O campeonato de 1983 da Formula 1 era uma disputa restrita a quatro pilotos, que desde o meio da temporada vinha dominando o disputado certame de trinta anos atrás. Alain Prost liderava o campeonato, seguido de perto por Nelson Piquet e a dupla da Ferrari. Com os motores turbo quebrando cada vez menos e com a maioria dos circuitos sendo de alta velocidade até o final do ano, estava claro que pela primeira vez na história a F1 conheceria um campeão usando motor turbo. Em meados de julho a Williams realizou um teste com um jovem piloto que vinha impressionando nas categorias de base inglesas chamado Ayrton Senna, que também impressionou no seu teste. Com a silly season correndo solta, havia indícios de que Patrick Tambay, mesmo sendo um ídolo para os ferraristas, estaria saindo da equipe de Maranello para dar o seu lugar a Michele Alboreto, velho sonho do comandador Enzo Ferrari.
Mesmo com seu nome envolvido em teóricas negociações, Tambay voltou a Hockenheim, lugar de sua primeira vitória um ano antes, para conseguir sua segunda pole na carreira e para corroborar com a ótima fase da Ferrari, René Arnoux completou a primeira fila. Separando o quarteto favorito ao título, estava Andrea de Cesaris em seu Alfa Romeo. Porém, nem tudo foi tranquilo para o italiano naquele final de semana. No sábado pela manhã De Cesaris se irritou com o engarrafamento em torno do autódromo e tentou passar por uma barreira policial, mas o resultado disso foram dois policiais atropelados e por muito pouco De Cesaris, que sempre andou bem Hockenheim, não acabou na cadeia.
Grid:
1) Tambay (Ferrari) - 1:49.328
2) Arnoux (Ferrari) - 1:49.435
3) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:50.845
4) Piquet (Brabham) - 1:51.082
5) Prost (Renault) - 1:51.228
6) Cheever (Renault) - 1:51.540
7) Baldi (Alfa Romeo) - 1:51.867
8) Patrese (Brabham) - 1:52.105
9) Warwick (Toleman) - 1:54.199
10) Giacomelli (Toleman) - 1:54.648
O dia 7 de agosto de 1983 amanheceu nublado em Heidelberg, mas o clima se manteve firme e a temida chuva não apareceu, mas com a temperatura mais baixa, aliviaria um pouco o tremendo esforço por qual os motores sofriam nas enormes retas de Hockenheim durante a prova. A largada, mesmo com De Cesaris na segunda fila, se deu sem problemas e os cinco primeiros da largada eram os mesmos após a primeira curva, mas não demorou para o italiano da Alfa Romeo começar a perder ritmo e ainda na primeira volta Piquet assumiu o terceiro lugar. Quando Prost tentou fazer o mesmo, foi fechado por Andrea, o que ajudou bastante Piquet, que pôde assim se concentrar unicamente em tentar manter o ritmo das Ferraris à frente.
Quando Prost ultrapassou De Cesaris na segunda volta, seu companheiro Eddie Cheever tentou pegar carona e acabou sendo jogado para fora da pista pelo italiano. Era o Andre de Cesaris velho de guerra! O que mais importava era que os líderes do campeonato agora lideravam o Grande Prêmio da Alemanha, com as Ferraris andando solidamente na ponta, com Piquet logo atrás e Prost, sem ter o mesmo ritmo, ficando para trás. Porém, na volta 11 o líder Tambay entrou lentamente nos boxes e mesmo com a Ferrari tendo feito menção em fazer o pit-stop, o problema do francês era terminal e ele acabou abandonando com problemas de motor, algo bem comum em Hockenheim.
Arnoux assumiu a ponta da prova e abriu uma boa diferença para Piquet, que vinha em um segundo lugar solitário. Prost abriu a rodada de pit-stops dos líderes na 20º volta, sendo seguido seguido por Arnoux três voltas depois. Piquet ficou um pouco mais na pista, liderando a prova por seis voltas, mas ter esticado a parada não causou o efeito imediato, pois o brasileiro estava 20.5s atrás de Arnoux após voltar à pista. Mais atrás, Niki Lauda foi para seu pit-stop e em tempos em que não havia limite de velocidade nos pits, o austríaco acabou passando reto de sua equipe, quase causando um acidente. Porém, para a honra de Lauda, o pior viria depois. Com anos de experiência, Niki deveria saber que é proibido dar marcha ré dentro dos boxes. Pois foi exatamente o que Lauda fez, desperdiçando um quinto lugar que recebeu na bandeirada quando foi desclassificado após a corrida.
Com o fim das paradas, a corrida parecia decidida. Arnoux liderava confortavelmente à frente de Piquet. Prost fazia uma corrida discretíssima, sendo ultrapassado por Riccardo Patrese na pista, sendo que o francês já tinha perdido uma posição nos boxes para De Cesaris. Porém, o fato de Piquet ter retardado sua parada tinha um significativo: colocar pneus moles. Rapidamente Piquet diminuiu sua diferença para Arnoux de 20 para perigosos 5s nas voltas finais, o que poderia tornar o fim de prova empolgante. Porém, faltando apenas duas voltas e com Arnoux não muito distante, uma labareda apareceu na lateral do Brabham de Piquet. Um vazamento de combustível fez com que a lateral do belo carro de Piquet pegasse fogo, para desespero do narrador da FOCA que berrava 'GET OUT THE CAR PIQUET!!!' Foi um alívio para Arnoux, que vencia sua segunda corrida em três e entrava definitivamente na briga pelo campeonato, já que dos postulantes ao título, apenas Prost marcou pontos, mas com um opaco quarto lugar, atrás dos italianos De Cesaris (recebeu a bandeirada se arrastando, sem combustível) e Patrese, que marcava seus primeiros pontos em 1983, em um ano marcado por várias quebras mecânicas. Prost agora tinha nove pontos de vantagem sobre um decepcionado Piquet, mas muita água iria rolar neste emocionante campeonato.
Chegada:
1) Arnoux
2) De Cesaris
3) Patrese
4) Prost
5) Watson
6) Laffite
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