equipes do Mundial de Motovelocidade e após um ano com os americanos Randy Mamola e Mike Baldwin, Roberts resolveu investir em pilotos mais jovens. Mesmo com a decepção em sua passagem pelo Mundial em 1984, Rainey sabia que agora podia conseguir bons resultados com o time de Roberts e aceitou o convite para um retorno à Europa. Ao lado do australiano Kevin Magee, que tinha feito ótimas corridas como convidado em 1987 e por isso foi convidado por Roberts, Wayne Rainey enfrentaria os melhores pilotos do mundo com uma das motos mais carismáticas da história: a Lucky Strike Yamaha. A primeira corrida de 1988 seria em Suzuka, na frente dos patrões japoneses, mas Rainey não era o único a fazer sua estréia nas 500cc. Seu arqui-rival Kevin Schwantz também debutava no Mundial pela equipe oficial da Suzuki e de forma surpreendente, o americano venceu em sua estréia, após uma linda briga com a Honda de Wayne Gardner. Rainey ficou furioso ao ser eclipsado por Schwantz e correndo no quintal de casa, em Laguna Seca, 2º etapa do Mundial, Wayne se vingou ao conquistar sua primeira pole na carreira e terminou a corrida na frente de Schwantz, em 4º. Mesmo sendo considerado o melhor piloto do Team Roberts, Rainey sofre outro baque ao ver seu companheiro de equipe Magee vencer antes dele, em Jarama. Aquela seria a última vez que Rainey seria derrotado pelo companheiro de equipe. Uma semana depois, em Jerez, Wayne disputou a vitória com seu amigo Eddie Lawson, mas acabou perdendo rendimento quando ficou sem pneus, conseguindo assim seu primeiro pódio, em segundo. Nas sete corridas seguintes, Rainey marcou pontos de forma regular, culminando no Grande Prêmio da Inglaterra, em Donington Park. Mesmo largando em quinto, Rainey conseguiu uma ótima largada e rapidamente estava em primeiro e nunca mais olhou para trás. Era a sua primeira vitória, em grande estilo. Embora Wayne não conseguisse repetir a vitória até o fim da temporada, sua regularidade o fez terminar seu primeiro campeonato do Mundial das 500cc em terceiro. Para coroar essa temporada de estréia, Rainey venceria a tradicional 8h de Suzuka, ao lado de Kevin Magee.

O primeiro ano de Wayne Rainey o colocou como um dos favoritos para a temporada de 1989 e sua regularidade poderia lhe dar uma chance de bater seu mentor, Eddie Lawson, que trocara a Marlboro Yamaha pela Rothmans Honda, onde seria companheiro de equipe do que inimigo fidagal Wayne Gardner. Rainey foi o mais rápido nos testes de pré-temporada e era favorito a vencer em Suzuka, mas para desgosto do piloto da Yamaha, ele acabaria sendo derrotado por Schwantz, numa batalha que durou a corrida inteira. No belíssimo circuito de Philip Island, Rainey novamente chegou em segundo, mas pela primeira vez na carreira liderava o campeonato, à frente de Gardner e Schwantz. Wayne Rainey foi para Laguna Seca, sua corrida caseira, em alto astral e confirmando seu favoritismo, venceu a prova com extrema facilidade, mas uma quase tragédia maculou a alegria de Rainey. Kevin Magee tinha ficado sem combustível na última volta e lentamente tentava chegar aos boxes. Após cruzar a linha de chegada, o americano Bubba Shobert, melhor amigo de Rainey nas pistas, cumprimentava o segundo colocado Eddie Lawson e não olhava para frente. De uma forma bizarra, Shobert acertou em cheio a traseira da moto de Magee e dois foram ao chão. Lawson abandonou sua moto para socorrer os dois. Magee tinha quebrado seriamente o seu tornozelo e ficaria várias corridas de fora. O promissor australiano nunca mais seria o mesmo. Já a situação de Shobert era pior. O americano foi levado para o hospital em coma e mesmo se recuperando mais tarde, ele nunca mais pilotaria profissionalmente na vida. Rainey não teve muito tempo para lamentar o azar dos seus amigos e liderava o campeonato com folga após a vitória em Laguna Seca, mas o triunfo de Lawson em Assen, sua primeira na Honda, o pôs como maior adversário de Rainey pelo título de 1989. Após vários anos como aluno, agora Rainey queria derrotar seu mestre Lawson! Em Hockenheim, pista que teoricamente favoreceria a potência da Honda, Rainey surpreende Lawson e vence, fazendo com que o californiano se tornasse o principal favorito ao título. Porém, muitas coisas dão errado para o piloto da Yamaha, ao mesmo tempo em que Lawson acertava sua indomável Honda ao seu estilo. Lawson começou a usar sua experiência para tirar a desvantagem que tinha para Rainey e uma queda de Wayne na Suécia praticamente selou o quarto título de Eddie Lawson, o coroando entre os grandes do Mundial de Motovelocidade. Mesmo tendo que se conformar com o vice-campeonato, Wayne sabia que tinha condições de ser Campeão Mundial e sua evolução mostrava que isso seria logo. Em 1990, Kenny Roberts tira o patrocínio da Marlboro da equipe de Giacomo Agostini e se torna a equipe oficial da Yamaha, enquanto a Lucky Strike embelezaria as motos Suzuki de Kevin Schwantz. Porém, isso não foi a maior aquisição de Roberts para sua equipe. Numa manobra audaciosa, Roberts tira Eddie Lawson da equipe Honda e forma o que seria chamado de ‘Dream Team’, juntamente com Rainey. Relembrando os tempos em que eram companheiros de equipe nas corridas amadoras de dirt-track na Califórnia pela Yamaha, Rainey e Lawson agora disputariam algo maior e isso causaria problemas na amizade entre eles. Após várias tentativas, Rainey finalmente vence a corrida em Suzuka, mas em Laguna Seca Wayne teria a certeza que o título viria de forma tranqüila que o imaginado. Eddie Lawson era um piloto de estilo muito parecido com o de Rainey e acidentes eram raros, mas o americano ficou sem freios no final da reta dos boxes em Laguna Seca e quebrou o pé, fazendo com que ficasse de fora de algumas etapas, enquanto Rainey vencia em seu circuito favorito. O adversário principal de Rainey no campeonato seria Schwantz, mas o piloto da Suzuki não era páreo para o poderio da equipe Yamaha e a ótima fase de Rainey, que consegue onze pódios consecutivos, além de cinco vitórias, e conquista seu primeiro Mundial com duas provas de antecedência. Lawson deixa a equipe no final de 1990 e se transfere para a Cagiva acusando Rainey de ter exigido que o Team Roberts o favorecesse ao longo do ano. Sua insatisfação era flagrante a ponto de não subir no pódio em Brno, local onde Rainey garantiu seu título...

Para o lugar de Lawson, Kenny Roberts contrata seu protegido John Kocinski, que havia acabado de conquistar o Mundial das 250cc. Kocinski era conhecido pela sua velocidade e arrogância, fazendo com que o clima do time Marlboro Yamaha não melhorasse muito. Porém, o domínio da equipe em 1990 fazia com que Wayne Rainey fosse o grande favorito para 1991 e mesmo com pilotos como Lawson, Spencer, Gardner, Doohan e Schwantz correndo, todos apostavam em Rainey no início do ano. Porém, Michael Doohan, piloto da Rothman Honda, mostrava que Rainey teria que lutar muito para conquistar o bicampeonato ao vencer as duas primeiras corridas do ano e Wayne ainda teria que lhe dar com a imensa velocidade de Kocinski, que chegara colado em sua moto nas duas corridas e dizia que podia bater o campeão. Em Laguna Seca, local onde os dois pilotos da equipe Roberts conheciam muito bem, era a chance de Kocinski derrotar Rainey, mas Wayne largou na pole, disparou e venceu a corrida, enquanto Kocinski caía enquanto tentava alcançar seu companheiro de equipe. Além de extremamente talentoso, Rainey era conhecido por sua força psicológica frente aos companheiros de equipe, derrotando-os de forma até cruel, para colocar rapidamente ordem na casa. Derrotando seu companheiro de equipe, agora Rainey teria que lhe dar com Doohan, que vinha em ótima fase. Schwantz conseguia vitórias eventuais misturadas com muitas quedas e isso praticamente lhe tirava as chances de título, mas em um desses triunfos, Schwantz proporcionou uma disputa eletrizante com Rainey em Hockenheim, que entrou definitivamente na história. É só procurar no youtube para reviver as emoções da última volta do Grande Prêmio da Alemanha de 1991. Porém, a principal preocupação de Rainey era Doohan, com quem brigava pelo título de forma igual até o campeonato chegar a Assen. Doohan nunca gostou da pista holandesa e enquanto brigava com Rainey, uma queda praticamente selou sua sorte no campeonato. Rainey venceu e em conjunto com uma série de pódios, o americano conquistou o bicampeonato. Porém, um acidente nos treinos para o Grande Prêmio da Malásia fez com que Wayne sofresse sua maior contusão até então no motociclismo. Rainey teve uma perna quebrada e precisou fazer uma operação reconstrutiva, significando que o americano teria dificuldades para andar. Isso atrapalhou sua pré-temporada e uma nova queda fez com que Rainey tivesse que amputar o dedo mínimo da mão esquerda. Para aumentar os problemas de Wayne, a Honda estreava em 1992 sua nova moto e Doohan tinha sido o mais rápido em todos os testes de pré-temporada. O australiano comprova sua superioridade ao conseguir quatro vitórias consecutivas, enquanto Rainey assistia machucado, o domínio do duo Doohan-Honda. Em Barcelona, quinta etapa do mundial, Rainey finalmente vence sua primeira corrida após uma emocionante briga com Doohan, mas a alegria dura pouco quando o americano sofre uma queda no Grande Prêmio da Alemanha e quebra algumas costelas.

