Até aquele momento, a F1 jamais havia visto uma combinação carro-piloto (Williams-Mansell) dominar de forma até mesmo obscena a categoria. O inglês já havia mostrado força na segunda metade de 1991 e mostrava que seria o favorito em 1992. E Mansell o fez de forma incontestável. Foram nove vitórias e doze poles no carro de outro planeta, apelido dado ao Williams FW14B por Ayrton Senna. Mansell era campeão desde agosto, mas quando soube que a Williams, influenciada pela Renault, iria trazer Alain Prost de volta para a F1 em 1993, resolveu picar a mula em direção a F-Indy. Impotente frente ao domínio da Williams, Senna chegou a se oferecer de graça para correr na equipe no qual testou pela primeira vez na F1 e vendo seu maior rival e inimigo fidagal indo para seu cockpit desejado ardorosamente, Senna pensou em abandonar a F1 naquele final de 1992. Em sua coluna à Revista Quatro Rodas, Ayrton disse que pensou em anunciar sua aposentadoria precoce em Adelaide, mas desistiu na última hora.
Se servia de consolo, a McLaren tirou um pouco da diferença enorme que a separava da Williams no final da temporada a ponto de Senna ter ficado ao lado de Mansell, que conquistou sua 13º pole, na primeira fila do GP da Austrália. Patrese, que havia vencido duas semanas antes em Suzuka, teve que se conformar com a terceira posição, ao lado de Berger, de passagem marcada de volta para a Ferrari na temporada seguinte. Schumacher fazia de sua primeira temporada completa um verdadeiro cartão de visitas, com o alemão da Benetton sendo regular o bastante de ficar à frente até mesmo de Senna no campeonato e ainda tendo conseguido sua primeira vitória na F1.
Grid:
1) Mansell(Williams) - 1:13.732
2) Senna(McLaren) - 1:14.202
3) Patrese(Williams) - 1:14.370
4) Berger(McLaren) - 1:15.114
5) Schumacher(Benetton) - 1:15.210
6) Alesi(Ferrari) - 1:16.091
7) De Cesaris(Tyrrell) - 1:16.440
8) Brundle(Benetton) - 1:16.562
9) Comas(Ligier) - 1:16.727
10) Hakkinen(Lotus) - 1:16.863
O dia 8 de novembro de 1992 estava nublado em Adelaide, mas não havia chances de ocorrer o dilúvio que interrompeu a corrida do ano anterior e fez do Grande Prêmio da Austrália de 1991 como a corrida mais curta da história da F1. Mesmo com a McLaren ligeiramente mais próximo da Williams, Senna sabia que a largada seria essencial para tentar roubar mais uma vitória de Mansell. O brasileiro tentou forçar a barra em cima de Mansell, sabedor da cabeça quente do inglês em casos de pressão extrema, mas Nigel conseguiu se manter na ponta. Senna ainda tentou a ultrapassagem sobre o inglês na freada no final da reta Brabham, mas o inglês se manteve na ponta, com Senna logo atrás. Mais atrás Pierluigi Martini, Olivier Grouillard e Michele Alboreto se envolveram num acidente na largada e acabaram fora da prova.
Ao contrário do que aconteceu ao longo de 1992, Mansell não disparou na frente, com Senna absolutamente no limite na perseguição a Williams. Patrese se mantinha em terceiro, mostrando o porquê foi deixado de lado pela Williams e estava de malas prontas para a Benetton em 1993. Schumacher havia largado melhor do que Berger e ficou à frente do austríaco, mas o piloto da McLaren daria o troco logo na terceira volta. Essa ultrapassagem seria decisiva mais tarde. Na sétima volta, Maurício Gugelmin sofria um forte acidente após perder os freios. O brasileiro da Jordan havia se envolvido na carambola da primeira volta em que Martini, Grouillard e Alboreto foram extirpados da corrida. À primeira vista, Gugelmin havia sofrido apenas um toque, mas o catarinense teve um cabo de freio cortado, que acabaria deixando-o sem freios justamente no final da reta Brabham. Este acidente marcou a despedida da F1 de Gugelmin na F1, ele que seguiria Mansell e se transferiria para a Indy em 1993.
Mansell era o líder da prova, com Senna surpreendentemente logo atrás. Senna mostrava sua habitual agressividade no trato com os retardatários, enquanto Mansell se mostrava mais relaxado e deixava perder um outro décimo para o rival. Então, quando os dois se aproximavam da última curva da volta 19, Mansell freou alguns metros mais cedo do que o normal. Aquilo deixou Senna sem ter muito o que fazer, apesar de que em todo acidente de transito, quem bate atrás tem culpa, tanto que o Esporte Espetacular fez uma montagem muito engraçada na época, mostrando uma imagem on-board do carro de Senna e na traseira do carro de Mansell, mostrava a velha placa 'Mantenha a Distância' dos caminhões. Quem não achou muita graça foi Mansell, que gesticulou bastante e saiu bastante chateado com Senna.
Como havia acontecido em Montreal, a corrida seria decidida pelos coadjuvantes das principais equipes de 1992, McLaren e Williams. Patrese assumiu a ponta da prova, com Berger e Schumacher logo atrás. O italiano era conhecido por estratégias agressivas de pits, onde tentava ao máximo parar menos do que os rivais. Mesmo tendo um Williams nas mãos, Patrese resolveu arriscar e tentar fazer a prova sem trocar pneus. Berger parou para fazer seu pit-stop único na volta 34, sendo seguido por Schumacher na volta seguinte. A diferença para Patrese ainda era confortável quando o motor Renault do italiano quebrou na volta 51. Parecia que Berger venceria fácil, mas Schumacher ainda tentou uma aproximação nas voltas finais e o alemão completou a corrida embutido na traseira da McLaren de Berger, que vencia pela primeira vez no ano em sua despedida da McLaren. Demonstrando o quanto Schumacher fazia com aquela Benetton em 1992, Brundle terminou a corrida no pódio. 54s atrás do alemão! Foi um final surpreendente de campeonato onde a equipe dominadora não viu a bandeirada e as principais estrelas de então ficaram de fora após um acidente bizonho. Porém, 1993 entraria para a história como uma das melhores temporadas já vistas...
Chegada:
1) Berger
2) Schumacher
3) Brundle
4) Alesi
5) Boutsen
6) Modena
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