Após a corrida inglesa, o clima na Williams azedou de vez e Nelson Piquet queria uma vitória de qualquer maneira e ainda, se possível, humilhar Nigel Mansell, então líder do campeonato. Algo totalmente inimaginável antes da temporada começar.
Duas grandes notícias foram anunciadas no final de semana em Hockenheim. A primeira foi o anúncio da Lotus que teria motores Honda a partir de 1987, mas para isso teria que engolir Satoru Nakajima como segundo piloto, fazendo com que Johnny Dumfries fosse demitido ainda na metade da temporada. Ayrton Senna, que fez parte de toda a negociação junto com os japoneses, iniciaria em 1987 uma parceria de enorme sucesso para ambos os lados. Isso seria na temporada seguinte, que não teria Keke Rosberg, que anunciou a aposentadoria no final do ano. Para justificar sua aposentadoria, Rosberg listou dez motivos para sua retirada. Por sua vez, Nelson Piquet falou que estava motivadíssimo e que permaneceria na F1 por muitos anos por dez motivos. Os mesmos utilizados por Keke Rosberg! “Esse negócio de anunciar a aposentadoria no meio da temporada é coisa de cantor!”, falou Piquet.
Talvez querendo uma despedida digna, Keke Rosberg consegue a primeira e única pole com a McLaren, com Prost completando a dobradinha do time inglês na primeira fila. O motor Porsche mostrou bastante serviço em casa, deixando para trás Senna e Berger, com o outro motor alemão do pelotão, a BMW. Após uma vitória dominante em Brands Hatch, a Williams teve que se conformar com a terceira fila.
Grid:
1) Rosberg(McLaren) – 1:42.013
2) Prost(McLaren) – 1:42.166
3) Senna(Lotus) – 1:42.329
4) Berger(Benetton) – 1:42.541
5) Piquet(Williams) – 1:42.545
6) Mansell(Williams) – 1:42.696
7) Patrese(Brabham) – 1:43.348
8) Arnoux(Ligier) – 1:43.693
9) Fabi(Benetton) – 1:44.001
10) Alboreto(Ferrari) – 1:44.308
O dia 27 de julho de 1986 estava nublado em Hockenheim e como o circuito alemão era de aceleração constante, o consumo de combustível seria uma dor de cabeça para as equipes. Porém, isso não seria lembrado na largada. E talvez Rosberg não se lembrasse de como era largar na pole com o finlandês patinando sua embreagem e para desespero da McLaren, Prost teve uma largada do mesmo nível e Ayrton Senna partiu feito um raio entre os dois carros que estavam na primeira fila. O brasileiro chegou a dar um chega-pra-lá em Prost e o francês acabou colocando uma roda na grama, enquanto Berger também subia posições e estava em segundo. A largada fora terrível para a McLaren, mas seria ainda pior para Téo Fabi, quando o italiano foi atingido por um errático Stefan Johansson ainda antes da primeira curva, fazendo o piloto da Benetton abandonar na primeira curva, enquanto Johansson continuava na corrida, além de provar que sua permanência na Ferrari seria muito curta.
Senna tinha Berger e Rosberg colados em sua traseira quando completou a primeira volta, mas o piloto da McLaren utilizou a grande potência do seu motor TAG-Porsche turbo e ainda antes da freada da primeira chicane, o finlandês estava na frente de Senna e Berger. Foi a asa traseira móvel? Não, apenas o botão de booster do turbo, algo comum nos anos 80 e que ajudava bastante as ultrapassagens. Berger já estava com Nelson Piquet muito próximo e o brasileiro, que sempre andou bem em circuito velozes como Hockenheim, crescia na corrida. Com Rosberg disparando na ponta, Piquet sabia que para disputar a liderança, teria que se livrar rapidamente de Berger e Senna, os deixando para trás ainda na terceira volta em ultrapassagens nas freadas das chicanes. Infelizmente a corrida de Berger seria breve com problemas elétricos no motor do seu Benetton, enquanto na pista Piquet já partia para cima de Rosberg, abrindo uma boa vantagem sobre Senna, que segurava uma fila de carros atrás de si, que tinha Prost, Mansell e Alboreto.