Nesse momento, Michael Doohan tinha 65 pontos de vantagem sobre Rainey, que correria em Assen com fortes dores internas, mas tentaria uma virada sobre o piloto da Honda. Na Holanda, essa virada aconteceria, mas não da forma que Wayne queria. Durante os treinos, Doohan sofre uma queda e desliza com sua perna direita embaixo da moto a mais de 160 km/h. O australiano foi levado ao hospital ‘apenas’ com a perna quebrada, mas complicações na cirurgia e uma infecção puseram a perna de Doohan em perigo. O australiano lutava para não ter sua perna amputada, enquanto Rainey, com fortes dores, vencia em Assen. Apesar de todo o azar de Doohan, Wayne sabia que aquela era sua chance de conquistar o título. Um quinto lugar na Hungria foi seguido por uma vitória na França e um 2º lugar na Inglaterra. A penúltima etapa do campeonato seria em Interlagos, que pela primeira e única vez receberia o Mundial de Motovelocidade. Rainey ainda tinha 22 pontos de desvantagem para Doohan, quando o australiano tentou um emocionante retorno às pistas. Doohan chegou ao aeroporto de São Paulo de cadeira de rodas, com as pernas extremamente finas e não conseguia sequer andar de bicicleta. Ele era colocado em sua moto pelos seus mecânicos e todos acharam uma temeridade ver o australiano em cima de sua indócil Honda NSR. Porém, houve uma chance para Doohan. Aquela final de semana em São Paulo foi chuvoso e aconteceram vários acidentes. Uma chicane foi inventada logo após a curva do Café e houve vários pedidos para que se cancelasse a etapa brasileira, temendo uma tragédia. Porém, isso influenciaria decisivamente no campeonato, pois se a corrida em Interlagos fosse cancelada, Doohan seria o campeão com uma etapa de antecedência e por isso a prova foi realizada normalmente com Rainey vencendo facilmente, reduzindo a desvantagem de Doohan para apenas dois pontos que, apesar da bravura em largar sem condições físicas, ficou fora dos pontos. “Dois pontos é uma enorme diferença para dois grandes pilotos,” falou Wayne Rainey após a corrida paulistana, mas o fato era que o americano não podia sentir compaixão do amigo acidentado e tentaria o título na última etapa do ano, em Kyalami. Já nos treinos para a corrida sul-africana, ficava claro que Wayne não perderia o título, com Doohan tendo enormes dificuldades em correr com sua Honda e ainda havia o problema da altitude, que fazia os pilotos se cansar mais ainda. Usando sua experiência, Rainey não forçou em nenhum momento e com o 4º lugar, conquistou seu terceiro título consecutivo. Muitos argumentaram que o triunfo veio pelo acidente que quase encerrou a carreira de Michael Doohan na Holanda, mas Wayne Rainey teve que enfrentar duas cirurgias antes de começar a temporada e uma moto que não era a melhor do pelotão. Por isso, aos 32 anos, Wayne Rainey já estava na história do Mundial de Motovelocidade.

Mesmo dominando o Mundial das 500cc, Wayne Rainey sabia dos problemas que enfrentaria para 1993. Mesmo com o azar de Doohan, estava claro que a Honda tinha a melhor moto disparada do pelotão e a Yamaha necessitava urgentemente de melhorar sua máquina. Schwantz caía cada vez menos e sua Suzuki vinha evoluindo ao longo dos anos e, após vários anos andando mais do que a moto, o americano poderia ter um equipamento a sua altura nas mãos. Os testes de pré-temporada confirmaram as expectativas, mas como Doohan ainda se recuperava, Kevin Schwantz seria a maior ameaça para o tetracampeonato de Wayne. Se havia algum alívio, era que a equipe Roberts não teria mais John Kocinski, que voltava ao Mundial das 250cc, e para o seu lugar viria o bicampeão das 250cc Luca Cadalora. Isso seria um fator negativo a menos e mostrando o quanto poderia fazer com motos inferiores, Rainey consegue duas vitórias e um segundo lugar nas três primeiras corridas da temporada. Ao contrário dos anos anteriores, Schwantz teve a paciência de se manter na pista e estava próximo de Rainey no campeonato. No rápido circuito de Hockenheim, as deficiências da Yamaha não puderam ser mascaradas e Wayne se esforçou ao máximo para chegar apenas em quinto, enquanto Schwantz vencia a etapa alemã e a prova seguinte em Assen para assumir a liderança do Mundial. Claramente com uma moto inferior, Rainey sabia que precisava se reinventar para conseguir reagir no campeonato e o americano consegue uma vitória surpreendente em Barcelona, derrotando as mais acertadas motos de Schwantz e Doohan na base da garra, tirando velocidade nas curvas. O que ninguém sabia, era que essa vitória seria a última de Rainey na carreira...

Em Donington Park, Rainey tem uma chance de ouro quando logo na primeira volta um acidente tira Schwantz e Doohan da corrida, deixando a corrida para o piloto da Yamaha. Na teoria. Wayne foi ultrapassado pelo companheiro de equipe Cadalora, que procurava sua primeira vitória nas 500cc, mas a equipe Marlboro Yamaha mostrava placas indicando para Cadalora devolver a posição para Rainey. Cadalora se vez de desentendido e venceu a corrida, com Wayne em segundo e um desesperado Kenny Roberts balançando cabeça negativamente nos boxes. Se alguma coisa ainda servia de consolo, era que Rainey reassumia a liderança do campeonato, quando o circo da motovelocidade se mudou para Misano. O circuito italiano era um dos favoritos de Rainey, mesmo sendo uma pista considerada muito perigosa por todos os pilotos, inclusive com um boicote em 1989. O dia 5 de setembro de 1993 estava quente e ensolarado e Cadalora, piloto local e com grande conhecimento da pista, liderava a corrida, com Rainey em segundo e Schwantz em terceiro. Na décima volta de trinta, Rainey tentava aumentar seu ritmo para se ver livre do seu rival, mas numa entrada de curva, o piloto da Yamaha acelera demais e sai de frente. Não existem imagens esclarecedoras do acidente, mas Rainey foi jogado violentamente ao chão e deslizou em direção a brita. Em Misano, a brita tinha grandes sulcos para segurar os carros em caso de saídas de pista, mas isso não era válido para as motos e Rainey deslizava violentamente e velozmente na brita, sendo ainda atingindo por sua moto. Ele parou e ficou deitado, imóvel, mas claramente consciente. Os comissários se aproximaram rapidamente e Rainey sinalizava que tinha várias dores e permanecia imóvel. Infelizmente, a coluna de Wayne Rainey foi quebrada ao meio e ao chegar ao hospital, corria sérios riscos de vida. Após um longo período de internação, sua sexta e sétima vértebras foram reconstruídas, mas sua medula não pode ser consertada. De forma abrupta, a carreira de Rainey estava terminada e ele estava paralítico. Foram apenas 95 corridas, mas 24 vitórias, 16 poles, 23 voltas mais rápidas, 65 pódios, 1270,5 pontos e os três títulos mundiais na categoria 500cc (1990,91,92).

