domingo, 31 de julho de 2011

O homem da chuva

É difícil fazer comparações de épocas e pilotos diferentes, mas o que vem acontecendo com Jenson Button nas duas últimas temporadas pode ser muito bem equiparado com Ayrton Senna na época em que enfrentava as Williams de ‘outro planeta’. Se as condições climáticas estão complicadas, é sempre bom olhar com carinho como se desenvolve a corrida de Button. Ele pode até não ganhar, mas a chance dele se sobressair é enorme, como aconteceu hoje em Hungaroring, lugar onde o inglês venceu pela primeira vez na sua carreira na F1. Também debaixo de chuva.

Por sinal, em 26 corridas em Hungaroring, apenas duas tiveram a chuva presente e todas as duas tiveram o mesmo vencedor. A travada pista na Hungria sempre decepciona quanto ao quesito emoção, mas na chuva, assim como aconteceu cinco anos atrás, a corrida foi bastante interessante, com muitos lances de emoção, principalmente nas primeiras voltas, quando a pista estava mais molhada. Com os pneus intermediários um pouco abaixo do que a pista exigia, as três primeiras voltas foi um show de derrapagens controladas e disputas por posições em todos os lugares. Rapidamente os dois carros da McLaren ultrapassaram o pole Sebastian Vettel e parecia que seria Hamilton a faturar a corrida quando a corrida se estabilizou e os pilotos colocaram os pneus slicks. Porém, Button já se aproximava do companheiro de equipe quando Hamilton deu uma rodada que lhe custaria caro mais tarde, nem pela perda momentânea da liderança. Os ingleses da McLaren ainda protagonizaram uma bela disputa, mas quando Hamilton reassumiu a liderança, a sensibilidade de Button se fez presente de forma decisiva. Uma garoa se abateu no circuito, fazendo com que alguns apressados procurassem os boxes, inclusive Hamilton. Button já tinha colocado pneus macios com o intuito de chegar até o final, mas ele teria que fazer um long-run e ainda torcer para que a garoa não se tornasse uma chuva forte. Quando Hamilton voltou aos boxes para colocar os pneus slicks novamente e as voltas foram se esvaindo, estava claro que Jenson Button seria o vencedor do Grande Prêmio da Hungria. Após dois abandonos por culpa da McLaren, o campeão de 2009 voltou a vencer e como tinha acontecido nas demais vitórias com o time prateado, o tempo instável se fez presente. Button pode não ter a velocidade e o arrojo de Hamilton, mas esse simpático inglês tem outros atributos que fazem com que ele consiga se sobressair e vencer corridas, como a de hoje. Já Hamilton teve uma corrida em que pode dizer que foi jogada no lixo. E não apenas por culpa dele. Além do seu erro em sua rodada, Lewis ainda cometeu a barbaridade de retornar da rodada dando um cavalo-de-pau sem olhar o que acontecia a sua volta, fazendo Paul di Resta sair da pista e até mesmo quase envolvendo seu companheiro de equipe Button num sórdido acidente. Talvez já imaginando a punição que estava por vir ao seu piloto, a McLaren inventou e na garoa que caiu em Budapeste, trouxe Hamilton para os boxes, mas o inglês não passou mais do que três voltas com os pneus, voltando aos slicks super-macios, só conseguindo uma boa ultrapassagem sobre Webber de bom, mas o quarto lugar foi muito pouco para quem liderou boa parte da corrida. Lewis Hamilton perdeu uma boa chance de embalar no campeonato com uma segunda vitória consecutiva, mas o inglês pôs tudo a perder novamente.

Mesmo largando na pole, provavelmente Vettel sabia que a vitória seria difícil e tratou de fazer o que era possível. Ou seja, marcar o maior número de pontos possíveis. E o alemão o conseguiu com a vantagem de ter chegado em segundo lugar atrás do piloto mais afastado de sua liderança, significando que sua vantagem na liderança aumentou ao invés de diminuir. Vettel não foi brilhante, mas mostrou a faceta ‘Jenson Button’ ao cuidar dos pneus quando foi preciso e o fez muito bem, não se assustando com a chegada de Alonso no final. Um segundo lugar que faz com que Vettel tenha o luxo de chegar todas as demais corridas em 5º lugar, que ainda será campeão. Mesmo nesse pequeno jejum de vitórias, alguém ainda duvida que Vettel será campeão? Os adversários já começaram a se desesperar e pensar em novas estratégias com diferentes níveis de sucesso. Se Alonso lucrou com sua parada a mais para andar mais tempo com pneus super-macios novos com um lugar no pódio, Webber errou bisonhamente ao colocar pneus intermediários na garoa que se abateu no meio da corrida, fazendo-o perder um pódio praticamente certo. Tanto Alonso como Webber já sabem que uma forma de bater de Vettel de alguma forma é tentar sair do usual, mas sabendo que haverá muitos riscos envolvidos. Felipe Massa estava até acompanhando Fernando Alonso no começo, principalmente com o espanhol cometendo alguns erros na pista escorregadia, mas quando foi a vez de Massa rodar, o brasileiro teve sua corrida definitivamente comprometida e mais uma vez foi o último das equipes de ponta com um modesto sexto lugar. À léguas de distância de Alonso, mesmo tendo largado a frente do companheiro de equipe.

Com a pista traiçoeira, alguns pilotos se destacaram e um deles foi Paul di Resta, que finalmente marcou pontos novamente com um sétimo lugar. O escocês fez uma prova cerebral, onde praticamente não errou e ainda superou com folga Adrian Sutil, que decepcionou demais num tipo de condição em que antigamente era fera e desta vez ficou longe dos pontos, mesmo largando entre os dez primeiros. A dupla da Toro Rosso também foi destaque e Buemi ficou à frente de Alguersuari, dando uma resposta a melhor fase do espanhol numa das mais animadas disputas entre companheiros de equipe da atual temporada. Afinal, quem perder entre Buemi e Alguersuari, dificilmente manterá o emprego em 2012. As Mercedes só apareceram bem na largada, com sua dupla tedesca pulando para a 4º e 5º posições, mas tanto Rosberg como Schumacher não foram capazes de se manter entre os primeiros colocados e foram perdendo vários posições, com Schumacher abandonando de forma estranha, após rodar depois de levar um toque aparentemente inofensivo de Felipe Massa, enquanto Rosberg se perdeu na estratégia e depois de levar três ultrapassagens de Massa, ficou ainda atrás de Di Resta. A Sauber deu até a impressão que podia pontuar em sua já conhecida estratégia de parar uma vez menos do que as rivais, mas Kobayashi foi presa fácil da dupla da Toro Rosso e de Nico Rosberg, caindo para a 11º posição, enquanto Sergio Pérez errou durante a primeira volta e ficou longe de pontuar, se tornando um fantasma durante a corrida. Rubens Barrichello vislumbrou com alguns pontos, mas o brasileiro acabou também falhando na tentativa de inventar e entrou nos boxes durante a garoa, destruindo suas chances de marcar ponto numa situação onde a experiência e a sensibilidade deveria ser um fator, mas Barrichello não soube utilizar. Maldonado foi outro que mal apareceu, enquanto a Renault só apareceu na corrida com o espetacular abandono de Nick Heidfeld por motivos até agora desconhecidos, mas a explosão do seu carro foi algo que a F1 há muitos anos não via. A Lotus tem o melhor carro das pequenas, mas o time as vezes falha no quesito confiabilidade e nem Kovalainen, nem Trulli viram a bandeirada, mesmo andando misturados com os pilotos de equipes média. A Virgin também só se fez presente num lance bizarro, quando Jerome D’Ambrosio perdeu o controle do seu carro durante um pit-stop. Daniel Ricciardo começa a colocar suas manguinhas de fora ao superar o muito experiente Vitantonio Liuzzi logo em sua terceira corrida com a Hispania. Ninguém pode pedir algo muito diferente do australiano, mas o fato de superar com folga um piloto mais experiente do que ele mostra o quanto Ricciardo realmente é bom. Esses fatos faltaram a Bruno Senna e Lucas di Grassi ano passado...

Ao contrário do normal, a corrida na Hungria foi emocionante, mas não foram as novas regras que ditaram uma corrida tão legal como a de hoje, mas, sim, as condições climáticas. E nesta condições, Jenson Button vem se tornando imbatível!

sábado, 30 de julho de 2011

Foi difícil

Sebastian Vettel e a Red Bull ficarem com a pole não é nenhuma novidade em 2011, mas em Hungaroring, com um clima atipicamente frio, o alemão e o time dominante da temporada suaram para superar seus adversários pela primeira vez em muito tempo. Vettel mostrou seu talento e a prova de que a pole foi tirada no braço foi ele ter colocado seis décimos em cima de Mark Webber, que foi o último das equipes top-3.



Além do esforço de Vettel em garantir mais uma pole e manter a invencibilidade da Red Bull neste ano, outros fatos chamaram a atenção neste sábado, principalmente no que tange os segundo pilotos das equipes grandes. Além de Webber, chamou a atenção a forma como Button ficou próximo de Hamilton na Classificação e a vitória de Felipe Massa em cima de Alonso, a primeira desta temporada. O espanhol não fez um treino brilhante e Massa aproveitou sua última volta para deslocar Alonso para quinto, mas a Ferrari não tem tanto a comemorar, pois a McLaren se mostrou forte e foi a principal rival de Vettel hoje, mas Hamilton não melhorou em sua segunda volta e ficou para trás. No resto das posições, destaque para Sutil voltando a se sobressair na Force India, baixando um pouco a bola do novato Paul di Resta, Pérez indo ao Q3 e superando Kobayashi, a Renault cada vez pior e Sebastien Buemi cada vez mais próximo de perder seu lugar na Toro Rosso.