Talvez chateado com as declarações de Piquet sobre seu anúncio mais cedo, Rosberg resistiu bastante as investidas do brasileiro, mas Piquet assumiria a ponta na sexta volta. Mais atrás, Mansell fazia uma corrida muito ruim, bem longe da sua bela exibição em casa e após sair da pista na segunda chicane, o inglês foi ultrapassado pela decadente Ferrari de Alboreto, mas o italiano abandonaria ainda cedo, com problemas de transmissão. Pensando em melhorar o rendimento de Mansell, a Williams resolve chamar o inglês para uma parada antecipada na volta 14, mas usando sua malandragem, Piquet ouve a chamada no rádio, entra nos boxes de surpresa e os mecânicos, meio que sem saber o que fazer, põe os pneus que eram de Mansell no carro de Piquet. Ao lado do trabalho dos mecânicos, Patrick Head, numa cena hilária, gritava, berrava, esperneava e dava chiliques histéricos pela atitude do seu piloto. Mas ele nada podia fazer. De forma errática, os pit-stops se iniciaram e com isso Piquet voltou a ponta, mas com os pneus acertados para Mansell, o brasileiro teve que voltar aos boxes, perdendo a ponta para Rosberg.
A molecagem de Nelson Piquet pode ter o prejudicado no momento, mas iniciou uma baita corrida de recuperação do brasileiro, que após retornar à pista em terceiro, caçou e ultrapassou as duas McLarens em dez voltas, reassumindo a liderança da corrida na volta 39, com apenas seis para o final. Piquet disparava na frente, mas o brasileiro nem imprimia um ritmo tão forte. As duas McLarens começavam a tentar economizar combustível, mas o esforço de Rosberg e Prost seria em vão. Na penúltima volta, Senna já estava colado na traseira de Prost, mas no meio da volta o brasileiro pulou para segundo, com Keke Rosberg ficando no meio da pista, sem combustível. Um duro golpe no final de semana em que esse agressivo finlandês anunciava sua despedida da F1. Mas ainda não havia terminado. Quando se aproximava da parte do Estádio, Nelson Piquet balançava seu carro atrás de pescar combustível, mas o brasileiro ainda teve gasolina suficiente para cruzar a linha de chegada, receber a bandeirada e ainda dar uma carona para Rosberg na volta de desaceleração. Não haviam ressentimentos entre os dois experientes pilotos. Senna completava a dobradinha brasileira arrastando seu Lotus no fim, enquanto Prost não teve a mesma sorte e abandonava na última curva, após tentar, inutilmente, empurrar seu carro até a bandeirada. Por sinal, a forma como abandonou seu McLaren foi hilária, com Prost dando uma desmunhecada monstro! Piquet vencia novamente, mas mesmo com uma corrida completamente opaca, Mansell aproveitou dos problemas dos rivais para subir ao pódio e permanecer na ponta do campeonato, que se tornava cada vez mais espetacular.
Chegada:
1) Piquet
2) Senna
3) Mansell
4) Arnoux
5) Rosberg
6) Prost
Duas grandes notícias foram anunciadas no final de semana em Hockenheim. A primeira foi o anúncio da Lotus que teria motores Honda a partir de 1987, mas para isso teria que engolir Satoru Nakajima como segundo piloto, fazendo com que Johnny Dumfries fosse demitido ainda na metade da temporada. Ayrton Senna, que fez parte de toda a negociação junto com os japoneses, iniciaria em 1987 uma parceria de enorme sucesso para ambos os lados. Isso seria na temporada seguinte, que não teria Keke Rosberg, que anunciou a aposentadoria no final do ano. Para justificar sua aposentadoria, Rosberg listou dez motivos para sua retirada. Por sua vez, Nelson Piquet falou que estava motivadíssimo e que permaneceria na F1 por muitos anos por dez motivos. Os mesmos utilizados por Keke Rosberg! “Esse negócio de anunciar a aposentadoria no meio da temporada é coisa de cantor!”, falou Piquet.
Talvez querendo uma despedida digna, Keke Rosberg consegue a primeira e única pole com a McLaren, com Prost completando a dobradinha do time inglês na primeira fila. O motor Porsche mostrou bastante serviço em casa, deixando para trás Senna e Berger, com o outro motor alemão do pelotão, a BMW. Após uma vitória dominante em Brands Hatch, a Williams teve que se conformar com a terceira fila.
Grid:
1) Rosberg(McLaren) – 1:42.013
2) Prost(McLaren) – 1:42.166
3) Senna(Lotus) – 1:42.329
4) Berger(Benetton) – 1:42.541
5) Piquet(Williams) – 1:42.545
6) Mansell(Williams) – 1:42.696
7) Patrese(Brabham) – 1:43.348
8) Arnoux(Ligier) – 1:43.693
9) Fabi(Benetton) – 1:44.001
10) Alboreto(Ferrari) – 1:44.308
O dia 27 de julho de 1986 estava nublado em Hockenheim e como o circuito alemão era de aceleração constante, o consumo de combustível seria uma dor de cabeça para as equipes. Porém, isso não seria lembrado na largada. E talvez Rosberg não se lembrasse de como era largar na pole com o finlandês patinando sua embreagem e para desespero da McLaren, Prost teve uma largada do mesmo nível e Ayrton Senna partiu feito um raio entre os dois carros que estavam na primeira fila. O brasileiro chegou a dar um chega-pra-lá em Prost e o francês acabou colocando uma roda na grama, enquanto Berger também subia posições e estava em segundo. A largada fora terrível para a McLaren, mas seria ainda pior para Téo Fabi, quando o italiano foi atingido por um errático Stefan Johansson ainda antes da primeira curva, fazendo o piloto da Benetton abandonar na primeira curva, enquanto Johansson continuava na corrida, além de provar que sua permanência na Ferrari seria muito curta.