Com essa tragédia, Kevin Schwantz conseguia finalmente seu único título mundial, mas no ano seguinte, recheado de lesões, Schwantz abandonou sua carreira. O americano disse que sem Rainey, não havia mais motivação para permanecer no Mundial, pois ele sempre tentava acompanhar o seu eterno rival. A saída de Rainey também levantou várias perguntas. Após a saída de Wayne, Michael Doohan iniciou um período de dominação com cinco títulos consecutivos e como o piloto da Yamaha ainda estava no auge da carreira, a pergunta é: será que Doohan conquistaria tantos títulos? Até quanto Wayne Rainey iria e conquistaria mais? Isso nunca será respondido. Porém, Rainey não queria ficar parado e após uma consulta a Frank Williams, entrou de cabeça para se tornar um chefe de equipe no Mundial de Motovelocidade. Kenny Roberts cria um apêndice de sua equipe no Mundial das 250cc e é formado o Team Marlboro Rainey em 1994, cujo único piloto seria Kenny Roberts Jr. O ano foi de aprendizado, mas Rainey já mostrava olho clínico para achar grandes pilotos e indica o hiper-agressivo Norifume Abe a Roberts, que o contrata para o Mundial das 500cc em 1995, enquanto Rainey ainda teria Roberts Jr e Tetsuya Harada como principal rival à Aprilia de Massimiliano Biaggi nas 250cc em 1995. Mesmo sem nenhum título na categoria inferior, Rainey resolve subir para o Mundial das 500cc em 1996, trazendo consigo Loris Capirossi e após um ano cheio de altos e baixos, o italiano acabaria dando o que seria a única vitória da equipe de Rainey na última corrida do ano, na Austrália, após um acidente sórdido entre os pilotos da Repsol Honda, Doohan e Alex Críville. Wayne ficaria mais dois anos no Mundial das 500cc junto com Norifume Abe, com resultados apenas regulares, por causa da falta de regularidade do japonês, mas a verdade era que Rainey nunca havia ficado muito à vontade como dirigente. O negócio desse californiano era acelerar! Um pouco antes do seu acidente, Rainey havia comprado uma casa com vistas para a pista de Laguna Seca e no final de 1998 ele fechou sua equipe e passou a correr com karts adaptados, que foram projetados por Eddie Lawson, e sempre que pode Rainey corre na pista de Laguna Seca com seus velozes karts, inclusive, contornando a curva Rainey, que foi batizada em sua homanagem. Em 1999, Rainey foi introduzido no Hall da Fama da AMA e no ano seguinte foi nomeado como ‘Grand Prix Legend’ pela FIM. Ainda hoje Rainey acompanha algumas corridas da MotoGP e sempre que pode é homenageado pela Yamaha e pelos seus pilotos, não importando a geração. Seu estilo entrou para a história da Motovelocidade e a forma como dominou o Mundial das 500cc quando havia pilotos tão fortes como ele nunca será esquecido. Wayne marcou época na Era de Ouro do Motociclismo.

Parabéns!
Wayne Rainey

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A F1 e os cachorros


Mostrando o quanto os pilotos do passado eram mais acessíveis, a Quatro Rodas publicava uma coluna mensal de Jackie Stewart, então o melhor piloto do mundo. O escocês dava suas impressões sobre as corridas do mês anterior ou até mesmo de problemas de bastidores. Na edição de Janeiro de 1971, o então Campeão Mundial nos explica toda a confusão que foi o Grande Prêmio do México de 1970, realizado 40 anos atrás. Vamos aos melhores momentos.

Um público de 150.000 pessoas aglomerou-se junto às barreiras e sentou-se na grama à margem da pista. Os organizadores foram aos boxes avisar às equipes sobre esse problema. Saímos para dar uma olhada ao longo da reta. Era fantástico! Havia gente e até mesmo cachorros andando pela pista, enquanto um número incrivelmente grande de torcedores estavam sentados no chão, de pernas cruzadas e com sombreros caídos sobre os olhos. E isso a meio metro da pista.

Os organizadores tantaram fazê-los recuar, mas nada conseguiram. Era evidente que a prova não podia ser iniciada naquelas condições. Comunicamos isso aos organizadores e eles apenas se mostraram surpreendidos. O problema teria que ser resolvido rapidamente, pois a multidão estava se tornando irrequieta, assobiando e vaiando o atraso. Um dos organizadores disse aos pilotos: Não se preocupem com o risco de atropelar alguém, nós estamos segurados e vocês também.

Os organizadores - desesperados para encontrar uma solução - sugeriam que eu e Pedro Rodríguez andássemos pela pista, pedindo ao público que se afastasse. Com o castelhano de Rodríguez, meu inglês e um intérprete, suplicamos aos expectadores que recuassem alguns metros. Eles foram bastante compreensíveis e de fato recuaram. Por quanto tempo, isso era outro problema.

Infelizmente, ao recuar, os espectadores que haviam ultrapassado a cerca impediram a visão dos que mantiveram-se atrás dela. Estes então começaram a protestar, gritando e atirando latas e garrafas sobre a pista. Em poucos minutos, ela estava recoberta de cacos de vidro. Pedimos aos borracheiros (???) da Dunlop, Firestone e Goodyear que examinassem a situação: haviam cacos do tamanho de um punho e bastaria um fragmento do tamanho de uma unha para furar um pneu.

Os varredores começaram a trabalhar, mas outras garrafas continuavam a se despedaçar na pista. O problema só foi resolvido quando terminou o estoque de garrafas vaziam em poder da multidão enraivecida. Então fizemos três voltas de reconhecimento e voltamos aos boxes, onde verificamos que meu carro sofrera um furo e o de Ickx tinha um dos pneus cheios de cacos de vidro. Decidimos que não haveria corrida. Mas os organizadores suplicaram para reconsiderarmos a decisão e os policiais nos disseram que, se a prova fosse cancelada, haveria uma pancadaria da qual sairiam feridas e mortas tantas pessoas quantas vitimadas no caso de um carro atropelas a multidão. Diante disso, resolvemos arriscar.

Para mim, a corrida terminou ainda no começo, quando meu carro atropelou um cão (eu estava a uns 225 km/h) e se descontrolou, por pouco não investindo sobre a massa de espectadores.

E pensar que a F1 atual quase não corria na Coreia...

Figura(COR): Fernando Alonso

"Tenho 50% de chances de ser campeão", essa frase promoveu risadas de todos quando ela foi dita em agosto deste ano por Fernando Alonso, mas após vencer a corrida inaugural na Coréia do Sul e assumir a liderança do Mundial de Pilotos, essa frase pode se tornar profética daqui a alguns anos. O espanhol está guiando como nunca este ano e praticamente levou a Ferrari nas costas rumo à liderança do campeonato, algo praticamente impossível dois meses atrás. Além de talento e competência, Alonso mostrou ontem algo essencial a todo campeão: sorte. Largando atrás dos dois carros da Red Bull, o espanhol esperava por algum erro de Vettel e Webber à sua frente para subir posições tanto na corrida, como no campeonato. Em Suzuka isso não funcionou, com o espanhol sempre em terceiro, atrás da Red Bull. Já na Coréia... A sorte começou em dose dupla logo no início da corrida (pra valer), quando Mark Webber rodou na frente da Ferrari de Alonso e o espanhol ficou praticamente sem onde ir. O carro da Red Bull atravessou a pista duas vezes, mas Alonso achou o espaço correto para seguir em frente, enquanto Webber, líder do campeonato, ficava pelo caminho. No seu único pit-stop durante a prova, a Ferrari vacilou e Alonso perdeu a 2º posição para Hamilton, mas o espanhol nem precisou se esforçar muito para recuperar a posição, pois o inglês saiu da pista logo na relargada e Alonso estava logo atrás de Vettel novamente. O alemão da Red Bull parecia soberado e nada parecia tirar sua vitória, mas Alonso nunca desistiu, ficando próximo de Vettel o tempo todo. Nem precisava. O motor Renault estourou quando faltavam nove voltas e Alonso tinha pista livre para conquistar a sua quinta vitória no ano, a quarta nas últimas sete corridas. Com atuações de tirar o fôlego, num ritmo impressionante pela Ferrari e com a experiência toda a seu favor, será difícil tirar a vantagem de Alonso e mostrar que sua frase, antes da corrida em Spa, não deveria ter sido tão criticada.