A corrida amanhã tende a ser equilibrada, mas com a tradicional falta de ultrapassagens que sempre caracterizou as corridas na Hungria. McLaren e Ferrari já está no mesmo nível da Red Bull em termos de Classificação, e como as duas tradicionais equipes já estavam muito bem em ritmo de corrida, Vettel tende a sofrer durante a prova, que pelos resultados nos treinos livres, tende a ter muitas paradas.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

História: 10 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 2001

O Mundial da F1 chegava a Hockenheim com o título praticamente garantido para Michael Schumacher, graças a sua regular Ferrari. Ao contrários dos anos anteriores, haviam três equipes brigando pelo título em 2001, mas enquanto a Williams utilizava a grande potência do motor BMW para se destacar nos circuitos rápidos e a McLaren tinha uma aerodinâmica superior para se destacar em circuitos com alto downforce, a Ferrari era mais regular, andando forte em qualquer tipo de circuito e Michael Schumacher, no seu auge, conseguia vitórias em cima de vitórias se aproveitando dos erros dos rivais e a Ferrari estraçalhava as rivais com seu equilíbrio.

Em Hockenheim e suas enormes retas, era fácil apostar nas Williams e ambos os carros branco e azul dominaram os treinos, com Juan Pablo Montoya conseguindo sua primeira pole derrotando seu companheiro de equipe por uma margem mínima. Num circuito onde a potência é tudo, a Williams meteu sete décimos no carro mais próximo. Correndo em casa, a BMW faria de tudo para garantir uma vitória.

Grid:
1) Montoya(Williams) – 1:38.117
2) R.Schumacher(Williams) – 1:38.136
3) Hakkinen(McLaren) – 1:38.811
4) M.Schumacher(Ferrari) – 1:38.941
5) Coulthard(McLaren) – 1:39.574
6) Barrichello(Ferrari) – 1:39.682
7) Heidfeld(Sauber) – 1:39.921
8) Raikkonen(Sauber) – 1:40.072
9) De la Rosa(Jaguar) – 1:40.265
10) Trulli(Jordan) – 1:40.322

O dia 29 de julho de 2001 estava quente e abafado em Hockenheim, na Alemanha e o favoritismo da Williams era gigantesco com essas condições, mas nem por isso os problemas deixaram de acontecer. Os dois carros da Minardi tiveram problemas e Alonso teve que largar com o carro de Tarso Marques, enquanto o brasileiro utilizaria o reserva, acertado para Alonso. Na largada, os dois carros da Williams dispararam, mas Michael Schumacher tem problemas de seleção de marchas na sua Ferrari e fica para trás. Olivier Panis larga lentamente também, mas ao conseguir atingir a velocidade, o francês desvia da Ferrari na última hora, fazendo com que Luciano Burti, que vinha logo atrás, acertasse o carro de Schumacher em cheio. O brasileiro da Prost alçou vôo, ficou com o bico do seu carro apontado para o céu, caiu em cima da Arrows de Enrique Bernoldi e bateu na barreira de pneus. Simplesmente espetacular, mas ninguém estava ferido, com Burti a postos com seu carro reserva, já que a bandeira vermelha deu as caras.

Na relargada, as duas Williams dispararam na frente novamente, com Montoya permanecendo em primeiro de forma confortável, enquanto Ralf Schumacher também corria sozinho, com uma boa vantagem sobre o terceiro lugar, que no momento era ocupado por Hakkinen. Os quatro carros de Ferrari e McLaren disputavam uma boa corrida pelo terceiro lugar, com Barrichello conseguindo uma ultrapassagem audaciosa sobre Coulthard ainda na primeira volta. Mais atrás, De la Rosa perde o controle do seu Jaguar e atinge em cheio a traseira de Heidfeld numa das fortes freadas das chicanes e ambos estavam fora. Com uma estratégia de duas paradas, Barrichello logo subiu para o terceiro lugar, mas nem com o carro mais leve, o piloto da Ferrari foi capaz de se aproximar dos carros da Williams, que decidiriam a corrida entre si.

Na metade da corrida, Montoya tinha 10s de vantagem sobre Ralf e 20s sobre Barrichello quando foi aos boxes para sua única parada. Foi um verdadeiro desastre! Um problema no reabastecimento fez com que a parada do colombiano se estendesse demais e Montoya ainda deixou seu Williams morrer. O resultado era que Ralf faria sua parada com tranqüilidade e aparecia em primeiro, mas a sonhada dobradinha da Williams-BMW na Alemanha não se concretizou quando o motor de Montoya quebrou logo depois de sua parada, provavelmente pelo enorme tempo parado sem refrigeração. Com a estratégia diferente, Barrichello estava a ponto de perder a posição para Schumacher, mas o alemão abandonaria a corrida com um problema de pressão de combustível. O próximo abandono do ferrarista aconteceria quase dois anos mais tarde...

Numa corrida em que os motores eram forçados ao limite, os dois carros da McLaren abandonaram quase que simultaneamente e quem se aproveitava disso era Jacques Villeneuve, que levava a BAR novamente ao pódio. A decadente Benetton, que vinha fazendo um papelão naquela temporada, marcava pontos com seus dois pilotos e Alesi somava mais um pontinho. Com a Williams em outro nível, Ralf Schumacher conquista mais uma vitória na carreira com mais de 40s de vantagem sobre Barrichello. Foi uma prova de força da Williams em circuitos de altíssima velocidade, mas essa vantagem do time inglês seria podada a partir do ano seguinte. Esta seria a última corrida de Hockenheim com suas enormes e famosas retas, que, se não produzia emoção para público e pilotos, tinha um charme todo especial. Saudades daquele tempo...

Chegada:
1) R.Schumacher
2) Barrichello
3) Villeneuve
4) Fisichella
5) Button
6) Alesi

quarta-feira, 27 de julho de 2011

História: 25 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1986

Após a corrida inglesa, o clima na Williams azedou de vez e Nelson Piquet queria uma vitória de qualquer maneira e ainda, se possível, humilhar Nigel Mansell, então líder do campeonato. Algo totalmente inimaginável antes da temporada começar.

Duas grandes notícias foram anunciadas no final de semana em Hockenheim. A primeira foi o anúncio da Lotus que teria motores Honda a partir de 1987, mas para isso teria que engolir Satoru Nakajima como segundo piloto, fazendo com que Johnny Dumfries fosse demitido ainda na metade da temporada. Ayrton Senna, que fez parte de toda a negociação junto com os japoneses, iniciaria em 1987 uma parceria de enorme sucesso para ambos os lados. Isso seria na temporada seguinte, que não teria Keke Rosberg, que anunciou a aposentadoria no final do ano. Para justificar sua aposentadoria, Rosberg listou dez motivos para sua retirada. Por sua vez, Nelson Piquet falou que estava motivadíssimo e que permaneceria na F1 por muitos anos por dez motivos. Os mesmos utilizados por Keke Rosberg! “Esse negócio de anunciar a aposentadoria no meio da temporada é coisa de cantor!”, falou Piquet.

Talvez querendo uma despedida digna, Keke Rosberg consegue a primeira e única pole com a McLaren, com Prost completando a dobradinha do time inglês na primeira fila. O motor Porsche mostrou bastante serviço em casa, deixando para trás Senna e Berger, com o outro motor alemão do pelotão, a BMW. Após uma vitória dominante em Brands Hatch, a Williams teve que se conformar com a terceira fila.

Grid:
1) Rosberg(McLaren) – 1:42.013
2) Prost(McLaren) – 1:42.166
3) Senna(Lotus) – 1:42.329
4) Berger(Benetton) – 1:42.541
5) Piquet(Williams) – 1:42.545
6) Mansell(Williams) – 1:42.696
7) Patrese(Brabham) – 1:43.348
8) Arnoux(Ligier) – 1:43.693
9) Fabi(Benetton) – 1:44.001
10) Alboreto(Ferrari) – 1:44.308

O dia 27 de julho de 1986 estava nublado em Hockenheim e como o circuito alemão era de aceleração constante, o consumo de combustível seria uma dor de cabeça para as equipes. Porém, isso não seria lembrado na largada. E talvez Rosberg não se lembrasse de como era largar na pole com o finlandês patinando sua embreagem e para desespero da McLaren, Prost teve uma largada do mesmo nível e Ayrton Senna partiu feito um raio entre os dois carros que estavam na primeira fila. O brasileiro chegou a dar um chega-pra-lá em Prost e o francês acabou colocando uma roda na grama, enquanto Berger também subia posições e estava em segundo. A largada fora terrível para a McLaren, mas seria ainda pior para Téo Fabi, quando o italiano foi atingido por um errático Stefan Johansson ainda antes da primeira curva, fazendo o piloto da Benetton abandonar na primeira curva, enquanto Johansson continuava na corrida, além de provar que sua permanência na Ferrari seria muito curta.

