Dos atuais pilotos brasileiros, não importando a categoria, se tem um que admiro profundamente é Tony Kanaan. O baiano parece ser humilde fora das pistas e tem uma garra enorme dentro delas. Campeão em 2004 da Indy, foi demitido da Andretti-Green de forma meio inexplicável em 2010 e junto com seu amigo Jimmy Vasser, praticamente refez a pequena equipe KV desde então. Kanaan nunca escondeu que sempre sonhou em vencer as 500 Milhas de Indianápolis e as batidas na trave ao longo desses anos todos de tentativas em vão explicam um pouco o porquê. Porém, após doze participações, Kanaan finalmente marcou o gol e subiu ao Victory Lane para beber o famoso leite da vitória!
Foi uma corrida atípica hoje em Indiana. Foram cinco bandeiras amarelas, sendo duas nas voltas finais, significando uma série bem rara de cem voltas (ou mais, não fiz as contas...) em bandeira verde. Outro detalhe é algo que incomoda muita gente na F1 e que hoje apareceu com força na Indy. Olhando de forma sistêmica, ficar em primeiro por muito tempo durante a corrida significava consumir mais combustível e antecipar sua parada, perdendo posições quando a rodada de paradas estivesse completa. Isso significou um ritmo lento de corrida, com pilotos chegando a frear bem antes das curvas 1 ou 4 para não assumir a ponta! Isso significou também que não houve muitos retardatários e vários pilotos terminaram na mesma volta do líder. Tanto que Felipe Giaffone fazia questão de 'destacar' a corrida de Bia Figueiredo. Ela podia estar em 24º, mas andava no mesmo ritmo dos líderes.... Ok, mas o companheiro de equipe dela terminou em quinto!
Voltando à briga pela vitória, a corrida se resumiu a uma briga particular entre os carros da Andretti, Penske, Tony Kanaan e o surpreendente pole Ed Carpenter, terrível nos mistos, mas um especialista em ovais. O time capitaneado por Michael Andretti dominou o mês de maio e não foi surpresa ver seus carros (cinco no total) liderando na corrida. A Penske usou a tradição para colocar Castroneves no top-5 e um surpreendente novato A.J. Allmendinger liderando por várias voltas. E finalmente Tony. Já na largada o baiano mostrou suas garras ao ganhar muitas posições e se meter na briga pela ponta com equipes bem mais estruturadas que a sua. E falando em equipes grandes, a Ganassi foi a grande decepção do dia e sofrendo com o motor Honda, esteve longe da vitória. Foram 190 voltas de constante mudanças de posições até a penúltima bandeira amarela, causada por Graham Rahal.
Nesse momento a situação tinha Ryan Hunter-Reay na ponta e Tony Kanaan logo atrás, fazendo até mesmo pressão psicológica durante a bandeira amarela. Porém, Hunter-Reay tinha como trunfos seus companheiros de equipe Marco Andretti e Carlos Muñoz, jovem colombiano e revelação desta edição de 500 Milhas, para ajuda-lo. Por ironia do destino, seria Tony contra sua antiga equipe. A bandeira verde foi acenada faltando três voltas e a relargada provou-se decisiva. Grande largador, uma de suas maiores características, Kanaan assumiu a ponta frente ao batalhão de carros da Andretti e quando já estava no meio da reta oposta, seu amigo Dario Franchitti estampou seu carro entre as curvas 1 e 2. Era o sonho se tornando realidade!
Tony Kanaan se tornou o quarto brasileiro a vencer em Indiana e o primeiro nordestino a fazê-lo. Com uma história que mereceria um filme, o bom baiano superou todas as adversidades e assegurou seu nome definitivamente na história do automobilismo brasileiro.
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