Figurão (COR): Jenson Button

O atual Campeão Mundial fez sua corrida mais terrível desde os tempos em que se arrastava no pelotão de trás com a Honda, em 2008. Ficou mais do que claro que Button não conseguiu acompanhar a velocidade estonteante de Lewis Hamilton nesta temporada e justamente por perceber isso, o inglês cometeu um erro estratégico durante a prova coreana. Após tomar meio segundo de Hamilton na Classificação, Button tentou fazer na Coréia algo que lhe garantiu suas duas únicas vitórias em 2010: o pulo do gato em termos de estratégia. Após a chuva forte, a pista secava e alguns pilotos do pelotão intermediário já tinham colocado pneus intermediários e sem condições de, sequer, se aproximar de Schumacher, Button foi o primeiro das equipes de pontas a ir aos boxes colocar pneus intermediários. Isso funcionou na Austrália, mas Button deu azar na Coréia do Sul quando saiu dos boxes atrás de um pelotão de carros (que já estavam calçados com os pneus que havia acabado de colocar) e sem chance de ultrapassá-los (também sem chance de andar mais rápido e observar se tinha arriscado certo), Jenson ainda viu um safety-car estraguar tudo, com todos os pilotos da ponta colocando os pneus iguais aos seus. Definitivamente no pelotão de trás, sem chance de subir algumas posições, Button se arrastou a corrida inteira e ficou longe da zona de pontuação. Praticamente fora da briga pelo bicampeonato este ano, Button terá que se reciclar para 2011, pois precisa muito mais do que consistência para garantir um novo título. E evitar atuações ridículas como a deste domingo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ressaca

Num futuro próximo, quando olharmos para o primeiro Grande Prêmio da Coréia do Sul da história, poderemos lembrar que o terceiro título de Fernando Alonso ficou bem encaminhado pela bela vitória do espanhol, em combinação com o duplo abandono dos pilotos da Red Bull.

Todos tinham muito receio sobre a realização ou não da corrida na Coréia, pois o autódromo não estava pronto (e realmente não estava), mas o problema que quase cancelou a corrida no extremo oriente foi por causa da natureza. A pequena chance de chuva se tornou real no domingo e a precipitação veio com força, atrasando a corrida por mais de uma hora, contando as incontáveis voltas atrás do safety-car. Numa pista que nunca secou de verdade, as ultrapassagens ocorreram aos montes, assim como os acidentes e a primeira vítima começou a delinear o campeonato. Logo nas primeiras voltas, enquanto perseguia Sebastian Vettel, Mark Webber encostou na linha branca molhada, saiu pela zebra e perdeu o controle do seu Red Bull, batendo de leve no muro externo. Apesar do pneu furado, talvez ainda houvesse esperança para o australiano, mas o carro de Webber escorregou pela pista molhada e atingiu em cheio Nico Rosberg, destruindo a corrida de ambos.

O incidente de Webber foi a primeira dose de sorte de Alonso. O espanhol vinha logo atrás do australiano quando ele perdeu o controle, mas Alonso teve a consciência em frear na hora certa e viu o Red Bull do seu rival ao campeonato atravessar a pista na sua frente. Fernando passou incólume rumo ao segundo lugar e passou a sombrear Vettel, mas antes da Ferrari ainda dificultaria a vida do espanhol, quando errou num pit-stop e deixou Alonso em terceiro após a terceira entrada do safety-car. Porém, Alonso estava no seu dia. Hamilton acabou errando na freada na primeira curva e Alonso, como experiente campeão como é, aproveitou a chance e retornou ao segundo lugar. O espanhol ficava próximo de Vettel, mas não atacava o alemão. A prova chegava ao seu final e Alonso se aproximava do rival, mas o destino quis que aquela corrida fosse do bicampeão mundial. Vettel, sem aviso, teve o seu motor quebrado espetacularmente e Alonso, com poucas voltas para o fim, tinha a corrida ganha, já que Hamilton teve problemas sérios de pneus no final da corrida. Muita gente está torcendo contra, mas o fato é que Alonso e a Ferrari têm a experiência mais do que suficiente para segurar o rojão nas duas corridas finais e conquistarem o título juntos logo em sua primeira temporada juntos. O espanhol fez uma corrida de espera, onde os três pilotos que estavam à sua frente hoje se atrapalharam e Alonso se aproveitou com maestria. O piloto da Ferrari conseguiu a incrível marca de quatro vitórias nas últimas oito corridas da temporada, juntamente com outros três pódios e saiu da incômoda quinta posição até o Grande Prêmio da Alemanha para assumir a ponta do campeonato na hora certa. Tirando a rodada em Spa, nada deu errado para Alonso, mas como vimos com Vettel, a administração de motores pode ser crucial e o espanhol não tem mais novos motores a disposição sem lhe for conferida uma punição. Porém, Alonso e Ferrari têm a tarimba suficiente para driblar esse problema. Massa fez uma corrida muito parecida com a de Alonso, ou seja, esperou os pilotos à sua frente errar. Porém, o brasileiro teve que lhe dar com os ataques de Button e Schumacher nas primeiras voltas e depois fez uma corrida solitária, onde não atacou e não foi atacado por ninguém. O terceiro lugar pode dar um pouco mais de confiança ao brasileiro, mas a perspectiva de um título de Alonso pode ser muito prejudicial a Massa no futuro, pois ao contrário de Raikkonen em 2007, o espanhol não parece muito relaxado.

A Red Bull teve dois abandonos que, se fossem com os pilotos trocados, teria mais sentido. Vettel passou o ano errando e fazendo besteiras, algo que lhe custou o título claramente, mas nas últimas etapas o alemão vinha sendo impecável, sem cometer seus erros infantis e estava a ponto de assumir a liderança do Mundial num momento crucial, onde a Ferrari já havia pedido a Alonso para não ser muito agressivo naquelas últimas voltas, o motor Renault, que tantos problemas deu a Red Bull em 2009, abriu o bico já no final da prova. O alemão ainda deu um discreto sorriso, pois pela primeira vez nesse ano ele abandonou uma corrida em que não foi o principal culpado. Mais cruel foi Webber. Ao contrário do companheiro de equipe, Mark fazia uma temporada regular, longe dos erros e liderava o campeonato mais por só ter abandonado uma corrida (no espetacular acidente em Valencia) do que pela velocidade que vinha mostrando. Numa pista muito molhada, na cômoda posição de 2º colocado atrás de Vettel, com toda uma corrida pela frente, Webber errou de forma até mesmo banal e saiu da corrida ainda no seu começo. A cara do australiano após a prova entregava sua frustração, pois os resultados lhe derrubaram para o 2º lugar do Mundial e com 34 anos de idade, não é segredo que essa chance pode ser a última de Webber de ser o 3º australiano a ser Campeão Mundial de F1. Com duas corridas faltando para o fim do campeonato, a Red Bull pode ter que tomar a decisão de apostar unicamente em algum piloto, no caso, em Webber. Porém, é frustrante para uma equipe ter o melhor carro do ano e faltando duas provas ver seus pilotos em 2º e 4º no Mundial de Pilotos.

Lewis Hamilton tinha que encarar a verdade que sua McLaren não tinha a menor condição de lutar pela vitória e por isso, em condições variáveis, onde o time prateado se destacou, o inglês implorava para que o safety-car saísse logo e a corrida de verdade começasse. Porém, a aposta de Hamilton não deu muito certo com algumas posições perdidas nas relargadas e se Massa tivesse um pouquinho mais de ambição, poderia ter ajudado ainda mais Alonso na briga pelo título. Porém, o segundo lugar foi comemorado pela McLaren, pois Hamilton não sabia o que era um bom resultado desde a vitória em Spa e agora em 3º lugar no Mundial, poderá ter uma chance remota de título, mesmo com um carro claramente inferior aos demais. Num campeonato cheio de erros, Lewis lamentará bastante seus erros em Monza e Cingapura. Se Hamilton faz milagres com seu carro, Button esteve irreconhecível num tipo de corrida onde conquistou suas duas vitórias esses ano. O atual campeão definitivamente não se encontrou na nova pista da Coréia e ainda teve a falta de sorte como fator, pois quando colocou os pneus intermediários e podia ter alguma vantagem, veio o safety-car pelo acidente de Buemi, logo à sua frente, e todos os pilotos que vinham na ponta colocaram os corretos, destruindo a estratégia de Button, que passou a se arrastar no pelotão intermediário, terminando a corrida numa decepcionante 12º posição. Com Hamilton em 2º no Mundial, muito provavelmente a McLaren pedirá para Button trabalhar para ajudar o companheiro de equipe nessa reta final de campeonato. Muito pouco para quem chegou a liderar o certame e ainda procurava o bicampeonato.