Senna tinha Berger e Rosberg colados em sua traseira quando completou a primeira volta, mas o piloto da McLaren utilizou a grande potência do seu motor TAG-Porsche turbo e ainda antes da freada da primeira chicane, o finlandês estava na frente de Senna e Berger. Foi a asa traseira móvel? Não, apenas o botão de booster do turbo, algo comum nos anos 80 e que ajudava bastante as ultrapassagens. Berger já estava com Nelson Piquet muito próximo e o brasileiro, que sempre andou bem em circuito velozes como Hockenheim, crescia na corrida. Com Rosberg disparando na ponta, Piquet sabia que para disputar a liderança, teria que se livrar rapidamente de Berger e Senna, os deixando para trás ainda na terceira volta em ultrapassagens nas freadas das chicanes. Infelizmente a corrida de Berger seria breve com problemas elétricos no motor do seu Benetton, enquanto na pista Piquet já partia para cima de Rosberg, abrindo uma boa vantagem sobre Senna, que segurava uma fila de carros atrás de si, que tinha Prost, Mansell e Alboreto.

Talvez chateado com as declarações de Piquet sobre seu anúncio mais cedo, Rosberg resistiu bastante as investidas do brasileiro, mas Piquet assumiria a ponta na sexta volta. Mais atrás, Mansell fazia uma corrida muito ruim, bem longe da sua bela exibição em casa e após sair da pista na segunda chicane, o inglês foi ultrapassado pela decadente Ferrari de Alboreto, mas o italiano abandonaria ainda cedo, com problemas de transmissão. Pensando em melhorar o rendimento de Mansell, a Williams resolve chamar o inglês para uma parada antecipada na volta 14, mas usando sua malandragem, Piquet ouve a chamada no rádio, entra nos boxes de surpresa e os mecânicos, meio que sem saber o que fazer, põe os pneus que eram de Mansell no carro de Piquet. Ao lado do trabalho dos mecânicos, Patrick Head, numa cena hilária, gritava, berrava, esperneava e dava chiliques histéricos pela atitude do seu piloto. Mas ele nada podia fazer. De forma errática, os pit-stops se iniciaram e com isso Piquet voltou a ponta, mas com os pneus acertados para Mansell, o brasileiro teve que voltar aos boxes, perdendo a ponta para Rosberg.

A molecagem de Nelson Piquet pode ter o prejudicado no momento, mas iniciou uma baita corrida de recuperação do brasileiro, que após retornar à pista em terceiro, caçou e ultrapassou as duas McLarens em dez voltas, reassumindo a liderança da corrida na volta 39, com apenas seis para o final. Piquet disparava na frente, mas o brasileiro nem imprimia um ritmo tão forte. As duas McLarens começavam a tentar economizar combustível, mas o esforço de Rosberg e Prost seria em vão. Na penúltima volta, Senna já estava colado na traseira de Prost, mas no meio da volta o brasileiro pulou para segundo, com Keke Rosberg ficando no meio da pista, sem combustível. Um duro golpe no final de semana em que esse agressivo finlandês anunciava sua despedida da F1. Mas ainda não havia terminado. Quando se aproximava da parte do Estádio, Nelson Piquet balançava seu carro atrás de pescar combustível, mas o brasileiro ainda teve gasolina suficiente para cruzar a linha de chegada, receber a bandeirada e ainda dar uma carona para Rosberg na volta de desaceleração. Não haviam ressentimentos entre os dois experientes pilotos. Senna completava a dobradinha brasileira arrastando seu Lotus no fim, enquanto Prost não teve a mesma sorte e abandonava na última curva, após tentar, inutilmente, empurrar seu carro até a bandeirada. Por sinal, a forma como abandonou seu McLaren foi hilária, com Prost dando uma desmunhecada monstro! Piquet vencia novamente, mas mesmo com uma corrida completamente opaca, Mansell aproveitou dos problemas dos rivais para subir ao pódio e permanecer na ponta do campeonato, que se tornava cada vez mais espetacular.

Chegada:
1) Piquet
2) Senna
3) Mansell
4) Arnoux
5) Rosberg
6) Prost

terça-feira, 26 de julho de 2011

Enquanto isso no domingo...

A MotoGP passa por vários circuitos belíssimos, mas nenhum se compara ao espetacular e excitante autódromo de Laguna Seca. As suas curvas de todos os tipos, subida e descidas, culminando com o Saca-Rolha, sem contar o ambiente árido faz desta corrida na Califórnia especial e vencê-la é sempre um prêmio ainda mais especial. Claro que precisando de uma vitória após passar por momentos menos brilhantes, Casey Stoner não pensou muito nisso, mas o australiano deve ter se sentido realizado com sua conquista.

A corrida foi determinada pelo melhor preparo físico de Stoner, que mesmo sendo um piloto com estilo mais espetacular, cai bem menos do que seus maiores rivais, os espanhóis Lorenzo e Pedrosa. Se Dani Pedrosa ainda se recupera de sua sequencia de cirurgias, Lorenzo sofreu uma queda espetacular no último treino livre que, se não o impediu de conquistar a pole, o dixou bastante dolorido. Não restam dúvidas que o espanhol da Yamaha, piloto dominante no final de semana, sentiu a pressão exercida por Stoner no final, quando praticamente entregou a posição para o piloto da Honda, que com a vitória abriu vinte pontos sobre Lorenzo no campeonato.


Mais ao norte, a Indy começava sua série de corridas em ovais e com isso Will Power voltou a triunfar, mas teve Helio Castroneves em seu encalço nas voltas finais, mas o brasileiro, companheiro de equipe de Power na Penske, não fez nenhuma tentativa mais forte de ultrapassagem, talvez temendo repetir a barbeiragem de Long Beach, quando Helio estragou a corrida de ambos os pilotos da Penske. Mesmo com a vitória, Power não se aproximou muito de Franchitti na classificação do campeonato, pois o escocês chegou em terceiro após várias imtempéries durante a corrida. Essa é a grande vantagem de Franchitti. Enquanto Power sofre nos ovais, o piloto da Chip Ganassi sempre marca bons pontos em circuitos mistos. Não é por outro motivo que ele é o tricampeão da Indy!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Figura(ALE): McLaren

O time comandado por Martin Whitmarsch passou por um período difícil após a vitória de Jenson Button no Canadá e até mesmo o emprego do atual chefe foi posto em cheque. Os pilotos estavam descontentes e até mesmo o queridinho Hamilton estaria de saída se não conseguisse ser competitivo novamente. Os primeiros treinos em Nürburgring não foram nada animadoras, mas foi Hamilton a fazer uma super-volta no sábado para se meter entre os dois carros da Red Bull e largar na primeira fila, donde pulou para primeiro na largada e iniciar uma emocionante disputa com Mark Webber e Fernando Alonso. O piloto da McLaren acabaria superando os dois rivais no braço, mas não resta dúvidas que a volta do difusor aquecido, que parecia estar destinado a atrapalhar a McLaren, mas a FIA errou o alvo, fez do time britânico novamente lutar pela vitória e se o título parece a léguas de distância, vitórias como a desse domingo mostram a grandiosidade de uma equipe como a McLaren.

Figurão(ALE): Sebastian Vettel

Que o jovem alemão tem um talento enorme, isso ninguém duvida! Que o bicampeonato de Vettel é apenas questão de quando e onde, também é um fato praticamente consumado, mas Vettel ainda precisa provar algumas coisas para ser chamado de gênio. Todas as quinze vitórias de Sebastian Vettel tiveram um script parecido: posição na primeira fila, ótima largada e uma vitória sem grandes arroubos. O piloto da Red Bull sempre venceu desta forma e quando algo diferente acontece, Vettel parece não ter o mesmo brilho e correndo na frente do seu público, em Nürburgring, o alemão não teve um único momento de brilho. Após largar fora da primeira fila depois de várias corridas, Vettel se manteve a muito custo em terceiro, mas seria ultrapassado por Alonso placidamente e acabaria rodando mais tarde, perdendo uma posição para Massa na primeira rodada de paradas, com quem brigaria a prova inteira. E Vettel só derrotou o brasileiro por um erro da Ferrari na última parada. Sebastian Vettel tem tudo para ser um dos grandes da história da F1, mas ainda lhe falta uma vitória fora do seu script habitual.

domingo, 24 de julho de 2011

McLaren de volta

Quando o já famoso difusor aquecido foi proibido em Silverstone, todos pensaram que a Red Bull seria a principal atingida. O time não ganhou na Inglaterra, mas não deixou de fazer a pole e ficar com a dobradinha em Silverstone. Para piorar, sua principal adversária em 2011, a McLaren, foi que mais sofreu e nem Hamilton, muito menos Button fizeram algo de bom em casa. Com a revogação da decisão da FIA por causa de toda a confusão quinze dias atrás, a McLaren voltou a se firmar com a grande adversária do domínio da Red Bull e Lewis Hamilton conseguiu uma linda vitória com uma pilotagem agressiva, como é do seu feitio, e brilhante, como acontece quando esse talentoso inglês está em um bom dia.