Senna tinha Berger e Rosberg colados em sua traseira quando completou a primeira volta, mas o piloto da McLaren utilizou a grande potência do seu motor TAG-Porsche turbo e ainda antes da freada da primeira chicane, o finlandês estava na frente de Senna e Berger. Foi a asa traseira móvel? Não, apenas o botão de booster do turbo, algo comum nos anos 80 e que ajudava bastante as ultrapassagens. Berger já estava com Nelson Piquet muito próximo e o brasileiro, que sempre andou bem em circuito velozes como Hockenheim, crescia na corrida. Com Rosberg disparando na ponta, Piquet sabia que para disputar a liderança, teria que se livrar rapidamente de Berger e Senna, os deixando para trás ainda na terceira volta em ultrapassagens nas freadas das chicanes. Infelizmente a corrida de Berger seria breve com problemas elétricos no motor do seu Benetton, enquanto na pista Piquet já partia para cima de Rosberg, abrindo uma boa vantagem sobre Senna, que segurava uma fila de carros atrás de si, que tinha Prost, Mansell e Alboreto.
Talvez chateado com as declarações de Piquet sobre seu anúncio mais cedo, Rosberg resistiu bastante as investidas do brasileiro, mas Piquet assumiria a ponta na sexta volta. Mais atrás, Mansell fazia uma corrida muito ruim, bem longe da sua bela exibição em casa e após sair da pista na segunda chicane, o inglês foi ultrapassado pela decadente Ferrari de Alboreto, mas o italiano abandonaria ainda cedo, com problemas de transmissão. Pensando em melhorar o rendimento de Mansell, a Williams resolve chamar o inglês para uma parada antecipada na volta 14, mas usando sua malandragem, Piquet ouve a chamada no rádio, entra nos boxes de surpresa e os mecânicos, meio que sem saber o que fazer, põe os pneus que eram de Mansell no carro de Piquet. Ao lado do trabalho dos mecânicos, Patrick Head, numa cena hilária, gritava, berrava, esperneava e dava chiliques histéricos pela atitude do seu piloto. Mas ele nada podia fazer. De forma errática, os pit-stops se iniciaram e com isso Piquet voltou a ponta, mas com os pneus acertados para Mansell, o brasileiro teve que voltar aos boxes, perdendo a ponta para Rosberg.
A molecagem de Nelson Piquet pode ter o prejudicado no momento, mas iniciou uma baita corrida de recuperação do brasileiro, que após retornar à pista em terceiro, caçou e ultrapassou as duas McLarens em dez voltas, reassumindo a liderança da corrida na volta 39, com apenas seis para o final. Piquet disparava na frente, mas o brasileiro nem imprimia um ritmo tão forte. As duas McLarens começavam a tentar economizar combustível, mas o esforço de Rosberg e Prost seria em vão. Na penúltima volta, Senna já estava colado na traseira de Prost, mas no meio da volta o brasileiro pulou para segundo, com Keke Rosberg ficando no meio da pista, sem combustível. Um duro golpe no final de semana em que esse agressivo finlandês anunciava sua despedida da F1. Mas ainda não havia terminado. Quando se aproximava da parte do Estádio, Nelson Piquet balançava seu carro atrás de pescar combustível, mas o brasileiro ainda teve gasolina suficiente para cruzar a linha de chegada, receber a bandeirada e ainda dar uma carona para Rosberg na volta de desaceleração. Não haviam ressentimentos entre os dois experientes pilotos. Senna completava a dobradinha brasileira arrastando seu Lotus no fim, enquanto Prost não teve a mesma sorte e abandonava na última curva, após tentar, inutilmente, empurrar seu carro até a bandeirada. Por sinal, a forma como abandonou seu McLaren foi hilária, com Prost dando uma desmunhecada monstro! Piquet vencia novamente, mas mesmo com uma corrida completamente opaca, Mansell aproveitou dos problemas dos rivais para subir ao pódio e permanecer na ponta do campeonato, que se tornava cada vez mais espetacular.
Chegada:
1) Piquet
2) Senna
3) Mansell
4) Arnoux
5) Rosberg
6) Prost
Grande estratégia e malandragem de Piquet indo para o boxe fazendo a troca de pneus e deixando Mansell mais uma volta na pista com os pneus bem desgastados!!!
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