Muito provavelmente a Mercedes terá sentimentos distintos na Coréia. Se vibrou com a melhor corrida do ano de Schumacher, lamentará o acidente de Nico Rosberg ainda no começo da corrida, quando o alemão ultrapassou Hamilton na relargada e vinha no mesmo ritmo do 3º colocado Alonso. Nico já havia impressionado na Classificação, quando colocou seu Mercedes em 5º, na frente de uma Ferrari e uma McLaren, mas o desempenho do alemão continuou na corrida, quando ultrapassou com autoridade Hamilton e vinha próximo a Alonso quando o destino lhe pregou uma peça. Webber errava à sua frente e após Alonso escapar, o australiano continuou escorregando para cima de Rosberg, que ainda foi para fora da pista para desviar, mas não teve jeito e foi atingido em cheio pela Red Bull descontrolada e terminava tristemente sua corrida com o sentimento de ‘se...’. Porém, Schumacher fez uma corrida interessante pela sua forma atual. Ultrapassou Button no início da corrida, esboçou um ataque em cima de Massa, manteve o desafeto Barrichello sob controle e fez uma corrida correta, sempre num bom ritmo e cuidando dos pneus, a ponto de ficar próximo a Massa no final da corrida, quando todos tinham sérios problemas com a borracha. O 4º lugar foi o melhor resultado do heptacampeão esse ano, junto com a corrida na Turquia, mas Schumacher provou que em condições difíceis, a velha magia ainda pode aparecer. Também ficou provado que Barrichello mentiu em seus seis anos de Ferrari, quando disse que se dava bem com Schumacher. Em 2010, ano da volta da até agora infeliz volta de Schumacher, Barrichello se especializou em falar mal do seu antigo companheiro de equipe, sugerindo coisas que eram totalmente contrários ao que dizia quando atuava na Ferrari. O brasileiro teria sido atrapalhado por Schumacher no Q2, que humildemente lhe pediu desculpas, mas Barrichello continuou seu rosário de lamentações para com o alemão. Na pista, Barrichello chegou a se aproximar de Schumacher, mas não pode atacá-lo e no final da prova foi um dos que tiveram problemas com pneus, perdendo algumas posições após uma rodada. O problema com os pneus afligiu de tal forma a Williams, que Nico Hülkenberg, que está com um pé fora da equipe por causa do dinheiro bolivariano-populista-ditatorial de Pastor Maldonado, fez uma segunda parada no final da corrida e até que valeu a pane, pois ganhou duas posições e ainda marcou um pontinho.

No pelotão intermediário, por sinal, não faltou ultrapassagens e acidentes. Se Vitantonio Liuzzi fez uma corrida decente e marcou pontos pela decadente Force Índia, Adrian Sutil esteve naquelas dias de menino-maluquinho e protagonizou inúmeras saídas de pista em tentativas destemperadas de ultrapassagens e o seu destino não podia ser outro do que sofrer um acidente ao tentar passar Kobayashi. O japonês da Sauber fez uma prova mais discreta e pragmática e mesmo com o toque com Sutil, ainda foi capaz de chegar em oitavo lugar, logo à frente de Nick Heidfeld, que mostra que tem plenas condições de assumir um cockpit em 2011. A Renault apareceu bem nos treinos livres, mas não foi tão bem na corrida. O 5º lugar de Kubica foi conseguido após uma prova em que se manteve o tempo todo atrás de Barrichello, mas quando o brasileiro teve problemas de pneus no final, o polonês não se fez de rogado e ultrapassou. Um bom resultado para Kubica, mas longe do brilho de outras apresentações. Pior mesmo foi Petrov. Quando Nelsinho fazia alguma cagada na pista, a TV logo mostrava a cara que fazia Briatore no pit-wall. Quando Petrov destruiu seu carro na curva 18, após fazer uma belíssima corrida de recuperação e estar até mesmo à frente de Kubica, a TV teve o sórdido cuidado de mostrar a expressão de Eric Bouiller, chefão da equipe Renault, nos boxes. Piquetzinho durou um ano e meio. Será que o dinheiro de Petrov o segurará por mais tempo? A Toro Rosso estava pontuando com Alguersuari até perto do fim da prova, quando foi ultrapassado por Hülkenberg e saiu da zona de pontuação, mas o segundo time da Red Bull está longe de ter bons resultados no momento, ainda mais quando Buemi sai de suas características e bate bizonhamente na Virgin de Timo Glock numa tentativa de ultrapassagem. Os times nanicos chegaram a sonhar com a zona de pontuação com tantos abandonos, mas a Virgin também perdeu Lucas di Grassi quando o brasileiro, que necessita urgentemente mostrar serviço para segurar seu emprego, perdeu o controle, além da Lotus, que também viu Jarno Trulli abandonar após um toque com Bruno Senna. O brasileiro sobreviveu ao incidente e ainda encontrou tempo de se livrar do mico de ter sido superado por Sakon Yamamoto, deixando o último lugar para o japonês.

A corrida da Coréia do Sul quase não é realizada, primeiro por causa do atraso das obras, depois com uma inesperada chuva forte que atrasou o início da corrida e quando o pódio foi realizado, já estava de noite e os pilotos mal enxergavam no final da corrida, enquanto aqui no Brasil, já era 6 da manhã. Fernando Alonso não se arrependeu dessa sua passagem pela Coréia e surge como principal favorito para faturar o título. Para quem pensa que nada de ruim ocorreu com o espanhol em 2010, devemos nos lembrar de um motor quebrado na Malásia e de duas rodadas na Inglaterra e na Bélgica. E ainda assim Alonso está em vantagem no campeonato, muito pelos vários incidentes ocorridos com seus adversários. Hamilton terá que tirar coelhos da cartola após seus dois abandonos por erros próprios na Itália e em Cingapura. Se ainda quiser sair do prejuízo e escapar de ficar marcada de perder o título com o melhor carro destacado do ano, a Red Bull provavelmente terá que apostar em Mark Webber, algo que a Ferrari fez lá atrás e hoje colhe os frutos. A ressaca foi braba para os rivais, mas Alonso curte uma deliciosa e decisiva vitória e está a ponto de conquistar seu tricampeonato, entrando definitivamente na história da F1 como um dos grandes da categoria.

sábado, 23 de outubro de 2010

Na última volta


Fernando Alonso parecia ter a decisiva pole na Coréia do Sul nas mãos. Largando na pole numa pista que não parece ser das mais fáceis de ultrapassar, principalmente por cauda da poeira, o espanhol tinha tudo para dar o primeiro passo rumo à vitória. No entando, Mark Webber estava em sua segunda tentativa e Vettel ainda estava por completar sua última volta rápida. De forma espetacular, quando ninguém esperada, a dupla da Red Bull conseguiu um terceiro setor perfeito e conseguiu a primeira fila para amanhã, com Vettel superando mais uma vez Webber, desta vez de forma fracional.

Mesmo com todos apontando a Red Bull como o carro a ser batido a longa reta após a curva 2 era uma clara desvantagem para os carros azuis e quem se aproveitou disso foi Fernando Alonso. A Ferrari parecia ter o carro mais equilibrado com relação as longas retas do primeiro setor (que favorece a McLaren) e os sinuosos setores 2 e 3 (com vantagem para a Red Bull). Porém, o ótimo downforce da Red Bull se mostrou claro quando seus carros vinham mais lentos nas duas primeiras parciais e tanto Vettel como Webber conseguiram superar o melhor tempo de Alonso no terço final da pista, para delírio dos mecânicos da Red Bull. Mesmo com a McLaren andando forte nas longas retas do primeiro setor, os tempos da Classificação indicam claramente que a corrida amanhã será decidida entre Red Bull e Fernando Alonso, com o vencedor ficando com uma moral incrível para as provas finais.

Os demais foram coadjuvantes na luta pelo título. Massa, que só tinha um jogo de pneus macios para o Q3, levou quase 1s para Alonso, demonstrando que a Ferrari mal olha para o brasileiro, pois sabe que perdeu o Mundial de Construtores, muito por culpa dos maus resultados de Felipe. Button também não se encontrou na Coréia e ficou longe de Button, sendo o principal favorito a se despedir da luta pelo título. De Hamilton não se pode duvidar nada e mesmo 0.5s atrás dos líderes, o inglês pode aprontar. Para o bem e para o mal. Kubica foi o mais rápido da terceira sessão e havia a expectativa do polaco se meter na briga pela pole, mas ele foi limitado pelo seu carro. Petrov deu mais uma mostra do porquê da Renault querer se livrar dele apesar dos vastos patrocínios, com mais uma rodada decisiva no Q2. A Mercedes passou tranquilamente ao Q3, mas Rosberg surpreendeu ao ficar em 5º, à frente de Massa, Kubica e Button. Boa corrida à vista para o alemão. Barrichello fez o que lhe era possível e foi o último do Q3, enquanto Hülkenberg vê sua posição na Williams ameaçada pelos dólares bolivarianos populistas e ditatoriais de Pastor Maldonado.