A esperada chuva que caracteriza as corridas em Nürburgring foram simplificadas em algumas gotas durante a corrida e algumas zebras molhadas, mas nada que atrapalhasse os pilotos. Provando que a largada não é uma de suas virtudes, Webber ficou para trás no apagar das cinco luzes vermelhas e viu Hamilton passar voando. Mais atrás, as duas Ferraris atacaram Vettel com a ferocidade de um pit-bull, mas apenas Alonso conseguiu a terceira posição. Foi o início da briga tríplice entre Hamilton, Webber e Alonso, que duraria toda a corrida e nos traria grandes momentos quando os três não estavam procurando os pits. Os três pilotos, com três carros diferentes, ficaram com as três posições do pódio em pelo menos uma oportunidade devido a estratégia de paradas de boxe, mais uma vez, de três visitas para colocar pneus novos. Hamilton foi agressivo quando parecia perder a ponta para Alonso quando o espanhol saiu à frente dos boxes, mas o inglês foi muito constante toda a corrida, sabendo cuidar dos pneus e se sobressair quando foi o primeiro piloto a colocar os pneus médios e ainda assim não perder muito rendimento em comparação aos demais. A segunda vitória de Hamilton em 2011 não o deixará mais próximo do bicampeonato, vide que esses 25 pontos lhe garantiram apenas a terceira posição do campeonato, mas provou que sua motivação, que parecia baixa nos últimos meses, está intacta. Jenson Button parece ter usado toda a sua magia na épica vitória em Montreal e em nenhum momento emulou o rendimento do seu companheiro de equipe neste final de semana, brigando sempre por posições intermediárias e seria o sexto colocado, o equivalente ao último colocado das equipes top-3 de 2011, se sua McLaren não tivesse quebrado. Por sinal, Button deixa de pontuar pela segunda corrida seguida devido a problemas no seu carro ou com a equipe.

Após a vitória em Silverstone, ficou a dúvida se o triunfo de Alonso foi pela sorte ou se a Ferrari finalmente tinha se achado durante a temporada. Mesmo não repetindo o triunfo, Alonso provou que a Ferrari melhorou bastante e poderia ter ganho a prova alemã, mas o espanhol acabou num sanduíche de McLaren e Red Bull, mas mostrando o quanto seu time cresceu e está próxima das grandes equipes, contudo a reação provavelmente chegou tarde demais. Felipe Massa protagonizou a melhor largada do dia, mas acabou encaixotado por Vettel na primeira curva e perdeu a quinta posição para Rosberg, perdendo tempo precioso até deixar o piloto da Mercedes para trás. Quando o fez, sua corrida parecia que seria monótona, mas o péssimo rendimento de Vettel no seu primeiro stint fez com que o brasileiro passasse o domingo inteiro tendo o alemão da Red Bull como companhia. Massa andou no limite o tempo inteiro e segurou um revigorado Vettel no final, mas a Ferrari, que vinha fazendo uma ótima corrida em termos de pit-stops, acabou falhando na parada na volta final, fazendo com que Massa perdesse não apenas a quarta posição, como atrapalhando a própria equipe, se esta ainda sonha com o título de pilotos. Por sinal, Vettel fez sua pior corrida em muito tempo na F1. Correndo em casa, o alemão foi uma pálida sombra de si mesmo e nem de longe foi o piloto capaz de vencer corridas com tranqüilidade como nas demais, reforçando a teoria que, se Vettel não largar na ponta e não tiver problemas durante, o alemão tem sérias dificuldades em se sobressair e conseguir uma vitória. Com o companheiro de equipe sofrendo, Webber perdeu uma chance de ouro para sair do zero este ano e conseguir alguma coisa dentro da Red Bull. O australiano até que foi combativo durante toda a corrida, mas sucumbiu diante do maior talento de Hamilton e Alonso. Exemplificando isso, quando Webber tentou passar Hamilton por fora quando este saía dos boxes, por muito pouco o australiano saiu da pista. Quando foi a vez de Hamilton fazer a mesma manobra em Alonso, na mesma curva, vimos uma bela ultrapassagem.

Adrian Sutil conseguiu um baita resultado correndo em casa com um sexto lugar, melhor posição dele e da equipe no ano, diminuindo bastante a pressão que recaía em seus ombros por ser superado pelo novato Paul di Resta, que se envolveu num acidente logo na primeira volta e não mais apareceu. Outra que corria em casa, mas decepcionou foi a Mercedes, que esteve longe da briga pela ponta e ainda foi superada por um carro de uma equipe que usa seu motor, mas com um investimento muito menor. Enquanto Rosberg era superado por Massa, Schumacher continuava seu show de altos e baixos, com rodadas infantis e ultrapassagens brilhantes. Se ele tivesse conseguido ultrapassar Petrov e Rosberg numa mesma manobra, Schummy poderia voltar para sua aposentadoria feliz da vida! A Renault está longe do desempenho do começo do ano, mas com a volta do difusor aquecido, voltou a pontuar com Petrov, mas Heidfeld foi vítima de um perigoso acidente com Buemi quando foi espremido pelo suíço e saiu voando pela grama, quase capotando. Por sinal, Buemi parece preocupado com o crescimento de Alguersuari, mesmo o espanhol não pontuando desta vez, e da presença de Ricciardo na Hispania para ganhar experiência, e está fazendo algumas besteira que não lhe eram habitual. A chapa de Buemi na Toro Rosso está esquentando! Como sempre a Sauber consegue a mágica de fazer seus pilotos pararem uma vez menos que as rivais e Kobayashi, mesmo sendo eliminado no Q1 no sábado, brigou lá na frente e pontuou novamente, enquanto Pérez foi um fantasma que não apareceu na corrida. A Williams segue seu longo calvário e Barrichello abandonou com o motor prestes a explodir, enquanto Maldonado foi outro fantasma na corrida. As equipes nanicas fizeram seu papel de sempre, com Karun Chandhok sendo um piloto que está na F1 unicamente porque a Índia vai estrear no calendário este ano.

Mesmo sem chuva, a corrida em Nürburgring foi excelente, com uma briga entre os três primeiros muito interessante, com Hamilton, Alonso e Webber andando no limite durante as 60 voltas da corrida. Qualquer um deles poderia ter vencido, mas foi o piloto da McLaren que acabou triunfando e mostrando que a McLaren não está morta neste campeonato.

sábado, 23 de julho de 2011

A magia de Nürburgring



Nas famosas montanhas de Eifel, a chuva se faz presente e por isso os resultados normalmente surpreendem, mas em Nürburgring, não foi preciso precipitações para um resultado, no mínimo, curioso. A Red Bull ficar com a pole é a coisa mais normal de 2011 e não é surpresa a invencibilidade do time taurino nesse quesito, mas Sebastian Vettel fora da primeira fila é algo impressionante vide o que está acontecendo este ano na F1. Isso poderá indicar um declínio do alemão? Não. Ele está nervoso em casa? Provavelmente, não. Pode ser apenas a magia de Nürburgring.

Magia essa que fez ressurgir a McLaren nas mãos habilidosas de Lewis Hamilton, que pôs seu carro na primeira fila e, o que é mais interessante, muito próximo da pole de Mark Webber. Após a derrota na quinzena anterior para a Ferrari, era até esperado que fosse Fernando Alonso a se intrometer no meio dos dois Red Bulls, mas esse não foi o caso, mesmo com o espanhol permanecendo em sua eterna segunda fila, pressionando os pilotos da frente usando sua garra e talento. Normalidade ocorreu nas demais posições, com Massa levando seu meio segundo habitual de Alonso, Mercedes e Renault passando ao Q3, Maldonado dando pau em Barrichello e as equipes de sempre nas posições de sempre.

O tempo nublado e frio mostrou uma briga pela primeira posição interessante, ainda mais sabendo-se que McLaren e Ferrari se aproximam bastante da Red Bull em ritmo de corrida, mas a chuva pode dar as caras amanhã. E novamente a magia de Nürburgring pode nos proporcionar uma bela corrida.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Que pena!



Sid Mosca quase ficou na mesma situação do 'Tema da vitória'. Só é lembrado por causa de Senna. Ainda bem que a genialidade deste artista do austomobilismo, mesmo sem ter se destacado dentros das pistas, era grande demais para a pintura de apenas um capacete e Sid Mosca pintou milhares, principalmente de pilotos brasileiros, mas também de estrangeiros. A marca "Painted by Sid Mosca" era quase um sinônimo de qualidade nas pistas, um ISO 9000, mas o destino nos levou Sid Mosca aos 74 anos.


No mesmo dia, morreu Roy Winkelmann, um dos chefes de equipe mais vitoriosos da F2 nos anos 60 e uma das pessoas que alavancou a fama de Jochen Rindt. O curioso é que esse americano ganhou sua fortuna com escutas graças aos seus tempos de agente da CIA. Será que ele ganhava corridas ouvindo a conversa dos rivais? Com Rindt no volante, muito difícil...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

História: 30 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1981

A F1 estava cheia de surpresas nas últimas corridas da temporada de 1981, com alguns pilotos vencendo pela primeira vez e surpreendendo ao conseguir vitórias em circuitos que não favoreciam seu carro. No rapidíssimo circuito de Silverstone, os favoritos estavam mais do que aparentes. O carro da Renault se comportava cada vez melhor e o time francês sempre andou bem em circuitos velozes, assim sendo, não foi surpresa a dobradinha da Renault na primeira fila, com René Arnoux superando seu companheiro de equipe Alain Prost por menos de cinco centésimos de segundo. E ambos estavam 1s na frente dos demais.

Quem liderava a turma era Nelson Piquet, que se aproximava do líder Carlos Reutemann e já pensando no futuro, testava na sexta-feira o Brabham BT50 equipado com o motor turbo BMW, mas o brasileiro utilizou nos treinos e na corrida o velho e confiável BT49. A Williams ainda sofria com os novos pneus Goodyear e tanto Jones como Reutemann não lutaram pelas primeiras posições. Antes da corrida, a polêmica era a nova tentativa de Colin Chapman em colocar na pista o polêmico Lotus 88, proibido pela FIA no começo da temporada e também na Inglaterra, casa do time de Chapman. Essa falta de foco da Lotus acabou prejudicando seus pilotos, com De Angelis nas últimas posições e o piloto da casa Nigel Mansell ficando de fora da corrida por falta de desempenho.

Grid:
1) Arnoux (Renault) – 1:11.000
2) Prost(Renault) – 1:11.046
3) Piquet(Brabham) – 1:11.952
4) Pironi(Ferrari) – 1:12.644
5) Watson(McLaren) – 1:12.712
6) De Cesaris(McLaren) – 1:12.728
7) Jones(Williams) – 1:12.998
8) Villeneuve(Ferrari) – 1:13.311
9) Reutemann(Williams) – 1:13.371
10) Patrese(Arrows) – 1:13.762

O dia 18 de julho de 1981 estava frio e nublado em Silverstone, em mais um típico dia inglês, mas nem isso impediu que a fanática torcida inglesa lotasse o velho aeródromo, mesmo sem um piloto britânico lutando mais seriamente pela vitória. Na teoria. Na largada, os carros com motores turbo acabavam com um mito que é o retardo em baixas rotações e os quatro carros de Renault e Ferrari ponteavam a corrida na curva Copse, com Prost à frente de Pironi, Villeuneve (em outra largada excepcional) e Arnoux. Piquet era o líder dos carros aspirados.

Animado com sua primeira vitória na carreira, Prost imprimia um ritmo muito forte na frente e provando que a Renault tinha grande parte dessa ‘responsabilidade’, Arnoux rapidamente ultrapassou as duas Ferraris e subiu ao segundo posto ainda na terceira volta, mas um pouco afastado do seu compatriota. A Ferrari não tinha o mesmo ritmo dos carros da Renault e mesmo com um carro com motor aspirado, Nelson Piquet ultrapassou Villeneuve na quarta volta e já estava pressionando Pironi quando aconteceu o acidente que marcou aquela corrida. Levando seu carro ao limite, Villeneuve acabou batendo na zebra da curva Woodcote e perdeu o controle de sua Ferrari. Colado nele, Jones não pôde fazer nada e bateu forte no canadense, fazendo com que Watson, que vinha colado no piloto da Williams, freasse forte e para não atingir o companheiro de equipe, Andrea de Cesaris jogou sua McLaren nas cercas de proteção. No meio de tamanha confusão, Villeneuve, Jones e um irritado De Cesaris abandonavam a corrida, enquanto Watson permanecia na corrida. Um fato interessante foi Villeneuve tentando levar sua Ferrari aos pedaços aos boxes, como tinha feito em Zandvoort em 1979, mas desta vez seu carro estava tão destruído que o canadense teve que estacionar seu veículo na reta Hangar.

Não demorou para Piquet assumir a terceira posição ao ultrapassar Pironi, mas o brasileiro estava longe das duas Renaults. Após perder posições para evitar se acidentar, Watson começava uma incrível corrida de recuperação e em menos de dez voltas já estava em quinto. Correndo na frente dos rivais, Piquet nem estava forçando muito quando levou um baita susto na volta 11 quando um pneu dianteiro do seu Brabham estourou na curva Becketts e o brasileiro bateu forte no muro. Piquet saiu sozinho do carro, mas não conseguia caminhar e por isso foi levado no colo por um comissário e de lá foi para um hospital, onde nada foi constatado. Ao ultrapassar Reutemann, John Watson assumia a terceira posição, fazendo com que a torcida inglesa começasse a secar Prost e Arnoux como toda a sua força. E daria resultado...

Ainda na volta 18 Prost foi lentamente aos boxes com o motor estourado e a torcida foi ao delírio, mas deixou os jornalistas franceses irritados, clamando por fair-play dos grandes rivais ingleses. Watson se aproximava mais e mais de Arnoux e levava consigo a força da platéia, mas parecia que o irlandês não ultrapassaria o francês se não fosse um problema no carro da Renault. Apesar dos avanços, a confiabilidade do motor turbo da Renault não era o forte do equipamento e na volta 58 Arnoux perdeu rendimento de forma repentina, fazendo com que Watson assumisse a ponta duas voltas depois. O motor de Arnoux finalmente quebraria já nas voltas finais, para desespero da Renault, vendo outra corrida ganha indo para o ralo. Watson levou seu McLaren rumo à vitória, mas não comemorou muito ao cruzar a linha de chegada e subiu ao pódio junto com Reutemann e Laffite (um verdadeiro pódio máster!). Porém, o irlandês não perdeu o humor. Quando comentou se esperava a vitória, Watson emendou. “Claro que sim! Cheguei em terceiro na Espanha e segundo na França. Pela evolução que eu tinha, eu seria o primeiro na Inglaterra!”

Chegada:
1) Watson
2) Reutemann
3) Laffite
4) Cheever
5) Rebaque
6) Borgudd

terça-feira, 19 de julho de 2011

História: 35 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1976

A temporada de 1976 tinha várias novidades no regulamento técnico e por isso não faltaram desclassificações e recursos mudando os resultados das corridas, mas a polêmica da vez não teria muito a ver com o regulamento, mas com uma patriotada incrível dos ingleses. Vencedor da última corrida em Paul Ricard e dono de um carisma inigualável, James Hunt trouxe de voltas aos ingleses a vontade de ir a Brands Hatch e torcer loucamente por um compatriota seu. Isso seria um fator durante a corrida.

Mesmo tendo recuperado seus pontos da corrida na Espanha, onde venceu, mas teve seus pontos cassados por alguns dias, James Hunt ainda tinha a metade dos pontos de Niki Lauda e para mostrar quem era o bam-bam-bam da temporada de 1976, o austríaco conseguiu mais uma pole na temporada, mesmo com Hunt, empurrado pela torcida, colado na Ferrari de Lauda. Lauda e Hunt eram os grandes protagonistas da temporada e os demais, liderados por Mario Andretti em Brands Hatch, eram meros coadjuvantes.

Grid:
1) Lauda(Ferrari) – 1:19.35
2) Hunt(McLaren) – 1:19.41
3) Andretti(Lotus) – 1:19.76
4) Regazzoni(Ferrari) – 1:20.05
5) Depailler(Tyrrell) – 1:20.15
6) Amon(Ensign) – 1:20.27
7) Peterson(March) – 1:20.29
8) Scheckter(Tyrrell) – 1:20.31
9) Merzario(March) – 1:20.32
10) Brambilla(March) – 1:20.36

O dia 18 de julho de 1976 estava um pouco nublado, mas o sol deu as caras de forma tímida na hora da largada em Brands Hatch. A curva Paddock Bend é uma das mais conhecidas do mundo e talvez por isso produziu famosos acidentes após largadas e nesta corrida isso traria uma das maiores absurdos na história da F1. Tudo começou quando Clay Regazzoni largou de forma espetacular e vendo Niki Lauda e James Hunt, que não largaram tão bem assim, o suíço se viu uma oportunidade de vencer e na difícil curva à direita, Rega acabou se animando e atingindo a roda traseira de Lauda, que rodou, levando consigo Jacques Laffite. Tentando escapar da confusão, Hunt acaba levando uma forte pancada na roda traseira e voa, aterrissando fora da pista em duas rodas, destruindo a suspensão dianteira. Mesmo com tantos carros envolvidos, a pista estava desempedida e de forma esquisita a bandeira vermelha apareceu.

O diretor da prova Dean Deamont fez uma reunião com os chefes de várias equipes e decidiu que apenas os carros que estavam andando no momento da bandeira vermelha estariam aptos a participar da segunda largada. Isso deixava Hunt de fora da corrida e o caos se instalou, com a torcida inglesa jogando latas e garrafas de cerveja na pista, enquanto vaiava ruidosamente. A situação se complicava e a segunda largada era atrasada, a ponto da McLaren conseguir consertar a suspensão dianteira de Hunt. O inglês, teoricamente, estava pronto para a largada, mas as regras eram claras quanto a isso e Hunt não deveria largar. Deveria. Com a torcida inglesa a ponto de invadir o autódromo de Brands Hatch, gritando 'We want Hunt!' (Nós queremos Hunt!), os diretores resolveram deixar Hunt largar, abrindo o precedente para que Regazzoni e Laffite também largassem com seus carros reservas. Algo ainda mais irregular!