Amanhã existe uma perspectiva de chuva, mesmo que pequena, mas o sábado viu um céu carrancudo o dia inteiro no isolado cenário coreano. A pista está escorregadia, empoeirada e vimos muitos erros durante todas as sessões. Tanto de pilotos de ponta como os das equipes menores. Poderá ser uma corrida de sobreviventes. Após a largada, a luta pelo vácuo na longa reta deverá ser um bonito espétaculo, com os dois Red Bulls tendo que se defender dos melhores motores de Ferrari e Mercedes. Apesar das ameaças de cancelamento, valeu a pena ter ido à Coréia do Sul até agora em meio às obras, pois a corrida promete ser das mais interessantes.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Comemoração


Após conquistar seu primeiro título de pilotos em 21 anos, a Ferrari agora tentava conquistar o segundo título daquele ano, o de Construtores. A última corrida seria em Sepang e os vermelhos dominaram a corrida, com Schumacher vencendo e Barrichello em terceiro. Com esses resultados, a Ferrari conquistava o Mundial de Construtores e na comemoração copiou a Williams, quando Jacques Villeneuve venceu em 1997 e toda a equipe colocou perucas amarelas. Toda a equipe, incluindo os pilotos, Ross Brawn e Jean Todt apareceram de vermelho após a prova malaia. Será que uma comemoração com essa seria possível hoje?

História: 15 anos do Grande Prêmio do Pacífico de 1995


Após sua espetacular vitória em casa, em Nürburgring, Michael Schumacher tinha o título de pilotos em suas mãos, pois precisava apenas de um 4º lugar nas três corridas restantes para se tornar o piloto mais jovem a se tornar bicampeão mundial, com apenas 26 anos. De saída da Benetton rumo ao desafio (muito bem remunerado, por sinal) de tirar a Ferrari de uma interminável crise, Michael Schumacher foi para os confins do mundo para tentar matar seu primeiro match point. O circuito de Aida, que Schumacher venceu em 1994, fica no interior do Japão e de difícil localização, onde parra se chegar, se levam horas. O traçado sinuoso e pequeno não permitia muitas ultrapassagens e por isso a Classificação seria essencial.

A Williams tentava suas desesperadas cartadas nas três provas do oriente e tudo o que Damon Hill precisava era de vitória, mas foi Coulthard que ficou com a pole, com Hill completando a primeira fila, numa Classificação muito acirrada. A FIA tinha decidido que os pilotos poderiam utilizar apenas sete jogos de pneus em todo o final de semana e Michael Schumacher tinha percebido que um set novos de pneus faria muita diferença na corrida. O alemão não fez muitas tentativas nos treinos e ficou com quatro jogos novos para a corrida. A dupla da Williams teria apenas dois jogos de pneus para a corrida. Isso seria fatal!

Grid:
1) Coulthard (Williams) - 1:14.013
2) Hill (Williams) - 1:14.213
3) Schumacher (Benetton) - 1:14.284
4) Alesi (Ferrari) - 1:14.919
5) Berger (Ferrari) - 1:14.974
6) Irvine (Jordan) - 1:15.354
7) Herbert (Benetton) - 1:15.556
8) Frentzen (Sauber) - 1:15.561
9) Panis (Ligier) - 1:15.621
10) Blundell (McLaren) - 1:15.652

O dia 21 de outubro de 1995 estava com um sol tímido no circuito de Aida para o que seria uma batalha entre os pilotos da Williams contra Michael Schumacher. Hill e Schumacher já haviam tido vários problemas ao longo da temporada, inclusive com dois incidentes polêmicos em Silverstone e Monza, quando ambos saíram da corrida. A FIA estava de olho, porém Damon Hill precisava de um bom resultado de qualquer maneira e quando as luzes verdes apareceram, o normalmente contido inglês fez uma largada agressiva, quando se viu na iminência de ser ultrapassado por Schumacher. O piloto da Williams jogou seu carro para cima do alemão, de forma acintosa, o que gerou reclamações de Schumacher após a corrida. A fechada foi tão forte, que abriu caminho para Alesi subir para segundo, enquanto Coulthard assumia a liderança com facilidade. Berger também tentou ultrapassar Hill, mas o inglês parecia estar com o 'cão nos couro', como se diz por aqui e fechou o austríaco da Ferrari, para minimizar o estrago provocado por ele mesmo e permanecer em terceiro, enquanto Schumacher era o maior prejudicado e caía para quinto.

Porém, Schummy não precisava ficar assim tão preocupado com relação ao título, pois Hill nem na liderança da corrida estava e o alemão contava com seus novos jogos de pneus. Isso começou a se manifestar quando o piloto da Benetton ultrapassou Berger ainda na quarta volta, indo para cima de Hill. Mais uma vez, o inglês não se importou muito em dar algumas fechadas no rival e isso fez com que Schumacher ficasse ainda mais irritado com Hill. Aida era um circuito que maltratava muito os pneus e como a corrida tem muitas voltas, alguns pilotos tentaram estratégias diferentes, com Hill e Alesi indo aos boxes já na 18º de 83 voltas de corrida, numa clara indicação que iriam parar duas ou até três vezes. Com Berger parando logo depois, Schumacher assumiu a segunda colocação, mas Coulthard tinha uma vantagem tranquila.

A corrida vinha sendo dominada pelos carros com motor Renault, com a Ferrari ainda tentando, com estratégias diferentes, reagir contra a força dos franceses. Mais atrás, a McLaren mostrava sua decadência com seus dois pilotos andando no pelotão intermediário. Mika Hakkinen ficou de fora por uma operação de apendicite e no seu lugar entrou o piloto de testes Jan Magnussen. O dinamarquês havia vencido o Campeonato Inglês de F3 em 1994 batendo o recorde de vitórias de Ayrton Senna e seu chefe de equipe, Jackie Stewart, disse que Magnussen seria um fenômeno parecido com o brasileiro. A McLaren acreditou na bravata do escocês e o contratou e Magnussen fazia sua aguardada estréia na F1, mas o dinamarquês esteve longe de fazer algo de relevante na corrida. E na sua carreira também...

Quando Coulthard fez sua parada, já tendo passado metade da corrida, Schumacher estava mais de 20s à frente do escocês e essa foi a senha para o alemão acelerar. Se quisesse superar Coulthard e seus adversários, Schumacher precisava 'baixar a bota' e assim o fez. A equipe Benetton foi perfeita e Schumacher estava andando cerca de 2s mais rápido do que qualquer piloto naquele momento. O alemão tinha receio de que Coulthard diminuísse seu ritmo para segurá-lo e trazer Hill nos seus retrovisores. Por isso, mesmo que a vitória não lhe garantisse o título, o alemão precisava sair dos boxes à frente de Coulthard. E assim o fez. O alemão fez as suas ainda não famosas ultrapassagens nos boxes e assumia a liderança da corrida para não mais perdê-la. Os pilotos da Williams ficaram desapontados e diminuíram seus ritmos, enquanto Schumacher recebia a bandeirada em primeiro e conquistava o bicampeonato com estilo. Mesmo com Briatore claramente chateado por ter pedido seu pupilo para a Ferrari, a Benetton vibrou muito com seu segundo título de pilotos e a perspectiva real do primeiro título de construtores. Enquanto Schumacher entrava definitivamente como um dos grandes da história ao conquistar dois títulos com um carro inferior, mas ele entraria na categoria de mito anos mais tarde.

Chegada:
1) Schumacher
2) Coulthard
3) Hill
4) Berger
5) Alesi
6) Herbert

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio do Japão de 1990




Havia um cheiro de vingança no ar. Ayrton Senna nunca havia se conformado com a perda do título de 1989, quando foi jogado para fora por Prost nas últimas voltas do mesmo Grande Prêmio do Japão, em Suzuka. Para quem tem discernimento, sabe que a desclassificação de Senna em Suzuka/1989 foi justa, mas para o brasileiro e seus torcedores, ele havia sido roubado descaradamente pela dupla francesa Prost-Balestre. Senna era o principal favorito a conquistar o campeonato de 1990, mesmo com a Ferrari vindo numa ótima fase ao vencer as duas últimas corridas, mas Prost sabia que seria difícil tirar o título do arqui-rival, pois estava praticamente na situação contrária do ano anterior, quando o francês tinha uma enorme vantagem sobre Senna quando chegou à Suzuka.

A perspectiva de uma nova disputa tensa entre Senna e Prost em Suzuka diminuiu um pouco o impacto sofrido pela F1 com o terrível acidente sofrido por Alessandro Nannini dias antes da corrida japonesa. O piloto da Benetton voltava para sua casa de helicóptero quando o aparelho caiu e o italiano teve seu braço direito decepado na altura do cotovelo. Nannini foi levado imediatamente para um hospital em Roma e seu braço foi recuperado, mas o promissor italiano, que havia recusado uma proposta da Ferrari por acreditar no projeto de Flavio Briatore na Benetton, nunca mais correu profissionalmente de F1, apesar de que Nannini se tornasse um ótimo piloto de DTM, pela Mercedes e ter feito um teste num Ferrari F1 adaptado anos depois. Piquet, que era muito amigo de Nannini, indica seu velho amigo Roberto Moreno para substituir o italiano na Benetton e mesmo com sua equipe, a fraquíssima Eurobrun, tenha colocado alguns obstáculos, Moreno finalmente teria um cockpit de F1 minimamente decente.

Todos conheciam o quanto Senna era um piloto extremamente veloz em ritmo de Classificação e por isso não foi surpresa vê-lo ficar com a pole, mas Prost, normalmente comedido aos sábados, deu muito trabalho ao brasileiro e ficou em segundo lugar, dando um tempero a mais para a corrida. Logo após os treinos, a corrida começou nos bastidores, com Senna solicitando que seu lugar como pole-position fosse mudado de lugar e largasse por fora, onde os carros passam normalmente na reta e há mais aderência. Porém, o pedido foi negado. Senna ficou furioso, dizendo que aquilo era mais uma armação psicológica de Prost. Conta a lenda que os comissários japoneses, fãs ardorosos de Senna, teriam aceito o pedido do brasileiro, mas Jean-Marie Balestre, da sala da presidência da FISA em Paris, teria ligado para o Japão impedindo que isso acontecesse. Mais tensão, impossível!

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:36.996
2) Prost (Ferrari) - 1:37.228
3) Mansell (Ferrari) - 1:37.719
4) Berger (McLaren) - 1:38.118
5) Boutsen (Williams) - 1:39.324
6) Piquet (Benetton) - 1:40.029
7) Patrese (Williams) - 1:40.355
8) Moreno (Benetton) - 1:40.579
9) Suzuki (Lola) - 1:40.888
10) Martini (Minardi) - 1:40.899

O dia 21 de outubro de 1990 estava quente e pela primeira vez desde que foi realizado em Suzuka, o Grande Prêmio do Japão seria realizado debaixo de muito sol. Senna estava otimista de que conquistaria seu bicampeonato. "Títulos tem sido decididos aqui e espero que esse ano aconteça o mesmo," dizia o brasileiro, dando a entender que Suzuka poderia ver outra decisão polêmica. Na verdade, o piloto da McLaren estava afunilando toda a sua frustração da perda do título de 1989 e a decisão da FISA em não mudar o lugar do pole-position impeliu o brasileiro para uma largada agressiva, principalmente se perdesse o primeiro lugar para Prost. Como era de se esperar, Prost larga melhor, pelo lado limpo, e tem o melhor traçado para contornar a primeira curva, Senna fica ligeiramente atrás da Ferrari, mas nitidamente por dentro. Há quem diga que Senna largou mal de propósito para se vingar. Verdade ou não, o fato foi que Senna acertou a Ferrari de Prost bem no meio e era Campeão Mundial pela segunda vez.


O mundo parecia não estar surpreso com a manobra de Senna. Ao contrário, parecia até mesmo esperar aonde e quando o brasileiro se vingaria de Prost. Se em 1989 Prost bateu em Senna no ponto mais lento do rápido circuito de Suzuka, já no final da prova, Senna não esperou mais do que algumas centenas de metros para bater na traseira de Prost a aproximadamente 200 km/h. Por sorte, ninguém se machucou. Apenas a ética esportiva. Como Prost havia mostrado no ano anterior, Senna apenas corroborava em 1990 que os fins justificam os meios. Para ser campeão, vale tudo, até mesmo colocar em risco sua própria vida e do companheiro de profissão. O pior foi não ter admitido isso. No filme oficial da temporada de 1990, Ron Dennis 'entrevistava' Senna após o título definido e o brasileiro dava a entender claramente que a culpa pelo acidente era de Prost, que não teria lhe dado espaço suficiente. Nesses casos, assumir a culpa seria muito menos feio do que fingir de que nada ocorreu. Já para Prost, reclamar era sua obrigação como profissional, mas talvez nem tanto como pessoa. Afinal, ele havia feito algo similar um ano antes...

Se em 1989 os demais 24 pilotos foram coadjuvantes a corrida japonesa inteira, agora ele foram apenas por alguns metros e havia uma prova a ser decidida. Graças ao entrevero entre os dois rivais, Berger, que havia largado muito bem, assumia a liderança, seguido por Mansell e os dois Benettons, com Piquet à frente de Moreno, que havia feito uma largada sensacional. Graças a nuvem de poeira erguida pelo incidente na primeira curva, Stefano Modena e Phillipe Alliot bateram, assim como os dois carros da Arrows. Porém, isso não seria tão significativo quanto a bizonha rodada de Berger na curva um, na abertura da segunda volta. O austríaco passou o ano reclamando da sorte, mas quando tinha uma corrida nas mãos, Berger jogou tudo fora, enquanto Senna e Prost, andando juntos, mas sem se olhar, voltavam lentamente aos boxes. Isso deixava Mansell como o favorito máximo para vencer a corrida, pois tinha o único carro restante de McLaren e Ferrari, equipes que dominaram o ano inteiro.

Nigel tinha tudo para exorcizar o azar que o havia perseguido em suas passagens por Suzuka e tinha uma vantagem confortável sobre os dois carros da Benetton quando foi aos boxes trocar seus pneus. O inglês precisava retornar rapidamente à pista, pois a maioria dos pilotos que estavam atrás dele não parariam nos boxes e Mansell acelerou com tudo após um pit-stop perfeito da Ferrari. O problema foi que o 'Leão' acelerou demais e a transmissão da Ferrari quebrou ainda no pit-lane, fazendo com que Mansell socasse seu volante por tamanha burrada e abandonasse ali mesmo. Com isso, Piquet assumiu a liderança da corrida. Sem vencer uma prova desde o tricampeonato em 1987, muitos diziam que Piquet ainda estava na F1 apenas por dinheiro, mas o veterano campeão mostrava sua velha classe ao liderar sem sobressaltos a corrida em Suzuka e fazer as pazes com a vitória. Ao seu lado, duas surpresas. Alguns dias antes, Roberto Moreno tinha apenas esperança de classificar seu fraco Eurobrun para o grid em Suzuka, mas quis o destino que o brasiliense conseguisse um ótimo cockpit e combinado com uma pilotagem sólida e sem erros, conquistasse seu primeiro e único pódio na carreira. As cenas após a corrida foram emocionante, com um claramente emocionado Roberto Moreno abraçando Briatore e Piquet como se fosse ele, Moreno, que tivesse conquistado o título naquele dia. Aquela atuação garantiu a Moreno um lugar na Benetton em 1991. Em terceiro, chegou Aguri Suzuki, utilizando seu vasto conhecimento da pista de Suzuka e uma prova segura garantindo ao japonês não apenas seu primeiro pódio, como também o primeiro trófeu a um piloto nipônico, para delírio do público local, mesmo eles preferindo o sexto colocado Satoru Nakajima. Com uma dobradinha na corrida e o título no bolso, o Brasil acordava feliz naquele domingo, mas será que valeu a pena a forma como foi?

Chegada:
1) Piquet
2) Moreno
3) Suzuki
4) Patrese
5) Boutsen
6) Nakajima

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A infelicidade de Campos

Há quinze anos atrás, chegou TV à cabo aqui em casa, através da TV Show. Sei nem se existe mais a pioneira TV Show aqui em Fortaleza... Pois bem, através dela tive contato com uma mídia nova, onde assistia canais só sobre documentários, filmes e esportes. A SporTV, o canal de esportes da Globo, passava as corridas de F1 e F3000 na íntegra após alguns dias, mas a prova final da F3000 foi diferente. O jovem piloto Marco Campos, de 19 anos, havia se envolvido num sério acidente em Magny-Cours. Em 1995, não se conseguiam informações de forma tão rápida e fácil como hoje. Se em 2010 temos Internet e informações em tempo real, em 1995, para quem gostava de automobilismo, dependíamos basicamente de pequenas notas nos jornais ou alguma coisa num Globoesporte da vida. A agonia de Campos durou alguns dias, até se anunciado a morte do jovem piloto alguns dias depois. Seu irmão mais novo, Júlio Campos, se tornou um grande kartista, mas não se desenvolveu nos monopostos e hoje corre na Stock Car. Havia uma grande curiosidade sobre o acidente, pois as imagens eram muito fortes e a família não teria liberado as cenas. Após muito tempo, não se precisar o quanto, o Jornal Nacional, em sua última matéria, mostrou a forte cena de forma exclusiva. Naquela mesma noite, a Sportv mostrou a corrida na íntegra. Como era bem tarde e tinha escola no outro dia, me lembro de ter visto a largada e um pouco da corrida vencida, mas não vi o acidente. Mesmo tendo passado já quinze anos da tragédia, as imagens ainda impressionam:


domingo, 17 de outubro de 2010

Fator casa


Correr em casa nem sempre é sinal de sucesso, com os típicos casos de Rubens Barrichello (em Interlagos) e Jacques Villeneuve (no circuito que leva o nome do seu pai). Porém, para Casey Stoner, correr no belíssimo circuito de Phillip Island é sinal de vitória e pelo quarto ano consecutivo, o australiano venceu na frente dos seus torcedores, esposa e pais. Já Campeão do Mundo, Jorge Lorenzo fez o arroz-com-feijão para chegar em segundo, enquanto Rossi e Hayden duelaram até a última volta pelo lugar mais baixo do pódio, com vantagem para o italiano.