A segunda largada seria dada com todos os pilotos que estavam na primeira, mas ainda assim sem confusões. O 3º colocado no grid Mario Andretti tem problemas de ignição com sua Lotus e fica parado na largada, mas por sorte, ninguém atinge o americano e após passarem pela temível Paddock Bend, o pelotão tinha Lauda e Hunt na frente, mas com Regazzoni mais uma vez largando muito bem e pulando para terceiro. Na curva seguinte, o cotovelo da Druids, Depailler se enrosca com Stuck e ambos caem para as últimas posições. O folclórico e desastrado Vittorio Brambilla aprontaria mais uma das suas ao bater no seu companheiro de equipe Ronnie Peterson numa manobra de ultrapassagem impossível e ambos abandonam.

Mesmo com um carro reserva, Regazzoni permanecia num bom terceiro lugar, enquanto seu companheiro de equipe ponteava a corrida com extrema facilidade, para desgosto da grande torcida inglesa, que via James Hunt impotente frente ao poderio da Ferrari. Porém, as coisas para o time italiano desandariam a partir daí. Primeiramente Regazzoni tem problemas com o motor do seu carro quando uma tubulação interna do seu motor se rompe e o suíço perde todo o óleo, abandonando na volta 36. Ao mesmo tempo, Lauda sente problemas com seu câmbio, cada vez mais difícil de ser engatado. O austríaco diminui seu ritmo e Hunt o alcança rapidamente. A torcida inglesa foi ao delírio quando Hunt ultrapassa Lauda na volta 46 e não seria mais alcançado naquele dia, subindo ao pódio na maior cara-de-pau do mundo. Todos sabiam que Hunt participar daquela segunda largada era um absurdo completo e que se não fosse a torcida inglesa quase invadindo a pista, o piloto da McLaren não teria direito a largar pela segunda vez. Não demorou e James Hunt seria desclassificado sem recurso que desse jeito. Lauda vencia novamente e praticamente colocava a mão no bicampeonato. O que ninguém sabia era que essa seria a última vitória de Lauda em 1976 e sua vida mudaria drasticamente duas semanas mais tarde.

Chegada:
1) Lauda
2) Scheckter
3) Watson
4) Pryce
5) Jones
6) Fittipaldi

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Força de vontade



Quando se estatelou no asfalto de Le Mans após um toque recebido por Marco Simoncelli, Daniel Pedrosa acusou o italiano de tê-lo tirado o título deste ano. Não faltou gente que acusou o espanhol de arrogante, vide os desempenhos de Casey Stoner e Jorge Lorenzo nesta temporada. Porém, Pedrosa mostrou uma força de vontade incrível e mesmo admitindo que estava fraco, aproveitou que Saschsenring é uma incrível sequencia de curvas à esquerda e venceu o Grande Prêmio da Alemanha mesmo com a clavícula direita toda emendada.

Daniel Pedrosa tem um punhado de operações de assustar uma pessoa com o dobro da sua idade. O espanhol, extremamente mirrado em seu físico, sempre sofreu bastante quando cai e por isso tem mais ossos quebrados do que os chutes errados da Seleção Brasileira batendo pênalti. Mas da mesma forma em que se quebra nas pistas, Pedrosa sempre retorna e volta ao seu ritmo normal muito rapidamente. Nesse caso, o piloto da Repsol Honda superou outro fator que lhe era caracterizado, que é falta de gana em disputas com adversários diretos, e Pedrosa superou Stoner e Lorenzo, os pilotos líderes do campeonato, na pista e mostrou que tinha razão em reclamar de Simoncelli quando o derrubou na França.

sábado, 16 de julho de 2011

História: 20 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1991

A vitória de Nigel Mansell no novo circuito de Magny-Cours significava que o Williams FW 14 finalmente ganhava a confiabilidade necessária para fazer o inglês voltar a brigar pelo título, já que após a polêmica da descoberta da irregularidade na McLaren, Ayrton Senna havia parado de dominar as corridas como havia feito nas quatro primeiras corridas. Desde o Grande Prêmio do Canadá a Williams tinha o carro mais rápido, mas pequenos incidentes faziam com que esse favoritismo não se mostrasse em números.

Com a volta de Mansell à briga pelas vitórias, era óbvio que a torcida inglesa fosse em peso a Silverstone para torcer pelo seu ídolo, como acontecera em 1986 e 1987 e a torcida inglesa deu um show inesquecível. Por sinal, Silverstone sofria uma grande reforma em que o antigo circuito era extinto, entrando em seu lugar um traçado extremamente técnico e exigente, ao invés do veloz e apaixonante circuito anterior. Mesmo com o carro da Williams nitidamente superior no momento, ainda havia o perigo de Senna e suas famosas voltas voadoras. O brasileiro liderava o treino classificatório no seu final, mas Mansell entra na pista nos minutos derradeiros e o inglês consegue uma grande pole, causando uma grande comoção entre os torcedores. O novo modelo da Ferrari, o 641, não fora tão eficiente como na França e Prost teve que se conformar com a quinta colocação, ficando atrás de Berger e Patrese, os segundo pilotos de McLaren e Williams, as equipes dominantes de 1991. Destaque para os quatro brasileiros da F1 terem ficado entre os dez primeiros no grid.

Grid:
1) Mansell(Williams) – 1:20.939
2) Senna(McLaren) – 1:21.618
3) Patrese(Williams) – 1:22.109
4) Berger(McLaren) – 1:22.109
5) Prost(Ferrari) – 1:22.478
6) Alesi(Ferrari) – 1:22.881
7) Moreno(Benetton) – 1:23.265
8) Piquet(Benetton) – 1:23.626
9) Gugelmin(Leyton House) – 1:24.044
10) Modena(Tyrrell) – 1:24.069

O dia 14 de julho de 1991 estava quente e ensolarado em Silverstone, algo não muito comum na Inglaterra, mesmo no verão. Após a vibração no dia anterior com a pole de Mansell, a torcida foi em peso para Silverstone capaz de levar a Williams de Mansell nas costas, se fosse necessário. E na largada isso era até parecia possível com a ótima largada de Senna, pulando para primeiro e Mansell ficando logo atrás dele. Na primeira curva, um acidente perigoso entre os dois coadjuvantes de Williams e McLaren, com Patrese indo por fora e sendo tocado por Berger, fazendo o italiano rodar no meio do pelotão. Por muito pouco Patrese não foi atingido, mas o italiano abandonaria no final da primeira volta, irritado com Berger.

Mansell não estava claramente satisfeito com a segunda colocação na frente dos seus torcedores e numa manobra na reta Hangar, o inglês retomou a ponta para não perde-la mais. Sem poder atacar Mansell, Senna ficou sozinho, já que nem Roberto Moreno, muito menos Gerhard Berger, quando deixou o brasileiro para trás, tinham condições de se aproximar de Senna. Porém, as duas Ferraris partiam para cima de Berger, mas vinham forçando tanto que Prost chegou a rodar e foi aos boxes mais colocar pneus novos. Quando Berger fez o mesmo, Jean Alesi assumiu a terceira posição, mas o francês acabou se envolvendo em estúpido acidente com o retardatário Aguri Suzuki e quebrou o bico, fazendo o francês abandonar a corrida bastante irritado com a perda de um pódio praticamente garantido.

Lá na frente, a passagem de Mansell na frente das arquibancadas era o sinal para a vibração da torcida. Os ingleses foram ao delírio quando Mansell passou pela Woodcote pela última vez e recebeu a bandeirada em primeiro, iniciando a invasão da pista, repetindo as cenas de 1987. Para melhorar as coisas para Mansell, de forma inesperada Senna fica sem combustível na última volta e perdeu o pódio, ficando ainda com a quarta colocação, fazendo com que Berger e Prost, depois de vários problemas durante a prova, ainda conseguindo um pódio. Na volta de desaceleração, Mansell pára o carro e dá uma carona para Senna, numa das cenas mais conhecidas da história da F1. Mais atrás, Bertrand Gachot conseguia um bom sexto lugar, mas o belga começava a se preocupar com um julgamento que teria nos próximos dias na Inglaterra. Um julgamento que mudaria a história da F1, como veríamos mais tarde.

Chegada:
1) Mansell
2) Berger
3) Prost
4) Senna
5) Piquet
6) Gachot

quinta-feira, 14 de julho de 2011

60 anos depois...



... e a Ferrari parece um paixão infinita e sua primeira vitória na F1 em Silverstone, no Grande Prêmio da Inglaterra de 1951, com o argentino José Froilan González, foi apenas mais um marco de uma das marcas mais conhecidas e fortes do mundo, que utiliza a F1 como sua principal arma de promoção.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

História: 25 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1986

O Grande Prêmio da Inglaterra de 1986 seria especial por vários motivos. O primeiro era o retorno de Frank Williams ao paddock da F1 e quando o chefe de equipe chegou de cadeira-de-rodas numa sala de imprensa, ele foi aplaudido de pé, com Nelson Piquet chegando a fazer uma brincadeira com o chefe. Outro era o recorde de corridas de Jacques Laffite. Um dos pilotos mais populares e simpáticos da F1 estava sendo muito festejado por todos e ironicamente iria igualar este recorde, que pertencia a Graham Hill, na casa do inglês.

Falando nisso, desde os tempos de James Hunt os ingleses não estavam tão empolgados com um piloto seu. Nigel Mansell havia vencido a corrida anterior na França e fazia uma temporada surpreendente para um piloto que até aquele ano era o coadjuvante dos coadjuvantes na F1. Mansell fez com que uma multidão superior a 120.000 pessoas lotasse Brands Hatch para a sua última corrida na F1. E Mansell não poderia fazer feio. Porém, o inglês tinha um companheiro de equipe tão ou mais rápido do que ele e ainda estava mordido com a situação dentro da equipe. Nelson Piquet estava cada vez mais chateado com a Williams e não ter o status de primeiro piloto na equipe e cada vez mais mostrava sua contrariedade. Piquet tirou o doce da boca de Mansell e ficou com a pole, enquanto Senna, sempre com a pole nas mãos nas etapas anteriores, desta vez ficou longe da briga pela ponta entre os pilotos da Williams, que prometiam uma batalha ainda mais excitante no domingo.

Grid:
1) Piquet(Williams) – 1:06.961
2) Mansell(Williams) – 1:07.399
3) Senna(Lotus) – 1:07.524
4) Berger(Benetton) – 1:08.196
5) Rosberg(McLaren) – 1:08.477
6) Prost(McLaren) – 1:09.334
7) Fabi(Benetton) – 1:09.409
8) Arnoux(Ligier) – 1:09.543
9) Warwick(Brabham) – 1:10.209
10) Dumfries(Lotus) – 1:10.304

O dia 13 de julho de 1986 estava um dia quente e bonito em Brands Hatch, o que não deixa de ser novidade na Inglaterra. Mais um motivo para que a torcida fosse ao tradicional autódromo torcer loucamente para Nigel Mansell. No warm-up, Nelson Piquet praticamente vetou seu carro reserva, pois ele tinha sido muito mais lento do que seu titular. Esse fato seria essencial mais tarde. Na largada, Mansell parece mais rápido do que Piquet, mas o inglês se empolga e acaba quebrando seu semi-eixo, ficando rapidamente para trás, engolido pelo pelotão. O problema que no afã de desviar de Mansell, Thierry Boutsen acabou tocado por Johansson e o belga bateu forte no guard-rail, voltando para a pista rapidamente, não dando chances a Jonathan Palmer, que foi atingido pelo Arrows e levou consigo Jacques Laffite, com o francês batendo fortemente de frente no guard-rail.

Vários carros acabam atingidos pela confusão, mas a maior preocupação recai em Laffite. Palmer, um médico de formação, percebe o desespero de Laffite, que fazia gestos dentro do cockpit e é o primeiro a assisti-lo. Na verdade, o francês, que bateria o recorde de Graham Hill naquele dia, estava preso no seu Ligier e com as pernas quebradas. A corrida foi interrompida. Foi preciso meia hora para retirar o pequeno corpo de Laffite nas ferragens da Ligier e o francês de 42 anos foi levado para um hospital maior para fazer cirurgia reparadora, enquanto abandonava a F1 definitivamente de forma melancólica. Enquanto Piquet dormia dentro do seu cockpit, Mansell voltava aos boxes para usar o carro reserva do companheiro de equipe, teoricamente, dando mais chances ao brasileiro. Na segunda largada, Piquet sai muito bem, enquanto Mansell tem que se defender dos ataques de Berger, que larga muito bem e deixa Senna, que sempre larga muito bem, para trás. De forma surpreendente, Berger ultrapassa Mansell na curva Hawthorne e assume a segunda posição, enquanto Piquet disparava.

Após o susto inicial, Mansell só esperou duas voltas para contra-atacar e retomar a segunda posição de Berger. O inglês passaria a atacar ferozmente Piquet, com todo o apoio da torcida que lotava em Brands Hatch. O ritmo dos dois pilotos da Williams era alucinante e ninguém estava no mesmo patamar de Piquet e Mansell. A corrida seria decidida entre eles. E o momento decisivo veio num erro de piloto, bastante comum na época, mas impossível hoje. Na volta 23, Nelson Piquet erra uma marcha e Mansell passa de passagem pelo companheiro de equipe, mas o brasileiro não deixa o inglês escapar, com ambos andando muitos próximos. Senna, praticamente o único na mesma volta dos líderes, abandona a corrida e o terceiro lugar fica para Arnoux, mostrando o quão bom era o ritmo da Ligier, para desespero de Laffite. O ritmo de Mansell e Piquet era tão próximo, que praticamente não havia tentativas de ultrapassagens, mas com a diferença nunca sendo superior a 1s. Com isso, a corrida seria decidida nos boxes.

No Brasil, havia a crença geral de que a inglesa Williams atrapalhava Piquet para ajudar Mansell nos pit-stops. Piquet parou primeiro e realmente houve um pequeno atraso na hora de trocar o pneu dianteiro esquerdo, mas o brasileiro voltou rapidamente à pista. Mansell parou apenas algumas voltas depois e numa parada praticamente perfeita, o inglês estava de volta à pista. Precisando cuidar dos pneus novos e frios, o inglês foi facilmente ultrapassado pelo Lotus do retardatário Dumfries. Já com os pneus aquecidos, Piquet rapidamente encostou no companheiro de equipe e tentou a ultrapassagem bem na frente onde estava boa parte da torcida inglesa. Mansell não se fez de rogado e fechou a porta de Piquet, para delírio da torcida. Porém, Piquet parecia mais forte com os pneus mais aquecidos e após tentar ultrapassar na Paddock Bend, Piquet tinha tudo para completar a manobra na Druids, mas quando estava a ponto de colocar por dentro, ele acabou atrapalhado por uma Minardi. Aquela fora a chance derradeira. Quando os pneus de Mansell atingiram a temperatura ideal, o inglês imprimiu seu ritmo forte e mesmo tendo Piquet colado em sua traseira, Mansell não foi mais ameaçado seriamente e levou o público ao delírio em Brands Hatch, vencendo na frente dos seus torcedores. Prost chega em terceiro, mas a uma volta do vencedor e isso significava que o francês perdia a liderança do campeonato, enquanto Mansell liderava o certame da F1 pela primeira vez na carreira. Foi uma festa inesquecível, principalmente para Mansell e sua torcida, que faziam a primeira das várias festas que ambos protagonizaram nos anos seguintes.

Chegada:
1) Mansell
2) Piquet
3) Prost
4) Arnoux
5) Brundle
6) Streiff

terça-feira, 12 de julho de 2011

Cascão?



Além do seu talento nas pistas, Will Power sempre se mostrou bastante discreto fora delas, nunca se metendo em encrencas e dos exemplos da cabeça-fria do australiano foi a barbeiragem do seu companheiro de equipe Helio Castroneves em Long Beach, onde foi atingido pelo brasileiro e se despediu das chances de vitória na pista californiana.


Porém, a briga entre Power e Dario Franchitti desde o ano passado está se tornando tão forte que fez o representante da Penske perder as estribeiras em Toronto, local da última etapa da Indy neste domingo. Como normalmente faz, Power largou na pole, mas o australiano acabou perdendo a ponta por contigência da acidentada corrida nas ruas de Toronto. E desde o início da corrida, Power era perseguido pelos pilotos da Ganassi, liderado por Franchitti. Numa bandeira amarela, Power estava tranquilo na crítica freada da reta oposta quando foi atingido por Franchitti, que permaneceu na corrida, enquanto Power, descontrolado, acabou se acidentando mais tarde


Transtornado, Will Power não mediu palavras para criticar seu rival e disse que Franchitti é um piloto sujo e sempre foi assim com ele. Para piorar as coisas, o escocês não foi punido pela manobra e ainda venceu a corrida, aumentando sua vantagem no campeonato. Contudo, as declarações de Power poderá esquentar uma rivalidade que vem aumentando desde o ano passado.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Figura(ING): Fernando Alonso

Os grandes pilotos são capazes de sobressair de determinadas situações, em que tudo estava contra eles. Desde 2007 Fernando Alonso não tem em mãos uma máquina verdadeiramente vencedora e capaz de lhe coroar campeão para um mais do que merecido terceiro título, mas nem isso impede o espanhol de ser considerado favorito em todas as corridas e o público de todo mundo sempre espera um algo a mais do espanhol. O título desta temporada está praticamente nas mãos de Sebastian Vettel e a Red Bull, com a combinação de um excepcional piloto e uma máquina sem igual entre seus pares, mas Alonso soube tirar tudo de sua Ferrari capenga e ficou apenas um décimo de segundo atrás dos carros azuis, que ficaram com a dobradinha na primeira fila, algo normal para a Red Bull este ano. Durante a corrida, Alonso pressionou Webber, imprimiu um ritmo forte que não deixou ser pressionado por um volutarioso Hamilton e num erro da Red Bull, assumiu a ponta da corrida. Em condições normais, era de se esperar que Vettel ou Webber fosse para cima do espanhol, mas o piloto da Ferrari simplesmente desapareceu no horizonte dos dois pilotos e venceu a corrida com uma vantagem superior a 15s. Sem ter o melhor carro, Alonso conseguiu sair do jejum em 2011 com uma exibição de gala em que igualou a Jackie Stewart com 27 vitórias na história da F1, entrando no top-5 histórico da categoria. Uma marca com convém a um piloto completo e já na história da F1.