Duvido que haja um autódromo mais belo que o de Phillip Island, sede do Grande Prêmio da Austrália. Além do traçado límpido e rápido, com poucas curvas de baixa velocidade, o circuito australiano tem uma das vistas mais bonitas do mundo, com o lindo mar azul ao fundo, com direito a grandes gaivotas a voar (perigosamente) sobre o circuito e um gramado verde de fazer inveja a muitos estádios brasileiros. E com esse pano de fundo Stoner dominou inteiramente o final de semana caseiro, conquistando a pole e vencendo a prova de ponta a ponta, sem ameaçado em nenhum momento. De saída da Ducati, Stoner parece querer uma saída em grande estilo e após criticar duramente a moto no meio da temporada, o australiano goza de uma ótima fase, com três vitórias nas últimas quatro corridas. Por coinscidência, Stoner também passou maus bocados ano passado no meio da temporada, mas teve um ótimo final de ano em 2009. Parece que o australiano precisa acordar mais cedo para brigar mais forte pelo título, pois nesse momento, o máximo que pode aspirar é o vice-campeonato, em poder do seu futuro companheiro de equipe, que não correu por ainda sentir fortes dores na clavícula recém-operada.

Lorenzo fez uma corrida nota 6, onde largou bem, fechou Ben Spies na primeira curva, viu Stoner disparar na sua frente e desapareceu das vistas do 3º colocado. O espanhol pode estar apenas administrando, mas a verdade é que Lorenzo não vence uma corrida já faz um bom tempo e como precisa desenvolver a moto da Yamaha a partir de 2011, algo que já deve ter feito para a motor de 2010, Jorge parece ainda perdido em ser o principal ouvido na hora de construir uma moto. De saída da Yamaha e louquinho para testar a sua nova Ducati, Rossi foi animador da corrida, ultrapassando vários pilotos quando teve equipamento, mas quando os seus pneus começaram a se deteriorar, o italiano ficou a mercê de um ataque de Nicky Hayden nas voltas finais, na briga pelo 3º lugar. O americano chegou a ultrapassar o seu futuro companheiro de equipe, mas Rossi usou sua tradicional crueldade com seus rivais e ultrapassou Hayden na volta final, deixando o piloto da Ducati arrasado. Rossi está apenas se divertindo, sem muitas obrigações de desenvolver a moto e com o acidente na Itália, também sem a pressão de ser o grande favorito da corrida.

Na Moto2, os protagonistas foram dois pilotos que passaram por uma grande trauma recentemente. Alex de Angelis e Scott Redding atropelaram e mataram (involutariamente) Shoya Tomizawa em Misano e chegaram a pensar em abandonar suas carreiras, tamanho a tragédia. Porém, De Angelis e Redding deram a volta por cima e dominaram o final de semana australiano na Moto2 e o samarinês, conhecido pelo seu azar, venceu pela 2º vez na carreira, com Redding logo atrás após uma grande batalha entre os dois e Andrea Iannone. Ao contrário da morna corrida da MotoGP, a Moto2 nos proporcionou uma corrida eletrizante, em um momento com onze motos disputando posições! Isso significaria 75% do grid da MotoGP, que está definitivamente muito magro e precisando, urgentemente, de mais motos para melhorar o espétaculo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pérola do Galvão

Ontem conversava amenidades com meus amigos aqui no condomínio e ficamos a nos lembrar das muitas presepadas do Galvão Bueno. Sinceramente, até gosto do Galvão. Mas não há como negar que de vez em quando ele solta umas erratas inacreditáveis. Hoje está completando 27 anos do bicampeonato de Nelson Piquet e também de uma pérola famosa de Galvão. Acompanhem, com a ajuda do Blog do Capelli.


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Enquanto isso no domingo...


Enquanto que na F1 a disputa pelo título ficava menos aberta, com três piloto brigando mais próximos pelo campeonato de 2010, alguns quilometros à oeste o Mundial de Motovelocidade via dois dos seus três campeonatos sendo decididos, na Malásia. Na MotoGP2 e na Moto2 a Espanha triunfa com dois pilotos antagônicos, mas venceram seus títulos de forma parecida: dominando. Jorge Lorenzo e Toni Elias saem da grande escola de pilotos de moto que se tornou a Espanha e como o Campeão das 125cc também será espanhol, os ibéricos dominarão o Mundial de Motociclismo de forma praticamente inédita.

Jorge Lorenzo praticamente assegurou seu título na semana passada, quando seu maior adversário e desfeto Daniel Pedrosa caiu ainda no primeiro treino livre do Grande Prêmio do Japão, em Motegi. Com a clavívula quebrada em três lugares, Pedrosa ficou de fora tanto da corrida no Japão como também na Malásia, dando a Lorenzo a confortável situação de garantir o título apenas com 10º posição na quente corrida malaia. Com poucos pilotos no grid e dois 4º lugares como piores resultados, o título de Lorenzo era apenas acadêmico. O espanhol da Yamaha largou na pole, mas não se esforçou muito quando foi atacado pelos italianos Andrea Doviziozo e Valentino Rossi. Com o 4º colocado longe, Lorenzo apenas se manteve na pista e viu de longe a briga pela primeira posição entre Dovi e Rossi, com vantagem para a lenda, praticamente ex-companheiro de equipe de Lorenzo. Se é que foram algum dia companheiros... O 3º lugar foi mais do que suficiente para Jorge Lorenzo conquistar seu primeiro título da MotoGP e terceiro mundial em sua carreira.

Apesar de marrento e antipático, Jorge Lorenzo teve seus méritos em seu triunfo nesse ano. Lorenzo enfrentou o desafio de ser companheiro de equipe de Valentino Rossi no feudo do italiano, na Yamaha, mas ao invés de se tornar um simples segundo piloto, o espanhol partiu para cima de Rossi, provocando-o e até mesmo criando uma inimizade entre eles. Porém, Lorenzo não criou apenas bravatas e enfrentou várias vezes Rossi de igual para igual, mas sua falta de experiência junto com a enorme vontade de ser tão rápido quanto seu companheiro de equipe rendeu alguns acidentes graves a Lorenzo. Em sua terceira temporada na MotoGP, Lorenzo se sentiu mais forte e se aproveitou de algumas variáveis. Ainda líder do Mundial, viu Rossi quebrar a perna e ficar de fora de algumas provas. Pedrosa, seu eterno rival, cresceu no campeonato na metade final da temporada, mas o piloto da Honda acabaria por sofrer o acidente que o tirou definitivamente da briga pelo título. Com sete vitórias e treze pódios consecutivos, Lorenzo foi rápido e consistente na mesma medida. E só poder campeonato!

Toni Elias passou quatro anos na MotoGP, mas se viu sem vaga na categoria e por isso deu um passo atrás, se mudando para a nova Moto2. A categoria, recheada de novatos e pilotos estagnados, foi o cenário perfeito para Elias se destacar. O espanhol de 27 anos nunca havia conquistado um Mundial, mesmo com vitórias em todas as categorias, e era essa sua chance de Elias finalmente conseguir o seu. À bordo de um chassi muito bom (Moriwaki), Elias se destacou principalmente pela consistência, sempre andando no pelotão dianteiro numa categoria em que a irregularidade dos seus pilotos marcou o tom. Andrea Iannone, por exemplo, teve vitórias esmagadoras junto com atuações pífias. Assim também foram Thomas Lüthi, Julian Simon e o falecido Shoya Tomizawa, principais adversários de Elias. Mesmo com todo o equilíbrio da categoria, Elias conseguiu a proeza de conquistar o campeonato com três corridas de antecedência e assim trilhar sua volta a MotoGP.