Figurão(ING): FIA

Mesmo com uma baita corrida e os pilotos dando um ótimo espetáculo dentro da pista, antes da corrida propriamente dita começar, o principal assunto na F1 foi o chatíssimo assunto do difusor soprado. Primeiro que mudar as regras no meio do campeonato é algo nada ético para um entidade centenária como a FIA, mas a confusão que a Federação criou no final de semana em Silverstone foi da organização de uma quermesse no interior do sertão. Antes das equipes chegaram a Silverstone, a FIA disse que o tal difusor estaria proibido, mas Mercedes e Renault fizeram um dossiê mostrando que o motor de cada um funcionaria com uma porcentagem do difusor. A FIA liberou essas porcertagens, mas no meio de um treino livre, a entidade voltou atrás, só liberando uma pequena porcentagem que favoreceria a Mercedes e a Renault seria prejudicada. E tome reclamação e reuniões de última hora, que resolviam e desresolviam essas decisões, para desespero de engenheiros e pilotos, que esperavam alguma definição para acertar seus carros para os treinos, que por sinal, estavam sendo realizados nesse momento. Sobre toda essa presepada, a frase mais correta desse inbróglio todo veio do australiano Mark Webber: o público não está entendendo nem 0,1% dessa discurssão.

domingo, 10 de julho de 2011

Igualando aos grandes

Muitos não gostam dele e sua antipatia e anti-marketing já lhe valeram críticas de Bernie Ecclestone, mas ninguém pode negar o talento de Fernando Alonso e sua vitória em Silverstone o fez igualar as 27 vitórias de Jackie Stewart, fazendo do espanhol quinto colocado do ranking histórico da F1 em número de vitórias. Talvez Alonso tenha o mesmo ‘problema’ de Jim Clark, pois os dois títulos mundiais não condizem com o talento destes dois pilotos. Alonso teve o azar de pegar Renault e Ferrari longe de terem o melhor carro em suas respectivas temporadas, incluindo essa, já que ninguém duvida do título da Red Bull e de Sebastian Vettel, apesar de todos os problemas extra-pista querendo prejudicar o time austríaco.

A prova de hoje foi uma das mais movimentadas e interessantes do ano, com a corrida começando com partes da pista molhada e vários erros das equipes. Até mesmo a Ferrari errou com Felipe Massa, mas os italianos, tão criticados pelos erros seguidos de estratégia após a saída do triunvirato Todt-Brawn-Byrne, foram perfeitos na tática de corrida de Alonso, que assumiu a ponta com o erro da Red Bull na parada de Vettel, mas com pista livre o espanhol desapareceu na frente e Fernando chegou a abrir 20s sobre a Red Bull, corroborando com o bom ritmo de corrida da Ferrari durante o ano, ainda mais com todas essas confusões sobre o tal difusor soprado. Mesmo sem ter o melhor carro do ano, Alonso vem se sobressaindo em pequenos momentos e a vitória em Silverstone foi uma delas. Está na cara que o máximo que Alonso poderá fazer neste ano é conseguir tirar o vice-campeonato de Mark Webber, uma missão bastante difícil vide o que a Red Bull vem fazendo, mas mostra bem o caráter deste espanhol lutador, que apenas quer vencer corridas e campeonatos, sem se preocupar em ser a estrela do circo. Felipe Massa foi o protagonista do ato final deste Grande Prêmio e indiretamente mostrou o quanto Reginaldo Leme precisa se reciclar. O brasileiro finalmente teve grandes pit-stops da Ferrari para auxiliá-lo, mas em várias oportunidades o time italiano o deixou na pista por tempo demais e isso fez Felipe perder tempo. Quando Hamilton começou a diminuir o ritmo para chegar ao final da corrida, Massa tentou uma ultrapassagem agressiva sobre o inglês nas últimas curvas da corrida, resultando no toque dos dois, mas com Hamilton se sobressaindo. Mas para o veterano Reginaldo Leme, aquilo foi quase uma tentativa de assassinato de Hamilton, o piloto mais visado da F1 atualmente, e o comentarista praticamente rogou uma punição ao inglês. Está na cara que o agressivo da manobra foi Massa e o próprio admitiu, mesmo com a entrevista picotada, que aquilo foi um toque de corrida. Agora, a pergunta que não quer calar: se fosse o contrário, com Massa segurando Hamilton com um toque, o que será que Reginaldo acharia da manobra?

Red Bull e McLaren tiveram um dia para esquecer em termos de paradas de boxe e estratégia, com seus quatro pilotos sendo prejudicados em algum momento durante a corrida por erros de sua equipe. Sebastian Vettel vinha dando um dos seus rotineiros passeios quando a Red Bull errou em sua parada e o alemão perdeu valiosos 7s em seu pit-stop. Ele levou 20s de Alonso? Pode ser, mas Vettel não teria uma corrida como a que teve após o erro de sua equipe, mas o alemão não pode se preocupar tanto com relação ao título, pois a equipe, no qual Vettel colocou a foto dos mecânicos em seu camaleônico capacete, está claramente ao seu lado, como vimos na já famosa última volta de Silverstone. Webber estava a ponto de ultrapassar o companheiro de equipe quando uma voz do além, quem sabe até mesmo de Helmut Marko, seu desafeto declarado, pediu a Webber que mantivessem as posições até o fim. A Red Bull, tão propalada em seguir o discurso de equipe esportiva e de não interferir nas disputas internas dentro da equipe, levou um golpe e tanto naquela pequena frase. Com o segundo lugar, Vettel viu sua vantagem aumentar ainda mais no campeonato, chegando aos 200 pontos praticamente na metade da temporada, quanto Mark Webber, que já tinha tido sua corrida atrapalhada pela Red Bull em uma das paradas, não deve ter ficado nada satisfeito com a ordem recebida na volta final, exatamente na pista em que se rebelou ano passado contra a própria equipe. Hamilton fez sua corrida agressiva usual, ultrapassando quem via pela frente na pista mezzo seca, mezzo molhada no início e era uma dos pilotos mais rápidos da pista, com o pódio garantido na frente do enorme público que foi a Silverstone. Então, a experiente equipe McLaren, de tantas glórias e tradições, errou o cálculo de combustível do inglês, que teve que aliviar o ritmo e ser facilmente ultrapassado por Webber e ter que segurar Massa no final, o vencendo por 24 milésimos de segundo, para alegria, mesmo que pequena, da torcida, que vibrou com uma baita chegada protagonizada pelos dois. Resta torcer para que a FIA não se inspire em Reginaldo Leme e estrague essa bela manobra da F1. Jenson Button foi outro a sofrer com os erros da McLaren e em sua última parada, com o 5º lugar praticamente garantido, viu um mecânico não apertar corretamente uma porca do pneu dianteiro direito e o vice-campeonato de Button foi para o vinagre. Button sofre o mesmo mal que aflingia Barrichello em Interlagos, pois o inglês simplesmente não consegue render na frente dos seus torcedores em Silverstone.

O melhor depois dos top-3 foi Nico Rosberg, que fez uma má largada, mas se recuperou a ponto de garantir um sofrido sexto lugar, já que passou boa parte da corrida sendo acossado por um brilhante Sergio Perez. Enquanto muitos acusaram o mexicano de estar na F1 apenas pelo dinheiro de Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, Perez prova que tem talento para permanecer e até mesmo crescer dentro da F1. Michael Schumacher quebrou o enésimo bico de seu Mercedes durante uma corrida, mas o alemão fez uma baita corrida de recuperação e mesmo tendo que ficar parado 10s nos boxes como forma de punição, o heptacampeão em nenhum momento baixou os braços e fez várias ultrapassagens a ponto de conseguir pontuar novamente. Em clara decadência, Heidfeld levou a Renault aos pontos mais uma vez, mesmo tendo Schumacher enchendo seus retrovisores em praticamente toda a prova. O time francês está em péssima fase e somente a regularidade de Heidfeld fez da pontuação da Renault possível, mas isso não impediu a equipe perder a quarta posição do Mundial de Construtores para a Mercedes. Jaime Alguersuari marcou pontos novamente e vai virando a briga interna da Toro Rosso, principalmente com o abandono de Sebastien Buemi após uma briga com Paul di Resta. A sorte de Buemi foi que Daniel Ricciardo, o provável substituto de um dos dois pilotos da Toro Rosso, foi muito mal em sua estréia na F1, chegando a ficar mais de um minuto atrás de Liuzzi, seu companheiro da Hispania. Em uma prova para esquecer, a Williams viu Pastor Maldonado sair da pista algumas vezes e perder a chance de marcar pontos, enquanto Barrichello fazia uma prova anônima no pelotão intermediário. A Force India tinha tudo para marcar pontos e Paul di Resta fazia uma prova consistente quando a equipe errou em sua parada, o fazendo perder muito tempo e cair várias posições, inclusive batendo com Buemi e o tirando da corrida. Sutil passou boa parte da corrida na zona de pontuação, mas acabou por ficar de fora dos top-10, fazendo de uma corrida promissora da Force India em mais uma decepção. Depois da boa Classificação de Kovalainen, a expectativa da Lotus era boa, mas o próprio finlandês acabou abandonando ainda no início, seguido por Trulli logo depois.

Em mais uma prova muito boa, Alonso deu um sinal de vida e saiu do zero em termos de vitórias com a Ferrari, mas o segundo lugar mostra o quão perfeito é a temporada de Vettel, que tem praticamente cem pontos na frente do segundo colocado no campeonato. Porém, Fernando Alonso mostrou sua habilidade ao tirar leite de pedra de sua Ferrari e botar 20s nas imbatíveis Red Bulls.